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segunda-feira, 28 de junho de 2021

VOCÊ SABIA? - A obsessão da ONU por Israel

 

1945 - Um Mundo Destruído pela Guerra - Mas Resta Ainda Esperança por uma Paz Duradoura

A ONU surgiu para garantir a Paz e a Segurança do mundo!

Composta por 189 dos 192 estados do mundo, a ONU é uma das organizações mais representativas do planeta.


Por Itanira Heineberg



Você sabia que o Conselho de Direitos Humanos da ONU costuma atrair os piores violadores dos direitos humanos do mundo e é institucionalmente obcecado por Israel?

 

Pois Israel é o único país do mundo que figura permanentemente na agenda do conselho. E as regras para Israel são diferentes.

Olhemos com atenção o valioso banco de dados da UN Watch que informa que a partir de 2015 o Conselho de Direitos Humanos emitiu condenações para os seguintes países:

 

Rússia: 12 vezes

Coreia do Norte: 6 vezes

Estados Unidos: 7 vezes

Síria: 8 vezes

China: 0

Paquistão: 0

Venezuela: 0

Líbia: 0                                                                                              

Cuba: 0

Turquia: 0

Zimbábue: 0

 

E Israel? 112 vezes.

 

Só em 2020, Israel recebeu 73,9% de todas as condenações da Assembleia Geral da ONU.

 

Como sabemos, no fim de maio último o Hamas atacou Israel novamente.

Aliás o Hamas está sempre em guerra com provocações contra Israel, pois seu único e doentio objetivo é destruir o Estado e aniquilar por completo o povo judeu. Em contrapartida, Israel nunca começou uma guerra, limitando-se a lutar, defender seu território e encerrar algumas das batalhas.

Quando o país foi atacado os soldados do FDI, as Forças de Defesa de Israel, distribuíram folhetos ou avisaram os habitantes dos edifícios alvos de retaliação, sobre as ações a serem realizadas contra os estoques de foguetes, esconderijos de armas e dos próprios líderes do Hamas.

Estas atitudes demonstram um padrão muito mais elevado da aplicação consistente das leis de guerra.

 

Sim, as guerras têm sido uma grande preocupação para as nações do mundo.

 

E foi assim, por esta razão, que o mundo resolveu se reunir para resolver este sangrento problema.

A Liga das Nações foi criada pelo Tratado de Versalhes, em 28 de julho de 1919, ao fim da Primeira Guerra Mundial. Seu principal objetivo era servir de espaço para discussões entre as nações e assim evitar guerras. Sua sede ficava em Genebra, Suíça.

 

A Liga das Nações, porém, fracassou por defeitos de origem. Não dispunha de um poder executivo forte, nem contava com representantes da União Soviética e dos Estados Unidos – a nação de seu idealizador. O governo de Moscou não era aceito, e Washington não ingressou na organização por rejeitar o Tratado de Versalhes.

 

O fracasso da Liga das Nações em evitar a guerra revelou como ela tinha se enfraquecido quando a Alemanha invadiu a Polônia. A entidade não convocou nenhuma reunião durante o conflito 1939/1945. Após a Segunda Guerra, em 1946, a frágil Liga foi substituída por uma nova entidade, a Organização das Nações Unidas.

 

Vejamos agora o objetivo da criação da ONU:

O organismo foi fundado em 24 de outubro de 1945 para trabalhar pela paz e desenvolvimento com a ratificação da Carta das Nações Unidas pela China, Estados Unidos, França, Reino Unido e a ex-União Soviética, bem como pela maioria dos signatários.

Como temos acompanhado pelas notícias, a governança da vida internacional é complexa, para dizer-se o mínimo.

Garantir a paz e a estabilidade do mundo é tarefa para titãs.

Mesmo assim, muitos têm-se empenhado para obter o mínimo de paz entre as nações.

Mais uma vez a organização falhou em eventos significativos como a Guerra Fria, a China após a Segunda Guerra, os litígios entre israelenses e árabes, o conflito na Síria em 2011...

 

É facilmente compreensível que os casos acima sejam de difícil resolução, mas acusar Israel injustamente por se proteger, por olhar por seus cidadãos, por criar armamentos que os defendam em situações agressivas de ataques violentos não é algo aceitável.

 

Nem todos sabem que no momento a China tem um conjunto de campos de concentração e reeducação para muçulmanos. A limpeza étnica no Tibete já comemora sua quarta década de existência.

