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domingo, 16 de julho de 2023

ACONTECE... Suécia - Palco de Ódio, Antissemitismo, AntiReligião e ... ESPERANÇA

Escrever sobre acontecimentos que estão ocorrendo muitas vezes leva a conclusões parciais errôneas, que se forem muito bem colocadas podem embasar comportamentos futuros.



Nestas semanas que não escrevi para o EshTáNaMídia acompanhei chocantes acontecimentos que ocorreram na Suécia. Como estava em Israel, as notícias tinham prioridade!

No dia 22 de junho, uma quarta-feira, Salwan Momika, iraquiano residente na Suécia, queimou uma página do Alcorão em frente à Grande Mesquita de Estocolmo. 

No início da semana de 10 de julho foi noticiado que a polícia sueca havia autorizado a queima de uma Torá e de uma Bíblia cristã em frente à Embaixada de Israel em Estocolmo! Antissemitismo! Destruir o Estado de Israel e as Bases do Povo Judeu e com isto também a religião cristã! Isto tudo com a autorização de uma Nação que se diz tolerante e respeitadora de todos! Isto em nome da LIBERDADE de EXPRESSÃO! 

Nós, judeus, conhecemos muito bem esta ladainha. E se lembrarmos que no último sábado foi encerrada a leitura do livro Bamidbar, que recorre aos 42 pontos em que o Povo de Israel parou no caminho de 40 anos entre o Egito e Eretz Israel, acabamos tratando este fato como mais um! Um alerta dos nossos dias.

MAS - o que ACONTECE nestes meses de Junho e Julho talvez tenha um significado maior, ao qual devemos estar alertas: de acordo com o "Times of Israel", Alush chegou à missão diplomática israelense no sábado (Shabat) apenas com o Alcorão e declarou que sua intenção não era queimar a Torá e a Bíblia cristã. A Folha de São Paulo traz a notícia com a seguinte manchete: Manifestante desiste de queimar Bíblia e Torá em protestos na Suécia.  O texto é muito justo e esclarecedor, mas a manchete deixa a desejar. Ahmad Alush declarou que nunca foi sua intenção queimar livros sagrados de outras religiões e que escolheu solicitar autorização de manifestação frente à Embaixada de Israel para chamar atenção sobre a queima do Alcorão dias antes. Portanto, ele não desistiu! 

Até jornalistas que escrevem excelentes artigos se perdem na manchete. Mas qual seria a manchete? O que chamaria atenção do grande público para a leitura deste ato tão importante? Este é um ponto em que a crítica não vai resultar em resposta. A crítica vai abrir oportunidades de passarmos a reescrever mentalmente as manchetes de forma a conseguirem gerar grande impacto sobre a principal lição que os fatos apresentam. 

O governo de Israel reagiu em relação à autorização concedida pela polícia sueca e esta se defendeu que age "em nome da liberdade de expressão".

Se estivesse dando uma aula de Biologia Celular, todos os alunos estariam pedindo um tempo para decifrar e entender as alças de interligação! O que ACONTECE! No caso da biologia, dependeria do estado de higidez do animal. Provavelmente no caso da sociedade também. Se já existirem bases de antissemitismo ou anti-religião ou bases de racismo, estas manifestações podem ser remetidas à primeira metade do século XX e às enormes manifestações que precederam o holocausto.

O GRANDE ERRO - a Suécia dar permissão para manifestações frente a Embaixadas e transformar seu território em um local insalubre para alguns de seus cidadãos. LIBERDADE DE EXPRESSÃO - esta é a razão para permitir oficialmente atos de antissemitismo dentro do território sueco!

A GRANDE JOGADA - evidenciar que ateus e livre-pensadores são tão extremistas quanto fundamentalistas religiosos que se consideram "donos da verdade". Ahmad Alush obteve êxito e aplausos porque conseguiu em uma só ação evidenciar vários tipos de problemas atuais, que poderiam ser resumidos em dois: intolerância e incapacidade do jornalismo distinguir entre fatos e boatos! 

ACONTECE.... encerro com um poema de Alexander Penn, poeta (1906-1972)  apresentado pela Profa. Nancy Rosenchan da Universidade de São Paulo

Eu era/ e aqui Estou/ e se eu adicionar Ser/ serei depois de ter sido/ e aqui estou.

Tradução de Sérgio Goldman em uma lista FaceBook

Acontece... no presente é um construto do passado, e vai projetar para o futuro de acordo com nossa capacidade de DESTACAR de forma respeitosa fatos negativos! Fica aqui um obrigada para Ahmad Alush, que soube de forma criativa chamar atenção para as bases comuns das três religiões originadas da Torá. 



Boa Semana.

Regina P. Markus




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