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quinta-feira, 2 de maio de 2024

‘Mitzvá Legal’ - Liberdade de Culto

LIBERDADE DE CULTO

Por Angelina Mariz de Oliveira 


Os hebreus saíram do Egito dos Faraós para firmar um pacto nacional com Deus, o Único Criador. Para exercerem sua opção religiosa, foi essencial garantir seu direito de ir e vir conforme sua vontade, sem restrições. Por isso, a cada nova praga, lemos que o faraó concordava aos poucos em ampliar a autorização para os hebreus saírem do Egito: apenas homens; depois homens e mulheres e crianças; e finalmente toda a população hebreia com seu gado. 

Na viagem pelo deserto as práticas de outras tradições religiosas, o que na época significava a idolatria, são fortemente reprimidas. Nos 10 Mandamentos os hebreus recebem de início a proibição de culto às divindades criadas por seres humanos. Em seguida, diversas vezes são transmitidos os comandos de destruição dos ídolos, árvores e locais de culto das religiões pagãs de Canaã (por exemplo, em Shemot 23:24 e Devarim 7:5). 

Essas mitzvot têm o objetivo declarado de proteger os hebreus e seus filhos de se tornarem idólatras, ou seja, de acreditarem que objetos ou elementos da natureza possam lhes trazer saúde, riqueza, felicidade, sucesso etc. É preciso que os filhos de Israel sempre se lembrem de que Deus, o Criador Único, é a fonte de suas bênçãos; e que tenham consciência de que Ele é um ente ‘zeloso’. 

Então, aquele embate inicial com o faraó se tratou do direito dos hebreus de servirem a Deus, mas não o direito de optar por servir às divindades dos povos que viviam na região. É emblemático o episódio no qual parte da liderança israelita decide cultuar baal, nos rituais ensinados por mulheres midianitas e moabitas, e milhares de pessoas são mortas por uma peste enviada por Deus (Bamidbar 25:1-9). 

O Tanach vai nos relatar a constante prática pelos hebreus e judeus de idolatria e do culto a divindades estrangeiras. Mesmo o Rei Salomão vai edificar altares e oferecer sacrifícios para deuses dos amonitas, moabitas e de outros povos (Reis I, 11:5 8). Sempre essas ‘opções’ são criticadas e castigadas, com consequências duríssimas. 

No entanto, não existe nenhum mandamento comandando os hebreus, e depois os judeus, a obrigarem outros povos a não serem pagãos, ou a terem cultos e relações com Deus por outros parâmetros diferentes dos instruídos na Torá. Apesar disso, em vários momentos da História judaica ocorreram conversões ativas, sejam por proselitismo, sejam mesmo forçadas. 

Ou seja, a ‘liberdade de culto’ não é um princípio que estava vigente na tradição judaica. Como ocorria também em outras culturas. No entanto, entre alguns povos religiões diferentes eram toleradas, especialmente pelos romanos. O Rabino Lawrence Epstein nos conta que no Século I da Era Comum, 10% do Império Romano era judaico, algo em torno de 8 milhões de pessoas. 

Nessa época, no início da Era comum, no Tratado de Sanhedrin do Talmude (105a) os Rabinos explicam que todas as pessoas justas, mesmo as não judias, poderão usufruir o ‘mundo vindouro’, da era messiânica de paz e convivência. Já é uma manifestação escrita do respeito e reconhecimento do valor de outras culturas e religiões. 

Com a adoção do Cristianismo como religião oficial pelo Império Romano, em 407 da Era Comum foi proibida a conversão ao Judaísmo, sob pena de morte. E a mesma punição vigora até hoje em muitos dos países muçulmanos. Com isso, são quase 1500 anos que a tradição judaica se afastou do proselitismo. 

Com a dispersão forçada dos judeus pelo Império Romano, após a expulsão da Judéia e destruição de Jerusalém, a questão da ‘liberdade de culto’ começou a se tornar uma conquista essencial para a manutenção do Judaísmo rabínico. A liberdade religiosa ganha maior importância no mundo ocidental quando ocorrem cismas e divisões dentro do Cristianismo, com os consequentes séculos de guerras, perseguições e expulsões. 

Com o Iluminismo, veremos as nações incluindo em suas legislações nacionais o direito expresso à liberdade religiosa: 

- Em 1789, na França, foi proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que protegia as religiões: “Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei”. 

- Em 1791 a Primeira Emenda à Constituição dos Estados Unidos determinou: “O congresso não deverá fazer qualquer lei a respeito de um estabelecimento de religião, ou proibir o seu livre exercício (...)”. 

- Em 1824, a primeira Constituição do Brasil, então Império, estabelecia: “Art. 5. A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior do Templo”. “Art. 179. (...) V. Ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Pública”. 

Sabemos, no entanto, que a liberdade de culto e a liberdade religiosa não foram, nem são, plenamente praticadas. As religiões diferentes da adotada pelos governos eram, e são, toleradas, muitas vezes perseguidas sob alegações injustas e preconceituosas. 