E onde está a indignação da ONU?

 

Os Rohingya na Birmânia recebem um tratamento brutal, com os piores excessos falsamente alegados aos soldados de Israel.

 

Iêmen – crianças e mulheres na fila para alimentos.


O Iêmen, um dos mais pobres países árabes, perece com as interferências da Arábia Saudita no país.

Quem mais sofre com as ações terroristas são as crianças.

Uma denúncia da ONG “Save the Children” calcula que 85 mil crianças menores de cinco anos morreram de fome ou doenças graves desde o início da escalada do conflito no Iêmen.

 


Assim fica aqui nosso alerta para que prestemos mais atenção às condenações infringidas a Israel pela ONU e o nosso desejo que os valores humanitários que criaram esta organização mundial atinjam seus objetivos de paz, tolerância e igualdade de tratamento a todos os povos da Terra.


Assistamos agora a este curto vídeo relatando a audaciosa história da criação das Nações Unidas:




FONTES:

https://gfile.thedispatch.com/p/structural-antisemitism

https://peacekeeping.un.org/en

https://www.unmultimedia.org/avlibrary/asset/1288/1288630/   Vídeo 16 minutos – San Francisco 1945 - United Nations  -  Conference on International Organization – April 25th to June 26th

https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_United_Nations#Background

https://www.un.org/en/chronicle/article/we-peoples

https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=267985

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/o-que-e-a-onu-e-quais-sao-as-principais-criticas-ao-grupo-formado-para-evitar-novas-guerras,ebd01880ec95e24d88358dcdd2ae89a4il70s3yi.html

https://jornal.usp.br/atualidades/onu-coleciona-fracassos-e-sucessos-ao-longo-de-sua-historia/

https://www.diariodepernambuco.com.br/noticia/mundo/2021/05/conselho-da-onu-sem-posicao-sobre-uma-crise-no-oriente-medio-que-pode.html

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/02/14/internacional/1550183671_937782.html

domingo, 27 de junho de 2021

EDITORIAL: Testando o Limite - O Burro Falante

 


No limite de uma grande aventura, o imaginário é uma fonte maravilhosa que pode energizar ou pode acabar com um projetos. Projetar, planejar e prever são os 3 Ps que devemos considerar não apenas quando fazemos os nossos projetos, mas também quando analisamos os de outros.

Nada mais do que um maravilhoso andar pelo mundo da fantasia para perceber que muitas vezes perdemos o contato com a realidade por sermos incapazes de traduzir os sonhos ou interpretar corretamente os projetos que recebemos.

Nestas semanas de grandes mudanças em Israel e no mundo é na Torá - nos primeiros cinco livros de Moisés, na versão judaica, ouso dizer, na versão original, que encontramos uma metáfora perfeita do que vemos acontecer. 

A Parashat Balac (Bamidbar 22:2-25:11) traz as imagens do "burro falante", transformado em fábula por La Fontaine. Lá estavam os israelitas (filhos de Israel) no deserto, se preparando para entrar no que seria o primeiro Estado de Israel e enfrentando as lutas da época. Podem ser apreciados erros e acertos de todos os lados, e após mais de 3000 anos, estando os israelitas ainda por este mundo e contando as suas histórias de geração em geração podemos olhar para trás e ver que apesar das grandes guerras com os moabitas, um dos livros que é lido de forma especial na liturgia judaica é o Livro de Ruth, a moabita. 

Assim, entre Tapas e Beijos e rompendo os tempos, chegamos a 2021. Hoje, aproximadamente duas semanas após ter sido empossado um novo governo em Israel, um governo de coalizão que vai da extrema esquerda à direita, que inclui partidos religiosos judeus e árabes. Este novo governo tem na oposição partidos árabes e judaicos religiosos, e no caso dos judaicos são os ultra ortodoxos e também o ex-primeiro ministro que esteve no poder por 12 anos.

