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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

ACONTECE: IAMIM NORAIM - 5786/ 2025

 

IAMIM NORAIM

Por Regina P Markus - 3 de Tishrei 5786 - 25/09/2025


Iamim Noraim – são os primeiros dez dias do calendário judaico. Inclui Rosh Hashaná e Iom Kipur. Este período especial também é conhecido como Asseret Iemei Teshuvá, os 10 dias de reconexão. Dias em que reconectamos com os seres humanos com quem convivemos. Comemoramos, avaliamos e nos desculpamos ou aceitamos as desculpas. Não é apenas uma contabilidade fria, mas sim um momento em que a mente e o coração se unem. Um período em que o sentir e o agir podem ser coordenados. Neste dia li o texto que escrevi há um ano. Nos Iamim Noraim de 5785. Convido todos a lerem! Coincidiu com o dia 7 de outubro de 2024! Impressionante olhar a linha do tempo! Ainda escuto a sirene tocando insistentemente e meu neto chamando para irmos para o abrigo que fica no subsolo! 

Hoje, estou acompanhando o que aconteceu no Club Hotel em Eilat. Tem um excelente vídeo compilado de vários relatos na mídia social. Podemos ver as pessoas acompanhando a invasão do espaço aéreo e a enorme explosão. Também aparece a busca pelos feridos e mortos. Hoje o alarme não tocou!!! As pessoas da rua viam os objetos aéreos voando. Alguns filmaram o resgate dos feridos! Hoje acompanhamos o Exército de Defesa de Israel agindo em 7 frentes diferentes. Não vou falar sobre a ONU. Ainda não tenho informações confiáveis e não há interesse em propagar os que iniciam e propagam falsas verdades!!! Precisamos parar de retransmitir falsas verdades, porque a cada like e a cada retransmissão é somado um ponto contra! 




Hoje volto o olhar para um passado distante. Vamos acompanhar as palavras de Rav Abraham Isaac Kook ha Cohen proferidas em 1933, na prédica de Rosh Hashana em Jerusalém. Rav Kook nasceu em Criva no Império Russo, hoje Daugavpils, Letônia, em 7 de setembro de 1865 e faleceu em 1 de setembro de 1935 em Jerusalém, Mandato Britânico da Palestina. Foi enterrado no Cemitério do Monte das Oliveiras em Jerusalém. 


“Era uma época de notícias contraditórias. Por um lado, as notícias ameaçadoras do reinado de Hitler na Alemanha tornavam-se mais preocupantes a cada dia. Por outro lado, a comunidade judaica em Eretz Yisrael florescia. A imigração da Europa Central estava em ascensão, trazendo imigrantes instruídos com as habilidades e os recursos financeiros necessários. Parecia que os passos da redenção podiam ser ouvidos.”


VAMOS ESCUTAR O SHOFAR E SABER PORQUE SÃO 3 TOCADORES NAS CERIMÔNIAS DE ROSH HASHANÁ E IOM KIPUR.


Três Shofares

copilado e editado de Rav Kook Torah - (link)

 Rabbi Abraham Isaac Kook foi um renomado rabino ortodoxo e pensador judeu do século XX. Ele é considerado uma das figuras mais importantes do judaísmo religioso sionista. Foi o primeiro Rabino Chefe Ashkenazi da Palestina Britânica, de 1921 até sua morte em 1935. Integrou a ideia de sionismo com a teologia judaica, enfatizando a importância da redenção e da santidade na vida cotidiana. Fundou a Yeshivat Mercaz HaRav. Acolhia em sua mesa todos os judeus que habitavam Israel na época. Sua forma de pensar e agir é muito importante nos dias de hoje.


Existem três tipos de shofares que podem ser tocados em Rosh Hashaná. O shofar ideal é o chifre de um carneiro. Se não houver chifre de carneiro disponível, pode-se usar o chifre de qualquer animal kosher, exceto uma vaca. E se não houver um shofar kosher disponível, pode-se tocar o chifre de qualquer animal, mesmo que não seja kosher. Ao usar um chifre de um animal não kosher, no entanto, nenhuma bênção é recitada.

Esses três shofares de Rosh Hashaná correspondem aos três “Shofares da Redenção”, três chamados divinos convocando o povo judeu a ser redimido e a redimir sua terra.

