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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

EDITORIAL: USHPIZIN - SUCOT - SIMCHAT TORAH

Crianças montando a Sucá


USHPIZIN?

Uma palavra estranha para nós judeus brasileiros. Uma palavra mais estranha ainda para os que não são judeus. Uma palavra em aramaico, o idioma falado em Israel na Antiguidade. O significado desta palavra é CONVIDADO. Nesta semana que se segue ao começo do ano, em que todos se preparam para uma data muito importante, o recebimento da Torah, é comemorada a festa de Sucot - a festa das cabanas.

A EshTáNa Mídia tem como propósito básico criar material que permita rebater e combater o anti-semitismo e a difamação do Estado de Israel, mas quando chega esta época do ano, as bases do judaísmo que são fundamentais para a sobrevivência do Povo Judeu falam tão alto e trazem tantos simbolismos e informações que é quase impossível deixar de compartilhar com todos os nossos leitores alguns dos hábitos e costumes que regem este período.

Ao acabar o jejum de Iom Kipur, começa a construção de uma cabana, que entre as muitas regras deve ter um teto feito de folhas que permita ver as estrelas e dentro desta cabana todos devem comer durante 8 dias. Se por um lado é lembrado o tempo em que o Povo Judeu ficou no Deserto após a saída do Egito, por outro, é nesta época que se preza de forma explícita um costume muito importante. Receber convidados - e esta é a palavra USHPIZIN. Os convidados, ou os que aparecem, sentam-se à mesa e apreciam a refeição ritual. Conta a lenda que também chegam convidados de outra dimensão e cada um por um dia, os patriarcas, sacerdotes, reis e Moisés. O lado místico da vida se encontra com o lado prático do dia a dia em um local que fica ao lado da casa e que é construído de forma precária, com tábuas e folhas. Uma cabana enfeitada onde se pode comer com familiares e amigos, com colegas e professores e com isto lembrar que juntos podemos mais.

Mas estes dias em que a união é feita com alegria servem de preparativo para a data do recebimento da Torah - quando é enfatizada a importândia do  estudo. A Torah escrita - recebida em forma de rolos - é lida semanalmente. A Leitura começa e termina no dia de Simchat Torah - Alegria pela Torah. Da morte de Moisés - no final do livro de Dvarim (Deuteronômio) - à criação do mundo no primeiro capítulo de Bereishit (Gênesis), passam-se poucos minutos e é dado o recado que todos os tempos podem se encontrar. E que apesar da leitura ser cíclica e cada um dos ciclos terem muitos pontos semelhantes, eles não se sobrepõem. A cada passo da história podemos acrescentar fatos novos e podemos achar novos caminhos.

Nossos tempos são ricos em mostrar que novos conhecimentos científicos não apenas atestam que sempre há mais para descobrir, como também mostram que novas oportunidades ocorrem para os que são capazes de avaliar de forma crítica e metódica conhecimentos e fatos que parecem já ser de total domínio.

Se começamos o texto com CONVIDADOS, quero terminar com um conceito: TALMUD TORAH - estudo da Torah - ESTUDO. Neste período fica muito clara a importância do estudo. Não do saber, não do lembrar, não do seguir dogmas prontos: o que é relevante é buscar junto com convidados, junto com outros, estudar e criar.

Lembrando que a morte é um fato - a Criação que segue a morte a cada ano pressupõe que haja estudo e busca do novo através do conhecimento. Não há nenhuma incompatibilidade entre a Ciência e o Judaísmo. O Estado de Israel moderno é a prova viva desta afirmativa. Duas forças focadas no estudo capazes de gerar conhecimentos novos que vêm revolucionando nossa forma de viver e que mesmo os que querem tirar Israel do mapa não conseguem mais sobreviver sem usar os novos conhecimentos gerados nas áreas de medicina, agricultura, energia e o maravilhoso mundo das grandes bases de dados.

Boa Semana

Regina P Markus

Simchat Torah - Foto Jewish Life CT

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