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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

VOCÊ SABIA? - A biodigestora isralense

 

Por Itanira Heineberg

Cozinhar alimentos com combustíveis a partir de madeira e carvão?  Trágicas consequências: até 4,3 milhões de mulheres e crianças morrem a cada ano direta ou indiretamente sob seus efeitos.

Fonte: OMS - Organização Mundial da Saúde



MAS... Você sabia que uma ferramenta construída por israelenses transforma lixo orgânico em biogás?

Sim, ela existe, já foi testada, aprovada, beneficiando comunidades em desenvolvimento e populações carentes.



Chama-se BIODIGESTOR, e opera a partir da energia gerada por alimentos orgânicos, os restos de comida, “esta energia que é convertida em combustível biogás, uma combinação de gás metano e dióxido de carbono. Este combustível pode ser usado para cozinhar ou aquecer ambientes, sem gerar odores desagradáveis, já o líquido gerado após o uso do gás pode servir como fertilizante para a terra.”


Esta invenção, a HomeBioGas TG, resultou de anos de estudos sobre outros aparelhos com finalidades semelhante existentes na China e na Índia.


“A equipe israelense chegou à conclusão de que as populações carentes precisavam de um modelo inteiramente novo, a fim de ser lançado na América Latina, Ásia e África. O produto foi testado primeiramente numa comunidade beduína em Israel e hoje é vendido separadamente por $2,500 dólares.”


O biodigestor residencial israelense que promove o uso e aproveitamento de resíduos de uma casa chegou ao mercado brasileiro em 2012.

Lançado aqui por Yair Teller, o negócio se expandiu para outras partes do globo.




Através de uma cultura de bactérias presente no reator do produto, cascas, ossos, restos de alimentos e fezes de animais transformam-se em matéria-prima para a geração de biogás.


“O sistema é integrado ao fogão da cozinha, para que o gás produzido possa ir direto do biodigestor israelense para seu uso final. A empresa fornece a instalação dos canos necessários para a adaptação do fogão ao gás do HomeBiogas. Isso permite que os restos de uma refeição ajudem a cozinhar a próxima, em um sistema que otimiza os recursos domésticos e produz energia sustentável.”



O Consulado Geral de Israel doou um aparelho para o Lar das Crianças da CIP (Congregação  Israelita Paulista) , uma solução ambiental que oferece oportunidades de economia para a instituição e uma aula de como proteger o meio ambiente para as crianças e jovens acolhidos.

O Lar das Crianças é uma instituição sem fins lucrativos, pertence à Congregação Israelita Paulista, que visa a oportunidade de desenvolvimento para 460 crianças e adolescentes.

O biodigestor israelense é de fácil manejo podendo ser montado pelo próprio consumidor. 


“Depois de deixá-lo em pé, é preciso encher um reator com água e adicionar uma cultura de bactérias, enviada pelo fabricante e responsável pela transformação da matéria orgânica em gás. É após duas semanas da adição de alimentos ao sistema que o gás começa a ser produzido, sendo que a quantidade gerada pode chegar ao suficiente para cozinhar por três horas seguidas todos os dias.”

 

O ideal é instalar o HomeBiogas residencial em um local arejado, com sol, para que as bactérias se multipliquem rapidamente com o calor do ambiente. Sendo o processo anaeróbio, não surgem problemas com odores e o aparelho pode ficar perto das residências.


“A manutenção é simples: deve-se observar sempre a válvula, que tem que estar no mesmo nível da água, e a limpeza do biodigestor israelense é feita através de um dreno de fundo.”

 

Além de todas as vantagens acima, o HomeBiogas também produz um biofertilizante que pode ser coletado em algum recipiente e distribuído pelas plantas e flores de canteiros e hortas. Se não houver esta alternativa, deve-se descartar o líquido em qualquer local, evitando sempre rios e nascentes em geral.



Biodigestor residencial ou para empresas, como até produzir óleo diesel para caminhões, uma grande descoberta de Israel em benefício da humanidade.

E eu, com meus parcos conhecimentos científicos, fico aqui matutando: não seria esta engenhoca israelense uma grande solução para a Europa e seus habitantes, nestes dias de guerra na Ucrânia, bombardeios em usinas nucleares e outras, corte de combustível, uma eficiente solução sustentável para os europeus se aquecerem e cozinharem seus alimentos?