O Shofar da Redenção preferido é o chamado Divino que desperta e inspira o povo com motivações sagradas, através da fé em Deus e da missão única do povo de Israel. Este despertar elevado corresponde ao chifre de carneiro, um chifre que relembra o amor supremo de Abraão por Deus e a dedicação em Akeidat Yitzchak, a “Ligação com Isaac”. Foi o chamado deste shofar, com sua visão sagrada da Jerusalém celestial unida à Jerusalém terrena, que inspirou Nachmanides, o Rabino Yehuda HaLevy, o Rabino Ovadia de Bartenura, os estudantes do Gaon de Vilna e os discípulos do Baal Shem Tov ascenderem para (fazerem Aliah) Eretz Yisrael. É por este "grande shofar", um despertar de grandeza espiritual e idealismo, que oramos fervorosamente.

Rezamos para que sejamos redimidos pelo "grande shofar". Não desejamos ser despertados pelo chamado calamitoso do shofar da perseguição, nem pelo shofar medíocre das aspirações nacionais comuns. Ansiamos pelo shofar que convém a uma nação santa, o shofar da grandeza espiritual e da verdadeira liberdade. Aguardamos os toques do shofar da redenção completa, o chamado sagrado que inspira o povo judeu com os ideais sagrados de Jerusalém e do Monte Moriá:

“Naquele dia, um grande shofar será tocado, e os perdidos da terra da Assíria e os dispersos da terra do Egito virão e se prostrarão diante de Deus no monte santo em Jerusalém.” ( Isaías 27:13)

Existe um segundo Shofar da Redenção, uma forma menos otimizada de despertar. Este shofar convoca o povo judeu a retornar à sua terra natal, à terra onde nossos ancestrais, nossos profetas e nossos reis viveram. Ele nos convida a viver como um povo livre, a criar nossas famílias em um país e uma cultura judaica. Este é um shofar kosher, embora não seja um shofar tão grandioso quanto o primeiro tipo de despertar. Ainda podemos recitar uma brachá sobre este shofar.

Há, no entanto, um terceiro tipo de shofar. (Neste ponto do sermão, Rav Kook desatou a chorar.) O shofar menos desejável vem do chifre de um animal impuro. Este shofar corresponde ao chamado de alerta que vem das perseguições às nações antissemitas, alertando os judeus para escaparem enquanto ainda podem e fugirem para sua própria terra. Os inimigos forçam o povo judeu a abandonar tudo que tem e muitas vezes a deixar de ser.


ISTO FOI PROFERIDO EM 1933! E o Rabino Kook faleceu em 1935! A Segunda Guerra Mundial começa apenas em 1939!

A chamada de Rav Kook foi escutada por muitos que moravam no Império Russo e resultou em uma importante imigração para Israel e para o resto do mundo! 

Voltando ao presente, sabemos estar em uma importante encruzilhada. O que podemos ver? Nestes dias de comer maçã com mel e de fazer jejum! De comer a Chalá (pronuncia em português - ralá) redonda e as muitas sementes de romã! Quais os sinais positivos para o futuro? Olhar os países que apoiam Israel e acham que o Estado Judeu deve continuar fazendo parte do nosso mapa global é importante. Por outro lado, acompanhar todos os avanços em ciência, tecnologia e saúde que continuam sendo desenvolvidos é a resposta positiva do Estado de Israel. O que mais me comove e inspira é ver a juventude israelense, incluindo judeus, árabes e muitas outras etnias, unirem-se para apoiar o dia a dia nestes tempos de guerra.

LE DÓR VA DÓR - AM ISRAEL CHAI (RAI) VEKAIAM.

SHANA TOVA TIKATEIVU VE TIRRATEIMU.

Regina




terça-feira, 23 de setembro de 2025

VOCÊ SABIA? - Banco Nacional de Dados Arqueológicos de Israel

 Por Itanira Heineberg




AFP PHOTO / HO / ISRAEL ANTIQUITIES AUTHORITY, achados arqueológicos incluindo vasos de cerâmica, séc XIII AC, Ramsés II Egito


Você Sabia que pela Lei Israelense, todo achado arqueológico descoberto no país deve ser relatado, documentado e depositado nos Arquivos Nacionais?

E que a Autoridade de Antiguidades de Israel lançou o Banco de Dados Arqueológico Nacional de Israel - plataforma digital inovadora, uma das maiores do gênero no mundo, centralizando todas as informações arqueológicas coletadas e pesquisadas em Israel, e o melhor – acessível a qualquer pessoa, pesquisadora ou não, no mundo todo?

O banco de dados inclui atualmente 3.910.005 registros ao lado de 964.393 objetos, 1.223.552 imagens, 15.164 modelos 3D e muito mais.


