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sexta-feira, 7 de julho de 2023

Acontece - O Estado sionista não sobreviverá seu 100tésimo ano se não cuidar disto (artigo)

 

Este artigo de Mishka Ben David, ex agente do Mossad e escritor, foi publicado no fim de junho. Ele traz uma visão da importância de uma cuidadosa diversidade na sociedade democrática judaica, bem como uma abordagem informativa e afirmativa do Estado de Israel - e isso é plenamente alinhado com a missão do Esh Tá Na midia. Por isso este artigo que traduzi é o nosso Acontece desta semana. - Juliana Rehfeld


Pense nisso antes da próxima manifestação:


O golpe legal (judicial) e o ativismo a favor e contra ele são uma distração fatal dos reais problemas do Estado.

Vamos apontá-los já a seguir. O Estado sionista liberal secular não sobreviverá até seu 100tésimo aniversário sem urgentemente endereçar os seguintes problemas:

O problema n. 1 é a demografia Heredi (ortodoxos caracterizados por sua estrita adesão à halakha - lei judaica - e às tradições): com uma média de 6,5 filhos por família (versus + 2 nas famílias seculares) e dobrando a população Haredi a cada 25 anos, já que 23% das crianças até 10 anos já sao Hredim hoje (fonte Instituto Shores - Raiz - da Universidade de Tel Aviv), os Haredim constituirão 49% da população do país em 2 gerações (fonte CBS).

O segundo problema mais sério é a demografia dos árabes - especialmente os beduínos: com quase 3 crianças por família (e mais entre os beduínos, incluindo filhos de outras mulheres dos territórios), juntamente com os ultra-ortodoxos, eles constituirão uma maioria não sionista no país dentro de uma geração! E digamos Adeus à ideia sionista. No seu 100tésimo aniversário, Israel não será um país sionista. Esses problemas, cujo impacto na imagem do Estado é decisivo, não têm relação com o golpe judicial nem nos protestos contra ele.

Esses dois problemas = a perda da governança. A polícia não tem a habilidade de atuar em vizinhanças ultra-ortodoxas nem em concentrações árabes, como vemos diariamente.

As 500 mil armas na sociedade árabe (estimativa da polícia) serão usadas no mesmo dia de uma ordem contrária a nós, a população judaica. Não serão mais os judeus “Orientais” contra os Ashkenazim ou a “periferia” contra “o centro”, e não “liberais/ democratas” contra “conservadores”.

Será uma real guerra civil. Com o sangue MandN nas ruas (quem vai parar uma milícia beduína no dia 16? Mfrom entrando em BeerSheva com suas vans e massacrando seus residentes?) E isso tem pouco a ver com o golpe (mas com uma subdivisão de mínimas sentenças para de armas ilegais - mas isso não é o alvo do que protestam).

O quarto problema, que nós não explicitamente nomeamos, é a inabilidade de governar a Judeia e Samaria e parar o terrorismo lá. E o alto preço pago pelos soldados das FDI e os colonos. O nome não-eufemístico para isso é: o problema do nosso contínuo controle sobre um povo estrangeiro e um território internacionalmente definido como território ocupado.

Em quinto lugar vêm os problemas externos, os que ousamos falar a respeito: o Hamas com seus milhares de foguetes, o Hezbolah com 150 mil mísseis e o Irã com material fóssil em quantidade suficiente para para algumas bombas nucleares e bastante mísseis balísticos que alcançam Israel (mas, sobre N-R-A-E sem um sistema de armamento que minimize e detone as bombas). Problemas reais, para os quais não estamos preparados devido às disputas internas, e que se tornarão agudos com o descrito acima se materializando.

E somente após isso, há o problema fundamental do golpe judicial, isto é, as cláusulas em que ele ameaça a democracia - mas ele ofusca todos os problemas prévios e estamos também lidando com suas margens sem princípios, como a loucura que experimentamos esta semana (n.t. 16 junho) quanto ao Comitê de Seleção Judicial.

Sejamos claros: se as forças seculares, liberais e sionistas (que eu chamo "os pioneiros") não se unirem para a próxima causa, o fim do sonho sionista chegará em breve, e de dentro, mesmo sem qualquer "ajuda" de forças externas.


E o que deve acontecer quando os "pioneiros" subirem ao poder?


