Marcadores

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

PAZ, SHALOM, SALAM - 40 ANOS - 70 ANOS - A Próxima Geração

 A PRÓXIMA GERAÇÃO


Centro Merchavim, em Israel, educa juntas crianças árabes e judias, desde o jardim de infância (2015


Hoje é dia 24 de fevereiro de 2022. Estamos sob o impacto da informação que tropas russas estão atacando a Ucrânia e ainda temos poucas noticias. Programei escrever hoje sobre A BUSCA DA PAZ. 

E, nada melhor do que olhar no que ocorreu nos últimos meses nas Terras do Oriente Próximo. Países do Golfo (Golfo Pérsico), Arábia Saudita, Egito, Marrocos estabeleceram relações diplomáticas convencionais com o Estado de Israel. Mais do que isto estão estabelecendo embaixadas ou trocando missões diplomáticas. Os mais altos dirigentes de todos estes países estiveram em Israel, e vice-versa.

Nas últimas semanas o Presidente, Primeiro Ministro, Ministro das Relações Exteriores, Ministro da Defesa de Israel visitaram países do Oriente Médio, estabelecendo programas de cooperação. Yair Lapid, Ministro das Relações Exteriores, publicou um texto no Correio Braziliense em 2021. Mais recentemente vemos os movimentos de aproximação da Turquia e Israel e, não podemos deixar de mencionar que o início do processo foi feito após a queda de Nasser no Egito quando seu sucessor Anwar Sadat visitou Israel pela primeira vez em 1977

Recepcionado pelo Primeiro Ministro Menachem Begin, visitou em Jerusalém lugares reverenciado pelas três religiões monoteístas e falou ao parlamento. Um ano depois Sadat e Begin assinam o tratado de paz e a seguir recebem o Premio Nobel da Paz.

45 anos separam 1977 de 2022!

Voltando os olhos para a Torah (cinco livros de Moisés) lembramos que os judeus vagaram pelo deserto 40 anos, antes de entrar nas Terra Prometida e que nem Moisés, o líder que moldou o povo judeu entrou. A nova terra foi dada a uma nova geração!

Que características diferenciariam as gerações? Na Torah está escrito que a nova geração não teria lembrança "vivida" do tempo da escravidão. Mais de 3500 anos nos separam da entrega da Torah, mas aquele dia e todos os de nossa História ainda guiam as nossas vidas.  Hoje ainda é necessária a troca de gerações para que conceitos possam ser mudados.

Jovens de todos os mundos apenas conhecem os demais por ouvirem descrições ou por contatos em que os preconceitos são estimulados! Como criar uma geração sem preconceitos? 

Árabes e judeus estão buscando este processo e pelos resultados dos últimos 45 anos, resumidos em 2020-2022, parece estarem tendo sucesso.

A fórmula é a convivência. A foto que ilustra este texto é de 2015. Lá vão 7 anos!! E o Centro Merchavim continua tendo sucesso na educação conjunta de crianças árabes e judias. Ampliar esta convivência através de acampamentos de férias ou intercâmbios estudantis começa a acontecer! Turismo, comércio, desenvolvimento tecnológico e inovação. Desenvolvimento de saber científico são objetivos que já vêm sendo explorados. A fórmula da convivência nos diferentes arranjos humanos será a base e o caminho para a PAZ. 

CONVIVÊNCIA

Em Israel a convivência entre árabes e judeus e um grande número de minorias étnicas já é um fato. Nas Universidades, Hospitais, Big-Techs, Start-Ups, Bancos e demais áreas toda a população israelense está representada. O parlamento israelense é formado por partidos árabes, e muitos cidadãos que não são de origem judaica integram os partidos laicos. 

Na última semana foi dada mais uma demonstração que o moderno Estado de Israel é uma democracia vibrante. Foram nomeados quatro juízes para a Suprema Corte de Israel. Khaled Kabuv será o primeiro muçulmano a compor a Corte, como um especialista em crimes econômicos. Kabuv é o primeiro muçulmano que chega à esta posição e antes servia como vice-presidente do Tribunal Distrital de Tel-Aviv. Conversando com alguns israelenses sobre a temática ouvi o seguinte comentário "se não fosse a insistência de alguns organismos internacionais difamarem continuamente o Estado de Israel, este seria um fato normal do cotidiano". Fato corriqueiro após ter maturado o tempo de convivência e de passagem das gerações!.

A próxima geração no caso do Estado de Israel e dos Países Árabes é a atual!! A convivência que as lideranças destes países tiveram em universidades e centros de formação no exterior permitiu romper a barreira do preconceito, do estereótipo e criar condições para que as próximas gerações possam romper estas barreiras dentro de suas próprias fronteiras.

Inspirando esperança para Expirar confiança! 

Regina P Markus/ 24/02/2022


 












segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

VOCÊ SABIA? - Na mira de Hiltler


Você sabia que durante a Segunda Guerra morreram 1.081 pessoas em embarcações brasileiras - a maioria civis inocentes – o que representa mais do que os brasileiros em campos de batalha?

Aprendendo com o autor o que nunca estudei em aulas de História do Brasil na escola!

Por Itanira Heineberg



Roberto Sander, jornalista carioca, repórter, editor e grande estudioso da nossa história e de outras mais, é autor de vários livros, com 20 anos de militância na imprensa esportiva também.