Sala de armazenamento da Autoridade de Antiguidades de Israel, desde 1948, Jerusalém


A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, em hebraico: רשות העתיקות, em árabe: داﺌرة الآثارantes de 1990, o Departamento de Antiguidades de Israel) é uma entidade independente Israelenses autoridade governamental responsável por fazer cumprir a Lei 1978 de Antiguidades. O IAA regula escavação e conservação, e promove a investigação. O diretor-geral Shuka Dorfmann e os seus escritórios estão alojados no Museu Rockefeller. (foto abaixo)



A "Autoridade de Antiguidades de Israel" (Israel Antiquities Authority) é o órgão governamental responsável por proteger e gerir os sítios e achados arqueológicos do país, e as imagens relacionadas incluem fotografias dos achados, escavações e dos especialistas em ação, que podem ser encontradas no próprio site da Autoridade de Antiguidades de Israel e em sites de notícias e cultura.

Usando o novo banco de dados, pesquisadores e o público em geral de Israel e do exterior podem navegar por publicações, fotos, digitalizações 3D, relatórios de escavação, documentos de arquivo e muito mais - em uma pesquisa inteligente por local, período, tipo de achado e outras categorias.

Um dos recursos excepcionais do sistema é uma pesquisa geográfica interativa, que permite traçar uma área de interesse em um mapa e receber imediatamente todas as informações arqueológicas relevantes - de descobertas a documentos de escavação, imagens, modelos e publicações profissionais.

"Em um país com uma rica herança como Israel, uma enorme coleção de informações arqueológicas de todos os períodos foi coletada ao longo dos anos", explica Alby Malka, chefe da Divisão de Tecnologias da Autoridade de Antiguidades de Israel. "Pela lei israelense, todo achado arqueológico descoberto deve ser relatado, documentado e depositado nos Arquivos Nacionais”. Como resultado, os dados são constantemente coletados sob a égide da Autoridade de Antiguidades de Israel em muitas escavações arqueológicas, bem como em centenas de milhares de itens antigos - de pergaminhos e moedas à cerâmica, joias e elementos arquitetônicos arcaicos. Uma base de dados arqueológicos nacional, que reúna e torne todo esse conhecimento acessível tanto ao público leigo como aos investigadores, é uma ferramenta de suma importância para a investigação científica, para a preservação do património do país e para o aprofundamento do conhecimento público, com ferramentas acessíveis e convidativas às mais jovens gerações.

Esta base de dados representa uma verdadeira revolução. Em vez de passar meses viajando fisicamente e pesquisando em arquivos e relatórios impressos, qualquer pesquisador em qualquer lugar do mundo – e realmente qualquer pessoa, não há restrições – pode digitar uma única palavra ou marcar um ponto no mapa e receber todas as informações coletadas disponíveis em segundos, diretamente em suas mãos. Este é realmente um salto monumental e transformador que ao mesmo tempo coloca Israel na vanguarda da pesquisa arqueológica global.

A Dra. Débora Sandhaus, cientista-chefe da Autoridade de Antiguidades de Israel, acrescentou: "O Arquivo Nacional de Arqueologia de Israel não é apenas um tesouro para Israel, mas é um ativo global. Ele dá à comunidade científica internacional acesso exclusivo de qualquer computador do mundo ao vasto conhecimento sobre a história do Levante e permite um estudo comparativo em larga escala, o que nunca foi possível até agora”.

De acordo com Eli Escusido, diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel, "Em uma época em que há uma necessidade crescente de acesso a conhecimento confiável e bem fundamentado, o Banco de Dados Arqueológico Nacional de Israel é uma expressão do compromisso da Autoridade de Antiguidades de Israel com a transparência e o profissionalismo. Este banco de dados reflete a grande riqueza da pesquisa arqueológica em Israel em todos os períodos e culturas, uma vez que este país tem sido uma encruzilhada ao longo da história humana, e nós preservamos e relatamos tudo isso - somos os guardiões da pegada de cada credo, cultura e religião que já andou por esta terra - esse é o nosso mandato moral e legal. O Arquivo Nacional online incorpora um modelo universal e fundamental que torna nosso patrimônio humano acessível ao público em geral e aos pesquisadores em todo o mundo”.   

Assistamos agora a uma breve explicação sobre o funcionamento do Banco de Dados, acessível a todos interessados nesta região:




Na única democracia do Oriente Médio é possível explorar o passado daquelas terras, de maneira prática, singular e generosa.