Nesse percurso, muitas mentes judaicas de filósofos, pensadores, juristas e legisladores contribuíram para a elaboração destes textos normativos que se tornaram históricos e parâmetros para as atuais legislações ocidentais. Em Israel a questão da liberdade religiosa é inerente à Declaração de Independência de 14 de maio de 1948, como lemos: 

“(...) O Estado de Israel estará aberto à imigração de judeus de todos os países de sua dispersão; promoverá o desenvolvimento do país para o benefício de todos os seus habitantes; terá como base os preceitos de liberdade, justiça e paz ensinados pelos profetas hebreus; defenderá a total igualdade social e política de todos os cidadãos, sem distinção de raça, credo ou sexo; garantirá liberdade total de consciência, culto, educação e cultura; protegerá a santidade e a inviolabilidade de santuários e Lugares Sagrados de todas as religiões (...)”. 

Na atual Constituição Federal brasileira de 1988 vigora a garantia do art. 5, direito que já havia sido incorporado às normas constitucionais desde a Constituição Republicana de 1891: 

VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 

Com isso, constatamos que a construção do direito à liberdade religiosa começou a cerca de 3.500 anos, quando os hebreus receberam o direito de deixar o estreito dos Faraós e ir para o deserto fazer seu pacto com Deus, o Criador Único. Foram longos séculos de vivências e sofrimentos para a Humanidade perceber a importância da diversidade religiosa, da necessidade de existência de várias tradições religiosas, e de como a convivência com o diferente pode nos fortalecer, e não ameaçar e enfraquecer. 

Mas a liberdade de escolher a conexão espiritual não é uma conquista concreta. Ela é teórica e normativa em alguns países; em outros ela oficialmente é negada; em quase todos ela não é praticada. Vivemos em um tempo histórico em que nossa tarefa é tornar reais os direitos de culto, para nós judeus e para outras religiões. É inclusive uma tarefa e um desafio intra-religioso, dentro do próprio Judaísmo, promover o encontro, diálogo e respeito entra as diversas correntes e comunidades.

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Metalinguagem

 


Metalinguagem

         Meu desejo sempre foi traduzir a sabedoria ancestral dos gigantes de outrora em fantasias, sonhos e memórias. Algo como Carlos Gomes fez quando musicou o espetáculo do nascimento de um novo dia em sua Alvorada... Como traduzir em música o levantar do Astro Rei?

         Como explicar o lirismo e o sabor do sentir em palavras? Como iluminar a ignorância do desconhecido? A racionalidade busca lógicas para justificar os desejos mais essenciais, mas as emoções acabam sendo as regentes do nosso comportamento.

         Será que Champollion teria decifrado a pedra da Rosetta sem saborear o espírito egípcio? Eu não tenho essa resposta. Pra ser sincero, prefiro nem ter... O fato é que ele decifrou a alva chave para traduzir aqueles hieróglifos e banhá-los com as Luzes da Ilustração...

         No entanto, assim como uma simples pedra marcada pode gerar tamanha iluminação, novos conhecimentos são sementes poéticas para toda a Humanidade: Razão e Emoção num abraço fraternal na jornada em busca da Verdade.

         Por vezes, somos afogados nas águas violentas da tormenta. O mundo, tão cru e bárbaro, sempre me lembra que nem sempre o sonho é uma trilha aceitável. Que covardia é essa, para que eu me esconda numa poética alienante?

         É nessas horas que eu subo nos ombros dos gigantes. É de lá que eu vejo mais longe... Mas não adianta subir até as estrelas se eu não entrar nas cavernas do meu coração...

         É lá que eu encontro as ferrugens, mas também ferramentas para a construção constante do caminho que leva às luzes da Sabedoria!

É lá que eu encontro a pedra e a chave para traduzir a alma popular!

AM ISRAEL CHAI!

André Naves

Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor e Comendador Cultural. Conselheiro do grupo Chaverim.

 


Acontece: MARES “MUITO” DANTES NAVEGADOS


Contar e Recontar – Narrar e Informar 

283 ⚔️, 🧨, 11 dias do OMER 


Hebraico é um idioma com muito simbolismo. Uma rede de conexões que expõe uma forma de pensar milenar. Quando este tema é tratado com retoques de academia ou intelectualidade, sempre surpreende. Quando este tema é vivenciado muitas vezes ASSUSTA. Nos dias de hoje chamo a atenção da palavra SEFER (lê-se "seifer") – Livro. Esta palavra pode ser encontrada também como SEFIRÁ (lê-se "como está escrito") – Contagem. Em português a palavra “contar” também tem os dois mesmos significados. Estamos no período da contagem do OMER – 49 dias (7 x7) que separam Pessach de Shavuot, e estamos vivendo a contagem dos dias – hoje é o dia 283 – em que reféns sequestrados em Israel estão em Gaza, vivendo e morrendo em condições sub-humanas, ou melhor, desumanas. TORTURA é pouco! E são estes os dias que sofremos uma difamação inimaginável. Nas últimas semanas descobrimos que esta difamação está sendo orquestrada em todo o mundo para cumprir os objetivos do governo islâmico do Irã e os estatutos dos grupos terroristas Hamas. Vamos viajar por estes mares “muito” dantes navegados.

