Por Itanira Heineberg
Você Sabia que o sexo não é apenas permitido no Shabat – mas
também é incentivado?
Assim falou a Rabina Lara Haft Yom-Tov em Londres, onde
reside.
Para surpresa de muitos, sim, o sexo é permitido e até
incentivado no Shabat.
O Talmud traz abundantes referências positivas às
relações sexuais entre consortes casados no Shabat.
“O Shabat é um dia de descanso e prazer, a
noite de sexta-feira é frequentemente considerada um momento ideal para as
relações conjugais. Em Bava Kamma 82a, a Guemará diz:
“Deve-se comer alho na véspera do Shabat.”
Isso se deve ao fato de que o alho aumenta a
potência sexual, e a noite de sexta-feira é um momento apropriado para as
relações conjugais.”
Até nossos dias o povo judeu em muitas comunidades
diferentes tem a prática de reservar um tempo no Shabat para intimidade sexual.
O Shabat é considerado um momento particularmente sagrado para cumprir as
mitsvot de onah (relações conjugais prazerosas) e pru ur'vu (ser frutífero e
multiplicar-se).
Apesar do incentivo, há porém atividades na cama que devem
ser evitadas no Shabat, relativas à proibição de melacha, ou trabalho proibido.
Como exemplos temos amarrar nós ou usar
um vibrador elétrico, severas violações da lei tradicional do Shabat.
Levando em conta seus mais de 3 mil anos de História, era
de se esperar que o judaísmo apresentasse muitas observações, ideias, conselhos
e sabedorias também sobre a vida amorosa. Não podemos esquecer que de seu povo
brotaram importantes pessoas qualificadas para o estudo sobre esse tema, tais
como, o rei Salomão e o psicólogo Sigmund Freud.
Em 2024 uma inusitada exposição na Alemanha explorou
facetas não muito divulgadas do sexo no judaísmo.
Esta exposição no Museu Judaico de Berlim apresentou como
a percepção social da sexualidade evoluiu dentro da comunidade. Apresentando
mais de 100 peças expostas, o evento trazia um título apimentado: “Sexo –
Posições judaicas”.
Nada de masturbação, sexo conjugal duas vezes por semana
e brinquedos sexuais inusitados são alguns dos temas explorados na exposição.
Em entrevista ao jornal Berliner Zeitung, a diretora do
museu, Hetty Berg, assim se expressou:
“No
tocante à sexualidade, como em qualquer outro tópico da tradição judaica, as
leis religiosas não são rígidas, mas sim adaptadas às realidades atuais da vida
e às estruturas sociais em mutação, através de interpretações, discussões e
impulsos.”
Em oposição ao cristianismo e a outras religiões, o
judaísmo condena o celibato. Ninguém está autorizado a fugir do mandamento
“Crescei e multiplicai-vos”. A Torá impõe ao homem três deveres perante sua
esposa: alimentá-la, vesti-la e lhe conceder intimidade marital, de
preferência, duas vezes por semana: em alguns tratados talmúdicos, sexo
insuficiente é considerado motivo para divórcio, com a mulher tendo direito a
todos os pagamentos. Para tal, basta uma única semana sem a ação.
A Torá proíbe não só o sexo pré-marital como outras
atividades “sem a intenção de procriação”. Masturbação, por exemplo, seria um
“desperdício de sêmen”.
Cabe à mulher evitar intimidades durante e depois da menstruação: ela só pode – e deve – retornar ao leito conjugal sete dias após o último sangramento, tendo antes se purificado devidamente na mikvé, o banho de imersão ritual.
Imagens de banhos de imersão purificadores – mikvah –
para alcançar a pureza ritual especialmente para mulheres após a menstruação ou
parto ou para aqueles que estão se convertendo ao Judaísmo.
Este procedimento de higiene corporal, o ritual de lavar
as mãos imposto pela Lei de Moisés e o fato de viverem isolados, em Judiarias,
contribuiu para que os judeus fossem pouco afetados pela Peste Negra, uma das
maiores pandemias da História, entre 1343 a 1353, a qual causou 75 a 200
milhões de mortes na Europa e Ásia. Calcula-se que tenha morrido cerca de um
terço da população.
Durante a Peste Negra, hábitos de higiene, como os
citados acima, eram mais comuns entre a população judaica devido a práticas
religiosas, o que pode ter contribuído para uma menor incidência da doença em
suas comunidades. No entanto, a falta de higiene era predominante na Europa
medieval em geral, com ruas sujas e falta de saneamento básico, fatores que
facilitavam a propagação da peste.
Vejamos agora hábitos de higiene judaicos e a Peste
Negra:
1 - Leis e rituais religiosos enfatizavam a importância
da higiene, especialmente com as mãos e o corpo.
2 - O isolamento das comunidades judaicas, embora também
motivado por preconceito, pode ter contribuído para limitar a exposição à
doença.
3 - Embora não tenham sido completamente poupados, os
judeus tiveram uma mortalidade menor durante a Peste Negra, possivelmente
devido às causas citadas acima.
Quanto ao contexto europeu em geral, a higiene pessoal na
Europa medieval era geralmente precária, com ruas sujas, animais e parasitas, o
que facilitava a propagação de doenças.
E a falta de conhecimento sobre a doença levou a crenças
errôneas, como a ideia de que o mau cheiro causava a peste e que banhos eram
perigosos.
Percebendo a diferença de mortes entre judeus e o resto
da população, os judeus foram acusados injustamente de serem os responsáveis
pela peste, levando-os a perseguições, massacres em muitas partes da Europa e extrema
violência.
Em contrapartida, nessa época a Igreja tratava imundície
como um sinal de sacrifício e dizia que banhos eram lascivos, sensuais...
E neste quadro as populações judaicas passaram a ser
usadas como bode expiatório.
E aqui fica a
pergunta: Ciência e Religião se completam ou se antagonizam?
Encontramos abaixo, um vídeo explicativo sobre o assunto,
um filme contundente e de raro realismo, que conta em detalhes o que se passava
nos tempos da Peste Negra no Continente Europeu.
FONTES:
https://www.metropoles.com/mundo/exposicao-na-alemanha-explora-facetas-do-sexo-no-judaismo
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