Em seu 12º livro, “O Brasil na Mira de Hitler”, Sander faz uma pesquisa rigorosa sobre fatos pouco ventilados em nossas notícias da Segunda Guerra.  

A partir de 1942, cenas de horror em nossas praias assustaram banhistas e frequentadores, com o surgimento de cadáveres de homens, mulheres e crianças boiando ou já espalhados nas areias, além de objetos, móveis, roupas e membros humanos mordidos por tubarões.            

Em 1941 o navio Taubaté foi torpedeado pelos nazistas no Mediterrâneo, próximo ao Egito, o que levou o Brasil a cortar relações diplomáticas com a Alemanha de Hitler em janeiro de 1942.





A partir de então iniciou-se o grande ataque aos nossos navios, num total de 34.

Como na época as opções de transporte entre as regiões do Brasil eram por água, surgiu um grande medo e pânico entre as pessoas que precisavam se deslocar de um lugar a outro. Não tínhamos estradas extensas nem suficientes, faltavam ferrovias e aeroportos quase não existiam então.

 

"Os gritos de pânico, inicialmente abafados, logo passaram a ecoar por todos os lados. Não havia como pensar em outro motivo para aquela tragédia. As notícias de torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos alemães há muito se tornaram rotina nos grandes jornais. Desde fevereiro, nada menos que 13 haviam sido afundados. E, de novo, o pior acontecera. O Baependi começava a adernar. Não restava outra alternativa senão pular do navio prestes a naufragar."

 

Como foi dito anteriormente, esta história surpreendente e dramática é pouco conhecida em nosso país apesar de fazer parte de um passado recente.

Sander relata com maestria o afundamento de navios na costa brasileira pelos submarinos inimigos, o movimento dos espiões nazistas em nosso país e o desarranjo nos bastidores da política do presidente Vargas durante este período de guerra.


“Os passageiros do navio Baependi acima, do Lloyd Brasileiro, dançam no salão ao som de uma orquestra, quando uma explosão sacode brutalmente a embarcação. Estamos em 15 de agosto de 1942. Das 306 pessoas a bordo, apenas 36 sobreviveram. Os náufragos, assim como cadáveres e destroços, chegaram ao litoral nordestino transformando a paisagem bucólica num cenário de horror. O afundamento do Baependi foi um dos episódios mais trágicos da campanha de torpedeamentos de navios brasileiros por submarinos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Foi também o ponto culminante de uma série de eventos que levariam o governo Vargas a, finalmente, aderir às forças aliadas e declarar guerra à Alemanha de Hitler.”

 

Encontramos no livro as veementes tratativas diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos; depoimentos dramáticos de náufragos; o desmantelamento da rede de espiões nazistas no Brasil e as intrigas, desavenças e hesitações do governo Vargas, numa guerra onde o Brasil era um vilão - ou aliado? - dos envolvidos.


 "No Brasil se acham reunidas todas as condições para uma revolução que permitiria transformar um Estado governado e habitado por mestiços numa possessão germânica." Adolf Hitler

 

Vargas, em sua neutralidade e admiração por Hitler, ia aproveitando para conseguir vantagens comerciais, às vezes agradando a Alemanha e outras, os Estados Unidos.

Com o Bloqueio Naval Inglês, ou seja, a interrupção do comércio com a Europa, Vargas viu que a saída era apoiar os americanos.

Opondo-se às ideias de Vargas no governo, temos a figura de Osvaldo Aranha, grande defensor da Democracia, que batalhava por uma aliança com os Estados Unidos. Colocou todos seus esforços no rompimento das relações diplomáticas com o Eixo e segundo Franz Walter Jordan, sofreu uma tentativa de assassinato pela Gestapo - a Polícia Secreta alemã.

E foi graças aos seus ideais e justeza de caráter que em 1947 o futuro Estado de Israel recebeu seu voto decisivo para a criação do novo país.



 

Entre todas as embarcações brasileiras torpedeadas, o ITAPAGÉ, foto acima, foi o mais bem explorado por mergulhadores e tornou-se ponto de atração turística, sendo constantemente visitado.

 

“Por ter sido afundado relativamente próximo à costa, está a apenas 25 metros de profundidade em uma região de águas claras, o que permite a visão da embarcação desde a superfície. O local de naufrágio deu origem a um local de mergulho, propício à pesca submarina e à observação de espécies. Os restos da embarcação estão dispostos corretamente no fundo do mar, adernados para boreste. A proa, intacta, está apoiada pela quilha, e, espalhadas ao redor do navio, jazem grande parte das garrafas e pneus que o navio carregava. Apresenta características úteis para fotografia tanto dos destroços como das espécies marinhas que o frequentam, das quais predominam as barracudas, algumas com até dois metros, e as arraias. Boa parte do que foi retirado do interior do navio - basicamente peças de serviço de bordo (talheres, copos, xícaras e pratos) - foi doada, em 1996, ao Departamento de Museu do Serviço de Documentação da Marinha, no Rio de Janeiro. Devido ao longo tempo de exposição sob a água, tais peças, apesar de um cuidadoso trabalho de reconstituição e de manutenção, se mostram muito frágeis, esfarelando-se e perdendo a consistência se tocadas.”

 

Hitler destinou 25 submarinos para patrulhar a costa brasileira, dos quais 11 foram afundados pelos Estados Unidos.

