Por Juliana Rehfeld
Parece que não é só o clima que está congelando para nós, mas congelam também os acontecimentos. E de novo, ou melhor, ainda, a sensação de que o tempo pára… acontecem alguns fatos, alguns posicionamentos aqui e lá contra o monobloco da opinião formada, e formada em cima dos mesmos dados alegados, e frequentemente já até desmentidos… mas sabemos que a defesa em geral não tem a força de rebater a acusação …Houve acontecimentos até cômicos, primitivos como um barco levando um grupo de 12 autodenominados ativistas em missão de ajuda a Gaza, com o nome de “flotilha pela liberdade”, interceptado por Israel. Entre eles a famosa sueca Greta Thunberg, que discute igualmente opressão de palestinos além de riscos ao meio ambiente, e um brasileiro Thiago Ávila, que conseguem emitir falas como “estamos sequestrados” numa situação de risível invasão a uma zona de guerra… como disse Henrique Cymerman, o que pensariam os reféns ainda vivos em Gaza, após quase dois anos, se ouvissem esse “disparate”. Escrevi entre aspas pois a palavra é minha, não do jornalista…quem quereria sequestrá-los? Quem quereria se responsabilizar pela segurança de um grupo inócuo, trazendo uma quantidade ínfima de alimentos que, mesmo assim Israel prometeu encaminhar ao local adequado. Extraditá-los rapidamente era o melhor para o país… e Egito passou a vigiar a entrada do que poderão ser novas aventureiras e bombásticas flotilhas…
Havia, mais esta vez, uma expectativa de novos fatos sobretudo em relação a uma mudança na coalizão que sustenta o atual governo de Netaniahu, devido principalmente às sonoras ameaças que têm vindo há pelo menos duas semanas dos partidos ultra-ortodoxos. O que poderia ser preocupante numa situação de guerra que persiste há 618 dias, poderia também resolver muitos dos problemas que aí estão. Sem entrar no mérito partidário em si, pois não cabe na nossa linha editorial, é possível dizer que poucos radicais têm desequilibrado a comunicação do país com a sociedade: poucas mas estridentes declarações sobre anexação, re-ocupação, expulsão, e por aí vai, claramente não representantes da maioria da população nas ruas, têm impedido avanços de negociações e prejudicado muito, se é que isso ainda era possível, a opinião pública mundial em relação ao país. Mas parece que a decisão de sair da coalizão ainda não é firme o suficiente, apesar do crescente incômodo dos ultra ortodoxos com a pressão para alistarem seus membros para cobrir cada vez maiores “gaps”, sobretudo na infantaria.
O tic-tac do relógio - expressão que denuncia idade, já que poucos relógios ainda ticam - segue incólume. E fatal para alguns reféns, e também, para alguns palestinos abrigados próximos a bases do moribundo mas não morto Hamas. Começa a crescer um consenso entre os países árabes, e alguns europeus, de que qualquer solução de curto ou médio prazo para a região, não inclui esta organização terrorista, mas ir além dos meros discursos para uma ação efetiva, ainda não está no radar…
Haja esperança e coração!
Shabat Shalom
Maravilhoso comentario
ResponderExcluirOi Ju! Sempre um prazer poder ler e aprender com vc... Como dito, algumas "unanimidades minoritárias", ainda que já desmentidas, fazem muito barulho e conseguem causar severos prejuízos... Mas, como diz o ditado, a caravana passa e os cães ladram... O tempo, sempre ele, para o bem e para o mal, nunca para...
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