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sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Editorial - Esta é a situação do antissemitismo



Esta semana aqui, em Israel e no mundo: aqui, situação econômica complicada, apresentando indicadores negativos não vistos há quase 2 décadas. Situação política complicada também com o acompanhamento do relatório da CPI seguindo (ou não) um caminho jurídico/político. E muitos com fome...

Em Israel, fortalecimento dos laços científicos, políticos e militares (!) com países do acordo de Abraão; declaração de terrorismo de 6 ONGs que se dizem dedicadas a “salvaguardar direitos humanos”, votação de pacote milionário para ajuda às comunidades árabes no país; planos comuns com a Alemanha de lançar fórum de inteligência artificial na saúde; troca de parabéns com a Jordânia pelo aniversário de 27 anos do acordo de de paz entre os dois países…

No mundo, tanta violência, infrações aos direitos humanos e fome também na Ásia e na África, agravadas pela COVID-19, onde praticamente as vacinas não chegam…

E antissemitismo. 

Nos EUA, uma pesquisa atual mostrou o crescimento do antissemitismo tanto à esquerda como à direita - incrível, não? Quando pensamos que isto é coisa do passado quando não se analisava e denunciava isto globalmente, mas não: o fenômeno estranha e teimosamente só cresce. Faço referência aos dados apresentados pelo AJC - American Jewish Committee, Comitê Judaico Americano.

A pesquisa buscou fatos e percepções da comunidade judaica. Este é o segundo relatório, o primeiro foi em 2019, e de lá para cá as percepções evoluíram: tanto judeus como não judeus concordam que o antissemitismo é um problema, embora em diferente prevalência (90% e 60%, respectivamente, mas 21% dos não judeus pensam que não é um problema tão grande). 

Já na questão se o fenômeno está crescendo ou não, judeus sentem que cresceu nos últimos 5 anos (82%) enquanto apenas 44% do público em geral concordam. E nestes, há disparidade entre aqueles que conhecem algum judeu  (49% acham que piorou) e aqueles que não conhecem judeus (34%).

Metade dos mais idosos na comunidade judaica têm a percepção de aumento no antissemitismo enquanto apenas um terço dos judeus entre 18 e 35 anos concordam. Quanto aos fatos, um em cada 4 judeus foram vítimas de antissemitismo no ano passado, 8% deles mais de uma vez. Aqui, os jovens sentiram mais que os mais velhos, com 1 em cada 5 entre 18 e 35 anos, ouviram comentários antissemitas. Em termos de ataques , 70% dos judeus souberam de ocorrências nos EUA e no mundo em maio (mês do conflito entre Israel e Hamas) e desses, novamente 70% se sentem menos seguros - enquanto apenas não se sentem seguros 24% dos que não souberam e não veem o antissemitismo como um problema sério . Então, se não veem e não ouvem, não se sentem ameaçados. 

Finalmente, mais da metade dos jovens e os ortodoxos têm mudado de comportamento - seja escondendo que são judeus ou limitando suas atividades, evitando alguns lugares, entre outros. 90% dos judeus americanos consideram a extrema direita como uma grande ameaça antissemita, 10% a mais que na pesquisa de 2020. Há muitos e muitos números mais, a pesquisa é extensa, o link para ela segue aqui no final deste Editorial.

Aqui no Brasil carecemos de pesquisas tão abrangentes embora sejamos em número tão menor que nos EUA que podemos ter uma visão um pouco mais próxima das comunidades, uma troca maior em relação a ocorrências ou ameaças… e há ameaças. Há indícios de crescimento do antissemitismo junto com o da polarização entre extrema direita (mais barulhenta) e esquerda.

Pesco um último dado, ou melhor, reflexão da pesquisa do AJC de que é fundamental fazer o público em geral conhecer mais sobre os judeus americanos, sua grande diversidade e sobre Israel. 

A esta conclusão nós aqui do EshTaNaMidia chegamos há alguns anos e foi o que nos motivou e motiva a, semanalmente, trazer informações e análises e buscar ampliar o alcance desta Newsletter. Convido vocês leitor@s, no Brasil ou no âmbito da parceira UJR- Amlat a compartilhar seus dados, percepções e reflexões sobre isso. E sobre boas notícias, também! 😉

Shabat Shalom.


Juliana Rehfeld


Clique para acessar a íntegra da pesquisa The State of Antisemitism in America 2021: Insights and Analysis

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