 

Produção de biogás a partir de dejetos urbanos e rurais.


FONTES:

https://academialixozero.com.br/2022/05/12/equipamento-criado-israelenses-trasnforma-lixo-organico-biogas/

https://homebiogas.com.br/

https://casadasustentabilidade.wordpress.com/2015/07/08/equipamento-criado-por-israelenses-transforma-lixo-organico-em-biogas/

https://www.ibahia.com/sustentabilidade/conheca-a-maquina-que-transforma-lixo-organico-em-biogas

https://www.hypeness.com.br/2015/07/equipamento-criado-por-israelenses-transforma-lixo-organico-em-biogas/

https://www.ecycle.com.br/biodigestor-israelense/

https://energiaebiogas.com.br/biodigestor-e-doado-pelo-consulado-geral-de-israel-em-sao-paulo-para-o-lar-das-criancas-da-cip

https://portalresiduossolidos.com/como-funcionam-os-biodigestores/

 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

VOCÊ SABIA? - Lord Jonathan Sacks, Príncipe Harry e o Perdão


Lord Jonathan Sacks, Príncipe Harry e o Perdão

 Por Ana Ruth Kleinberger


O Grão-Rabino do Reino Unido “perdoou” o Príncipe Harry


Você sabia que quando tinha 21 anos, o Príncipe Harry levou um sermão de Lord Jonathan Sacks, então Rabino Chefe da Grã-Bretanha?

 

Em 2005 o Príncipe Harry foi fotografado usando um uniforme nazista numa festa à fantasia – incidente que levou a uma condenação generalizada e a uma séria conversa com seu pai, na época Príncipe Charles.

Harry então foi enviado para ter um encontro com o Grão-Rabino da Grã-Bretanha, Lorde Jonathan Sacks, que à época era o Rabino Chefe do Reino Unido.

De acordo com sua recém-publicada biografia, ”Spare - O Que Sobra”, o Rabino Sacks não mediu as palavras:

 

“Meu pai me mandou falar com um homem santo, de barba, óculos, um rosto com rugas profundas e olhos escuros e inteligentes. Tinham me dito que ele era o Rabino Chefe da Grã-Bretanha, mas eu imediatamente percebi que ele era muito mais que isso. Um estudioso famoso, um filósofo religioso, um escritor prolífico com mais de duas dúzias de livros publicados, e que tinha passado muitos de seus dias olhando pelas janelas e pensando sobre as causas das raízes da tristeza, do mal e do ódio.

Ele não mediu palavras e condenou minhas ações.

Eu tinha chegado à sua casa sentindo vergonha, e agora sinto algo mais, uma autocondenação sem fim. Mas este não era o objetivo do rabino, e certamente não era como ele queria que eu saísse de sua casa.

Ele me disse para não ficar arrasado pelo meu erro, mas sim motivado. Ele falou comigo com as qualidades encontradas naqueles que são realmente sábios e que sabem verdadeiramente perdoar.”



“Este deve ser o livro mais estranho já escrito por um membro da realeza da Inglaterra.” - BBC

 

FONTES:

https://unitedwithisrael.org/prince-harry-uks-chief-rabbi-offered-forgiveness-after-nazi-uniform-scandal/

https://www.bbc.com/portuguese/geral-64235030

ACONTECE... 25 e 27 de janeiro - Bo בא

Acontece... pensando em datas que se completam:

Segunda-feira   23 Jan - 1 Shvat  (שבת)
Quarta-feira      25 Jan - Fundação da Cidade de São Paulo (569 anos)
Sexta-feira        27 Jan - Libertação de Auschwitz
Parasha da Semana - Bó - Shemot (Êxodo 10:1-13:16).


Esta é uma semana em que as datas chamam a atenção. Eventos que se repetem anualmente tanto no calendário judaico quanto no calendário comum coincidem e permitem que nossas mentes voem pelo que já foi comentado sobre os diferentes tópicos. Muitas vezes, estes comentários podem receber citações específicas - e em outras, após as leituras, formamos a famosa "sopa de letrinhas" que pode gerar uma nova combinação. As letras em hebraico do mês de Shvat (שבת) são as mesmas letras de Shabat (שבת) e formam o acróstico da frase BeShimá Besurot Tovot, que pode ser entendido como "escutar boas notícias" e interpretado como a benção aos que partilham boas notícias. Juntar todas estas datas é uma linda forma de projetar o futuro.