Apenas duas semanas e já enfrentaram um chuva de balões incendiários vindos de Gaza, que queimaram toneladas de plantações no deserto. Queimar plantações em qualquer lugar é crime. Em área recuperada do deserto é insanidade. Por outro lado, também enfrentaram um grupo de judeus que resolveu estabelecer uma nova cidade na Samaria, entre Jerusalém e Ramallah. A resposta foi a mesma! Mostraram ao Hamas que não seriam tolerados ataques ao território de Israel e que todas as ações seriam respondidas de forma a reduzir o enorme arsenal adquirido com a chamada ajuda humanitária e evitando de todas as formas as perdas humanas. Por outro lado, o Exército de Defesa de Israel (IDF) retirou todos os que tentavam se instalar em área a oeste do Rio Jordão, nas terras que foram nos tempos bíblicos destinadas às tribos de Reuben e Gad, visto que há um compromisso de não haver edificação de novas áreas habitadas por judeus nestas paragens. Voltando aos 3Ps (projetar, planejar e prever), sabemos que o sucesso depende de complementar com duas vogais  - O&A - observar & avaliar. E estas vogais devem ser usadas com grande frequência.  É bom constatar que não foi aplicada a política de dois pesos e duas medidas e que as ações estão sendo observadas e avaliadas no dia a dia, na semana a semana. Só assim um projeto tão ambicioso pode alcançar sucesso. 

Melhor ainda, voltar aos tempos do Burro Falante e saber que a Beleza das Tendas de Jacob e das Habitações de Israel são resultado de milênios de educação continuada em todas as matérias, não apenas nas ligadas à religião, e que contribuições em Ciência, Filosofia, Artes e Literatura tanto no mundo ocidental quanto no mundo oriental têm sido uma constante deste povo que mantém um pequeno pedaço de chão como seu.


Boa Semana!

Regina P. Markus

quarta-feira, 23 de junho de 2021

EDITORIAL: VOLTA AO PASSADO

Henrique Cymerman - jornalista e professor israelense, em um Webnar com Samuel Feldberg, prof. USP - cita frase de AMOS ÓZ

Quando algumas palavras ou ações são repetidas várias vezes perdem o significado. Podem até adquirir novos significados e com isso passar, de forma subliminar, a continuar a transmissão de mensagens. A não ser que seja mostrado de forma clara ao grande público que estas palavras ou ações estão enraizadas em discriminação disfarçada.

Assim, não encontramos mais pessoas falando "é dia de branco", ou outras muito piores que há 60 anos eram faladas com toda tranquilidade. Aprendemos muito com os movimentos contra o racismo. Mas, escutamos frequentemente a palavra "judiar". Outro dia deparei com um pessoa querida dizendo, esta roupa foi "judiada". Quando perguntei se tinha idéia que isto poderia ser ofensivo para uma judia ela ficou espantada. E eu também com a minha ousadia!

Hoje, o antissemitismo aflora de maneira inequívoca. Apesar do Povo Judeu incluir pessoas de todas as etnias, desde os tempos da Torá, o Estado de Israel ser um estado inclusivo que tem entre seus cidadãos pessoas de todas as etnias, há um eterno buscar de fatos limítrofes e outras vezes publicizar apenas os fatos negativos. 

Certamente algumas formas enraizadas de demonização são muito difíceis de evitar. Esta semana publicamos a linda história do maestro Gilbert Levin, o maestro do Papa João XXIII. O vídeo é de 2001. É maravilhoso, tocante e mostra uma importante fase de entendimento entre a Igreja Católica e os Judeus. Um período que deve ser registrado na história com H maiúsculo. Mas, quando chega ao final, traz comentário pouco elogioso do Papa Pio XII - que exerceu o seu pontificado durante a II Guerra Mundial. 

Hoje, após a publicização dos documentos relacionados ao Papa Pio XII, sabemos que ele teve que operar sob um fachada, e abriu as igrejas e conventos da Itália e de outros países da Europa para os judeus. Neste contexto, minha família tinha histórias muito positivas sobre o Papa Pio XII, e que agora podemos entender.

Judeus e Eretz Israel continuará sendo o nosso tema por muito tempo, assim como o recrudescimento do antissemitismo, que muda o foco do judeu local para a Pátria Judaica.

Boa Semana a todos,

Regina P. Markus

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Você Sabia? - Israel, o país que começou no cinema!

 

Tudo começou aqui, neste cinema, em 1949: um novo país e uma reunião para criar uma Constituição!

Israel hoje, 2021 - e a Constituição ainda não aconteceu...


O edifício Knesset, antigo Cinema Kesem em Tel Aviv, 1949
(Foto: Beno Rothenberg). Da Coleção Meitar, Coleção Digital da Biblioteca Nacional de Israel


Você sabia que Israel, a única Democracia no Oriente Médio, após 73 anos de uma existência de muitas lutas e sucessos, ainda não possui uma Constituição?