Sem sair do conforto de nossa residência ou local de trabalho, podemos receber todas as informações coletadas disponíveis em segundos, diretamente em nossas mãos.

Este é realmente um salto monumental e transformador que ao mesmo tempo coloca Israel na vanguarda da pesquisa arqueológica global.




FONTES:

https://worldisraelnews.com/watch-israel-unveils-digital-archaeological-database-with-millions-of-ancient-records/

https://www.linguee.com.br/ingles-portugues/traducao/antiquities.html

https://doa.gov.jo/homeen.aspx#

https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2022/09/19/caverna-funeraria-da-epoca-de-ramses-ii-e-encontrada-em-israel-veja-imagens.ghtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoridade_de_Antiguidades_de_Israel

https://menorah.com.br/50-anos-da-guerra-do-yom-kipurarquivo-nacional-de-israel-revela-e-publica-documentos-ineditos-desse-periodo/

https://discover.iaa.org.il/


quinta-feira, 18 de setembro de 2025

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Chorão

 



          - Choro mesmo. E daí? Sou chorão... Não sei, Mauro... Às vezes, quase sempre, a emoção vem chegando pé ante pé, e quando eu percebo, já tô com aquele nó nos gargomilo... Ainda tento segurar... Mas cadê que eu consigo? Quando eu dô por mim, as lágrimas já tão descendo...

          - Um café, então?

          - Depois do concerto.

***

Teve uma quinta, já tem uns anos, que a Ana Rosa e eu fomos até a Sala São Paulo. A gente até que vai bastante lá, mas na quinta era novidade. É que tinha um concerto especial do Antônio Menezes que a gente queria muito assistir.

É curioso... A gente conhece bem lá, mas como raramente vamos numa quinta, tudo parecia novo. Aquela timidez que agarra os movimentos na lama constrangedora atacava. Tudo era novidade! Nem andar, acho que eu sabia...

Respeito pela imponência!

Tem uma lojinha lá, é tipo uma livraria que vende discos e obras de arte. Coisa boa! Do lado, vendem uns cafés, salgados e doces... Olhei para um tal de bolo sonho, todo natureba mas delicioso, na vitrine.

Entretanto, atendo ao canto sedutor, como sempre, dos livros...

Comecei a me perder na literatura russa... A Ana me mostrava umas novas traduções... Dostoiévski, Tolstói, Búlgakov... Folheei uma edição de Stalingrado, do Vassilii Grossman...

A guerra é o que a Humanidade produz de pior... Mas até nela as Artes encontram inspiração para a Beleza... Sabe a flora que brota no excremento? A rosa que rompe o asfalto, diria Carlos Drummond...

De repente ela cochichou: “Aquele não é seu amigo? O Mauro?”

Olhei pro lado. Lá na parte dos discos ele estava observando um vinil dos Saltimbancos... Camisa de abotoaduras, paletó acinzentado, aquela cabeleira branca e uma bengala escura... Um dândi!

Fomos até lá...

***

O violoncelo do Antônio descansou... Concerto que terminou...

- Vamos encontrar o Mauro pro nosso café? Quem tem tempo, tem paz, tem vida... Tem entendimento!

Andamos pela Sala procurando, vendo os tipos, elogiando e caçoando... A gente é gente! Desembocamos na lojinha. Era hora do meu bolo sonho e do nosso café! Mauro estava olhando, meditando com um livro na mão... Será que era Camões?

A bengala repousava equilibrada na cadeira do lado...

- Oi Mauro. E aquele cafezinho? Vamos?

- André, Ana, aquele não é o Antônio Menezes?

- Bora que eu boro. Bora?

***

E não é que era mesmo? Antônio foi bem simpático. Acho que não é todo dia que as plateias fleumáticas descem do salto para tietar seus ídolos... Ele chamou a gente pra sentar com ele. Gesticulei, convidando o Mauro e a Ana que tinham ficado fofocando na outra mesa.

Chegaram igual um pé de vento.

Eu sou tímido, é verdade, mas sou cara de pau! Acho que é um exercício de humildade radical a que eu me forço sempre. Um ídolo precisa saber que me inspira, que é um exemplo para mim! Tenho pra meus botões que é uma obrigação expressar que sou fã!

Fui comprar os cafés. Perguntei se alguém queria algo a mais. Era uma artimanha pra evitar o constrangimento quando eu aparecesse com 4 cafés e só 1 fatia de bolo-sonho...