Muito falamos sobre a Shoá, os sobreviventes e os depoimentos que têm feito ao longo destes 80 anos. Mas este ano a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) e várias outras entidades promoveram um evento especial. Brasileiros naturalizados, que viveram nesta cidade maravilhosa a maior parte de suas vidas, homenageiam os 469 anos de São Paulo e agradecem de forma pessoal a acolhida. Cliquem nos números para descobrir os muitos eventos programados. (1; 2; ato público, depoimento dos sobreviventes).



Aqui vão mais alguns eventos desta semana:


Museus que lembram o Holocausto no Brasil
Museu do Holocausto de CURITIBA;
Museu Judaico de São Paulo;
Memorial da Imigração Judaica São Paulo (fundado em 1912);
Memorial do Holocausto Rio de Janeiro (inaugurado em 2023).

Coloquem nos comentários outros links que acharem interessantes e adicionamos a esta página.


NESTA MESMA SEMANA - a LIBERDADE narrada no século XX e há  aproximadamente 3500 anos têm aspectos comuns. Vamos a eles:

Na parashá Bó (Shemot 10:1 - 13:6) são relatadas as últimas três das dez pragas do Egito. O coração do Faraó estava endurecido, ou será que por morar encastelado não tinha a real dimensão do que ocorria? Até a nona praga o Faraó chegou a negociar a possibilidade de Moisés partir apenas com os homens, que eram a força de trabalho escrava, mas isto nunca foi aceitável. Um povo é um povo quando todos os seus integrantes, homens, mulheres e crianças são considerados. As diferenças individuais fazem parte do coletivo. Assim, Moisés parte com todo o Povo. Num paralelo muito triste, quando o regime nazista decide acabar com os judeus, este também não diferencia entre homens, mulheres e crianças. Entre os que professam ou não a religião judaica, ou que tenham diferentes graus de instrução formal ocidental. 

Um outro paralelo que considero muito importante é que nesta parashá aprendemos o que é a liberdade, e ao longo de todo regime nazista muitos daqueles ensinamentos já estavam tão consolidados na cultura judaica que foram seguidos de forma natural e permitiram que o nazismo hoje se tornasse o passado de um Povo Vivo! Há muitos relatos de sobreviventes de estudos nos ambientes mais difíceis. Crianças que aprenderam a ler e escrever em esconderijos e mesmo em guetos e campos de concentração. Estudar e saber a sua história! E hoje, ao relatar as histórias para judeus e não judeus e também histórias de todos que sofreram faz parte de uma projeção para o futuro. Neste contexto, não podemos esquecer os muitos relatos de Justos Entre os Povos que salvaram muitas vidas naquele período tenebroso da história da humanidade. 

Voltando à Torah, o comentário feito há anos pelo saudoso Rabino Jonathan Sacks z'l (The Rabbi Legacy) sobre esta longa parashá é exemplar. Moisés, ao falar aos israelitas antes de obterem a permissão de sair do Egito, não menciona o destino final, ou o percurso. Há um comando claro "Contem aos seus filhos esta história". Faça da maneira mais objetiva para que todos possam captar. Faça com que as crianças perguntem. Conte a história como se você estivesse saindo do Egito. Você estivesse se preparando para deixar a escravidão e chegar à liberdade". Esta história tem que ser contada de maneira pessoal e adaptada a todos os tempos. A liberdade não é alcançada por abrir celas, tirar grilhões ou imigrar de um terra de escravidão. A liberdade é alcançada através do conhecimento e do questionamento.

Assim, quantos sobreviventes da Shoá e de outras tragédias que aconteceram ao longo dos séculos não relatavam a importância de comemorar PESSACH - PÁSCOA - Passsagem - que é a festa judaica descrita com detalhes na Parashá Bó. Porque a identidade é formada pelas muitas histórias que os pais, avós e bisavós (e aqui apenas honro o português, entendendo que estou mencionando pais e mães, etc) contam a respeito do passado de cada família e também do passado do Povo Judeu.

