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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

EDITORIAL: Giuseppe Verdi, Donald Trump e Jerusalém

Giuseppe Verdi, Trump e Jerusalem                                                                                  Vá Pensamento


Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do Jordão
E as torres abatidas do Sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de Jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o senhor te inspire harmonias
Isso pode dar a virtude de sofrer
Isso pode dar a virtude de sofrer
Para suportar o nosso sofrimento!

(vale escutar o canto de Pavarotti)


Qual será a relação entre estas duas figuras tão diferentes, que viveram em séculos diferentes?  O atual Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e Giuseppe Verdi, o grande compositor de Ópera que viveu em Parma, no interior da Itália, na terra do parmesão?

O dia 6 de dezembro de 2017, uma quinta-feira, une estas duas personagens tão diferentes. Neste dia Donald Trump traz para o século XXI a realidade sonhada pelos cantores do coro de Verdi na ópera Nabuco. Giusepe Verdi compôs Nabuco em 1841 e Temistocle Solera escreve o livreto em 1842. Contam a história do primeiro exílio do Povo Judeu, imposto pelo imperador da Babilônia, Nabucodonosor. Os primeiros judeus são levados do Reino de Judá em 609 AeC e o Templo de Jerusalém é destruído pelos babilônicos em 598 AeC. O primeiro exílio dura 70 anos. Com maestria, Verdi interpreta como os judeus usam o pensamento para continuar perto de sua pátria e transformar uma realidade em um sonho. Um sonho que durou 70 anos – e que acabou com o retorno facilitado por Ciro, rei da Pérsia que em seu decreto autoriza a volta dos Judeus para a sua terra e expressamente para Jerusalém.

No ano 70 acontece o segundo exílio, e desta vez este dura quase 2000 anos! Nestes dois milênios, a cada ano, quando as famílias judias sentavam à mesa para lembrar que são pessoas livres e honrar seus antepassados que foram escravos no Egito, o jantar terminava com um canto muito alegre “O ANO QUE VEM EM JERUSALÉM”. Esta é a força do pensamento que VERDI e Solera tão bem retrataram nesta ária que pode ser escutada através do link acima.

No ano de 2017, 70 anos após a Assembleia Geral das Nações Unidas ter considerado um direito do Povo Judeu ter uma terra à qual pudesse ser chamada de Pátria, reconhece que Jerusalém é a capital do Estado de Israel. Processo longo e complexo para entender, mas que tal desfiarmos alguns fatos?

Quando Ben Gurion declarou a independência do Estado de Israel em 1948, o jovem estado foi imediatamente invadido por forças árabes e toda a Cidade Murada de Jerusalém, mais a nova Universidade inaugurada na década de 1930 passaram a pertencer à Jordânia. Não havia nem menção de um estado palestino, porque as terras da Jordânia também haviam pertencido ao Mandato Britânico da Palestina. Tudo muda quando em 1967 Israel conquista Jerusalém. Ao contrário do que ocorreu com os judeus, que nunca puderam visitar os locais sagrados, aos árabes foi facultado o controle de áreas ligadas à religião islâmica. Mas, apesar do passar dos anos, as nações do mundo continuaram mantendo suas embaixadas em Tel Aviv, cidade moderna construída no século XX.

Sem entrar em muitos detalhes, nos últimos anos, o mundo vem retirando o apoio de Israel. A ONU incrimina o Estado de Israel, uma democracia que admite em seu parlamento representação de todas as minorias, mais do que todas as ditaduras do mundo juntas. Mas, uma das pedras fundamentais para a atual decisão de Trump foi a mudança da política dos americanos durante o governo Obama. “Filhos de cidadãos americanos nascidos em Jerusalém deixaram de ser considerados cidadãos israelenses”. Quando um filho de cidadão americano nasce na cidade de Tel Aviv, em seus documentos aparece, Tel Aviv, Israel. No caso de Jerusalém aparece apenas o nome da cidade!

Reconhecer Jerusalém como a capital de Israel é um importante passo histórico e um reconhecimento de 3000 anos de história.




Reconhecer Jerusalém como a capital de Israel é chegar mais perto da Profecia de Isaías. No dia 6 de dezembro de 2017 escreveu o Rabino Jonathan Sacks: “Na entrada do edifício das Nações Unidas, em Nova York estão escritas as famosas palavras do Profeta Isaías: “Ele julgará entre as nações e acabarão as disputas. Os povos transformarão suas espadas em arados e suas lanças em objetos de poda. Nação não levantará espada contra nação e não mais haverá guerras”.  Mas é preciso lembrar que imediatamente antes desta frase, está escrito “De Tsion virá a Lei e de Jerusalém a Palavra”.

E mais uma vez, a espiral da história segue em busca da verdade e da Paz.

Regina P Markus, Marcela Fejes e Juliana Rehfeld – 7 de dezembro de 2017.




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