E o mais garboso de todos, o submarino alemão U513 foi magistralmente destruído por um hidroavião americano em julho de 1943 nas águas calmas da costa de Florianópolis. 



   

 

FONTES:

https://pdfcoffee.com/o-brasil-na-mira-de-hitlerpdf-pdf-free.html

http://blog.rafalecalcados.com.br/livros-de-guerra-cinco-opcoes-para-voce-ler-dicas-de-marco/

https://www.companhiadasletras.com.br/autor.php?codigo=04227

https://docero.com.br/doc/esnnn8v

file:///C:/Users/HEINEBERG/Downloads/Andressa%20-%20Brasil%20na%20mira%20de%20Hitler.pdf

http://anovaericeira.blogspot.com/2011/07/cacada-ao-submarino-alemao.html

https://super.abril.com.br/historia/massacre-no-mar/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil_na_Segunda_Guerra_Mundial#Navios_brasileiros_afundados´

https://www.naufragiosdobrasil.com.br/naufitapage.htm

https://navioseportos.com.br/br/index.php/acervo-digital/navios/82-i/1136-itapage-1927

 

 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Minha visita ao MUJ - Por Pedro Bandeira

 

Minha visita ao Museu Judaico de São Paulo

Colaboração do amigo Pedro Bandeira, escritor e jornalista.


Foto de Henrique Treumann


Caros amigos, visitei o Museu de Cultura Hebraica que fez voltar com força a minha certeza de que o povo Hebreu foi mesmo o pioneiro do registro do Conhecimento e de sua perpetuação ao longo de milênios, isso para todos os povos até a Modernidade.

Vamos a uma breve repassada na Antiguidade Oriental e do Norte da África pela época da formação e consolidação dos povos dessas regiões, coisa de quatro mil anos atrás.

Aceitamos que o primeiro povo a inventar a escrita, a princípio cuneiforme, foram os Sumérios. Muito bem, mas onde estão eles? Por que seus registros não se perpetuaram garantindo a continuidade de sua cultura? Onde estão seus descendentes? Cadê o “Povo” Sumério? Por que desapareceu? Palpito que isso ocorreu devido ao fato de que sua escrita limitava-se ao registro em pedra dos éditos dos governantes e pouco mais. Como carregar uma pedra ao mover-se? Bem difícil.

Tivemos também os Fenícios, criadores do primeiro Alfabeto. Por onde andam eles? Por que, ao moverem-se ao longo dos séculos, não carregaram consigo sua cultura? Não tinham como fazê-lo. Eles foram morrendo junto com sua História, sua moral, suas ideias, porque elas jamais foram registradas em um suporte que poderia ser transportado e protegido por seu povo em seus deslocamentos.

Houve também os Acádios, os Amoritas ou Babilônicos, os Assírios e os Caldeus, alguns deles que até formaram poderosos Impérios, belicosos exércitos e influenciaram o mundo a sua volta. Mas desapareceram todos, na medida em que perdiam seu poder e eram engolidos e absorvidos por culturas mais poderosas como as dos Gregos e logo dos Romanos.

Assim, ao perderem batalhas com muitas mortes, perderem suas terras e posses, foram forçados a moverem-se, a exilarem-se, e os sobreviventes de cada um desses povos não conseguiram reproduzir a própria cultura na diáspora a que foram forçados. Para sobreviver, a eles só restava adaptar-se e aos poucos permitir que a cultura do dominador sobrepujasse a sua maneira de ser. Até mesmo sua língua não resistia, acabando por ser assimilada à de povos mais cultos e que já registravam suas ideias e sua História, como os Gregos e os Romanos.

O povo Hebreu nem teve a ventura de ter sido um dia politicamente poderoso e sequer pôde contar com uma plena liberdade. Escravizado que foi pelo Babilônios e pelo Egípcios, por que com eles não se impôs o destino reservado aos derrotados? Não tenho dúvidas de que isso não aconteceu por ser este o primeiro Povo do Livro. Mesmo derrotado, mesmo escravizado, mesmo com boa parte de sua pequena população dizimada, somente eles carregavam sua História, suas crenças, seus costumes, sua moral e sua própria língua registrados e eternizados em um Livro. Tudo escrito não na pedra, mas em suaves peles de carneiro, tudo isso enrolado e sempre carregado nos ombros dos sobreviventes, que partiam para a diáspora mantendo íntegros todos os séculos de seu pensamento: a Torá.

No Museu, foi emocionante notar como até hoje esse povo preserva o respeito ao Livro, rigidamente, religiosamente, sabendo que, desde que mantenham o Livro, seu povo sempre existirá e se sentirá fortalecido, mesmo nos horrendos momentos em que mais uma nação vitoriosa tentou barbaramente eliminá-los da face da Terra. Mas cada judeu sabia que, ainda que apenas uma meia dúzia deles conseguisse sobreviver, algum terá levado nos ombros os rolos da Torá e a integridade de sua cultura se reproduziria alhures, com confiança.

Bem disse Ben Gurion, ao fundar o Estado de Israel: “Não foi o povo judeu que fez a Torá sobreviver. Foi a Torá que fez sobreviver o povo judeu”.