Quando eu voltei da compra, eles já tavam rindo. O Mauro contava, e a Ana Rosa confirmava, a historinha de antes do concerto. No fim, já tavam explicando que eu era muito chorão! Até em comercial da Coca, as lágrimas enchiam meus olhos!

O Antônio, então, contou uma historinha...

Quando ele dividiu o palco com Itzak Perlman para tocarem o tema da Lista de Schindler, ninguém segurou o choro. Tinha gente lacrimejando por pensar naquele terror terreno, mas teve gente que, mesmo sem saber de nada, chorava também... Era a Arte-Emoção!

Na hora dos aplausos, a plateia se calou. Respeito corajoso do silêncio. Quase 1 minuto, e nada... Ninguém, parecia até, queria aplaudir tamanha Beleza que só nasceu por causa de tanta dor, tanto sofrimento... Ninguém... Todos tocados...

A orquestra então, primeiro um, depois outro e mais outros tantos, começou a sapatear... E a plateia foi atrás... Aplausos, choro, emoção...

E ele concluiu: a gente pode tocar com perfeição, mas se a gente não enxerga as notas com o coração, a música não alumbra! Tinha que ser o Itzak para tocar o Schindler...

Ele que faz rir, faz emocionar!

André Naves

Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político - Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.

Conselheiro do Chaverim. Embaixador do Instituto FEFIG. Amigo da Turma do Jiló.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def

 

Acontece: Shana Tova u Metuka

Shana Tova u Metuka - UM ANO BOM E DOCE

Regina P Markus 18/09/2025, 25/Elul/5785

Iniciando um novo Ciclo 
SHANA TOVA


Em quatro dias começará o ano de 5786. Uma época em que o BOM e o DOCE são desejados de forma protocolar e este ano com especial avidez. Época de introspecção. Contabilizar a vida pregressa com o objetivo de pavimentar o futuro. A experiência de sentar com amigos, comunidade e família em diferentes momentos protocolares é algo que permite parar momentaneamente o ciclo da vida.

O ritmo que no dia a dia é revestido de uma imponente regularidade. A noite que pode ser muito escura, um breu, como diziam os antigos aqui de São Paulo, ou estrelada e brilhante transmitindo mensagens coletivas e privadas. Um céu que fala ao coletivo e ao indivíduo.

Romper o ritmo. Fatos marcantes que abalam o dia a dia de cada indivíduo, comunidade, vizinhança, país e povo. Fatos marcantes que encerram a vida, ou que alteram o seu rumo. Para lidar com tanta variabilidade é necessário ter marcos em que cada ser vivo  possa reajustar sua trajetória. A natureza nos premiou com o ciclo anual que rege a disponibilidade de alimentos, as estações do ano e ciclos mensais regidos pela dança dos astros. As fases da lua.

Dizem que uma imagem vale mais que mil palavras. A imagem inicial mostra dois fatos que permitem seguirmos em frente. Quando imaginamos uma palmeira, vem em nossas mentes um caule reto, cuja altura permite calcular a idade da planta. Mas, ao olhar a fotografia acima, deparamos com um indivíduo que enfrentou intempéries e foi adaptando o seu crescimento. As curvas do caminho. Olhando o ano que se encerra, fica fácil entender o que são os empecilhos que fazem com que devamos nos adaptar para sobreviver.

A figura acima também traz uma segunda mensagem. Uma escultura feita de fios de prata entrelaçados com uma técnica milenar. Uma vestimenta que remonta a tempos antigos, longe da cultura ocidental. Segurando uma Torah dentro de uma caixa de prata e cantando. Podemos imediatamente identificar a Torah com um rito oriental. Sabemos que pequenas variações podem existir nos textos. Apesar de estarem presentes em comunidades muito diferentes, a base comum é mantida e segue em frente há milênios. 

O Rabino Lord Jonathan Sacks disse: "O Povo Judeu é um povo disperso geograficamente, desunido por muitas opiniões divergentes dentro de cada ambiente." Como sobreviveu a tantos milênios, apesar das divergências? A resposta é a mesma dada por muitos e é brilhante! "Judaísmo é a única religião no mundo, única cultura, em que os textos canônicos são antologia de argumentos!"

Avraham, Moisés e os profetas desafiaram D'us. O que manteve o povo unido não foi a concordância, mas sim o comprometimento de manter a conversa. União não precisa ser baseada na uniformidade, mas sim na capacidade de não abandonar a discussão. Podemos ir mais além, a capacidade de criar argumentos novos a partir das discussões e mais ainda, registrar estas na forma de livros sagrados. 