Esta semana também aprendemos que não basta contar, mas é preciso escutar perguntas dos ouvintes para que cada um possa construir a sua narrativa. Narrar e contar podem ter o mesmo significado ou significados diferentes. Sim, todos sabemos que contar é uma operação que envolve números. Novamente, tanto o que ocorreu na Shoá como no Egito mostram que os números são de grande relevância para validar as narrativas, mas que muitas vezes estas podem ser superadas por dados frios.

Volto agora ao início deste texto, lembrando que atualmente ACONTECE um fato que também envolve narrar e contar. Muitas narrativas falsas vem sendo criadas e validadas pelo número de pessoas que atingem e o número de vezes que são repetidas. Portanto, neste mês de SHVAT - beShimá Besurot Tovot - escutar notícias boas, ou em termos atuais escutar e transmitir narrativas reais, é a base para não sermos escravizados por grupos que querem reescrever a história.

Esta será um semana intensa! Que possamos aproveitar a primeira semana de Shvat para narrar e contar, para escutar e transmitir!

Regina P. Markus


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

ACONTECE - 18 - CHAI - חי - VIDA


As letras hebraicas, assim como as romanas e gregas, também significam números: o 18 é formado pelas duas letras lidas como RAI - vida. No Museu de Yad Vashem, em Jerusalém, foram depositadas as memórias do Holocausto - Shoá - e há também depoimentos dos sobreviventes. Passados 78 anos do final da II Guerra Mundial, o número de sobreviventes vai se reduzindo e a lembrança daqueles dias de terror passam ao contexto da história. 

18 de janeiro de 1944 - um número que aponta duas vezes para a vida: dia (18) e ano (1+9+4+4 = 18). Foi quando ocorreu a Marcha da Morte. Dias antes dos russos chegarem ao Campo de Concentração de Auschwitz, a pé, sem roupas adequadas para o inverno polonês, os prisioneiros foram obrigados a seguir até Mauthausen. Sessenta mil pessoas seguiram nesta marcha, sem alimento e com uma bala e a morte os esperando a cada vez que eram obrigados a parar. 

No dia 18 de janeiro, nas Embaixadas de Israel, são servidos bolinhos de falafel em homenagem aos Sobreviventes do Holocausto no dia da Marcha de Morte. OI?  O que Acontece?  É neste contexto que as histórias pessoais se cruzam com a história formal e a VIDA é projetada mesmo dos episódios mais sórdidos da história.

O sobrevivente David "Dugo" Leitner conta que sobreviveu à Marcha da Morte encontrando forças no que sua mãe havia dito: "Em Israel há bolinhos à vontade para todos". E ele continuou andando... Hoje mora no Moshav que fundou, Nir Galim, e está rodeado de uma linda família. Dugo come bolinhos de falafel todos os dia 18 e os oferece aos que estão no mercado Mahané Yehuda em Jerusalém. Em 2019 o então presidente de Israel, Reuven Rivlin, convidou Dugo para um almoço no dia 18 de janeiro em que falafel era o tema principal. 

Assim segue a corrente da VIDA: ressignificando lembranças pessoais que fazem parte de um contexto maior. 

Esta tem sido a saga dos hebreus - judeus - filhos de Jacob pelo mundo. 

Vamos dar um salto para o passado e focar sobre a mulher e as profissões no Mundo Grego e no Mundo Judaico. Em post publicado no dia 16 de janeiro no grupo “História e Cultura no Mundo” no Facebook é contada a história de Agnodice, nascida em 300 aEC. Queria estudar medicina, o que era proibido para mulheres; então corta o cabelo e entra na faculdade de Alexandria passando-se por homem. Mantém a farsa depois de formada para poder instalar uma clínica, mas seu disfarce é descoberto quando atende uma mulher que estava em trabalho de parto. Agnodice chega e revela seu gênero para que a mulher permita que a toque e salve sua vida e a do filho. Mulheres doentes passaram a dar preferência a Agnodice, que viu sua clínica aumentar, e com isso desperta a inveja dos homens. Ela é processada e condenada à morte. Suas pacientes, muitas delas esposas dos juízes que haviam condenado Agnodice, se revoltam, pressionam e conseguem que a sentença seja suspensa. Mais ainda, depois disso, mulheres passam a poder frequentar a Faculdade de Medicina de Alexandria e outras cidades gregas.


