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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

EDITORIAL: NATAL em ISRAEL

NATAL – PAZ – AMOR


A Festa das Luzes - unindo cantores, músicos e religiosos no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, nesta semana.


Nesta semana de Natal desejo um dia maravilhoso a todos os que nos acompanham ao longo do ano. Este é um dia especial para o mundo cristão, para todos os judeus que vivem neste mundo e que apreciam estar com amigos e celebrar a Paz. Sempre digo que não há nada que nos separa neste momento. Receber a Torah no Monte Sinai e saber passá-la adiante para toda a humanidade é uma missão. Saber observar e aceitar a diferença entre cada um e todos é uma maneira de seguir o judaísmo. Ser e deixar ser. Para nós brasileiros este sempre foi um dia que marca por sua diferença, e também pelo seu conteúdo religioso cristão. Mas o que acontece em Israel, onde está o berço das religiões monoteístas?

Difícil responder por todos. Para os cristãos é o Natal – variações entre as diversas formas de cristianismo, até o dia pode variar, mas o conceito e a maravilha de receber bênçãos é intensa. Por anos fui visitar parentes na época de Natal e estar em alguma Igreja de Jerusalém na Missa do Galo sempre era emocionante. 

Entre os mulçumanos, não vou comentar, porque nunca sentei com eles nesta data e nas vésperas. Mas entre os judeus algo muito interessante aconteceu a partir da década de 1990, que se não tivesse sido por um experiência pessoal, nunca poderia ter uma visão tão especial.

Para os judeus que imigraram do Brasil, o Natal sempre é uma data marcante, uma data que é um momento de amor, um momento em que os céus e a terra se encontram e se fundem. Um momento que vai além dos presentes, mas que tem símbolos lindos, como a Árvore de Natal. Para israelenses emigrados de países não cristãos, ou para aqueles cujas famílias moram em Israel há muitas gerações, o Natal é algo aprendido e não vivenciado. Eu comparo com os sentimentos dos brasileiros que nunca conheceram judeus realmente e que são expostos a um Seder de Pessach ou a um dia de Iom Kipur.

Mas algo aconteceu a partir da década de 1990, que vem mostrar a força que tem uma simbologia do bem e como esta é capaz de atravessar culturas. Nesta década chegaram os judeus da União Soviética. Judeus russos, cujas famílias moraram em solo russo por gerações e gerações, mas que tinham praticamente nada de sua origem judaica. Com estes, vieram de foram não declarada outros russos que queriam sair da União Soviética e encontraram uma foram de emigrar. A todos estes refugiados Israel acolheu da melhor maneira possível. E desta imigração disruptiva, que trazia enorme riqueza intelectual e enorme pobreza material, Israel soube extrair o máximo. Mas o começo foi difícil... e as pessoas como indivíduos mantiveram alguns dos costumes muito queridos que trouxeram da mãe Rússia.

Até aquela época, o Natal era uma entidade religiosa, mas no início do século XXI podia-se ver com frequência pequenas árvores de Natal na casa de vizinhos russos, ou ainda, algumas modestas em praças de vizinhanças onde moravam muitos russos. Eu quase não percebia, porque como estava sempre chegando do Brasil, para onde voltaria logo após a passagem do ano, era um ambiente visto em São Paulo. Mas, meus amigos e familiares israelenses sempre comentavam...
Há 4 anos encontrei o motivo e fiquei maravilhada, e quero repartir com todos a força do Natal! Fui ao apartamento de uma senhora russa judia, que emigrou para Israel na década de 1990 e que morava com sua mãe. Ela havia convidado alguns adultos para escutarem um de seus alunos tocar harpa – e achei uma oportunidade maravilhosa. Lá chegando, deparei-me com uma enorme Árvore de Natal, decorada com enfeites russos. Fiquei curiosa do porque de manter este costume – e a resposta foi reveladora. Na Rússia o Natal havia sido preservado por anos dentro de casas como um símbolo de liberdade, e a árvore enfeitada significava Paz e Amor.

Esta é a mensagem que foi passada através do silêncio e que apesar de não explicitar conceitos religiosos, transmuta no que será comum a toda a humanidade. Que cada um através de seu próprio caminho possa ser levado a expressar a boa convivência.

Feliz Natal

Regina P. Markus

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