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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Editorial - Festa das Luzes

Os cinco líderes religiosos na Festa das Luzes


A Festa das Luzes aconteceu, mais uma vez, no último sábado no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Trata-se de um evento anual movido pelo desejo de Paz no Mundo, entre nações, pela harmonia entre diversos. Participam corais formados por pessoas de várias religiões e representantes de cada uma delas trazem mensagens ressaltando como suas raízes são partes do todo e da essencialidade da harmonia.

Este ano, estiveram juntos Mae Rita (Ubanda), Sheik al Bukai (Islam), Monge Hernán Vilar (Budismo), Raul Meyer (Judaismo) e Cônego José Bizon (Catolicismo). 

As músicas escolhidas trazem o mesmo caleidoscópio de perspectivas e, ao cantá-las juntos, ombro a ombro, cobertos pela acústica grandiosa da basílica - e ainda com o gran finale de todos os familiares e amigos acompanhando - temos a sensação de que a esperança que todos compartilhamos só pode se realizar! 

Catarse! 

É um ápice, é a celebração do empenho diário ao longo do ano para que o desejo vá se transformando em realidade. A emoção geral da igreja absolutamente lotada e a emoção de estar irmanados vendo uma chanukiah brilhando junto à Coroa do Advento.



Chanukiah brilhando junto à Coroa do Advento


Todos os corais cantaram juntos Shir La Shalom - Canção para a Paz:



Deixe o sol se levantar
e a manhã iluminar.
A mais pura das orações
Não nos devolverá…
…Aquele cuja luz se apagou
e foi coberto pelo pó,
Nenhum choro vai acordar
e de volta não trará.
Ninguém nos devolverá,
de uma cova escura.
Nem a alegria da vitória,
nem canções tristes ajudarão !
Então cantemos a canção pela Paz !
Não murmuremos orações.
Só cantemos uma canção pela Paz !
Mais alto que os canhões !
Deixe o sol penetrar
por entre estas flores.
Não olhe mais para trás.
Deixe quem partiu repousar.
Erga o olhar com esperança.
Não pela mira de uma arma,
Cante uma canção para o amor,
e não para a batalha !
Não diga que ‘o dia chegará’.
Traga este dia !
( Pois ele não é um sonho )
E em todas as praças,
gritemos pela PAZ !
Então cantemos a canção pela Paz !
Não murmuremos orações.
Só cantemos uma canção pela Paz !
Mais alto que os canhões !…



Discurso de Raul Meyer em nome da comunidade judaica:

"Boa noite a todos, Shalom
Inicialmente quero agradecer ao Abade Mathias Tolentino, ao Prior Camilo, Don Alexandre responsável pelo coral do Mosteiro, aos meus irmãos monges beneditinos, aos meus colegas religiosos, aos coralistas e maestros e finalmente a todos vocês que vieram nos acompanhar nesta segunda Festa das Luzes.
Estamos festejando antecipadamente a Festa de Chanuká (que neste ano coincidirá com a semana do Natal).
A história desta festa está ligada ao II Templo de Jerusalém que tinha sido profanado pelos gregos com ídolos e sacrifícios de porcos.
Em 139 a.c., um pequeno exército liderado por Yehuda Macabi conseguiu expulsar os invasores e o Templo foi limpo e reinaugurado.
Na tradição Judaica, por uma semana acendemos cada dia uma vela a mais do candelabro chamado de Chanukiá que temos no altar deste templo sagrado juntamente com a coroa natalina que possui 4 velas - cada uma recordando um dia de advento.
As duas festas têm algo em comum...
Tanto a chanukiá como a árvore de natal, ou a coroa do advento, devem ficar expostas em janelas ou nos jardins - e eu pergunto: por que estas tradições e simbologias?
Uma luz deve ser vista num amplo lugar.
Uma luz que fica estrita a um espaço fechado não pode ser vista de fora, e assim luzes colocadas em janelas ou num grande ambiente podem ser vistas de longe.
Neste sentido, convido a todos nós que sejamos luzes que possam ser vistas também por quem não está perto.
Ser luz que significa trazer luminosidade aos que nos cercam, aos que encontramos em nossas atividades profissionais, às nossas atividades diárias, familiares, assistências... enfim, ao microcosmo de cada um de nós.
Uma antiga história conta que um professor pediu a um dos seus alunos que fosse ao porão e tirasse de lá a escuridão.
O aluno foi e voltou dizendo que não conseguia expulsar a escuridão de lá.
O mestre disse então ao aluno que voltasse ao porão com uma vassoura e varresse a escuridão para fora.
O aluno evidentemente foi e voltou desapontado, já que não conseguia atender as ordens do professor.
Aí o mestre deu um pedaço de pau e o enviou de novo ao porão com a ordem de açoitar a escuridão para fora.
Com o retorno do aluno pela terceira vez sem sucesso, o mestre  entregou a ele uma vela acesa para que a levasse ao porão.
O aluno, ao retornar, disse ao mestre que a pequena vela teria afugentado a escuridão.
O mundo em que vivemos lamentavelmente possui muitos lugares onde a escuridão da escravidão, da ignorância, da falta de educação prevalecem.
Que sejamos todos luzes fortes para divulgar a liberdade, ensinar aqueles que não sabem e trazer mais paz e fraternidade aos que nos cercam.
Shalom, 
Feliz Chanuka, Feliz Natal e Feliz 2020"

Um grande abraço e até o próximo ano - nossa comunicação retorna na semana de 13/01.
Comitê Editorial - Regina, Juliana e Marcela.

2 comentários:

  1. Dezembro de 2020 - olhando este texto e a canção Shir ha Shalom, que encanta a muitos, da perspectiva de 2020 reforça algo que pensava, mas não exteriorizava. A paz não é consequência de um dos lados ceder a sua identidade. Não é alcançada por perder as características milenares de um povo, do povo judeu. A paz é construída silenciosamente, através do entendimento entre pessoas, e não através de canções que querem soar mais alto que canhões. Em 2020 os tratados assinados estão resultando em ações de aproximação. Hoje, dia 16 de dezembro de 2020, empresários israelenses e dos emirados árabes unidos, reunidos em Dubai, lançam um projeto imobiliário que contará com sinagoga, restaurante Kasher e elevador para os que são Shomer Shabat. Respeito das diferenças tem que ser de ambas as partes. Esta é a paz que queremos

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