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sexta-feira, 15 de junho de 2018

EDITORIAL - Quando os fatos superam as palavras





A cada semana, trabalhamos de forma conjunta para elaborar um tema e trazer para os nossos leitores sabores, fatos e histórias de Israel. Hoje será diferente. Recebemos, nos últimos dias, o relato de um soldado que está no front de batalha, na cerca entre a Faixa de Gaza e Israel. Este relato foi enviado por Zilda Kotzer, uma brasileira que vive em Israel há mais de 50 anos e vive em Jerusalém. Lá, criou seus filhos e netos. Acompanhou as duas gerações pelos anos em que estiveram - alguns ainda estão - no Exército de Defesa de Israel. Tem orgulho de seu país, de suas realizações no campo da ciência e tecnologia e também no campo da inclusão social. Em sua capacidade de receber estrangeiros e de conviver com pessoas de diferentes culturas. No momento, trabalha como voluntária no Museu de Israel e ciceroneia muitos brasileiros nos percursos históricos e artísticos.

Este relato é também um pedido - que decidimos acolher e passar para todos vocês. O pedido de um soldado que está servindo no front com Gaza, contando a sua experiência e pedindo que esta seja compartilhada com o mundo. O relato que se segue é uma transcrição feita no dia 08 de junho de 2018 e traduzida por Dagoberto Mensch.


“Você já viu 4000 pessoas correndo em sua direção cheios de ódio gritando Alah Akbar?”

Palavras não podem descrever as situações pelas quais meus colegas e eu passamos. Na primeira vez que chegamos à fronteira, não podíamos imaginar como seriam os próximos quatro meses. As primeiras orientações de meu oficial foram: “A cerca é uma METÁFORA. A fronteira está onde o Exército de Israel estiver presente". Não podíamos imaginar o quanto ele tinha razão. Pelos últimos 4 meses, minha unidade esteve responsável por esta fronteira. No momento, a fronteira mais difícil de Israel.

Dia da Independência de Israel, dia de nakba, dia do prisioneiro, dia da Inauguração da Embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém - e nós na fronteira. Sabe o que foi mais difícil? Não foi ficar por uma semana sem tirar os sapatos ou tomar banho. Não foi ficar sem falar com a família ou amigos por toda aquela semana ou dormir apenas 4 horas por noite. O mais difícil foi que no fim de tudo vimos as críticas da mídia sobre como “matamos inocentes palestinos". PRECISO ESCLARECER, já que estou aqui e faço parte do processo.

Você já viu 4000 pessoas correndo na sua direção cheios de ódio e gritando "Alah Akbar"?

Uma faca pode matar! Coquetéis molotov matam! Bombas! E AK-47! Esta é a ameaça diária na fronteira. Meus amigos e eu sentimos todas as ameaças acima.

Nós VIMOS 4000 pessoas correrem em direção à cerca. Dispararam tiros contra nós. Vimos uma bomba explodir cujo alvo éramos nós. Nós vimos pessoas correndo em nossa direção com facas e machados que se destinavam a MATAR-NOS.

O sentimento que percorre o teu corpo depois de tudo isso é indescritível.

Temos o direito de defender nosso povo, nossa família e nossos amigos. Sabemos que se eles passarem por nós irão atrás deles. Nosso último recurso é atirar. Antes disso, enviamos documentos e panfletos descrevendo que não queríamos fazer isto. Mandamos "bombas" com cheiro desagradável para mantê-los afastados. Nenhum país do mundo faz isso.

Depois de tudo isso, eles continuaram vindo.

Cada tiro requer a aprovação de 2 pessoas diferentes. Cada tiro é registrado por escrito e verificado por oficiais.

A primeira regra para o atirador de elite é não fechar os olhos para não deixar escapar nenhum detalhe. As vezes você vê coisas que nunca esquecerá.

Considerando tudo, posso dizer que não nos arrependemos de um único tiro que demos. Cada vez que disparamos foi para proteger alguém que amamos.




Esta foi uma oportunidade única, de poder “ouvir” uma pessoa que está lá. Não é possível colocar foto ou nome de um soldado de elite do exército de Israel – e é por isso que o texto não pode estar devidamente creditado – mas decidimos pela sua publicação pois ele representa o que se ausenta da mídia, a verdade pela qual tanto lutamos. Além, é claro, de ter vindo de fontes em que confiamos.
Precisamos “ouvir” esse depoimento. Não de um comandante, não de um político, mas aquele que assume a responsabilidade de defender os seus e que sabe que sua posição é a última fronteira entre a VIDA e a MORTE.

ENTRE o BEM e o MAL à ESCOLHA A VIDA.
(Dvarim 30: 11; Deuteronômio)

Regina, Marcela e Juliana

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