O carismático fundador secular do Estado Judeu, David Ben-Gurion, foi o protagonista da bizarra História Verdadeira do Primeiro Governo de Israel.



David Ben-Gurion (1886 Polônia - 1973 Ramat Gan, Israel) 


Ben-Gurion foi o líder de Israel durante a Guerra da Independência de Israel e tornou-se primeiro-ministro de Israel em 1949, um cargo que ocuparia até 1963, com a interrupção de 1953 - 1955.

Antes da primeira reunião do governo inaugural em 14 de fevereiro de 1949, ele entrou na Sinagoga de Yeshurun, em Jerusalém, a pedido de um importante rabino religioso sionista. Esta foi a primeira vez que Ben-Gurion entrou em uma sinagoga em orações, apesar de já ter vivido no país por mais de 40 anos.

Com esta visita inusitada começou o inovador primeiro governo nacional de Israel.

“As eleições para o Primeiro Knesset de Israel em 1949 ostentaram o maior comparecimento eleitoral do país (cerca de 87% dos eleitores elegíveis).

No entanto, as cerca de 440.000 pessoas que votaram não estavam votando no Knesset de forma alguma!

Eles estavam votando para a “Assembleia Constituinte”, um órgão destinado a criar uma constituição para o jovem estado judeu, não necessariamente governá-lo.

Dois dias após a primeira reunião, uma proposta liderada por David Ben-Gurion foi aprovada e a “Assembleia Constituinte” ficou conhecida como “Knesset”.

Até hoje, Israel não tem uma constituição.


A coalizão secular, socialista, ultra ortodoxa, religiosa sionista, sefardita-oriental, liberal, árabe.


Os dois maiores vencedores da eleição, o partido Mapai de Ben-Gurion e o partido Mapam de Meir Yaari, eram esquerdistas e seculares, mas Ben-Gurion se recusou a incluir Mapam em sua coalizão, preferindo a inclusão de quatro partidos menores apresentando um grupo aparentemente bizarro de haredim, sionistas religiosos, judeus sefarditas, secularistas liberais e árabes ...

Ben-Gurion, entretanto, é claro, tinha seus motivos para escolher esses parceiros. Era importante para ele que os partidos que representavam constituintes divergentes - especialmente as comunidades mais estabelecidas e tradicionais - também fizessem parte do primeiro governo do país, a fim de fornecer-lhes legitimidade e apoio mais amplos, em vez de simplesmente depender dos sionistas seculares tradicionais.

O maior partido da coalizão além de Mapai foi a Frente Religiosa Unida, composta de quatro partidos religiosos que abrangem a gama desde o historicamente antissionista (e mais tarde não-sionista) Haredi Agudat Yisrael e Poalei Agudat Yisrael aos partidos fervorosamente religiosos sionistas Mizrachi e Festas do Hapoel Hamizrachi.

A Frente Religiosa Unida conquistou 16 cadeiras e até hoje é o partido religioso mais amplo a concorrer em uma eleição para o Knesset (ou, neste caso, para a Assembleia Constituinte).

O partido conhecido como “Comunidades Sefarditas e Orientais” também se juntou a Ben-Gurion, com o objetivo de promover os interesses de seu eleitorado de mesmo nome no novo estado. O Partido Progressista também aderiu. Embora não fosse socialista como Mapai, também representava amplamente os judeus asquenazes seculares.

O menor partido da coalizão, com duas cadeiras, era a Lista Democrática de Nazaré, liderada por dois árabes da cidade galiléia: Seif el-Din el-Zoubi, que havia lutado na Haganah, e Amin-Salim Jarjora, um respeitado educador e jurista. A Lista Democrática de Nazaré foi alinhada com Mapai, parte dos esforços de Ben-Gurion para mostrar que judeus e árabes poderiam coexistir no novo Estado de Israel.


Interior do edifício do Knesset, anteriormente o Cinema Kesem em Tel Aviv, 1949. Photo: Beno Rothenberg


Uma expressão hebraica popular que significa “viver em um filme” é frequentemente usada para descrever uma pessoa, evento ou situação improvável, irreal ou inacreditável.

Se as circunstâncias em torno do estabelecimento do “Primeiro Knesset” ou sua composição não foram suficientes para empregar esta expressão, então o cenário de suas reuniões certamente poderia ser, porque o primeiro governo israelense se reuniu em uma sala de cinema.