Placa mostrando Agnodice no trabalho escavada em Óstia na Itália

Após contar a história dos Gregos perguntamos se há semelhança com o Povo Judeu na antiguidade. Logo lembramos das parteiras que ajudaram Yocheved quando Moshé nasceu e que tem seus nomes (Sifrá e Puá) citados no livro de Shemot (Nomes, como tradução, Números como conhecido na Bíblia vulgata). Vamos mais longe: Débora, a juíza, comandou exércitos; as filhas de Rashi, o grande comentador da Torah, no século XI (Europa Ocidental) atuavam em julgamentos judaicos. No mundo recente as mulheres em Israel e as mulheres judias no mundo se destacam. Mas no mesmo mundo recente ainda há importantes nichos que impedem esta atuação, inclusive com penas de morte.


BUSCAR A VIDA - E A VIDA QUE INCLUI E COMPARTILHA - tem sido uma forma de ACONTECER.




 


segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

VOCÊ SABIA? - Zoo de Colônia

 

Por Itanira Heineberg

Zoológico de Colônia, na Alemanha, recebe doação de 26 milhões de dólares de casal de sobreviventes do Holocausto.

“Não tivemos crianças, nossos filhos são o Zoológico” - Elizabeth Reichert



Você sabia que um casal deixou uma doação de 26 milhões de dólares para um Zoológico alemão em homenagem à cidade onde nasceram, se conheceram e sofreram juntos os horrores da guerra e do Holocausto - e da qual nunca se esqueceram?

As justificativas desta generosa doação foram o amor pelos animais e o reconhecimento pela cidade onde ambos sobreviveram à Segunda Grande Guerra graças a ajuda de seus moradores.

Falando ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger, Elizabeth Reichert disse que deste modo o dinheiro seria "bem utilizado". "Quando você pensa para quem deseja doar seu dinheiro, as recordações têm um grande papel", acrescentou.

Esta decisão da família doadora também tinha em vista beneficiar, ao longo do tempo, os residentes da Renânia, Alemanha Ocidental, região às duas margens do médio e baixo Reno.

Durante a guerra Arnulf, vizinho de Elizabeth, foi enviado para um campo de concentração mas obteve permissão para se refugiar na propriedade de sua tia. A jovem logo se juntou à resistência clandestina alemã.


“Foi assim que conheci Arnulf, e foi assim que nos reunimos em 1944, porque eu conhecia todas as pessoas do underground”.

“Arnulf viveu escondido em Colônia, evitando os nazistas. Nós nos reuníamos durante a noite”, disse Elizabeth.


Após a liberação da Colônia em 1945 eles se casaram e alguns anos depois mudaram para Israel. Cinco anos mais tarde, seguiram a mãe de Reichert para os Estados Unidos onde se estabeleceram em Nova Jersey.

 

“O marido e a esposa foram amantes de animais, viveram uma longa vida e não tiveram filhos. Assim sendo, antes da morte de Arnulf em 1998, eles decidiram deixar um presente substancial para a cidade onde se conheceram e que ocupava um lugar especial em seus corações.”

 

“Significou muito para meu marido”, disse Reichert. “Esse era o desejo dele – que tudo o que tivéssemos quando morrêssemos fosse doado ao zoológico de Colônia. Colônia é nossa cidade natal.”


Zoo de Colônia


Em 2015 o banco de Reichert contactou o zoológico pela primeira vez sobre a doação. O diretor financeiro do Zoo, Christopher Landsberg, ficou muito surpreso, pensando que poderia ser uma cilada. Mas rindo, o banqueiro respondeu:

 

"Não, não, sou um banqueiro de verdade e tudo é real aqui."


Elizabeth e Landsberg


“Reichert planejava doar US$ 22 milhões para uma fundação que investiria o dinheiro e pagaria uma renda regular ao zoológico, perpetuamente. O acordo foi finalizado nos últimos meses, disse Landsberg, depois que ele voou para Nova Jersey em maio para se encontrar com Elizabeth Reichert.”

 

“Vamos gastar o dinheiro para ampliar os recintos, para otimizar os recintos, para torná-los mais agradáveis ​​para os animais e também para as pessoas, disse ele. Grandes heranças filantrópicas são raras na Alemanha. “É muito especial.”

 

Um pavilhão sul-americano será construído e receberá o nome de Arnulf Reichert.

Mas não pensem que este foi o primeiro presente do casal para o Zoo de Colônia.