A partir do segundo dia de Pessach é iniciada a contagem do Omer, um período de 49 dias entre a comemoração da saída do Egito e o recebimento da Torah e dos Dez Mandamentos no Monte Sinai. Dez Mandamentos, os Dez Dizeres, os Dez Comandos que D’us também apresenta no Monte Sinai e que foram objeto de tantos filmes, quadros e ilustrações. Entregues em duas versões, a primeira quebrada em circunstâncias dramáticas quando o povo se divide e a segunda entregue com pequenas alterações. Estas 7 semanas estão relacionadas com um período para reflexão e, se possível, crescimento intelectual. As sete semanas que separam a festa de Pessach da festa de Shavuot (semanas). É interessante lembrar que Shavuot é a única festa judaica que não tem data estipulada no calendário. Começa no dia 50 da contagem de Ômer. Isto quer dizer, precisamos contar dia a dia, prestar atenção no caminho de forma que ao seu final possamos contar o que aconteceu. 

Este ano a passagem dos dias ganhou um aspecto muito especial. O 11º dia do Ômer coincide com o 283º dia após o fatídico 7 de outubro de 2024 – ou Simchat Torá de 5784. Duzentos e oitenta e três dias – e a pergunta que não cala é quando vai terminar? Muito aconteceu nestes dias e podemos dizer que eles têm sido narrados de acordo com interesses políticos e ideológicos. Escrever se torna mais penoso a cada semana. Durante muitos dias consegui que a emoção não passasse de uma sensação controlável, mas os últimos desdobramentos vêm dando a mim a impressão que o fim do túnel ainda está longe.

A brutal invasão do Hamas no dia 7 de outubro foi planejada e desenhada com muito cuidado, por líderes que tem um objetivo destilado ao longo dos anos. O objetivo é acabar com o Estado de Israel. E hoje este objetivo foi ampliado – eliminar os judeus. Trazer de volta os mitos e as mentiras que vêm acompanhando o povo judeu desde que o romanos arrasaram com o Reino de Israel e criaram a Palestina, arrasando Jerusalém e trocando seu nome. 

Hoje acompanhamos as manifestações (que nome outro poderíamos dar?) nas Universidades ao redor do mundo, com um destaque muito importante para as universidades americanas. Um movimento que vem sendo orquestrado há anos. Para formar um bando que em uníssono fala mentiras sobre Israel e os judeus sem pestanejar é preciso formar uma cultura que impeça o uso da razão. Em outras palavras, ligar um piloto automático. Esta semana foi destacado que além de grandes somas em dinheiro que os países mulçumanos aplicaram nas universidades americanas, eles direcionaram estas verbas para a formação de cátedras, com titulares escolhidos a dedo e que teriam a capacidade de formar uma cultura antissemita. Estas palavras que acabo de escrever são muito diretas, e certamente causariam suspeitas e reações tipo anticorpos. A solução encontrada foi brilhante. Introduziram a cultura mulçumana com seus aspectos positivos, e ao mesmo tempo foi introduzida uma falsa verdade da relação entre Israel e os chamados palestinos de Gaza. Povo sofrido que vem servindo há anos de escudo para o Hamas. A faixa de Gaza foi administrada pelo Egito até 1967. Posteriormente manteve a fronteira fechada e resguardada. Hoje percebemos que tinha noção do que era o Hamas. Esta liderança que não é uma unanimidade entre os cidadãos de Gaza mantém a população como um escudo humano e treina esta população para não só odiar Israel, mas ser capaz de torturar e matar seus cidadãos. Vimos tudo isso acontecer no 7 de outubro. 

Os cursos ministrados por décadas ao redor do mundo formaram pessoas que poderiam reagir assim que convocadas. Neste último mês de abril vimos o resultado deste excelente trabalho de formação de opinião. O antissemitismo aflorando de forma direta, e as manchetes sobre os eventos são em muitos de nossos jornais favoráveis ao que está acontecendo - apesar que a matéria em si possa ser um pouco menos condescendente. Nas últimas duas semanas, em muitos destes textos publicados em jornais de grande circulação no Brasil, vemos que o último parágrafo sempre dedica uma frase ao Primeiro-ministro de Israel. Portanto, começa com uma manchete antissemita ou anti-Israel e termina apontando um político que responde por Israel. Estes são mares "muito" dantes navegados. Só que agora os buques são muito mais modernos que a Caravelas de Camões e as armas da Santa Inquisição. Suas armas e armadilhas ainda têm que ser decifradas.

CONTAGEM – contar e recontar! Sabemos como contar o Ômer, mas não sabemos quando este período vai poder ser contado em números. No momento só podemos contar o que recebemos como notícias ou de conversas particulares. E é nestas que encontramos a certeza que as águas da vida encontraram uma maneira de formar novamente importantes rios que geram inovação, conhecimento e bem-viver. É na resiliência do dia a dia, cada um de sua forma. É na semelhança do discurso dos que estão servindo o Exército de Israel e também nas muitas diferenças que existem dentro de um estado verdadeiramente democrático composto por muitas etnias, religiões e culturas. A diversidade do Estado de Israel é uma fortaleza inexpugnável, porque é capaz de reagir das mais diferentes formas.

Ser um povo é o que D’us propôs aos judeus em Pessach. Ser um povo entre os povos é o que D’us propôs no Sinai. Que ao chegar ao final desta contagem de Ômer, possamos também ter os reféns de volta a Eretz Israel que seguirá sendo um país inovador e um país que amplia a sua população por abrigar gerações passadas e futuras. Um país que continuará fazendo história.