Para mim, que vivo de registrar ideias no papel, foi um momento de grande admiração verificar como esse povo tão ciosamente me ensinou como o respeito ao Livro é a única forma de garantir a sobrevida da Humanidade, à qual todos pertencemos.

Abração do Pedro

PS: Quem ainda não foi, vá ao Museu e, se já foi como eu, que volte para lá, sente-se num dos bancos e pense que você existiu, pôde progredir, pôde avançar, porque, bem antes de você, alguém lhe ensinou o mágico poder do Livro. De todos os livros.










10/02/2022

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

VOCÊ SABIA? - O "leite engrossado" e os médicos judeus

 


Iogurte, uma comida antiga feita em sacos de pele de carneiro por nômades em seus camelos, e sua longa jornada.

Conta a lenda que Moisés comeu iogurte em sua viagem à Terra Prometida!

Por Itanira Heineberg



Você sabia que a viagem do iogurte a partir do oriente levou muitos séculos e chegou finalmente ao mundo ocidental graças à intervenção de três médicos judeus?

 

O iogurte é um dos pratos mais antigos descobertos pelos humanos. O leite dos animais não durava muito enquanto fresco, porém ao ser ensacado e guardado para o dia seguinte, transformava-se em um manjar dos deuses.

Este foi um alimento básico nos Balcãs, Cáucaso, Ásia Central e Índia por milênios.



Apesar de não podermos definir com exatidão a origem deste alimento, ele existe há pelo menos 5.000 anos.

As tribos errantes da Ásia Central e suas manadas de animais herbívoros carregavam em suas bagagens o líquido precioso e nutritivo para suas refeições. O leite era acondicionado em sacos de pele de carneiro e transportado pelos camelos.

 

“O calor do sol, juntamente com as bactérias no interior dos sacos, transformava o leite em iogurte. O iogurte era conhecido pelos gregos antigos e pelos romanos.

Hipócrates e Heródoto sabiam de seus benefícios para a saúde e Plínio o chamou de "leite árido com um sabor agradável".

 

O iogurte também é mencionado em textos turcos medievais. Na verdade, a palavra iogurte deriva do yoğurmak turco, que significa "engrossar".



Mas, porém, todavia, contudo ... não foi fácil nem rápido para o “alimento árido e engrossado” chegar até nós, aqui no mundo ocidental.

Esta introdução alimentícia saudável e apetitosa alcançou a outra metade do globo graças à sabedoria e conhecimentos de três médicos judeus.

 


O alimento em pauta chegou em sua primeira incursão à Europa Ocidental no início do século XVI, quando um médico judeu de Constantinopla curou Francisco I, rei da França, de sua crônica infecção intestinal com potes e colheradas de iogurte.

Nem por isso o iogurte emplacou na Europa Ocidental até a chegada do século XX.

A bacteriologista russa de origem judaica Ilya Ilyich Mechnikov, diretora do Instituto Louis Pasteur em Paris e recipiente do Prêmio Nobel, se extasiou com a extraordinária longevidade dos camponeses búlgaros, consumidores diários de grandes quantidades de iogurte.

 

Como a Bulgária tinha mais centenários per capita do que qualquer outro país do mundo, Mechnikov acreditava que as culturas bacterianas vivas no iogurte eram as responsáveis pela boa saúde e longa vida dos centenários. Em 1908 ela escreveu um livro chamado The Prolongation of Life (O Prolongamento da Vida), no qual alegou que a autointoxicação causada por bactérias tóxicas no intestino era a principal causa do envelhecimento.”

 

Oito anos após a aparição do livro de Mechnikov, em 1916, um médico judeu de Tessalônica, Isaac Carasso, radicou-se na Espanha, lá estabelecendo sua clínica.

Ao perceber os problemas digestivos apresentados por seus pacientes, Carasso trouxe culturas vivas da Bulgária, instalando uma pequena fábrica de iogurte em Barcelona.

O médico sefardita Carasso chamou sua empresa de Danone homenageando seu filho Daniel. Ao expandir-se para França e Estados Unidos, o nome passou para Dannon.

A partir de então o iogurte transformou-se em um grande negócio nos EUA, na Europa Ocidental e em todo o mundo.

Em 1972, minha filha tomava um pote por dia de Danone sabor baunilha, já no Brasil.

 

Em nosso mundo ocidental o iogurte é servido no café da manhã, lanche ou sobremesa. Os supermercados oferecem uma grande variedade de iogurte artificialmente aromatizado e colorido que é embalado com açúcar ou adoçantes artificiais, passando por espessadores (equipamento utilizado na separação de sólidos e líquidos) e recebendo estabilizadores e conservantes.

Este não é o caso no resto do mundo, onde o iogurte geralmente é servido simples e sem adoçante.

 

O iogurte aparece em todos os tipos de pratos judeus, do Mediterrâneo Oriental à Índia. Alguns dos pratos sefarditas mais deliciosos dos Balcãs são feitos com iogurte — notadamente berinjela ou musaka de batata, banitsa de queijo búlgaro (pastéis de filo), yaourtopita (um iogurte grego e bolo de amêndoas) e fritoles (panquecas de farinha de arroz de Corfu que são tradicionalmente feitas para Hanukkah).

