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terça-feira, 10 de julho de 2018

VOCÊ SABIA? - Simone Veil



Pessoas se reúnem perto do Panteão de Paris antes de homenagem à ativista e sobrevivente do Holocausto Simone Veil, na França – foto:REUTERS/Pascal Rossignol



Você sabia que a França homenageou Simone Veil, sobrevivente do Holocausto conhecida por garantir a legalização do aborto no país nos anos 1970, enterrando-a ao lado de grandes cidadãos franceses no Panteão de Paris?

Simone Veil, política e advogada francesa, nascida em Nice em 1927 vindo a falecer aos 89 anos no dia 30 de junho de 2017 em Paris, repousará com o marido Antoine Veil, falecido em 2013, na cripta do mausoléu do Panteão ao lado de outros símbolos nacionais, como os escritores Émile Zola e Victor Hugo.

"A França ama Simone Veil e a ama por suas lutas", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, em discurso no Panteão. "Queríamos que Simone Veil entrasse no Panteão sem esperar que gerações passassem para que suas batalhas, sua dignidade e sua esperança continuem sendo uma bússola nestes tempos turbulentos".

Sobrevivente judia dos campos de extermínio nazistas de Auschwitz-Birkenau e Bergen-Belsen, Simone tinha o número de prisioneira 78651 tatuado no braço, e era uma europeia fervorosa e defensora das liberdades civis. Tornou-se a primeira presidente eleita do Parlamento Europeu em 1979.

Após sua morte, seu corpo foi enterrado no cemitério de Montparnasse e depois exumado para ser sepultado novamente no Panteão.



Foto: DW / Deutsche Welle

O presidente Emmanuel Macron cumpriu sua promessa de oferecer à feminista Simone Veil uma homenagem à altura de sua vida e carreira através de uma cerimônia que emocionou os milhares de participantes. A cantora lírica Bárbara Hendricks entoou o hino nacional da França, A Marselhesa.

“’Veil foi uma mulher que fez a França maior e mais forte, que lutou contra a barbárie e é hoje um modelo para os franceses’, disse Macron, acrescentando que seu ingresso no Panteão, apenas um ano depois de morta, é um desejo de todos os franceses.”

“Veil é apenas a quinta mulher no Panteão, que fica no Quartier Latin da capital francesa e abriga os restos mortais de 75 homens, entre os quais Voltaire, Victor Hugo, e Jean Moulin.

Nos anos 70, como ministra da Saúde, ela lutou pela legalização do aborto, e em 1979 converteu-se na primeira mulher a presidir o Parlamento Europeu. Veil também foi uma defensora incansável da reconciliação europeia após a Segunda Guerra Mundial.”






Retornando um pouco ao passado, a partir de 1940 a França foi invadida pela Alemanha nazista e a família de Simone, bem como as de todos os judeus franceses, começou a sofrer perseguições.

Com muitas dificuldades, Simone conseguiu concluir o ensino liceal  em 1943 e no ano seguinte  sua família foi enviada ao campo de concentração em Auschwitz-Birkenau onde todos pereceram com exceção de Simone e de sua irmã Madeleine graças aos exaustivos e infindáveis trabalhos por elas realizados .
Em 1945 iniciou o curso de Direito em Paris e lá conheceu Antoine Veil, com quem se casou  em  1946. Juntos construíram uma linda história de vida com três filhos, muita justiça, dignidade e amor aos semelhantes.

A mãe de Simone morreu aos 44 anos de febre tifoide e suas últimas palavras foram “Nunca deseje o mal aos outros; nós sabemos bem demais o que é isto.”
Simone soube honrar as palavras da mãe. Foi uma sobrevivente do ódio que destruiu sua própria juventude, mas nunca se entregou ao desespero. Conforme Macron ressaltou, ela enfrentou suas batalhas com dignidade e esperança; um exemplo para todos nós.

Simone marcou a história da Europa, defendendo os direitos das mulheres, sem apelar para a vitimização.

Em 1979 sua lei foi aprovada: a “Lei de Veil” garantia às mulheres o direito do aborto até a décima semana de gestação.


Bernard Greensfeld, um dos participantes da homenagem, explicou: “Simone Veil destruiu vários tabus, como o das mulheres na sociedade, mas também o da exterminação dos judeus. Ela não ingressa no Panteão como vítima do Holocausto, mas como alguém que derrotou o horror e por isso está no coração das pessoas.”

Em 2005, Simone escreveu sua biografia “Une Vie” (“Uma Vida”), contando em detalhes suas experiências nos campos de concentração e reforçando sua dificuldade em esquecer os sofrimentos e humilhações passados. “Não há dia em que não recorde a Shoah. Estou sempre atormentada, perseguida pelas imagens, odores, gritos!.”

Como muitos outros sobreviventes, Simone decidiu testemunhar o passado às novas gerações.

Em uma de suas últimas entrevistas ao Libération, afirmou:
“Continuo a acreditar que vale sempre a pena batermo-nos por qualquer coisa. Digam o que disserem, a humanidade está hoje mais suportável do que no passado.”

Conhecer a trajetória de Simone Veil, uma trajetória nem um pouco fácil, é um alento para todos os seres de bem, que como ela aspiram por um mundo melhor, mais justo e mais tolerante.




Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg especialmente para os canais do EshTá na Mídia. 


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