Am Israel Chai

Regina P. Markus

terça-feira, 30 de abril de 2024

VOCÊ SABIA? - AJC - Comitê Judaico Americano

 

Celebridades em apoio a Israel elevam suas “Vozes contra o Antissemitismo”

Por Itanira Heineberg


Você sabia que em abril de 2024, o Comitê Judaico Americano (AJC), a organização global de defesa do povo judeu, lançou uma campanha em resposta aos ataques da mídia contra Israel e ao aumento do ódio antijudaico em terras americanas após o massacre de 7 de outubro, com o nome de “Vozes Contra o Antissemitismo”?

 

“Na sequência do ataque brutal do Hamas em 7 de Outubro – o pior massacre de judeus desde o Holocausto – o AJC mobilizou a sua rede global sem paralelo para enfrentar as ameaças sem precedentes que os judeus mundiais enfrentam.   

Das capitais mundiais aos campi universitários, a AJC trabalha com líderes de toda a sociedade para apoiar Israel e combater o crescente antissemitismo,  aproveitando as comunicações estratégicas para educar, combater a desinformação e moldar a opinião pública.”

 

Este Comitê defende:

 - o direito de Israel de existir em paz e segurança;

 - os valores democráticos que unem os judeus aos seus aliados;

e confronta o antissemitismo, seja qual for a fonte.

O AJC também luta para proteger os direitos humanos e prevenir o genocídio através do Instituto Jacob Blaustein para o Avanço dos Direitos Humanos (JBI) trabalhando para:

- combater a intolerância religiosa;

- acabar com a tortura;

- e se opor a todas as formas de discriminação.

O AJC protege os direitos humanos em todo o mundo através do envolvimento com governos, diplomatas, as Nações Unidas e outras organizações internacionais e parceiros da sociedade civil.


ACJ  -  Salvaguarda dos refugiados e migrantes



Mapa do AJC ao alcance dos Judeus no Mundo.

Onde quer que Israel e o povo judeu precisem de nós, o AJC está lá.



Agora podemos dizer que conhecemos um pouco mais sobre este fantástico comitê e consequentemente, entender melhor sua atuação no mundo.

Assim, frente ao avanço desenfreado do antissemitismo pós 7 de outubro em Israel, ressurgiu um preocupante ódio contra os judeus na América e o ACJ agiu rapidamente, criando uma série de vídeos eletrizantes encenados por celebridades e influenciadores judeus americanos, trazendo à tona o incansável ódio aos judeus, o antissionismo, a dor pelos reféns prisioneiros em Gaza e a importância do Estado de Israel para o Povo Judeu.

Nestes vídeos, Ginnifer Goodwin, Jennifer Jason Leigh, Eitan Bernath, Modi Rosenfeld, Elon Gold, Moshe Reuven, Jonah Platt, Lizzy Savetsky e Ariel Martin esclarecem a razão para lutar ativamente contra essa forma de antissemitismo.

 

A seguir, 3 vídeos do ACJ:







 

“Ao final de cada vídeo, os espectadores são convidados  a se juntar à AJC para tomar medidas contra o antissemitismo por meio da implementação da Estratégia Nacional dos EUA para Combater o Antissemitismo, trazer para casa os reféns mantidos pelo Hamas e ficar ao lado de Israel. Você também pode agir.

https://www.ajc.org/take-action

 

Sim, todos podemos e devemos agir.

Não podemos ficar calados ao ouvirmos falsas informações sobre o 7 de outubro, ou relatos mentirosos sobre os soldados de Israel, IDF.

As Universidade americanas estão repletas de mal informados ativistas em prol do grupo terrorista Hamas.

Assim como o ACJ, devemos espalhar as boas notícias de Israel a todos que nos cercam. A verdade sobre o Povo Judeu deve prevalecer e devemos todos, judeus e não judeus, lutar por ela. Terrorismo não ajuda ninguém, é um mal destruidor para todos os povos da Terra.

Unamos nossas vozes para combater o terrorismo e todos aqueles que sofrem em suas mãos como os palestinos nas garras do Hamas.

Abaixo temos um exemplo de algo que aconteceu recentemente, em 22 de abril 2024, na Universidade de Columbia:


Professor israelense Shai Davidai fora da Universidade de Columbia, 22 de abril de 2024. (Lucas Tress/JTA)


Semana judaica de Nova York via JTA — Um professor israelense foi impedido de entrar em uma parte do campus da Universidade de Columbia e membros judeus do Congresso exigiram ação do governo nesta segunda-feira, enquanto os protestos pró-palestinos contra Israel continuavam a agitar a universidade de Manhattan.

Unamos nossas vozes às do famoso comediante canadense não judeu Daniel-Ryan Spaulding do qual falamos na semana passada, da grande jornalista espanhola não judia, Pilar Rahola, e de alguns Senadores americanos frente às terríveis invasões de estudantes pró Hamas em várias universidades dos Estados Unidos. 



É o momento certo para unirmos nossas vozes contra o terrorismo.



FONTES:

https://www.ajc.org/voicesagainstantisemitism?_hsenc=p2ANqtz-81PAbaQLYh7CEULFjXzp2gLqh1q2V52VRr9QUhb0V9LM-okUPcpt34xTZPiHCx3sUKzF0X1UFgv94Zmg8Jw6UlGiyAeFVa0QkjgRI7UG8iIwtFpFI&_hsmi=302786984&utm_campaign=VOA&utm_medium=email&utm_content=302786984&utm_source=hs

https://www.ajc.org/whoweare

https://www.ajc.org/news/meet-the-celebrities-and-influencers-speaking-out-about-jew-hatred-in-ajcs-voices-against


sexta-feira, 26 de abril de 2024

Diário de Guerra - 5 - Por Vivian Hamermesz Schlesinger





DEUS TEM UM PLANO God has a plan. Desde que você leu essa frase em um poster, há 35 dias, ela está sempre te desafiando. Quando você a esquece, ela volta a se colocar na tua frente, pairando a um metro e meio do chão. Uma frase que sorri, à espera da tua concordância.