Sim, um cinema…. e outro, chamado de “Cinema Mágico” nada menos.

Quando foi inaugurado em 1945, o Cinema Kesem (“mágico” em hebraico) em Tel Aviv era o mais luxuoso da cidade, ostentando mais de 1.100 poltronas estofadas e exibindo os sucessos internacionais de sua época.

A vida da estrutura como cinema, no entanto, durou pouco.

Com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, Kesem foi reaproveitado para servir como quartel-general da Marinha de Israel.

Em 1949, tornou-se o edifício do Parlamento, visto que o Knesset se reuniu ali na maior parte do ano inaugural. Embora possa parecer estranho para um órgão legislativo nacional se reunir em um cinema, dada a escassez de grandes salas de assembleia e o fato de que Kesem era relativamente novo, espaçoso e com localização central, na verdade fez muito sentido para o “Magic Cinema” ser escolhido para sediar o Primeiro Knesset. 

Além das reuniões contínuas do Knesset, Kesem também foi palco de uma tentativa bizarra e quase bem-sucedida de assassinar David Ben-Gurion por um pastor kibutznik perturbado que simplesmente entrou no prédio do cinema com uma arma automática e uma mala de panfletos que tinha impresso delineando seus planos para trazer a paz mundial.


Um policial com a mala e a arma do assassino fracassado, publicado em Maariv, 13 de setembro de 1949. Da Coleção Digital da Biblioteca Nacional de Israel


Embora ele alegasse que queria cometer suicídio no Knesset para chamar a atenção para seu plano, alguns relatos contemporâneos relataram que o suposto assassino gritou: "Vou matar Ben-Gurion!", depois de ser derrubado no chão.

O primeiro governo de Israel não durou muito depois disso - terminando de forma bastante abrupta (e absurdamente) quando Ben-Gurion renunciou em 15 de outubro de 1950.

Ele queria nomear um novo Ministro do Comércio e Indústria e, de acordo com as regras da época, a nomeação de um novo ministro exigia que todo o governo renunciasse.

Essa regra foi logo fixada, mas os próximos governos liderados por Ben-Gurion também não duraram muito. Ele renunciou novamente no início de 1951, mais uma vez em 1952 e mais uma vez no ano seguinte.

É sempre bom lembrar aqui a diferença entre o sistema parlamentarista e o presidencialista.

No sistema parlamentarista os eleitos são os representantes do povo (deputados) e não o primeiro-ministro, que é o deputado escolhido para chefiar o governo.

Os ministros são todos deputados eleitos, e portanto os seus partidos estão representados no governo. A troca de ministro implica na necessidade de um novo voto do parlamento confirmando o primeiro-ministro. Desta forma, o mecanismo usado é a renúncia seguida de reivindicação.

Só são chamadas novas eleições quando o parlamento está tão dividido que não consegue montar um governo.

E foi exatamente o que aconteceu nestes últimos anos do ex-Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu.

A importância de estabelecer um governo funcional inicial - não importa quão curta seja - não pode ser subestimada. Ben-Gurion e seus diversos aliados políticos merecem um crédito significativo por isso.


David Ben-Gurion no primeiro dia da Assembléia Constituinte, 14 February 1949
(Photo: Marlin Levin). From the Meitar Collection, National Library of Israel Digital Collection


"Depois de muito ler e de muito meditar, acho impossível provar que D’us não exista". - Ben-Gurion

O até hoje fascinante Ben-Gurion (em hebraico Filho de Leão), se reuniu em um cinema, teve uma tentativa de assassinato muito estranha, foi liderado por uma coalizão chocantemente diversa e terminou em demissão ...




Em muitos aspectos, aquele primeiro governo bastante estranho também preparou o cenário para que o cenário político do país “vivesse em um filme” desde então.”


Naftali Bennett assume como Primeiro-Ministro de Israel, junho de 2021. Assista: 

https://globoplay.globo.com/v/9604048/



FONTES:

https://blog.nli.org.il/en/bizarre-true-story-of-israels-first-government/

http://www.morasha.com.br/biografias/ben-gurion.html

https://www.infopedia.pt/$david-ben-gurion


quinta-feira, 17 de junho de 2021

EDITORIAL - Pluralidade: A Força das Palavras



PLURALIDADE ISRAELENSE - cidadãos de diferentes etnias e religiões, economia inovadora e vibrante, abrindo oportunidades para diferentes segmentos, diversidade de gênero e participação crescente de mulheres em cargos de liderança empresarial, militar e científica. A soma resultou em um número expressivo de mulheres encabeçando os ministérios do governo instalado em junho de 2021.
DIVERSIDADE , CONFLITO e CONVIVÊNCIA compõem este complexo algoritmo. 