Em Israel e no Levante, o iogurte aparece em inúmeros molhos, molhos de salada e mezze. Arroz, bulgur, macarrão, lentilha, legumes recheados e fritas vegetais são frequentemente servidos com iogurte e molho de alho. Os judeus iranianos gostam de adicionar iogurte (mastro) a uma variedade de sopas e ensopados — especialmente abdough khiar (um pepino resfriado e sopa de iogurte com nozes picadas e pétalas de rosa seca) e purê de cinzas (um grão-de-bico, lentilha e sopa de espinafre enriquecido com iogurte), bem como uma variedade de borani - pratos de salada feitos com iogurte e legumes, geralmente espinafre, beterraba ou berinjela — que são nomeados em homenagem à Rainha Sassânida Boran, que amava iogurte. Eles também gostam de se refrescar com um copo de doogh — uma bebida feita de iogurte, hortelã, suco de limão e água gelada de refrigerante que é semelhante ao ariano turco. Judeus do Afeganistão e da Índia usam iogurte (dahi) em inúmeras sopas e curries. Na Índia, as refeições são frequentemente acompanhadas por um lassi — uma bebida doce ou salgada refrescante feita com iogurte e hortelã, frutas frescas ou especiarias.”

 

“Iogurte é muito bom para sua saúde. É rico em proteínas, cálcio e vitaminas B, especialmente B-6 e B-12, por isso é especialmente bom para vegetarianos. Quando é feito com culturas vivas como Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus, também age impulsionando seu sistema imunológico, ajudando a remover o colesterol ruim e equilibrando a flora intestinal — o que pode promover a perda de peso.”

 

Depois de receber este artigo de minha querida amiga Leonor, passei a adicionar meio pote de iogurte ao meu bolo do café da tarde, todos os dias! Uma delícia!

Pode-se fazer iogurte em casa, uma tarefa muito fácil.

Minha mãe sempre o fazia pois gostava de comê-lo com mel. Lembro que ela comprava as culturas vivas e depois de ferver o leite, adicionava-as ao líquido morno com algumas colheres de leite em pó e deixava a mistura descansar. Quanto mais tempo repousava, mais forte era o sabor.

Não vou dar nenhuma receita pois encontrei no Google incontáveis maneiras de preparar este alimento precioso.



Certa vez li a história de uma avó carinhosa que preparava o iogurte, misturava com geleia de frutas, gelava e oferecia aos netos como sorvete.

Assim enquanto eles se deliciavam com a sobremesa, ela ficava tranquila por estar provendo uma alimentação saudável às crianças. Ah, o amor incansável das avós!



Tarator, sopa fria de iogurte, água, pepino, nozes e ervas | Foto: Madhvi

 

Doce, salgado, frio, quente, em sopas, sucos, bebidas e bolos, aí está um alimento saudável e mais durável, para todos nós!

Le Chaim! Saúde! Agora para o mundo inteiro!




FONTES:

https://www.tabletmag.com/sections/food/articles/yogurts-long-journey?fbclid=IwAR0Ujfp6SpXwNnRa3gXLpdNHtvFUV3RqPVT3tr54RlWzl045lFigzwHOPm8

https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-42811572

https://www.istockphoto.com/br/search/2/image?phrase=iogurte

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Editorial - Educar para saber e para combater

 



Educar para o saber? Para combater? Para ser uma melhor pessoa?

Este tema é recorrente para nós pela sua grande importância na construção e manutenção de uma comunidade e da sociedade como um todo. 

Esta semana a parasha é Tetsavé, na qual Deus ordena a Moisés e Aarão como liderar, empodera os sacerdotes e detalha procedimentos do Templo, inclusive a vestimenta do Cohen. Uma ordem direta a Aarão é de que seja lá mantida uma luz permanentemente acesa - Ner Tamid - o que se mantém até hoje. Nossa chavurá mantém o fogo aceso, EshTamid.

É natural associar isto ao fato de a sinagoga ser um lugar que traz luz, um abrigo que ilumina quem o procura, onde há ou se sente a presença de Deus. O rabino e professor Jonathan Sacks disse que uma diferença importante entre a Grécia antiga e Israel é que os gregos acreditavam na santidade da beleza e os judeus falam da beleza da santidade, “hadrat kodesh”. A beleza tem poder e no judaísmo é um poder espiritual; poderia ser chamado de uma beleza moral. A espiritualidade judaica é mais sobre escutar do que olhar. Por isso cobrimos os olhos quando recitamos o Shemá Israel. Tiramos o mundo da vista e focamos no mundo do som, das palavras, da comunicação e do significado e não devemos deixar de valorizar o que expressamos.

Resulta inevitável associar a luz ao poder da educação porque é esta que, em tese, lembra o passado para consertar, no presente, o futuro; é ela que dissolve o pré-conceito e coloca informação e formação no seu lugar; é ela que pavimenta a convivência saudável e frutífera na sociedade. 

Esta semana muito chamou a atenção e ocupou a mídia um episódio de comunicação no qual pessoas conhecidas, influenciadores e produtores de leis mostraram-se despreparados para uma discussão sobre nazismo: falou-se no suposto direito à liberdade de odiar um povo inteiro, de eliminá-lo… de cultivar e fomentar o ódio. Não só esse não é um direito como, de fato, é um crime perante a lei em vigor. Banalizar este tipo de discussão só tem audiência porque muitos no público não tiveram uma formação básica consistente e “compram” o peixe, vendendo-o pouco tempo depois como o compraram.