Você sabia que não deveria ir lá. Visitar um lugar onde houve um massacre, para quê? Seria um desrespeito. Uma atitude parente daquela que se vê em acidentes de automóvel, onde os abutres voyeurs se acotovelam, obscenos. Você sabia que isso não se faz. Como você poderia honrar essas 364 almas que com certeza ainda estão lá, à espera de um milagre? Você decidiu que não iria. E foi.

Se um israelense quer ir lá, ver esse lugar de perto, ele tem todo direito, mas você? Você veio do Brasil para fazer trabalho voluntário, não para colecionar horrores para contar na volta. E mesmo assim você foi.

Se o Claudio não fosse, você não iria. Se ele não aprovasse, você saberia que é errado. Ele tem a bússola moral sempre firme, sempre aponta o norte. Ele não disse não. E você, já na defensiva, pensou, seja como for, vamos dividir isso também. Depois de 55 anos juntos, tudo tem de ser dividido. E vocês foram.

Tua amiga Liza queria muito ir. Chamou Shir, um amigo que esteve lá no dia. Ele virá encontrar vocês, quer contar.

God has a plan. Um campo de papoulas vermelhas. Margaridinhas amarelas em tufos, aqui e ali. À nossa frente, um eucalipto já sem cor jaz sobre a grama bem verde, o tronco levitando, desafiando a gravidade. Nem o eucalipto quis viver depois do que viu. Mais ao longe, na direção de Gaza, colinas suaves, poucas árvores. Havia chovido muito, a estrada de terra tinha sulcos largos e profundos, como se um trator pesado tivesse ido e vindo várias vezes por ali. Perdido. À esquerda, a uns 100 metros, via-se pequenos grupos de pessoas ao redor do que pareciam ser árvores jovens, ainda sem folhas. Em toda parte, bandeiras de Israel atadas entre duas árvores, insufladas pelo vento, prontas para zarpar. Velas presas a barcos ancorados ao solo. Lama cor de sangue.

Meu nome é Shir, ele diz, com um sorriso tímido que nunca sai do rosto. Shir, em hebraico, quer dizer música ou poesia. Shir, você estava aqui naquele dia? Sim, sou produtor musical (nome é destino), vim para a festa naquele dia em um grupo de 8 amigos. Você se esforça para se concentrar nele, porque o que de longe pareciam árvores são, na verdade, hastes verticais com uma foto grande de cada um dos 364 assassinados ali. Você sabe que a hora que começar a olhar essas fotos, uma a uma, e ler o que as famílias e amigos escreveram, os poemas, bilhetes de amor, de despedida, de saudades, você não verá mais nada.

Quando começaram as sirenes muitas pessoas se deitaram no chão, com as mãos sobre a cabeça, esperando que os mísseis parassem bem rápido. Eu tentava acalmar quem podia, já já chega o exército, já vamos acabar com isso...Era difícil, porque poucos minutos antes estávamos dançando, ouvindo música, felizes por estar na natureza.

Ele não fala nada sobre os terroristas atirando em todas as direções, correndo atrás de quem tentava escapar. Dá um fast forward. Muitos estavam tentando ir embora em seus carros, escolhi ficar. Os que não tinham carro, telefonavam para suas famílias nos kibutzim e em Sderot, pedindo para ir buscá-los, sem saber que o horror grassava lá também. Os que atendiam, não acreditavam, pensavam que era uma brincadeira. (Imagine. Seu filho sai com seus melhores 7 amigos para passar a noite em uma festa no campo, um lugar famoso pela beleza – até finais de ano de Jardim da Infância são festejados lá. Sua maior preocupação? Filho, não beba demais! Às 7 horas da manhã do dia seguinte, você recebe um chamado desesperado, dizendo que os terroristas estão aqui, estão atirando em nós – como? Terroristas em Israel? Um ou dois em um ataque pontual, isso conhecemos, mas dezenas, centenas deles, em solo israelense? Atirando nos jovens, lançando RPG’s sobre seus carros, para emboscá-los? Isso nunca aconteceu. E eis que.)

Vi as pessoas tentando se esconder em banheiros químicos, debaixo do bar, atrás das geladeiras. Decidi levar 3 feridos no meu carro a um hospital. Após algumas dezenas de metros, os terroristas vieram correndo pela estrada, atirando na nossa direção. Comecei a rezar o Shema (a reza mais importante do judaísmo, “Escuta,ó Israel, o Eterno é nosso Deus, o Eterno é um.”, que se diz todos os dias e quando se está diante da morte). Virei o carro, dirigi na direção oposta, consegui chegar ao kibutz Be’eri. Jamais poderia imaginar... uma cena daquelas. Corpos, partes de corpos, casas queimando, casas bombardeadas, em alguns casos só uma parede em pé. Fugi de lá com os feridos ainda no carro, bem rápido até Re’im. Lá também estava caótico, mas pude deixá-los até que fosse possível chegar a um hospital. Voltei para a estrada e pouco à frente vi os terroristas atirando nas pernas das pessoas dentro dos carros, e em seguida ateando fogo. (A voz não treme, mas a mão direita, em forma de viseira, vai várias vezes à testa, como se houvesse sol, mas era um dia frio e de chuva fina. Não é o sol que ele não quer ver, é a escuridão. Nenhum menino de 24 anos deveria ter essas memórias.)

