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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

EDITORIAL: ELUL - um tempo para escutar

 

ELUL: chegando ao final do ano de 5780

acrônimo de ELUL

A vida de cada um, a vida de uma comunidade, a vida de um país e a vida de um povo são marcadas pela sua trajetória ao longo do tempo. Mas como marcar o tempo? O que distingue o ontem do amanhã? O que permite que saibamos que as diferenças entre um período e outro não foram apenas função do acaso, isto é, totalmente independentes da vontade individual? O que permite que sejamos responsáveis pelos nossos atos e, portanto, tenhamos a possibilidade de perseguir sonhos, ter esperança e buscar o novo?

Estas são perguntas voltadas para o "eu". Estas são perguntas que focam um indivíduo e fazem com que este seja diferente de todos os outros. No jargão que temos usado ao longo deste ano, isto daria chance a preservar e respeitar a HUMANODIVERSIDADE.

Todas as perguntas feitas acima também podem sair da esfera "eu" como pessoa para buscar entender o que faz com que um povo seja especial - e, ao usar a palavra especial, deixo claro, é no sentido de ser diferente dos outros. Ser diferente não implica em julgamento de valor, isto é, melhor ou pior. Ser diferente implica em admitir que existem várias formas de convivência e que todas devem ser respeitadas. 

Rotinas e calendários organizam e permitem evoluir de forma menos aleatória. O judaísmo organiza a vida de forma a permitir singrar os tempos, apesar de todas as intempéries encontradas nos últimos 3600 - 3700 anos. 

Judeus de todas as regiões do mundo e de todas as matizes têm as grandes festas, Rosh Hashaná e Yom Kipur como marcos importantes. Mesmo os que não têm ligação alguma com a religião conhecem a data de Iom Kipur, o dia do perdão. Ouso pensar que é porque esta data que admite uma relação muito próxima com D'us também é a data em que todos são lembrados que o perdão se faz entre os homens. O que poucos sabem é que esta data é precedida de um preparo muito longo.

O mês de Elul é um mês especial porque dá inicio aos preparativos pessoais para que se tenha um tempo de reflexão e de balanço. Um mês para repaginar e reprogramar. Os religiosos são acordados com o som do SHOFAR que é tocado diariamente, excluindo os sábados. O som de um berrante que ao invés de propor seguir um líder, informa que este é um momento de introspecção e reflexão.

Mas - e sempre tem um mas - como o tempo pessoal é ligado ao tempo histórico, não podemos deixar de lembrar que os 40 dias entre o início do mês de Elul e o dia de Iom Kipur (10 de Tisherei - 10 dias após o início do ano novo) foram marcados pelo dia em que Moisés iniciou a subida ao Monte Sinai para buscar a segunda versão das Tábuas da Lei (Asseret ha Dibrot - Os 10 comandos) e Iom Kipur é o dia que Moisés volta e dá ao Povo de Israel a oportunidade de iniciar um roteiro de estudo que serviria de fio condutor para um futuro que continua acontecendo.

Desejamos a todos que aproveitem as oportunidades de balanço e redirecionamento que temos ao longo da vida - e de forma mais marcante neste ano de 5780.

Boa Semana!

Regina P. Markus


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