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quinta-feira, 11 de abril de 2019

EDITORIAL: The Day After - O Dia Seguinte


Conversar com leitores e contar um pouco de impressões pessoais: algo que vale para o hoje. Uma foto de uma sociedade que estamos acostumados a seguir à distância e que, apesar de termos uma grande identificação, pouco conhecemos.

Ontem foi o dia de eleição aqui em Israel. Sou brasileira e notei várias diferenças interessantes. Na terra da inovação tecnológica, a eleição é feita com votos não identificados. Explicando: o cidadão chega à sala de votação e os mesários dão um envelope. O eleitor deve colocar dentro do envelope uma cédula onde estão escritas as letras que identificam os partidos, e em seguida colocar o voto em uma urna. 


Mãe e filha exercendo o dever civil

Muitos brasileiros falam das fraudes que podem ocorrer com nossas urnas eletrônicas, mas o sistema israelense é um convite a problemas. Imagine que o rádio passou o dia todo alertando as pessoas para olhar a parte de trás das cédulas para que não tivessem nada escrito, pois neste caso, não seriam contadas. Eu estava muito espantada - sim, esta é a palavra - e, comentando com uma amiga argentina, esta afirmou que o mesmo ocorria no país do tango!

Bem, seguindo com as diferenças... crianças e avós entram juntos para votar - não há o conceito de cabine indevassável e, para terminar a cena, a boca de urna é intensa e vai até a entrada da sessão eleitoral. Não há a quantidade de papeis que costumava ter em São Paulo, mas todos reclamavam da invasão nos celulares. Havia um pipocar de bipes nos celulares em volta - e quando entramos na escola onde estavam ocorrendo as eleições, milhares de mensagens começavam a chegar.

Uma outra curiosidade foi o voto dos que não estavam em seus domicílios eleitorais. Votam os que estão de serviço no exército, hospitais e presidiários, condenados e reclusos em presídios gerais ou aqueles que estão em delegacias. Nestes casos é preciso apresentar a carteira de identidade civil, militar ou de presidiário. Os que trabalham em hospitais ou prisões também podem votar no serviço. O interessante é como contam estes votos: é feita uma primeira contagem e depois os envelopes são encaminhados para as sessões eleitorais para certificar que não houve duplo voto.

Conversando com pessoas que trabalham em cyber security, peguntei por que o voto em Israel não é eletrônico. A resposta foi muito ilustrativa: "somos uma nação pequena e podemos contar os 6 milhões de votos esperados rapidamente - mas, o sistema eletrônico é muito mais seguro!"

Foi neste momento que confirmei o que todos falam: Israel é um país de alta tecnologia porque só pode contar com a mente de seus cidadãos, e porque tem uma diversidade racial tão grande que aborda problemas de vários ângulos, o que facilita chegar a soluções generalistas.



Todos os cidadãos votam 



O resultado? Meio a Meio - o partido de oposição (Beny Gantz) ficou com 35 cadeiras no parlamento e o partido de Benjamin Netanyahu ficou com 35 cadeiras. Contar com parcerias será a chave do sucesso. Temos que esperar até o final das apurações (sexta-feira) para saber o resultado final - agora, todos estão declarando vitória.


Boa Semana!

Regina P Markus

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