Minha gasolina acabou. Zero. Larguei o carro. Cresci nessa região, conheço tudo. Fui andando, me escondendo pelos arbustos. Ouvia as armas automáticas perto de mim, sabia que eram os terroristas. No exército não usamos armas automáticas. Pensava em meu avô, sobrevivente (do Holocausto), foi partisan nos bosques na Polônia. Na minha fuga, conversava com ele. Em nenhum momento conseguia acreditar que estava vivo. Continuei andando até chegar em casa.

(Nada sobre as horas seguintes, os dias seguintes. Fast forward). Fomos em 8, voltamos em 8. Tivemos sorte. Histórias horríveis. Rafaela, minha amiga brasileira, foi à festa com seu namorado. Voltou sozinha. Ela sobreviveu porque escondeu-se com ele sob uma pilha de corpos em um banheiro químico. Ele a protegeu com seu corpo. Eles o encontraram. Assassinaram. Ela conta que todo o tempo em que ficou ali, imóvel, ouvia os terroristas cantando cada vez que matavam alguém.

Enquanto ele conta, muita gente foi se aproximando para ouvi-lo. Fazem perguntas, ele responde, a mão furtivamente protegendo o olhar. Não terminou. Estamos vivos. A vida tem algo que nos empurra, levanta, reconstrói. Vamos continuar. Nossa luz permanece. O sorriso tímido se acentua, como se de repente se desse conta do que acaba de dizer. Um silêncio emocionado de um segundo dura minutos. Uma senhora muito idosa aproxima-se, com a voz trêmula agradece a Shir por ter contado tudo isso. Ele, ainda mais acanhado, confessa que nunca havia contado para estranhos. Você finalmente para de brigar consigo mesma, entendeu porque tinha de vir. Uma última pergunta, Shir: se você pudesse dizer algo aos judeus no Brasil, o que diria? Ato contínuo: Venham para Israel.

Você agradeceu, abraçou, fotografou. Enquanto se afastam, você volta o olhar a um abrigo antimíssil, dirige-se a ele. Caiado recentemente, milhares de buracos de metralhadora completamente visíveis, feito uma teia fantasma. Em azul, grafitado, Am Israel hai (o povo de Israel vive). Você entra. Não há porta, é um espaço de 2 por 3 metros. Ali, como em outros semelhantes, até 30 pessoas tentaram se proteger, e foram chacinadas. No chão, velas, algumas apagadas, outras acesas, em desordem. Nas paredes, também caiadas, recados: meu coração está com você. Saudades. Tenha paz. Não há placa explicativa, a dor é mais do que concreta.

Você sai. O ar cinza de chuva fina traz uma memória que não é sua. Você nunca esteve em Auschwitz, nem Majdanek, nem Bergen-Belsen, mas sua alma, sim. Você já decidiu que nunca pisaria na Polônia, porque lá estaria andando sobre cinzas. Mas sabe que precisa ir, precisa levar os netos brasileiros e os israelenses. Todos têm de saber de onde vieram. E aí está você, no campo da festa Nova. Das 3500 pessoas que vieram para celebrar o bem, 240 foram raptadas e 364 assassinadas. Mas você não se sente pisando em cinzas, sente-se abraçando todos eles, e suas mães, seus pais, filhos. Confesse: ao chegar lá ainda duvidava que seria capaz de se emocionar só por estar lá. E agora você precisa gravar uma mensagem para o grupo da família. Logo você, que tanto evita pieguice, precisa confessar para seus filhos, nora, genro, cunhados, irmã, netos... que sim, vir aqui te dobrou. Ninguém aqui está mencionando a tortura, os requintes sub-humanos e tudo mais que sabemos. Só estamos falando com os que foram silenciados. Na gravação, entrecortada pela voz que revela o que você não quer dizer, ouve-se ao fundo as explosões. Você está ao lado de Gaza, ao lado da guerra, e no entanto, está em paz. Mais segura do que na Avenida Paulista. Ao menos, se você morrer aqui, saberá porquê. Não será por um celular.

Enquanto você grava a mensagem, caminha a esmo e agora encontra-se frente a uma muralha. Um ferro-velho vertical de carros calcinados. Quem tentou fugir de carro foi metralhado e incinerado dentro dele. Centenas de esqueletos de aço, empilhados. Uma muralha de ferrugem. Cena do apocalipse. Serão enterrados. Não foi possível remover todos os restos humanos de todos eles, então pela lei judaica, têm que ser enterrados. Nunca o termo cemitério de automóveis teve tal peso em almas.

