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quinta-feira, 14 de maio de 2020

EDITORIAL: Coexistência




E o SarsCov2, vulgo coronavírus, continua passeando entre a pessoas deste Brasil. Poupando muitas, mas causando um número crescente de mortes. Nós, judeus, costumamos dizer aos enlutados: Baruch Dayan haEmet. Abençoado o Juiz Verdadeiro. 

Há um rito que foi sendo refinado ao longo dos séculos e que tem uma grande preocupação com o acolhimento da família. É um momento de coexistir entre dois mundos, é o momento da mudança de estado. Tanto os que têm crença religiosa quanto os que têm crença na humanidade encontram ritos para passar este momento. São muito diferentes do ponto de vista das rezas, mas a maioria conserva o hábito ancestral de visitar os enlutados e com eles relembrar momentos marcantes na vida de todos. 

Posso utilizar as últimas frases do parágrafo para qualquer grupamento de humanos, quer seja regido por religião ou por outro tipo de convivência. Assim, como a figura que ilustra este texto, há momentos que são estruturantes. Assim como temos cinco sons bem definidos, conjunto a que nos referimos como vogais. As vogais são estruturantes. Aqui vamos dar um salto em nossa imaginação, e entender que o mesmo ocorre quando grupos de pessoas diferentes coexistem em uma mesma nação. 

Há um motivo estruturante, mas este só será completo e poderá ser entendido se cada um dos blocos formadores deste conjunto tiver sua própria identidade. Coexistir não é converter. Coexistir não é ser melhor ou pior. Coexistir é ser diferente e ter a capacidade de entender no que o outro é melhor e no que é pior, de forma a melhorar o conjunto.

O Estado de Israel nos seus 72 anos de vida reconhecida pelas outras nações vem buscando tanto no âmbito interno quanto no externo processos de coexistência. A população, de maioria judaica, é formada por grupos de diferentes religiões, etnias, orientações sexuais, etc. Existe uma obrigatoriedade inconteste de educar os jovens, e a recusa dos pais em enviarem os filhos à escola é punida pela lei. Mas as escolas têm diferentes orientações e, apesar de todas serem públicas, o currículo pode ser de responsabilidade de cada comunidade. Já a educação superior é eletiva e todas as principais Universidades aceitam a todos. 

Ainda comentando sobre o ensino, nestes tempos de corona, o "Davidson Education Institute", que é o braço educacional do Instituto Weizmann, produziu materiais e programas para que crianças de diferentes grupos sociais pudessem participar dos cursos à distância. 

Coexistir além das fronteiras: este tem sido um grande objetivo. Se é um problema para o judeu cidadão de outros países, no caso do Estado de Israel também não tem sido muito fácil. Mas a segunda década do século XXI e estes tempos de corona vêm trazendo novos horizontes. Esta semana, publicamos fatos novos e muito promissores que vêm acontecendo no países árabes, que passam a buscar laços com a cultura judaica e com o Estado de Israel. 

Nestes tempos de corona, foi da Arábia Saudita que vieram máscaras e luvas necessárias para Israel. As brechas começam a ser abertas - e fiquem atentos que nas próximas semanas, em pequenas doses, vamos oferecer muitos exemplos destes olhos que se encontram, sem a necessidade de um abraço, ou mesmo um aperto de mão, como manda a etiqueta social dos países do oriente.

Coexistir é manter a identidade de cada um. O povo judeu, que tem mantido a sua identidade ao longo dos séculos sem infringir leis locais, agora tem soberania em um país onde a manutenção da identidade é um desejo coletivo.

Boa Semana!

Regina P. Markus

2 comentários:

  1. Esta coexistência pode ser uma nova realidade para o futuro.

    Inshalah

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  2. Deixei passar quase 1 mês para responder a este comentário. Ele é anônimo, mas se identifica através da última palavra. E eu espero, eu tenho esperança, que realmente estas réstias de luz possam ser uma aurora. No inicio parecerá com a aurora boreal- maravilhosa, mas fluída, mas no futuro espero que tenha a regularidade da aurora equatorial!

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