Muitos outros famosos e diversas instituições judaicas e não judaicas repudiaram as falas de incitamento, e o mais importante foi a rápida e veemente reação de parte do público que assiste ao programa e pressionou os patrocinadores a cortar o aporte financeiro; ainda houve o rápido posicionamento dessas empresas e do programa em si: patrocínio cortado e podcaster sumariamente demitido. Vozes dentro e fora da comunidade explicaram aos desavisados que o nazismo perseguiu e matou, além de judeus, muitas minorias como negros, homossexuais, deficientes… o pensador mais citado nos comentários destes dias foi Karl Popper por ter proferido o "paradoxo da intolerância: até que ponto a sociedade deve ser tolerante com os intolerantes?” 

Assim acreditamos que a real e única arma contra a intolerância é a educação, a luz que ilumina discussões construtivas e, basicamente, tece a cultura. 

Isso é exatamente a essência da Esh Ta na Midia, que foi criada para compartilhar fatos e opiniões que nos ajudem a todos a esclarecer, para ter os argumentos necessários para que nossos leitores possam também combater o antisemitismo local ou internacional.

A intolerância é global e existe em todas as partes, acontece fundamentalmente por ignorância e é assim que acaba com vidas de muitas maneiras diferentes, como aconteceu com Moise Kabagamba, refugiado congolês que fugindo da violência encontrou esta semana sua violenta morte aqui no Brasil.

Só educando para um mundo com mais conhecimento nos permite ser melhores. Educar para saber... para combater... procurando um Tikun Olam, um mundo melhor!


Ajudem-nos a fazer isso!


Boa semana a todos e Shabat Shalom!


Juliana Rehfeld e Marcela Fejes

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

VOCÊ SABIA? - Sinagoga de la Ghriba

 

Em tempos de muitas trevas e alguma luz nos horizontes judaicos, rumemos em direção à ilha de Djerba, na Tunísia, em busca de paisagens melhores.

Por Itanira Heineberg


Sinagoga El Ghriba (ou de la Ghriba) em Djerba, um oásis de coexistência pacífica no mundo árabe em atividade há mais de dois mil anos. 



Você sabia que a sinagoga de la Ghriba, templo judaico em Djerba - um dos principais marcos identitários dos judeus tunisianos e uma das comunidades judaicas mais antigas do mundo - conta uma bela história de convivência pacífica com muçulmanos e cristãos há mais de dois mil anos?

A ilha de Djerba, também conhecida como a ilha dos Cohanim (plural de Cohen, sacerdote), apesar de estar em uma região dominada por extremismo religioso mostra-se um exemplo de sucesso de integração pacífica entre judeus, cristãos e muçulmanos.

A vida dos judeus na Tunísia, há mais de dois mil anos segundo os historiadores, remonta à era púnica.

Seguindo a tradição local, os primeiros judeus de Djerba povoaram a ilha depois da destruição do templo de Salomão por Nabucodonosor II, em 586 a.C..

 

“Uma das portas desse templo teria sido incorporada à sinagoga de la Ghriba, que ainda hoje existe no centro da ilha.

Os judeus djerbanos reclamam-se descendentes de exilados de Jerusalém que foram para a ilha após a destruição do Templo de Salomão.

Segundo outras versões, os judeus ter-se-iam instalado em Djerba em 71 d.C., quando Jerusalém foi destruída por Tito. A comunidade viveu durante séculos praticamente isolada do resto do mundo judaico, «petrificada nas tradições hebraicas mais antigas».

A sinagoga de la Ghriba, situada na aldeia de Hara Sghira (oficialmente Er Riadh), 9 km a sul de Houmt Souk, é muito antiga e célebre entre os judeus de origem africana. A crer nos rabinos djerbanos, os primeiros judeus que chegaram à ilha levaram com eles alguns manuscritos das Tábuas da Lei, que salvaram das ruínas do Templo de Jerusalém destruído por Nabucodonosor, bem como algumas pedras daquele templo sobre as quais construíram o santuário.

Todos os anos, três semanas após a Páscoa judaica, a sinagoga atrai peregrinos vindos do mundo inteiro, principalmente da Europa e da África do Norte, que levam em procissão as Tábuas da Lei para o exterior da sinagoga, num baldaquino multicolorido.”


Mercado de Ajim em Djerba

Em 1976 algumas ruas de Ajim viraram cenários para rodagem do primeiro filme da saga Star Wars, Guerra das Estrelas.



Em 2016 Kristen Mc Tighe afirmou com confiança:

“Mezuzás estão pendurados nas portas, enquanto jovens usando quipás se reúnem nas esquinas das ruas de bairros empoeirados. Mulheres com saias longas e véus cobrindo os cabelos passam em frente a açougues kosher.

Aqui neste enclave isolado no meio do mundo muçulmano está Hara Kabira, a maior de duas vizinhanças judaicas no sul da ilha tunisiana de Djerba, onde judeus, cristãos e muçulmanos vivem e trabalham lado a lado pacificamente.

 

A comunidade tem resistido ao tumulto que abalou a região após a fundação de Israel, em 1948, e às mudanças após os levantes de 2011. Agora, com as atenções centradas na crescente onda de extremismo que tomou conta da região, a comunidade diz que sua intenção é ficar.