Já em 1954, eles trouxeram uma tartaruga de casco mole do rio Jordão e a ofertaram ao Zoo.

Elizabeth deliciou-se ao contar como a tartaruga sobreviveu a uma viagem terrível de 8 ou 9 dias, dentro de um saco de aniagem, como passageira do navio para Nápoles, Itália: 

 “Tentamos alimentar a tartaruga quando estávamos no barco com frios da mesa”, disse ela.

O longo amor vivido por este casal e a transferência de afeto paternal/maternal para os animais ficam explícitos nas palavras de Elizabeth que faleceu recentemente aos 96 anos:

 

“Somos grandes amantes dos animais e sempre nos preocupamos com o bem-estar deles. Meu marido se opunha fortemente à caça por esporte e odiava ver os animais sofrerem.”

“Ele era uma pessoa maravilhosa – não havia ninguém como ele.”

“Mais do que tudo, o presente é para homenagear meu marido”.

“É em memória dele, que era um ser humano maravilhoso”, disse ela.


Zoo de Colônia


FONTES:

https://www.dw.com/pt-br/segunda-guerra-mundial/t-17405494a-alemanha/a-64311548

https://www.dw.com/pt-br/milion%C3%A1ria-deixa-heran%C3%A7a-para-zool%C3%B3gico-da-alemanha/a-64311548

https://www.dw.com/pt-br/vi%C3%BAva-americana-doa-fortuna-ao-zool%C3%B3gico-de-col%C3%B4nia/a-40334129

https://sobralpopnews.com.br/sobrevivente-da-2a-guerra-mundial-deixa-uma-heranca-de-r-133-milhoes-para-zoologico-na-alemanha/

https://www.revistaplaneta.com.br/milionaria-deixa-heranca-para-o-zoologico-de-colonia/

https://www.opovo.com.br/noticias/mundo/2023/01/07/casal-sobrevivente-de-holocausto-nazista-doa-fortuna-a-zoologico-alemao.html

https://abcnews.go.com/International/american-widow-holocaust-survivor-give-22-million-german/story?id=49577750

 

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

ACONTECE - Iniciando 2023 com novidades.

Iniciamos 2023 com uma nova sessão: ACONTECE!


Este será um espaço para continuarmos trazendo matérias assinadas por nossas editoras e por convidados, destacando fatos de momento e também contextualizando temas de relevância. O presente é tão fortuito - depende do que aconteceu e pavimenta o que acontecerá. No mundo do que aconteceu, há muitos fatos que o passado esconde ou revela; e são muito importantes para definir ações no presente. A EshTáNaMídia, iniciada em 2017, foi estruturada para mostrar fatos veiculados no dia-a-dia, mas também apresentar opiniões e comentários na sessão chamada EDITORIAL. Este ano, ela passa a ser conhecida como ACONTECE. A sessão continuará sendo assinada e revisada pelas editoras Juliana Rehfeld, Marcela Fejes e Regina P. Markus. Nesta nova fase, aumentaremos a contribuição dos membros de nossa comunidade. A sessão VOCÊ SABIA?, capitaneada por Itanira Heineberg, também poderá contar com novos colaboradores.


Relógio com Letras Hebraicas - Praga 

Vivemos tempos em que ACONTECER através de fatos e ideias é apenas uma questão de tempo e vontade pessoal. Se há dez anos esta parecia uma forma maravilhosa de entrarmos em contato com amigos, comunidades e colocarmos nossas opiniões à disposição do mundo, hoje sabemos que os mesmos meios podem ser usados para divulgar notícias falsas, criar propagandas enganosas e assim por diante.

A vida judaica é pontuada pela história dos judeus ao longo dos milênios começando pelos relatos da Torah, quando o povo judeu é constituído, e seguindo através de milênios de história. Espalhados pelos cinco continentes, guardando hábitos comuns e adquirindo hábitos e costumes de países e regiões em que viveram mais tempo, os judeus vão incorporando em seu calendário de memórias e comemorações novas datas a cada década.

Nesta década convivemos com os últimos sobreviventes do Holocausto. Uma simples questão de tempo. As crianças daquela época hoje chegaram aos noventa anos e alguns atingem os cem anos. Há grande preocupação em obter a história falada e os mais diferentes tipos de depoimentos podem ser encontrados em coleções em todo o mundo. Apesar da enorme destruição da vida judaica na Europa e de forma muito importante no Leste Europeu, ainda há edifícios e adornos de casas que registram as populações judaicas.

