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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

EDITORIAL: JUDEUS um povo “multidiverso” espalhado entre as nações

JUDEUS

um povo “multidiverso” espalhado entre as nações





Povos, nações, etnias: termos que definem grupos específicos de pessoas que se identificam por características biológicas, históricas, culturais e afinidades. Propositalmente, usamos na frase anterior a forma reflexiva para caracterizar que as pessoas de um mesmo grupo se identificam através de pontos comuns. Por outro lado, os que não pertencem a estes grupos também costumam destacar pontos comuns às pessoas de um mesmo grupo. Estas atitudes podem ser a base de uma convivência entre os diversos ou a base de uma rejeição ao diferente. Dependendo da perspectiva com que um observador caracteriza diferentes grupos humanos, a diversidade pode ser considerada um ponto positivo ou pode levar a reações de extrema rejeição ao outro, causando danos irreparáveis.
Uma das bases para esta atitude é o uso de padrões de identificação que não necessariamente refletem a realidade - assim se constroem os estereótipos. Narrativas que vão se perpetuando sem refletir a verdade. 

Por isso, mostrar o que somos e de onde viemos é sempre uma forma de embasar o futuro.

O Povo Judeu, nascido numa caminhada de 40 anos pelo deserto, tem visto os milênios passarem e tem não só sobrevivido como também atuado diretamente ao longo dos séculos. Um povo formado por várias etnias, brancos, negros, pardos. Um povo formado por profissionais de diferentes ramos, por pessoas conhecidas e por aquelas que não são identificadas como judeus. Até a primeira metade do século XX havia pouca menção aos judeus negros, apesar de na Torah (cinco livros de Moisés) ser relatado que a esposa de Moisés, Pnina, era filha de Yitró, líder dos Midianítas. Na Torah está escrito que a esposa de Moisés era kushi (negra), que era muito bonita, e mais ainda, foi a primeira judia a fazer a circuncisão de seu filho. E, para confirmar esta história, os rabinos muitos séculos depois ainda comentam: "o valor numérico da palavra “kushit” é o mesmo que “yafet mareh” (maravilhosa)". Assim, ao falar da cor da pele de Tsipora, ao mesmo tempo estava sendo proclamada a sua beleza (citado em: TanhumaZav 13). 

Esta história iniciada em tempos bíblicos chega até aos nossos dias, quando os judeus da Etiópia foram resgatados e formam um contingente importante dos que vivem no Estado de Israel. A vinda dos judeus da Etiópia para Israel ocorreu no século XX, mas nos dias de hoje, mais especificamente na semana passada, chegaram em Israel judeus vindos da Índia. Mais um grupo que escapa do estereótipo europeu e que faz parte integral de um povo que após ficar disperso pelo mundo por milênios volta à sua pátria. Mais um grupo que faz renascer a esperança que um dia todos os povos poderão entender que a soma das diferenças e a capacidade de manter a identidade é que dá condições para contribuir de forma positiva com toda a humanidade.

Na foto acima colocamos três judeus que receberam o Prêmio Nobel. Certamente todos identificam Albert Einstein, aquele que conseguiu equacionar matematicamente a relação entre tempo e espaço. Muitos identificam Elie Wiesel, aquele que soube sair do inferno construído pelo preconceito e conseguiu trazer ao seu tempo conceitos que estimulam a convivência entre muitos. Mas poucos reconhecem a cientista Rita Levy Montalcini, italiana de nascimento, judia que descobriu o fator de crescimento neural e que iniciou um novo campo nas neurociências. Poucos sabem que Rita esteve no Brasil, na UFRJ, logo que saiu da Europa - mas aqui também, por ser judia, não encontrou a devida guarida, e emigrou para os Estados Unidos. Posteriormente, Rita voltou para a Itália e no final de sua vida criou um fantástico programa para desenvolver neurociências na África e estimular o talento científico em jovens mulheres. 
Desde os tempos bíblicos foi dado à mulher judia um papel de destaque, e por mais que este venha sendo tirado ao longo dos anos, sempre vai sendo resgatado.


A diversidade humana é, na realidade, a maior riqueza que temos e parte do sucesso e da resiliência do Povo Judeu está baseada justamente na sua diversidade.

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