‘Pela graça de Deus, os judeus podem viver aqui e podemos nos multiplicar’, afirma Youssef Oezen, presidente da comunidade judaica de Djerba. A ilha viu sua população judaica – cujas raízes remontam ao exílio da Babilônia – cair de 5 mil em 1948 para menos de 700 em meados da década de 1990.

Mas, ao longo das últimas duas décadas, essa população começou novamente a crescer, aos poucos. Hoje, cerca de 1.100 judeus moram na ilha, segundo Oezen. Com a metade deles com menos de 20 anos, vivendo numa comunidade conservadora onde a regra é ter grandes famílias, ele afirma estar firme em sua crença de que esse número vai continuar a crescer.”

 

O muçulmano Madji Barouni, numa joalheira no antigo mercado de Houmt Souk, comenta: "Nós nos misturamos, respeitamos uns aos outros, essa é a situação normal".

Durante o dia, judeus trabalham ao lado de muçulmanos e cristãos como comerciantes em Houmt Souk, vendendo joias de ouro e prata, têxteis e suvenires. "Não há problemas", diz Barouni, no momento em que, ao fundo, se escuta a chamada para orações de uma mesquita nas proximidades.

Assim corre a vida para os judeus na Tunísia, onde 99% da população é muçulmana, de maioria sunita.

Apesar da integração com muçulmanos e cristãos, judeus preservam sua vida na comunidade judaica. Desfrutando relações amigáveis e cordiais com outros residentes da ilha, quando terminam seu trabalho a maioria dos judeus volta para casa, mantendo uma vida isolada em sua comunidade. Para os líderes judaicos, essa é uma forma de proteger tradições e resistir à assimilação. Apesar de sua resistência, a comunidade não escapou de todo o tumulto que atingiu a região nas últimas seis décadas.

 

“Em 2002, um caminhão cheio de gás propano atravessou as barreiras na sinagoga El Ghriba e explodiu em frente do lugar sagrado, cerca de duas dezenas de pessoas, principalmente turistas alemães, foram mortas no ataque reivindicado pela Al Qaeda.

Quando os tunisianos se rebelaram, em 2011 (Primavera Árabe), para derrubar Ben Ali, e islamistas subiram ao poder nas primeiras eleições livres, mais uma vez surgiu o medo de que os judeus tunisianos sofressem perseguições. Na sequência do levante, diversos cemitérios judaicos teriam sido violados, e foram reportados diversos incidentes contra a comunidade.

Mas, numa de suas primeiras medidas após subir ao poder, Rashid Ghannoushi, o chefe do Nahda, o principal partido islâmico da Tunísia, enviou uma delegação até os judeus em Djerba num esforço para assegurar à comunidade que ela seria protegida.

Hoje, os esforços do governo para proteger os judeus da ilha são visíveis. A polícia está estacionada nas entradas de Hara Kabira para monitorar quem entra e quem sai, e postos de segurança estão espalhados por toda a vizinhança."


Uma imagem de tolerância



E todo ano, no 33º dia do Lag Baômer, dia festivo no calendário judaico, entre Pessach e Shavuot, acontece a peregrinação anual judaica à ilha, quando judeus de todos os cantos do mundo para lá se dirigem, hospedando-se no albergue ao lado da famosa sinagoga durante a celebração das festas.

 

“Protegidos pela polícia armada tunisiana, judeus dançam e cantam em uma peregrinação de três dias à sinagoga El Ghriba, localizada em Djerba, a 500 km ao sul de Túnis.”

 

Assistamos agora a este bem feito vídeo, mostrando em detalhes a sinagoga que todos desejam visitar.

Aproveitemos para fazer uma peregrinação virtual a este templo sagrado estabelecido em um distante terrotório árabe onde os judeus são preservados e respeitados:  



Mapa da Tunísia com a ilha de Djerba à direita.


“Assim, nesta ilha-encruzilhada, as populações berberes, judeu-berberes, árabes, africanas islamizadas, negras, alguns turcos e mesmo velhos pescadores malteses se encontraram e viveram pacificamente, mas sem se misturarem. A barreira religiosa, apesar da proximidade das raças, constituiu um obstáculo quase intransponível e os casamentos, pelo carácter endogâmico, permitiram manter uma certa homogeneidade étnica.”       

— Salah-Eddine Tlatli, 1967[96], em seu Livro a Ilha dos Lotófagos (comedores de lótus).



Ponte de El Kantara, também chamada de calçada romana, que liga a ilha ao continente.

 

 

FONTES:

https://stringfixer.com/pt/Tunisian_Jew

https://www.dw.com/pt-br/um-o%C3%A1sis-de-coexist%C3%AAncia-pac%C3%ADfica-no-mundo-%C3%A1rabe/a-19280835

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/04/judeus-fazem-peregrinacao-anual-a-sinagoga-mais-antiga-da-africa.html

https://exame.com/mundo/judeus-fazem-peregrinacao-anual-a-sinagoga-mais-antiga-da-africa/

https://www.viajecomigo.com/2016/05/22/sinagoga-la-ghriba-djerba-tunisia/


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

EDITORIAL: ESTAR PRESENTES UNS PELOS OUTROS

CONSTRUINDO o FUTURO - FATOS 

superando difamações          

02/02/2022 - 1 Adar 5782




Ao final do Shabat do dia 29 de janeiro, passeando pela Internet, encontro um vídeo do Rabino Yosef Yitzchak Jacobson, da Beth Midrash Or Chaim em Monsey, NY. Um excelente orador que prega a importância de concordar e discordar, a importância de reconhecer a diversidade e a importância de cada um estar presente quando o outro precisar. O foco eram os diferentes ramos da comunidade judaica, citando ateus, ortodoxos, conservadores, liberais e muito mais. 