Rosh ha Shana, o momento em que usamos toda esta habilidade para discutir internamente e aprovar ou redirecionar trajetórias. Este período se estende até o final de Iom Kipur, o dia da Expiação, e um pouco mais, até Sucot e Simchat Torá quando são recebidos os Dez Mandamentos, é individual. A frequência nas sinagogas aumenta de forma exponencial, reunindo os que seguem regras montadas ao longo dos séculos e os que vivem de forma laica. Chama atenção que os judeus que rejeitam os princípios consideram que estes são dias para manifestarem-se. Argumentar e discutir! Não deixar de opinar! 

Aqui vem a grande diferença dos que fazem a contabilidade individual de forma isolada. Ou em retiros em que a comunicação com outro ser humano é vetada. Rosh ha Shaná e Iom Kipur acontecem nas sinagogas para que possamos estar "ao lado de". A tradução para o hebraico é Al Iad. A última palavra significa mão. Portanto, estamos muito perto uns dos outros e mesmo assim mantemos a nossa individualidade. 

Será este o grande segredo do Povo Judeu? Um povo que sobrevive há milênios. Um povo que sofre constantes perseguições e ataques. Um povo que teve a sua capital destruída pelos romanos no ano 70 da era comum e que desde então, por todos os países do mundo, tem um olhar para Jerusalém. Jerusalém, a Cidade Eterna, a cidade que pode a todos receber, mas que continua sendo a Capital Eterna do Povo Judeu. Assim, como é respeitada a individualidade entre as pessoas, a Muralha de Jerusalém tem várias portas que contam a sua história.

Vejam a imagem abaixo!


Venham! Entrem  nesta cidade que navega o tempo

E nestes dias lembramos de nossos soldados (Raialeinu) e Ratufim e de todos que sofrem nesta guerra desencadeada em 7 de outubro de 2023. Que as portas do entendimento possam ser abertas e que, a exemplo do que foi declarado pelo Japão esta semana, seja dado o direito ao Povo de Israel de manter a sua terra ancestral.








quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Acontece: Bolsas de Estudo - Preparando o Futuro

Preparando o Futuro

A cada semana encaramos um novo desafio e contamos os dias em que nossos Ratufim estão em situação insuportável. Já são 716 dias. O que realmente vem acontecendo está muito difícil de acompanhar. E hoje, deixo aqui no começo um olhar, pensamento e desejo de que possamos em breve escutar (Shemá) suas vozes unindo-se à corrente da vida. Nestes dias em que escutamos o Shofar a cada manhã, lembramos também da palavra Shomer (cuidar) para que nossas ações incluam atos que possam garantir o futuro dos   que retornam e de todo o Povo Judeu. Am Israel.


Esta foi uma semana muito agitada em São Paulo. O Fundo de Bolsas de Estudos para as Escolas Judaicas completou 10 anos. Fizeram uma campanha por meios de comunicação e também três dias ao vivo na Hebraica. A vibração e dedicação daqueles que estavam trabalhando foram contagiantes. Todas as formas de judaísmo estavam reunidas em um salão repleto. Equipes telefonavam para as pessoas que haviam doado em anos anteriores, outras percorriam o clube, e a equipe mais encantadora era das crianças e adolescentes que vendiam ou doavam bens e comidas. Era uma grande agitação. Uma sensação de que podemos. E ao final de três dias, a meta foi superada. Parabéns a todos os envolvidos, dos dirigentes aos que executaram tarefas mais simples. 

Uma regra importante nesta arrecadação foi que cada doador poderia escolher as escolas para as quais queria doar, avaliando todo o espectro do judaísmo. Para os que queriam apoiar de forma abrangente, ainda era possível aplicar a doação de forma proporcional, segundo o número de alunos em cada escola. Diversidade mantida não apenas por aceitar o diferente, sem perder a identidade.

Este é um conceito importantíssimo para seguir em frente. 

E foi assim que, embaixo de uma linda árvore florida, encontro uma banca com os livros para crianças e jovens da coleção PJ Library. Criada pela Fundação Harold Grinspoon, o programa reforça que "há espaço para diferentes perspectivas e pontos de vista, e cada um se envolve com o judaísmo à sua maneira, mas não pode esquecer que somos um só povo."



Parei para conversar com a jovem que lá estava distribuindo livros. Contou de forma entusiasmada o envolvimento de sua família e folheei livros muito bem ilustrados e com textos convidativos.



