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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

EDITORIAL: 2021 - O Ano da Continuidade


Por Regina P Markus

1/01/2021


O que esperar de 2021? Este é um início de ano em que, apesar de adicionarmos uma pitada de esperança e de futuro, o nosso passado recente - e por que não dizer também o nosso presente - são tão fora de qualquer padrão que têm perturbado a forma de encarar o futuro.

Muitos fazem humor, e alguns posts são geniais. Outros transferem todas as esperanças para a vacinação e nós que temos contato com Israel ficamos abismados: como um país tão pequeno, com a dimensão do estado de Sergipe, já vacinou toda a sua população idosa enquanto no Brasil estamos ouvindo a imprensa chamar atenção para detalhes que deveriam ser tratados apenas por técnicos de administração em saúde? As respostas que dão são diversas. Uma das mais interessantes, e que guarda um tom antissemita, é que o Presidente da Pfizer é judeu e por isso mantém contato com Israel. Por outro lado, a imprensa israelense veicula a informação que o governo fez uma proposta de compra pagando 100% a mais por dose. Sendo uma quantidade pequena se comparada com os demais países e tendo a certeza que haveria uma rápida e eficiente utilização da vacina, bem como competência técnica para armazenamento, as vacinas foram despachadas. A competência na logística de vacinação impressionou a todos, mas sempre tem um ou outro caso anedótico de pessoas que têm medo de serem vacinadas. Enfim, a humanidade é composta de seres humanos diferentes, com opinião e com informações diferentes. 

Aqui no Brasil, um dos desejos é que a vacina chegue o mais rápido possível, e que possamos em breve criar estratégias para evitar os desmandos observados.

OLHANDO O FUTURO pelas LENTES DA ETERNIDADE

Sim, este é um outro tópico que tem que ser comentado hoje! Tem que ser colocado neste começo do ano.

No dia 2 de janeiro de 2021 todas as sinagogas do mundo encerraram a leitura do primeiro livro da Torah: Bereishit - Gênesis. Seguindo o costume, é neste momento que todos falam em voz muito alta, acompanhando o leitor oficial - RAZAK, RAZAK ve NITRAZEK - Força, Força, Sejamos Fortalecidos!

Chegar ao final de um livro da Torah, chegar ao final de um ano tão complexo, exigem algo a mais do que olhar os detalhes do dia a dia e os desejos habituais de passagem, afinal 2020 foi um ano especial.

Duas questões estavam no centro das atenções: Ciência (criação) e Isolamento (quarentena). De um lado queríamos que a ciência andasse bem rápido para entender o que estava acontecendo e como combater, e por outro aprendemos a lidar com isolamento sem solidão. Aprendemos a transferir nossos encontros para os quadradinhos do Zoom e famílias passaram a abraçar os idosos com o olhar, de fora dos portões sem se aproximar.

E.... neste contexto quero trazer a todos de volta para o livro de Breishit, Genesis. Para os dois primeiros capítulos, os capítulos da criação do homem. Li o texto do Rabino Meir Yaakov Soloveichnik,  Rabino Chefe da Congregação Shearit Israel de Nova York, filho, neto e sobrinho neto de uma dinastia de rabinos ortodoxos modernos. Seu tio-avô, Joseph B. Soloveichnik, um dos criadores da ortodoxia moderna, escreveu o texto "The Lonely Man of Faith" - "O Solitário Homem de Fé" (1965), onde brilhantemente revela os dois pilares do judaísmo: de um lado capacidade criativa, que é essencial para o desenvolvimento científico, e de outro lado a importância da comunidade e das famílias para a eternização do judaísmo. De forma brilhante mostra que Adão do capítulo 1, que foi criado à imagem e semelhança de D'us, era único porque simbolizava a todos inclusive ao feminino e masculino. Este era o Adão da criação. No capítulo 2, Adão estava solitário, necessitava de uma companheira e esta soma-se à narrativa de forma humana. Através da união da Terra (Adam) com a Alegria (Ravá, Eva) há uma mostra da vida com outros, da vida em companhia. E é neste contexto que o judaísmo é eternizado. No contexto que para viajar no tempo e chegar aos dias de hoje foram necessárias muitas gerações que lembrassem e se identificassem com o que aconteceu há muitos milênios. 

Os comentário de Rabbi Meir Yaakov Soloveichnik feitos no início de 2020 inspiram como devemos seguir para 2021. Será o ano em que precisaremos de Ciência e de Convívio Humano. O ano em que ficaremos muito felizes quando pudermos abraçar a vida de forma figurativa e também de forma física.

BOA CAMINHADA neste ANO de 2021!


Regina P. Markus

  

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