Escutar esta fala após a leitura de Mishpatim, que embasa a diversidade da vida judaica, deu a certeza de que esta semana seria muito fácil escrever! Abrigar a diversidade e estar presente para o outro ao invés de querer encontrar sua imagem no próximo é o passo necessário para a convivência harmônica.

Vamos seguir para novos tempos.



No domingo o Presidente de Israel, Itzhak Herzog, chegou aos Emirados Árabes Unidos. Encontrou-se em Dubai com o Príncipe Regente, Sheik Mohamed bin Zayed Nahyan, para a assinatura de acordos que expandem a cooperação entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. Os dois chefes de estado escutaram juntos os hinos nacionais deixando expresso o novo momento que vive a região. Foi rompida uma barreira que há alguns anos, para a grande maioria das pessoas, pareceria intransponível.

No dia 2 de fevereiro o Ministro da Defesa de Israel, Beny Gantz, encontrou-se com Abdullah bin Hassan Al Nuaimi, o Ministro de Defesa de Bahrein. Gantz voou com um avião das forças aéreas israelenses, segundo o Jerusalem Post o mesmo que trouxe Anuar Sadat a Israel em sua primeira visita em 19 de novembro de 1977. Gantz relata em sua conta no twitter (@gantzbe) a forma especial com que foi recepcionado.

Simultaneamente, no Brasil e no mundo, há um desenrolar de atividades que difamam o Estado Judeu e o Sionismo - formas de antissemitismo que querem varrer Israel do mapa. No caso da Anistia Internacional, foi apresentada uma declaração sem fundamento e rejeitada por muitos países e ignorada por outros. Ocupa páginas de mídia eletrônica, escrita de forma a que as águas revoltas do antissemitismo continuem mostrando que devemos trabalhar pela paz. O mesmo acontece no Brasil, dentro do seio da Universidade de Brasília, mas estes também são grupos de intelectuais que lateralizam e deixam de conhecer a verdade.

É sempre preciso lembrar que Israel é um país que tem um parlamento (Knesset) eleito democraticamente com representação de todas as correntes do Povo Judeu e também dos cidadãos israelenses não judeus. As minorias têm acesso a educação e saúde da mesma forma e todos têm o direito de servir o exército e pagar a universidade... SIM - desde os berçários até o ensino médio, a educação é pública. Usando a fala dos israelenses: paga com os impostos. 

Assim, esta foi uma semana de grandes emoções. E vou encerrar colocando um texto que vem circulando entre amigos e que mostra que o futuro pode ser imprevisível, mas que deve ser construído de forma segura para podermos aproveitar os sinais que chegam a cada momento.

Desejo a todos uma boa semana!

Regina P. Markus


"RECORDAR É VIVER E NADA É COINCIDÊNCIA. 

UM FATO:

No meu Bar mitzvá ganhei um sidur ( livro de rezas) do sr Chaim Gueller z"l o idoso e saudoso gabay da sinagoga de copacabana e muito amigo do meu zeide gershon Kleiser .

Tinha uma dedicatória bacana que ele escreveu na contra capa.

Com 14 anos levei o sidur pro meu passeio a Israel com minha turma do Barilan.

O sidur sumiu. Desapareceu. Procuramos em todos os lugares e nada.

Os anos se passaram e eu já formado médico pela UFRJ  vim pra Israel ainda como turista e passei na prova pra ser medico aqui ( muito parecida com o então step 2 americano).

Estava também com minha então namorada e hoje esposa israelense aguardando eu " tomar uma decisão".

Tinha dúvidas pessoais e profissionais, receios, pontos de interrogação.

E quando um bom  judeu tem esse sentimento , nada melhor do que ir ao Kotel ( o Muro das Lamentações) e dar uma boa rezadinha no local com o wifi mais forte e banda larga no contato com o Chefe supremo.

Queria pedir ajuda, encaminhamento, saber se minhas decisões realmente são as mais acertadas.

Chegando no Kotel, me preparando pra rezar, uns judeus me perguntam se posso completar minyan (10 judeus formam um minyan) e rezar com eles.

Digo que sim e pego automaticamente o primeiro sidur de uma pilha de sidurim que estavam em uma das dezenas de mesas com sidurim em frete ao Kotel.

Quando olho pro sidur sinto um dejá vu...

Aí abro ele e absolutamente estarrecido vejo a dedicatória :

 "Ao jovem chatan habar mitzvá  Arie Leib (Leonardo) Fuks neto de meu grande amigo Gershon...

Que o eterno sempre te guie para tomar as decisões certas e que tenha benção em teus atos ".

Sim. 10 anos depois de te-lo perdido encontrei o meu Sidur exatamente quando mais precisava dele.

Fiz aliá , casei e baruch hashem hoje moro em Jerusalem e trabalho aqui como pneumologista.

Nao existe acaso no universo

Cordialmente

Leonardo Fuks

Jerusalem"