1. Cancelar todo o auxílio a partir do terceiro filho (sem auxílio infantil, sem educação gratuita, sem assistência médica gratuita, sem os destrutivos pontos de crédito e nisso também nos evitando tornar-nos superpovoados em países ocidentais);

2. Cancelar todo o suporte a instituições educacionais que não ensinam hebraico e em hebraico (nem auxílio às instituições nem pagamento a professores) - na tentativa de interromper o crescimento de uma geração ignorante que não tem habilidade de integrar-se na moderna economia. (E nisso impedir Israel, a “nação startup” - de tornar-se econômica e tecnologicamente um país de terceiro mundo);

3. Exigir serviço militar ou nacional por lei, e impedir qualquer auxílio governamental para quem não fizer esse serviço - sem bolsas, sem suporte a instituições onde os evapores (do exército) vão estudar, especialmente yeshivas e kollel (instituto exclusivo para estudo do Talmud) - e sem Seguro Nacional, inclusive o auxílio para crianças mais tarde na vida adulta , na tentativa de trazer jovens Haredim e árabes a uma integração na sociedade israelense E com isso ajudar a economia e instituições médicas que estão desesperadas por funcionários e preencher os quadros das Forças de Defesa de Israel de acordo com suas necessidades);

4. Promover uma separação entre as populações judaica e árabe na Judea e Samaria e entregar o controle aos palestinos a uma entidade palestina que concorde em desmilitarização e soluções de segurança (no estilo do "Plano Trump"). E em qualquer caso, frustrar a má ideia da extrema direita de anexar os territórios (o que nos tornaria um Estado binacional) e seu plano de proibir os palestinos anexados de votar e ser eleitos (o que nos tornaria um Estado manifestamente não democrático, um Estado de apartheid pária). Éramos: o fim do Estado judaico democrático será bem antes de seu centésimo aniversário (no futuro é possível adicionar à entidade palestina territórios árabes que não aceitam a essência judaica e democrática do Estado - tais como as áreas controladas pelo movimento islâmico do norte no Waldir Ara);

5. Outra óbvia separação é a separação entre Estado e "Igreja", que será o primeiro passo para significativamente enfraquecer parte dos estabelecimentos religiosos - e precisa ser feito com a mesma determinação com que deve ser feita a erradicação das autonomias de armas dos árabes no Negev das organizações criminosas ali e na Galiléia;

6. Somente dessa maneira seremos livres para nos prepararmos para ameaças externas como se deve.


E somente quando tudo isso acontecer e progredir será correto avançar para o topo da lista de prioridades - a guerra contra os perigoso golpe do judiciário - parte do qual é necessária: temos uma polícia “frouxa”, uma promotoria pública tendenciosa e um sistema judicial preguiçoso que “passa a mão na cabeça” dos cruéis - e é cruel para os misericordiosos - tudo isso precisa ser “chacoalhado”! É claro que a subordinação do sistema judiciário ao governo deve receber forte oposição, mas esta batalha não deve distrair a atenção de todos os outros. Pelo menos parte de sua energia deveria ser direcionada ao resto dos problemas , ou organizada por trás de um "corpo de pioneiros" que saiba como regular os objetivos.

Nada disso é sonho - mas se agrega às forças de oposição seculares - liberais e sionistas. Halutz (n.t. Ex comandante militar Dan Halutz) aparentemente também precisa de suporte das forças seculares - liberais que permanecem no Likud, os religiosos moderados (que não estão atualmente representados na Knesset) e dos moderados tradicionais Mizrahim (judeus do Oriente que não votam no Shas). E talvez serão acompanhados pelos árabes que compreendem quão preferível é sua situação aqui em relação à situação sob regime árabe - apesar da discriminação.

Se quiserem, traremos o Estado a seu centenário, e até aos 120 anos, como um Estado judaico-democrático e sionista. Cabe a nós genuinamente endereçar os reais problemas sem a distração de aspectos marginais da “revolução do judiciário”.

Como costumávamos cantar? "Seremos todos pioneiros e pioneiros", lembram-se? Então não deixemos esta canção ser nossa última memória do grande projeto sionista que nossos pais construíram aqui e ajudaram a estabelecer. 

Alguns jornais que correm para publicar meus artigos se assustaram com este artigo. Talvez você o divulgue!


Mishka Ben David, traduzido por EshTaNaMidia.

Shabat Shalom

Um comentário:

  1. Num Estado polarizado como Israel os “Pioneiros” tem tido dificuldade em formar massa política e controlar o Parlamento. Nesse ínterim se as reformas do Judiciário prosseguirem agora será difícil passar e manter leis e programas futuros que almejem os gols mencionados pelo autor. Acredito que os protestos contra a reforma são a única opção imediata. Sugiro o seguinte artigo para entender o sistema judiciário de Israel https://voleh.org/pt-br/author/tzviportuguese/ O Sistema Judiciario no Estado de Israel 2023 by Tzvi Szajnbrum.

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