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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Editorial - SIONISMO & O ESTADO DE ISRAEL

 



O projeto do gasoduto - clique para ler a respeito: https://dinamicaglobal.wordpress.com/2019/05/15/geopolitica-de-gasoduto-para-a-europa-cada-vez-mais-complexa/


O povo judeu é um povo milenar cuja jornada é baseada em ideias e sonhos. Um povo que tem atravessado os tempos mantendo uma unidade que desafia todos os conceitos primários de identidade. Um povo formado em um deserto histórico, que apresentava todo o tipo de rebeldia e que tinha como ponto central a responsabilidade de um regramento e um comprometimento de cuidar para que ideias e conceitos fossem passados de geração em geração. Para tanto, usa um sistema de debates que premia a divergência e mantém registros das ideias que foram bem sucedidas em sua época - e também das que foram mal sucedidas, visto que a linha de raciocínio que leva ao reconhecimento é mais importante que o reconhecimento em si.


O relacionamento histórico do povo judeu com o Estado de Israel e com Jerusalém são inegáveis. Desde o primeiro exílio babilônico, os judeus rezam voltados para Jerusalém. Um olhar para SION – um olhar para a cidade que se renova com os tempos do ponto de vista de conceitos, mas se mantém vestida das pedras de adquirem a cor do ouro quando bate o sol. Ierushalaim shel Zahav – Jerusalém de ouro. O moderno Estado de Israel é tão ou mais diverso que o povo judeu. Reúne judeus de todas as partes do mundo. Há os que chegaram perseguindo o ideal de construir uma pátria e de dar aos judeus algo que povos muito mais jovens tinham como direito adquirido. Há os que chegaram como imigrantes e como refugiados e há os que estavam em condições tão precárias no local onde nasceram que o próprio Estado de Israel não mediu esforços para trazê-los para a terra de seus sonhos.


Esta semana foi publicada a noticia que os últimos judeus que moram na Etiópia serão trazidos para Israel. Se a saga dos primeiros imigrantes da Etiópia beirava a ficção, hoje a Ministra de Imigração e Integração Pnina Tamano-Shata, nascida em Wusaba, na Etiópia, mas morando em Israel desde 1984, está em negociação para trazer os últimos 7500 membros da comunidade Falasha Murá que ainda estão em campos de refugiados naquele país.


Solidariedade e um olhar para o outro é o que se aprende nos longos anos de diáspora. Por outro lado, opiniões individuais fortes e diversidade de hábitos e costumes, mesmo que isto leve a conflitos e uma gama muito grande de opiniões e comportamentos, é o que leva à longa sobrevivência. Um alimento feito com açúcar que leva algumas pitadas de sal, ou feito com vinagre que leva algumas pitadas de açúcar. São estas combinações que permitem que os judeus, um povo entre os povos, venha sobrevivendo ao longo dos milênios.


Neste ano de coronavírus estamos vivenciando mais uma destas reviravoltas: um recrudescimento do antissemitismo, impensável no final do século XX. Anos e anos de difamação do movimento sionista vem encontrando agora eco em pessoas que apenas reagem ao jargão. Alguns dos comentários que respondemos, quando leitores querem desconectar o Estado de Israel do Povo Judeu e difamam a palavra sionismo, mostram que a desinformação começa a criar raízes.


MAS – e sempre tem um MAS – é neste ano que presenciamos uma enorme virada dos países árabes em relação a Israel. Os movimentos terroristas que declaram que seu objetivo é “jogar os judeus no mar”, ou que impedem o bom relacionamento entre judeus e árabes dentro do território israelense ou dentro do lado oriental do Rio Jordão não vêm mais encontrando apoio, quer financeiro, quer logístico. As únicas duas nações que ainda clamam por estas ações são Turquia e Irã, que não são países árabes.


Após presenciarmos não apenas assinaturas oficiais, mas também uma gama enorme de interações entre as populações dos Emirados Árabes Unidos e do Kuwait com israelenses, assistimos nesta semana uma reunião no Sul do Líbano em que libaneses e israelenses iniciaram conversações para definir suas fronteiras marítimas. Muitos perguntam, qual a importância de definir fronteiras marítimas? Israel por muitos anos pesquisou e gerou condições para exploração dos depósitos de gás no Mediterrâneo. Grandes jazidas vão do norte de Israel até o Egito. Em janeiro foi assinado com a Grécia um acordo para a instalação de um oleoduto que levaria o gás para a Europa, e em maio Israel e Egito estabeleceram acordo para realização de fóruns regionais.


Olhando para leste, a Arábia Saudita liberou seu espaço aéreo para a circulação de aeronaves comerciais e muitos acordos científicos, comerciais, militares e nas áreas de turismo e esportes já foram ou estão sendo assinados. Mas há outro fenômeno que denota o estabelecimento de relações: quando pessoas começam a se encontrar - e também quando são abertos espaços na imprensa. No dia 6 de outubro de 2020 foi publicado no HaAretz um coluna assinada por Khalal Al Habtoo, presidente do Grupo Habtoor, baseado nos EAU, um conglomerado internacional com interesses em construção, hotelaria, indústria automotiva, educação e editoria. O título do artigo conclama ao término do ódio insano. É um artigo em linguagem bastante direta, que vale a leitura e que termina com o seguinte parágrafo:


“Eu convoco todos os líderes árabes a enterrar os velhos ódios que consumiram suas políticas exteriores por 72 anos sem gerar fruto. Juntem-se a nós na criação de um Oriente Médio pacífico com novas e excitantes oportunidades para todos. Esse é o o melhor legado que podemos deixar para nossos filhos e as gerações que virão.”


E com estas palavras, convidando a todos a olharem as possibilidades que foram abertas com a retirada de boa parte do suporte financeiro dos árabes aos terroristas que têm por intenção a destruição do Estado de Israel. Estas possibilidades, além de uma enorme repaginação das relações locais, colocam o Oriente Médio como um player da tomada de decisão internacional.


SIONISMO – o sonho que manteve um povo por milênios

Le Shana habá be Yerushalaim – O ano que vem em Jerusalém


Osse Shalom – fazer a paz – 


Uma boa semana a todos!


Regina P. Markus

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