Marcadores

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

VOCÊ SABIA? - Orla Moacyr Scliar no Lago Guaíba






Você sabia que um dos mais recentes projetos urbanos em Porto Alegre recebeu o nome de Orla Moacyr Scliar, em homenagem ao grande médico gaúcho e escritor altamente humanista, Dr. Moacyr Scliar, falecido em 2011?
A nova área de lazer da cidade, com 1,3 km de extensão, situada entre a Usina do Gasômetro e a Rótula das Cuias foi projetada por Jaime Lerner, arquiteto conhecido internacionalmente por suas incontáveis obras, um dos cinco urbanistas mais famosos do último século.






A nova orla conta “com ciclovia e passeio público, mirantes, quadras esportivas, ancoradouro para barcos de passeios turísticos, bares e um restaurante panorâmico, um posto permanente da Guarda Municipal e cobertura de 39 câmeras de videomonitoramento. Uma das atrações é a iluminação especial, que proporcionará a visitação noturna. Para isso, foram instalados 47 postes inclinados e um piso iluminado por pontos de luz.”
Estimulando a gastronomia do estado, haverá 4 bares e um restaurante panorâmico que servirão de acolhida aos visitantes.








Moacyr Scliar, o homenageado neste projeto urbanístico-cultural da cidade, sétimo Imortal a ocupar a Cadeira #31 da Academia Brasileira de Letras, nasceu em Porto Alegre em 23 de março de 1937.
Seus pais, José e Sara Scliar, vieram da Bessarábia em 1904.
Moacyr, o filho mais velho, desde os primeiros anos mostrou gosto pelos livros, sendo alfabetizado em casa por sua mãe.
Estudou no Colégio Iídiche, ou Escola de Educação e Cultura, onde sua mãe era professora, e em 1948 foi para o ginásio Rosário, uma escola católica.
Em 1962 formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, especializou-se em Saúde Pública e, Doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública, exerceu a profissão junto ao SAMDU, Serviço de Assistência Médica Hospitalar e de Urgência.

Em 1965 casou-se com Judith Vivien Olivien, com quem teve um filho, Roberto.






Suas obras literárias o levaram aos Estados Unidos, onde atuou como professor visitante na Universidade do Texas e na Brown University.
Sempre participou de conferências e encontros literários dentro e fora do país. Era convidado para palestras onde se mostrava um excelente contador de histórias. Nunca esqueço o caso por ele relatado de um imigrante recém-chegado ao Brasil, que ao ser-lhe oferecida uma banana, devorou-a com casca e tudo.

“Seu primeiro livro, publicado em 1962, foi Histórias de Médico em Formação, contos baseados em sua experiência como estudante. Em 1968 publica O Carnaval dos Animais, contos, que Scliar considera de fato sua primeira obra.
Autor de 74 livros em vários gêneros: romance, conto, ensaio, crônica, ficção infanto-juvenil, escreveu, também, para a imprensa. Obras suas foram publicadas em muitos países: Estados Unidos, França, Alemanha, Espanha, Portugal, Inglaterra, Itália, Rússia, Tchecoslováquia, Suécia, Noruega, Polônia, Bulgária, Japão, Argentina, Colômbia, Venezuela, Uruguai, Canadá e outros países, com grande repercussão crítica.






Teve textos adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio, inclusive no exterior.
Foi, durante 15 anos, colunista do jornal Zero Hora, onde discorria sobre medicina, literatura e fatos do cotidiano. Foi colaborador da Folha de S. Paulo desde a década de 70 e assinou uma coluna no caderno Cotidiano.
Duas influências são importantes na obra de Scliar.
Uma é a sua condição de filho de imigrantes, que aparece em obras como A Guerra no Bom Fim, O Exército de um Homem Só, O Centauro no Jardim, A Estranha Nação de Rafael Mendes, A Majestade do Xingu.
A outra influência é a sua formação de médico de saúde pública, que lhe oportunizou uma vivência com a doença, o sofrimento e a morte, bem como um conhecimento da realidade brasileira. O que é perceptível em obras ficcionais, como A Majestade do Xingu e não-ficcionais, como A Paixão Transformada: História da Medicina na Literatura.”

Conforme o escritor gaúcho Luiz Antônio Assis Brasil:
“Cada leitor da obra do Scliar tem seu gênero preferido. Mas todos reconhecem nele, acima de tudo, seja na ficção, no ensaio ou na crônica, um estilo altamente humanista, que o torna dono de valores universais e a ABL, ao aceitá-lo como imortal, fez justiça não só ao Rio Grande do Sul, mas também ao grande escritor que ele foi, capaz de introduzir na literatura brasileira a contribuição que outros escritores de origem judaica deram à literatura mundial. Sua ficção insere a temática do imigrante judeu e urbano no imaginário da literatura sul-rio-grandense.”

Sua obra conquistou três Prêmios Jabuti, nos anos 1988, 1993 e 2009.
Sobre o romance premiado Um Sonho no Caroço do Abacate - um livro infanto-juvenil que se transformou num filme com o nome de Caminho dos Sonhos - Fernanda dos Santos Silveira Moreira analisa alguns dos aspectos problematizados na obra, “considerando a importância do estudo do Holocausto pelos jovens a partir de Scliar.”

Principais Prêmios:
Prêmio da Academia Mineira de Letras (1968);
Prêmio Joaquim Manuel de Macedo (Governo do Estado do Rio, 1974);
Prêmio Cidade de Porto Alegre (1976);
Prêmio Érico Veríssimo de romance (1976);
Prêmio Brasília (1977);
Prêmio Guimarães Rosa (Governo do Estado de Minas Gerais, 1977);
Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte (1980);
Prêmio Jabuti (1988, 1993, 2000 e 2009);
Prêmio Casa de Las Américas (Cuba, 1989) pelo livro A Orelha de Van Gogh;
Prêmio PEN Clube do Brasil (1990),
 Prêmio Açorianos (Prefeitura de Porto Alegre, 1997 e 2002).
Seu romance A Majestade do Xingu, que narra a história de Noel Nuttles, também judeu e médico sanitarista, além de renomado indigenista, recebeu o Prêmio José Lins do Rego, da Academia Brasileira de Letras (1998);
Prêmio Mário Quintana (1999);
Prêmio Jabuti (2009) por "Manual da paixão Solitária".


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:

Nenhum comentário:

Postar um comentário