Fiquei encantada com "A sucá de Xangai", escrito por Heidi Smith Hyde e ilustrado por Jing Jing Tsong. Conta a história de Marcus, um menino judeu que sai de sua Berlim natal para Xangai com dez anos de idade. Eram tempos difíceis e os judeus estavam sendo perseguidos. A história mostra as diferenças e semelhanças entre as culturas chinesa e judaica. E ressalta que ambas tinham festas de luzes. No caso de sucot, as luzes vinham das estrelas. Eram luzes que se infiltravam em um teto natural. No caso do festival dos chineses, eram lanternas muito especiais que reluziam com as estrelas.

Lendo cada palavra, primeiro em conjunto com a jovem que lá estava doando os livros e depois com outras crianças, fiquei encantada e emocionada com o final. Um jogo de perguntas entre os meninos e depois um papo do menino judeu com o rabino da escola que frequentava chega a um destino que nos enche de esperança. Vale conhecer os detalhes deste programa, contribuir com doações e também ler e distribuir os livros mágicos.

Amizade, individualidade e observação servirão para permitir que o mundo respeite as diferenças.

E, nesta semana de tantas encruzilhadas, fico com a Sucá de Xangai e a amizade entre crianças de povos milenares que encontram pontos de contato e formam uma amizade magnífica.


Am Israel Chai - 

por Regina P. Markus




terça-feira, 9 de setembro de 2025

VOCÊ SABIA? - Donna Donna

 

Donna Donna, poema iídiche de 1940, converteu-se em símbolo da liberdade

Por Itanira Heineberg

 

Você Sabia que a canção "Donna Donna", com raízes em um poema iídiche chamado "Dois Kelbl" (O Bezerro), escrito por Aaron Zeitlin com música de Sholom Secunda para a peça Esterke, de 1940, tornou-se mundialmente popular depois que Joan Baez a gravou em 1960, frequentemente usando-a em protestos pelos direitos civis?




O texto descreve um bezerro a caminho do abate e ressalta temas de liberdade em oposição a cativeiro, ainda que  alguns o interpretem como uma metáfora para o martírio judaico vivendo o Holocausto.

Em 1956 o poema em ídiche foi traduzido por Teddi Schwartz e Arthur Kevess e foi popularizado por Joan Baez e sua voz doce e melodiosa, que frequentemente o cantava como uma ferrenha arma pela justiça social, em marchas e manifestações como a Marcha por Direitos Civis em Washington em 1963 e atuando em apoio a diversas causas como a luta contra a Guerra do Vietnã.

Neste conto talmúdico, acredita-se que o poema seja baseado em uma história sobre um rabino que foi punido por demonstrar falta de compaixão por um bezerro destinado ao abate, de acordo com Kveller e a Jewish Magazine.

Mesmo não tendo sido escrito como uma alegoria do Holocausto, alguns interpretam sua imagem da luta de um bezerro pela liberdade como um símbolo da perseguição aos judeus, observa Kveller.

A partir de então, a música foi regravada em muitas línguas e culturas, tornando-se uma balada folk conhecida no mundo todo, um verdadeiro fenômeno global.

 

Letra em português:

Em uma carroça com destino ao mercado

Há um bezerro com um olhar triste

Bem acima dele há uma andorinha

Voando ligeira pelo céu

Como os ventos estão rindo

Eles riem com todas as suas forças

Riem e riem o dia todo

E metade da noite do verão

Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Don

Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Donna, Don

 

Letra em inglês :

On a wagon bound for market

There's a calf with a mournful eye

High above him, there's a swallow

Winging swiftly through the sky

 

[Chorus]

How the winds are laughing

They laugh with all their might

Laugh and laugh the whole day through

And half the summer's night

Donna, Donna, Donna, Donna

Donna, Donna, Donna, Don

Donna, Donna, Donna, Donna

Donna, Donna, Donna, Don

 

"Stop complaining!" said the farmer

"Who told you a calf to be?

Why don't you have wings to fly with

Like the swallow so proud and free?"

 

How the winds are laughing

They laugh with all their might

Laugh and laugh the whole day through

And half the summer's night

Donna, Donna, Donna, Donna

Donna, Donna, Donna, Don

Donna, Donna, Donna, Donna

 

 

Letra em hebraico:      

אױפֿן פֿורל ליגט דאָס קעלבל,

ליגט געבונדן מיט אַ שטריק.

הױך אין הימל פֿליט דאָס שװעלבל,

פֿרייט זיך, דרייט זיך הין און Sim.

