Marcadores

quarta-feira, 12 de junho de 2019

EDITORIAL - As mulheres de Israel





Escrever semanalmente esta Newsletter há mais de dois anos tem sido uma vivência inédita para as cinco mulheres envolvidas. Marcela, Juliana e Regina (que vos escreve) como editoras; Itanira, responsável pelo "Você Sabia?", e Luciana que é a nossa profissional que coloca em conjunto a Newsletter e tem completado todas as falhas das demais. Nosso objetivo primário é combater o antissemitismo fantasiado de ataques ao Estado de Israel e para isso, escolhemos a linha do esclarecimento. Muitas vezes, cada uma de nós fica espantada com a capacidade do Estado de Israel de conquistar e superar dificuldades externas e internas e, principalmente, de manter uma sociedade tão diversa dentro da chamada população judaica de Israel.

Nesta semana vou desviar um pouco o olhar do Estado de Israel moderno e comentar sobre judaísmo, ou os Estados Judeus da Antiguidade. Hoje é segunda-feira dia 10 de junho, o segundo dia da festa de Shavuot (tradução literal – semanas). 49 dias – sete semanas – entre Pessach e Shavuot – entre a saída do Egito e o recebimento das Tábuas da Lei no Monte Sinai. E nesta festa em que são lidos os 10 mandamentos dentro de todas as sinagogas do mundo, também é lida a Meguilá Ruth – a história de Ruth, a moabita. Ruth, a
mulher que casou com um judeu que morreu. Esta moça que poderia ter ficado na terra de seus pais, mas resolveu seguir os passos de sua sogra, Naomi, e tornar-se judia. Casa Ruth com seu cunhado, como mandava a lei da época e é honrada para ser uma grande matriarca de Israel – a que deu origem à linhagem de DAVID – o Rei de Israel. David – o conquistador de Jerusalém. No final da Meguilá de Ruth, encontramos a história de uma outra mulher estrangeira, TAMAR, a canaanita, que é responsável pela continuação da descendência de JUDAH. O que une mulheres que viveram em tempos tão diferentes? Terem contribuído de forma decisiva para a existência de David. 10 gerações separam Tamar de Ruth, e 7 gerações separam Ruth de David. Mostra aqui que o judaísmo é inclusivo e que as mulheres judias, ou aquelas que ao povo judeu se unem, empoderam a história. EMPODERAM O TEMPO.

MULHERES – 50% da população – um grupo renegado por tantos povos, e transformado em parte central do judaísmo bíblico. Será que é essa centralidade e distinção que faz com que o moderno Estado de Israel conte com lideranças femininas, com um exército formado por homens e mulheres desde o seu nascedouro, e um país onde as mães e mulheres, apesar de algumas restrições em grupos religiosos extremistas, encontram campo aberto em todas as demais atividades?

Não há mulher santa, não há mulher ideal. O Tanach descreve todos os tipos de mulheres – as matriarcas e as estéreis, as belas e as não tão bem aquinhoadas, a sábias e as tantas outras.
Lembro que em cada caso, de Sara e Raquel, de Hanna a mãe de Samuel, o sumo sacerdote, uma mulher triste porque não conseguia procriar e a Débora, a juíza que comandou os exércitos para defender seu povo. Mulheres de casa, mulheres de sabedoria, mulheres mães, esposas, mestres. É nesta diversidade que encontramos Dina, a filha de Jacob (Israel) que após ser estuprada é recebida pelo pai e irmãos e é a partir de sua história que se cria a tradição que judeu é filho de mulher judia. Mas esta é apenas uma tradição, visto que hoje na Festa de Shavuot lemos que o Rei David existiu porque a continuidade da Casa de Judah (que dá o nome ao Povo Judeu) dependeu de ações de duas mulheres - TAMAR e RUTH.

Sem continuar desfilando nomes, lembramos que a nenhuma é dada a aura de santa – todas são humanas, todas têm qualidades e defeitos. Há mulheres para todas as personalidades e com isto mostramos a diversidade de um povo.
Mas, mais do que isto, ao invés de se elencar rainhas e sacerdotisas, juntamente com estas são elencadas todas as possíveis mulheres a serem encontradas no transcorrer da história.
E, apesar do que vemos acontecer nos anos modernos, a mulher também é destacada.

Nesta semana de Shavuot lembramos que a diversidade só é completa quando sabemos lidar com mulheres de todos os tipos e que, em circunstâncias especiais, até a que vem de outro mundo pode ser acolhida e passar a pertencer ao povo que projeta o passado no futuro. Ao povo que confere sua eternidade à corrente das gerações.



לדור ודור, הללויה
De geração em geração, Aleluia

Nenhum comentário:

Postar um comentário