O leitor deve estar se perguntando: por que trazer este tema exatamente quando a coluna muda para o nome ACONTECE... para pontuar o presente. Para que o passado torne-se HISTÓRIA e, portanto possa fazer parte do presente, é preciso que seja conhecido formalmente e também que possa ser documentado.

Esta semana nos deparamos com dois fatos novos. O primeiro é que o tema HOLOCAUSTO passou a ser matéria regular nas escolas dos Emirados Árabes Unidos. Segundo notícia do StandWIthUs Brasil este evento acontece anos após a abertura do Museu do Holocausto. O conhecimento de fatos históricos por populações que não tiveram contato direto se dá pela educação informal, onde fatos são apresentados e documentados e também pela educação formal nas escolas. ACONTECE... baseado em fatos históricos e propagando estes para o futuro. Este fato novo, que visa aproximar povos através do conhecimento do passado, foi criticado pelo Hamas, movimento que nega a existência do Holocausto (The Algemeiner 11/01/2023; The Observatorial 10/01/2023, entre outros).

Negar a Shoá (Holocausto) é uma forma de apagar a história. Vale notar que no dia 4 de janeiro foi publicado um tuíte pelo prefeito da cidade de Lodz, na Polônia, apresentando objetos judaicos desenterrados de uma rua próxima ao Gueto de Lodz. Na eminência da remoção dos moradores do Gueto para os campos de extermínio, seus líderes enterraram os objetos judaicos para preservar a memória de uma vida plena que foi eliminada pelo Holocausto (Jewish Telegraphic Agency (JTA), 9/01/2023).


Objetos encontrados em 2023 próximo ao Gueto de Lodz - Polônia - tuíte do Prefeito de Lodz - Adam Pustelnik


Encerrando o ACONTECE, que é um presente ligado no tempo, queria deixar registrado o que é a JTA: uma agência que gera notícias do mundo judaico e de Israel para mídias de grande alcance. De acordo com a Wikipedia, A JTA foi fundada em 6 de fevereiro de 1917 por Jacob Landau em Hague, na Holanda. Eram coletadas notícias sobre comunidades judaicas ao redor do mundo e a atuação de soldados judeus durante a primeira guerra mundial. Em 1919 a agência mudou-se para Londres e em 1922, para Nova York. Em 1925, cerca de 400 jornais recebiam notícias da JTA. A história continua, e chegamos no dia de hoje com filiais por todo o mundo e também com uma parte das informações divulgadas de forma gratuita na INTERNET.

ACONTECE... ontem, hoje e amanhã. Se você tem algo a comentar, ou gostaria de ver divulgado um fato que está no nosso contexto, não deixe de encaminhar.

Aproveito para desejar, em meu nome e de toda a equipe ETNM, um 2023 maravilhoso!

Que possamos superar as dificuldades e curtir cada momento de realização. Tudo com muito amor e paz.

Regina P. Markus

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

VOCÊ SABIA? - A hora da Hora

 

 A hora da Hora: uma dança israelense contagiante que inspira e acolhe.

Por Itanira Heineberg



Você sabia que na vida comunitária ou religiosa do povo judeu, desde os tempos bíblicos, a dança sempre exprimiu alegria e regozijo? E com a criação do Estado de Israel, uma nova coreografia explodiu reconstruindo a velha pátria.

Em Êxodos conhecemos a alegria de Miriam, irmã de Aarão, ao atravessar o Mar Vermelho com sucesso, júbilo que se expressa em sua súbita dança e canto ao Senhor ao som de seu tamborim. Tanta felicidade enfim, livres do Faraó! Em sua animação, entusiasmo e gratidão, Miriam, a profetisa, inspirou outras mulheres que, sacudindo freneticamente seus tamborins, a acompanharam na dança e no canto de louvor e agradecimento. 



Milênios depois, orgulhosos de sua volta à terra prometida, os judeus de todos os cantos do mundo reúnem-se em campos e praças públicas para rodar, cantar e dançar ao som de suas canções folclóricas, em que todos de mãos dadas - adultos, velhos, jovens e crianças - tentam acertar o passo e sentir na pele e na alma a serotonina do momento.