Em uma carroça, amarrado e indefeso,

jaz um bezerro, condenado à morte.

Bem acima dele voa uma andorinha,

planando alegremente pelo céu.        

Numa carroça a caminho do mercado,

há um bezerro com um olhar triste.

Bem acima dele, há uma andorinha

voando velozmente pelo céu.   

Sobre a carroça jaz o bezerro,

Amarrado com uma corda.

No alto dos céus voa uma andorinha,

Alegre, voando de um lado para o outro.

כאָר:

Coro: Coro: Coro:

לאַכט דער ווינט אין קאָרן,

לאַכט און לאַכט און לאַכט,

לאַכט ער אָפּ אַ טאָג אַ גאַנצן

מיט אַ האַלבע נאַכט.

דאָנאַ, דאָנאַ, דאָנאַ

O vento ri no milharal

Ri com toda a força

Ri e ri o dia inteiro

E no meio da noite

Dona, dona, dona...        

Como os ventos estão rindo

Eles riem com toda a sua força

Riem e riem o dia inteiro

E metade da noite de verão.

Dona, dona, dona...        

O vento ri no milho,

Ri e ri e ri,

Ri o dia inteiro

E metade da noite.

Dona, dona, dona...

שרייַט דאָס קעלבל, זאָגט דער פּױער:

װער זשע הײסט דיר זײַן אַ O que é isso?

װאָלסט געקענט דאָך זײַן אַ פֿױגל,

װאָלסט געקענט דאָך זײַן אַ שװאַלב.

Agora o bezerro chora baixinho

"Diga-me, vento, por que você ri?"

Por que não posso voar como a andorinha?

Por que eu tive que ser um bezerro?   "Pare de reclamar", disse o fazendeiro,

"Quem lhe disse para ser um bezerro?

Por que você não tem asas para voar

como a andorinha tão orgulhosa e livre?"    

O bezerro grita; o fazendeiro diz:

"Quem te mandou ser um bezerro?

Você poderia ter sido um pássaro,

Você poderia ter sido uma andorinha."

כאָר

Coro   Coro   Coro

בידנע קעלבער טוט מען בינדן

און מען שלעפּט זײ און מען שעכ

2 ס'האָט פֿליגל, פֿליט אַרױפֿצו,

איז בײַ קײנעם ניט קיין קנעכט.

Bezerros nascem e logo são abatidos

Sem esperança de salvação.

Somente aqueles com asas de andorinha

Jamais serão escravizados.      

Bezerros são facilmente amarrados e abatidos,

sem saber o motivo.

Mas quem preza a liberdade,

Como a andorinha, aprendeu a voar.  

As pessoas amarram bezerros miseráveis,

os movem e os matam;

quem tem asas voa,

não é escravizado por ninguém.

כאָר

Coro   Coro   Coro

 

“Nascida nos Estados Unidos, Joan Baez conseguiu se tornar uma das mais festejadas cantoras de música de protesto latino-americana. E fez isso com mérito. Ao longo dos anos 1960 e 1970, gravando em inglês e em espanhol, a rainha do folk se tornou conhecida por seu timbre característico — soprano hábil nos vibratos — mas sobretudo por seu engajamento político.

Subiu em palanques ao lado de Martin Luther King, cantou em prisões, foi se apresentar nos teatros dos negros quando eles eram proibidos de entrar nos teatros dos brancos, e em 1966fundou  um instituto dedicado ao estudo da não-violência, militou na Anistia Internacional, e se aliou à resistência democrática em todos os países dominados por ditaduras militares na América do Sul.

E com esta canção de origem talmúdica, apregoou ao mundo o valor da liberdade e a luta por ela sob quaisquer circunstâncias.”

 

Na Festa de Pessach já todos aprendemos desde a mais tenra idade que nunca seremos livres enquanto nossos irmãos não o forem!

 

 Assista a mais uma apresentação clicando aqui.

 

FONTES:

https://genius.com/Joan-baez-donna-donna-lyrics

https://www.instagram.com/joancbaezofficial/p/DHbfm4Hv89e/?api=pg%E7%94%B5%E5%AD%90%E8%B5%8F%E9%87%91%E8%88%B9%E9%95%BF%E7%9C%9F%E5%9D%91%E4%BA%BA%E3%80%90%E9%97%AE%EF%BC%9ABet0009.NET%E3%80%91.lhtk&hl=pt

https://memoriasdaditadura.org.br/cultura/joan-baez/