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quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

Acontece - Falando sobre Leis

 

Por Juliana Rehfeld




Esta semana falamos muito de lei.  E a parasha desta semana, Bo, diz: vá ao faraó e peça novamente “let my people go” e então como o faraó se nega, vêm para os egípcios as três últimas pragas -  gafanhotos, trevas e morte aos primogênitos. O faraó era a autoridade máxima na época e no local, a “voz da justiça”. Só uma voz foi mais poderosa que a dele e levou ao começo da “construção do povo judeu” - Deus. 

Bem, a Torá é hoje uma fonte e referência cheia de símbolos, sendo interpretada há mais de 2500 anos. E a humanidade caminhou muito de lá até hoje, dizemos que evoluímos. E sim, criamos muitas referências e símbolos, a nossa vida, nossa cultura é infinitamente mais complexa que a do deserto e certamente, para a enorme maioria de nós, a comida não cai do céu… 

Babel, que já visitamos neste ano de 5784, pós dilúvio, abriu um grande desentendimento entre homens e mulheres: enquanto a incompreensão das línguas foi sendo sanada inicialmente por linguistas e hoje pelos quase perfeitos tradutores virtuais, o desencontro das ideias foi crescendo, tornando-se ciclicamente intransponível mesmo que se tenham criado instituições para lidar com isso, casas de diálogo, de representação, que já obtiveram sucessos pós guerras - nossos modernos “man-made” dilúvios - e às vezes, grandes revezes ou no mínimo, impotentes soluções - a ONU não prima hoje por ser uma reconhecida representação das populações dos 193 países que a compõem. A “voz da justiça global” hoje é a CIJ - Corte Internacional de Justiça da ONU em Haia, deveria ser.

Desde 29 de dezembro quando este órgão recebeu a ação da África do Sul acusando Israel de genocida e pedindo cessar-fogo em Gaza e o assunto recebeu destaque na mídia vimos vários tipos de reação, de apoio barulhento a repúdio acusativo à África do Sul. Desde artigos veementes de elogios à iniciativa sul-africana a críticas ácidas e irônicas a esta acusação. Apoios de duas federações: Organização dos Países Muçulmanos e Liga Árabe. Apoio de governos individuais: Malásia, Turquia, Jordânia, Maldivas, Namíbia, Paquistão, Bolívia, Colômbia e … nosso Brasil. Que representação global…! Recomendo que assistam às sessões da Corte para se impressionar com a habilidade de distorção de fatos, da criação de narrativas. 

Esta semana um manifesto contrário à ação e ao apoio do governo Lula está circulando para receber assinaturas, acima de quinze mil apoiadores em três dias… clique aqui para acessar.  

Vamos acompanhar este espetáculo contemporâneo, e acompanhar as pragas que se espalharão de Haia para as ávidas, muitas vezes tendenciosas (cooptadas) e superficiais redes sociais, e para a imprensa, mais analítica, apesar da mídia escrita ter pífias quantidades de leitores.   

A lei continua conosco esta semana na coluna Mitzvá legal - um olhar profundo comparativo entre leis, para nos ajudar a entender a complexidade dos desencontros e soluções para eles que o povo judeu e a humanidade em geral foi construindo… 

A propósito, a primeira mitzvá - comando - que Deus em Bo passou aos hebreus foi a do calendario lunar.  

Já a menção ao Shabat ocorreu em Gênesis quando Deus descansou no 7o dia e então o santificou, o Shabat veio como mandamento em quarto lugar nas tábuas da nossa lei. 

Shabat Shalom!

Um comentário:

  1. Obrigada, Ju, muito bom e interessante... abraço e Shabat shalom!

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