Hora da despedida. Vá e pare em cada uma das ‘árvores jovens’. Encare: são 364 posters sobre hastes de metro e meio de altura. Na base de cada um, um círculo de grama, flores, pedras. Túmulos provisórios. Os posters sorriem. Lior Kipnis, 27. Enormes olhos cor de mel. “Adorou Morro de São Paulo”. Eviatar Nakmolis, 65. Boné de baseball e sorriso. “Tocava violino para os netos.” Maayan Tomayev, 18. Feições de bebê, cílios enormes. “Queria ser chef de cozinha.” Natalia Idan, 71. Sorriso asiático. “Fugiu da Rússia há 30 anos, veio à festa com a neta.” Parynia Tansa-arg, 26. Óculos sérios, dentes perfeitos. “Deixou filhos e esposa na Indonésia.” Mohammed Ibrahim, 19. Bronzeado, uniforme impecável. “Capitão no exército de Israel.” Efrat Kirst, 68. Bigodes fartos, cabelo grisalho em rabo de cavalo, camiseta de rock. “Ativista pró-palestinos.” Sheli Madmoni, 25. Olhos boreais, inescapáveis. “God has a plan.”



ACONTECE: Abra Cadabra!

 



Por Juliana Rehfeld


Após os mísseis trocados com o Irã, com enorme eficiência tanto na defesa como no ataque por parte de Israel, cresce a preocupação de expansão do conflito. Fervem comentários críticos de todo lado, declarações menos cautelosas e mais contundentes de vários países. Estamos assistindo com tristeza, mas cada vez menos surpresa, o recrudescimento de demonstrações pró Hamas (!) e de antissemitismo sobretudo em Universidades, organizações que pretendem formar cidadãos para o mundo… nos EUA uma consistente Comissão do Senado decidiu relembrar, para fazer valer, a legislação da maior democracia do planeta ao Procurador-geral e ao Secretário de Educação, em carta aqui anexa.  Diferentemente disso, aqui no Brasil estamos longe de uma posição oficial sensata quando o presidente e o Itamaraty condenam Israel pelo ataque do Irã ao seu território!

Em meio a isso, Pessach está acontecendo ao longo desta semana. A maioria de nós, em todos os cantos deste nervoso e barulhento mundo, paramos o dia-a-dia para voltar ao Egito de 3300 anos atrás, lembrar como era amargo e como foi difícil sair de lá. E nos empenhamos, mais uma vez este ano, em contar às nossas crianças, na ordem certa, a história de como nos tornamos um povo no deserto e por que voltamos a nossa Canaã como Israel. Cantamos, respondemos perguntas e principalmente, induzimos que perguntas sejam feitas sobre todo o percurso de forma a ressignificar e atualizar nossa relação com nosso passado e nossa comunidade. Cada ano tem suas particularidades, suas dificuldades; à medida que nossa história vem se desenrolando temos, infelizmente, mais momentos amargos a lembrar, difíceis de entender, passagens que até hoje não conseguimos acreditar que ocorreram, horrores que achávamos fossem apenas ficar no passado mas que voltam para nos assombrar. E refletimos sobre como explicar mais isso aos pequenos e aos jovens de maneira a prepará-los para sua própria reflexão, para que consigam “ferramentas” e estrutura para suas próprias trajetórias. Para aprenderem, sobretudo, a colaborarem entre si, a comprometerem-se uns com os outros para melhorar o mundo em que vão viver. E, sim, eu acredito que sempre saímos mais fortes do que entramos nesta celebração. Saímos mais fortes para continuar construindo juntos um futuro não só menos amargo, isso é querer pouco, mas um futuro comum mais doce e justo, para “todo Israel - o plural Israel, e para “Col Yoshvei Tevel“ - todos os habitantes do mundo. 

Dia desses recebi uma fala do reb Adam Yitzhak sobre a origem e o poder que a Cabala coloca na expressão que veio do aramaico ao hebraico: Abra Cadabra! Somos todos mágicos e dizemos Abra Cadabra - respeitável público - אני ברה כדבר - eu crio aquilo que digo. Nós somos co-criadores do mundo em que vivemos, ao pronunciarmos as palavras que ressoam entre a nossa mente e nosso coração. Equidistante da nossa mente e do nosso coração está nossa boca e, isto estaria confirmado no possível exercício de numerologia onde a mente (מח=48) somada ao coração (לב=32) resulta em 80 = פ (boca). Interessante, não? Então, aquilo que pronunciamos quando unimos nossa mente e nosso coração tem grande chance de vir a ser! 

E portanto, devemos ser muito cuidadosos e generosos com o que desejamos pois somos poderosos! 

Chag Pessach Sameach e Shabat Shalom!



Escrevemos a respeito da onda de manifestações antissemitas e pró-terrorismo nos Campi de universidades. Esses manifestantes pro-Hamas têm de fato fechado campi e literalmente expulsado estudantes judeus de nossas escolas. O departamento de Educação é o reforço da legislação devem agir imediatamente para restaurar a ordem, processar os manifestantes que vêm perpetuando a violência e ameaças contra estudantes judeus, devem revogar os vistos de todos os estrangeiros (tais como estudantes de intercâmbio) que têm participado na promoção de terrorismo, e responsabilizar os administradores das escolas que os têm apoiado ao invés de proteger seus alunos.