”Foi com Baruch Agadati, dançarino e imigrante romeno, que a Hora surgia de maneira oficial na história de Israel. Com a performance do Teatro Ohel, o que ficaria conhecido como Hora Agadati foi um sucesso instantâneo em todo o país. Seria esse, também, um divisor de águas na cultura local. Foi naquele momento que, oficialmente, uma parte muito importante da cultura local surgia.”


Esta composição folclórica é uma mistura de danças judaicas e não judaicas oriundas de várias partes do mundo; uma forma de arte na Israel em constante desenvolvimento, inspirando-se na Torah e em estilos diversos de danças de nossos dias.



“Com o passar do tempo, coreografias e festivais surgiam na região, sempre agregando novos passos que chegavam junto com os novos imigrantes. Dessa forma, passos de danças como Sârba e Arcanul, por exemplo, também entraram no repertório de movimentos da nova Hora.”


O sucesso destes passos foram tantos que até hoje são lembrados e ensinados a quem quiser aprender a dançar a Hora.



No vídeo abaixo, em inglês, você pode aprender os passos da dança:



  

Em nossos dias encontramos a Hora em celebrações nacionais, comunitárias ou familiares. Ela faz parte do menu israelense da atualidade.

Como muitas de suas coreografias são simples, é normal que em qualquer oportunidade grupos de pessoas se juntem aos músicos de rua numa roda de Hora.



De Israel para o mundo, os judeus da diáspora rapidamente adotaram a Hora.

Como exemplo, o maior festival de Dança Israelense da América Latina ocorre sistematicamente no clube Hebraica de São Paulo.

E Israel também acolhe o maior festival de dança israelense do mundo. Desde 1988, um festival internacional de dança folclórica de três dias de duração é realizado anualmente em Carmiel, cidade da Galileia central, com a participação das companhias de todo o mundo.


Festival de danças em São Paulo, clube Hebraica.



Com os primeiros pioneiros vieram as danças dos seus países de origem, amoldando-se ao novo habitat. E foi assim que a Hora, dança romena, engalanando a nova vida a ser construída na terra de Israel, foi experimentada e aplaudida pelos novos imigrantes. O círculo fechado a todos envolvia sem apontar diferenças; eram todos iguais. Os movimentos simples convidavam os presentes, mesmo aqueles sem experiência na arte, e o entrelaçamento dos braços simbolizava a nova filosofia, os novos princípios e valores.

 

“O entusiasmo cresceu, criando-se um gênero multifacetado de dança folclórica adaptado a canções israelitas populares, incorporando vários estilos como a debka árabe, elementos retirados do jazz norte-americano, ritmos latino-americanos e cadências típicas dos países do Mediterrâneo.”

 

Benefícios da Dança Circular:

desenvolvimento da consciência corporal;

fortalecimento da coordenação motora;

valorização de atitudes cooperativas;

valorização da empatia;

ampliação de sentimento de pertencimento;

sensibilização e senso de organização coletiva;

desenvolvimento de noção de ritmo através da música.



Creio ser indescritível o amálgama de emoções experimentadas por estes primeiros colonos ao estabelecerem-se finalmente em sua terra de sonhos e, com suas próprias mãos, criando, dançando e trabalhando, participarem da reconstrução de sua pátria!

 

FONTES:

https://embassies.gov.il/Lisboa/AboutIsrael/Culture/Pages/CULTURA-Danca.aspx

https://www.rfi.fr/br/podcasts/brasil-mundo/20210619-conhe%C3%A7a-a-rikudei-am-dan%C3%A7a-folcl%C3%B3rica-que-tornou-brasileiro-refer%C3%AAncia-em-israel

https://israelemcasa.com.br/hora-a-danca-folclorica-israelense/

https://www.todamateria.com.br/danca-circular

https://www.masaisrael.org/pt-pt/program/masa-kibbutz-contemporary-dance-company-international-dance-journey-program/

https://embassies.gov.il/luanda/Israel/Culture/Pages/CULTURA-Danca.aspx

https://www.biblegateway.com/passage/?search=%C3%8Axodo%2015&version=ARC

https://estiloadoracao.com/historia-de-miriam-na-biblia/

https://www.biblegateway.com/passage/?search=%C3%8Axodo%2015%3A20-22&version=ARC