Pessoas que protestam contra Israel, impulsionados por conhecidos esquerdistas, têm se aglomerado em campi nos últimos dias, cantando slogans antissemitas e ameaçando estudantes judeus. A situação evoluiu a tal ponto que um proeminente rabino da Universidade de Columbia incentivou alunos judeus a fugirem do campus e ficarem afastados para sua própria segurança. A Universidade de Columbia tem sido um dos exemplos mais públicos, mas a violência é as ameaças contra estudantes judeus foram também cometidas em outras assim chamadas universidades de elite nos últimos dias. Por exemplo, na Universidade de Yaleum estudante de jornalismo judeu foi atacado durante o fim de semana por um agrupamento pró- Hamas enquanto tentava filmar um protesto.

Vocês devem agir para restabelecer a ordem e proteger estudantes judeus em nossos campi universitários com a intenção de. O presidente Biden emitiu uma declaração no domingo (21 de abril) condenar a  eclosão de antissemitismo. Se essa declaração for séria ela deve ser acompanhada de imediata ação de vossos departamentos.

O vandalismo viola a lei federal? Violência ou tentativa de violência contra qualquer pessoa simplesmente por sua ascendência judaica viola a lei federal ? O fracasso de gestores de escolas na proteção de estudantes judeus contra discriminação ou assédio viola a lei federal e fornece motivo para que essas escolas percam o acesso a fundos federais? Alinhar-se ao apoio a terroristas como o Hamas viola a lei federal de imigração e fornece motivo para deportação. Por favor informem a nossos gabinetes sobre seu empenho em garantir o cumprimento dessas leis e outras correlatas tão logo possível mas no mais tardar em 24 de abril às 17hs.

Gratos por seu pronta atenção a este importante assunto.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Ophicleide

 



         Hoje em dia é muito fácil. É só a gente entrar no Google que as respostas vêm, como formigas comendo restos. Na minha época tudo era diferente... Melhor, diriam os saudosistas...

            Tinha a Barsa, a Mirador, a Larousse... Até o Manual do Escoteiro Mirim eu tinha! Pra quem gosta de passado, amarelo como ouro, tudo é motivo de lembrança! As memórias são rios que passam, mas nos deixam felizes e molhados.

            Tem uma turma, entretanto, que acha que essa aparente facilidade veio para ficar. É a turma de cabelo ao vento, que pensa que o novo sempre vem. Pra essa gente, é só dar uma gugada e pronto.

            Um dia meu avô passou lá em casa como era o costume. Ele queria ver os netinhos e o canarinho. Depois ia pra praça da Matriz conversar com o seu Tosta. Eu não sei bem o motivo, mas fui levado naquele dia.

            Lá na praça, enquanto eles conversavam, dava pra sentir o cheirinho de pão quente ali da padaria Paris. Aliás, naquela rua que descia até o Mercadão tinham vários comércios árabes e uma loja de uma família judaica.

            O tio Jimmy adorava contar a história de como fora salvo e acolhido pela comunidade árabe de Jacareí quando, como que por milagre, um pequeno, mas gigante, sinal o tirou do trem para Auschwitz, e os trouxeram para Jacareí.

            Aquele cheirinho de pão me lembrava da minha avó... Qual? A Rosinha. A Tereza era uma das melhores cozinheiras que já pisara nas terras jacarienses, mas era a vó Rosinha que fazia chás, bolos, quitutes mineiros e pãezinhos...

            A vó Tereza era uma (quase que sai um palavrão agora) duma cozinheira. Mas as especialidades dela eram outras... Feijão, arroz, carnes, frangos, empadas... E o melhor bolinho caipira!

            Vamos combinar que um cheirinho de fornada lembra mais a vó Rosinha...

            Sabe quem tava na praça aquele dia? O Miguelzinho... Enquanto a gente corria e brincava, o avô dele tocava no coreto. Parecia até uma pintura de Heitor dos Prazeres... Era um grupo de Chorinho e ele tocava o Ophicleide!

            Eu fui ouvindo aquelas notas e um encanto subiu pela minha espinha. Dizem que foi um alumbramento, uma epifania... Vai saber... Eu já era uma criança precoce e excêntrica. Gostava de Playboys e Óperas... Aprender Ophicleide já era demais!

            Fora que, onde achar um professor disso em Jacareí? Se o povo mal sabia que esse instrumento existia... A verdade é que já não tava na moda. Não era um violão nem um piano...

            OPHICLEIDE!

Quando a dona Raquel Pick chegou no Brasil, esse era um instrumento do gosto popular. Chorinho, na praça Onze, era com Ophicleide.

            Teve uma vez, no finzinho da aula, que a gente tava jogando STOP. De repente, instrumento musical com “o”. Estufei o peito e escrevi OFICLEIDE! Na hora a turma começou a reclamar.

            “Isso nem existe!” “É o nome da amiga da sua vó!” “Você tá robando!” “Vai perder os pontos!”. E o Miguelzinho quieto! Quieto! Eu nem acreditava naquela milonga... De repente, tava sobrando pescoção pra todo mundo!

            Se existisse Google na época!

            Quando eu escrevo, e talvez seja isso, eu nunca costumo deixar tudo mastigado para o leitor. Quero que ele se envolva comigo, igual os cavaletes de cristal da Lina Bo Bardi que obrigam o movimento para o conhecimento total da obra!!

            Dê uma gugada! Procure na Barsa! Use a imaginação! Escreva comigo!

            Vamos, juntos, descobrir que saber tocar é muito mais importante que só ouvir a música, por mais linda que seja!

André Naves

Defensor Público Federal, especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor e Comendador Cultural.