Esta semana nossos olhos voltam-se para Israel. Muitos fatos, muitas notícias e muitas informações públicas e privadas chegam deste pequeno país com 22.145 km2 de área e uma população da ordem de 9 milhões de habitantes, de acordo com o censo de 2019. Pequeno em área mas rico em diversidade, problemas e exemplos. Ao falar a palavra Israel, cada pessoa evoca uma imagem. O mesmo acontece quando definimos o Estado de Israel moderno, terceiro lar nacional judaico independente ao longo de 3500 anos de história.

Mas esta frase omite muitos outros habitantes da mesma região. Cada um que está lendo este texto evocará uma imagem diferente. Uns lembram dos judeus vestidos de preto, que recordam a religião, outros dos judeus de kipá na saída de sinagogas em dias de celebração, ou aqueles que cobrem a cabeça todos os dias. Há ainda os que lembram dos cientistas, das impressionantes paradas LGBT. Cidadãos árabes, cristãos e ateus. Cidadãos com diferentes cores de pele. O Estado de Israel é diverso quanto aos seus cidadãos, mas é único quando comparado com os outros países de nosso planeta. É o único estado judaico deste planeta e está localizado em um pequeno pedaço de terra que vem sendo habitado por judeus há mais de 3000 anos.

PLURALIDADE - nem só o bem ou o amor são relatados na Torá, acontecem neste nosso imenso Brasil e é claro que Israel não fica atrás. É difamado, demonizado, e hoje sabe-se que são os grupos que negam o direito de Israel existir mostram a mais moderna forma de antissemitismo. Mas, também em Israel há problemas internos que precisam ser avaliados por perspectivas que permitam chegar a soluções.

Chegamos a um novo patamar na política israelense. Hoje o governo é formado por uma coalizão que vai da esquerda à direita, englobando conservadores e progressistas em cada um dos extremos. Também conta com um centro que recusou ser a terceira via. Os partidos de centro optaram por uma coalizão que incluísse cidadãos de todas as matizes, incluindo cidadãos israelenses árabes muçulmanos e cristãos.  Mas, não se enganem, os árabes não foram eleitos apenas através de partidos que os representam, mas há cidadãos israelenses árabes em partidos outros. Complicado - sim! Mas eu vou preferir dizer COMPLEXO - porque a pluralidade é complexa!

Vejam a descrição das mulheres no governo inaugurado esta semana. LEIAM as atribuições de cada uma e comentem se já ouviram alguma falar em programas brasileiros.

Nesta complexidade temos que cuidar dos termos usados para qualificar ou mesmo nominar cada um dos atores, e cada um dos grupos. Focando apenas no lado dos judeus poderíamos usar "religioso" para todas as formas de adesão à religião (reformista, conservadora, ortodoxa e ateus), gênero (Israel é um país que admite e pratica a liberdade de gênero, e como explicado no mais recente livro publicado pelo Rabino Newton Bonder, RJ, estas formas de admissão podem ser encontradas no Talmud), etc.

Olhando os termos ligados à religião, todos os judeus praticam uma forma de judaísmo regular são considerados religiosos, todos os judeus que seguem regras básicas de Halachá (ordenamento da vida às regras judaicas) têm sido chamados de ortodoxos. E esta é uma gama tão diversa e complexa com a qual, em geral, temos pouco contato e tendem a ficar na condição de "eles", "os outros".  Na realidade, o grupo também é muito diverso e também inclui "nós e eles".  As interfaces e a pluralidade mostram que é possível encontrar pontos de convergência e debater ou negociar pontos de divergência. 

Nesta semana, ao tomar posse em Israel um novo governo plural e diverso que inclui o maior número de mulheres e cargos de destaque, que inclui pela primeira vez um rabino reformista e que, repetindo o que ocorreu no primeiro governo de Israel, encabeçado por Ben Gurion, que já incluía uma lista árabe de Nazaré, vemos que o futuro aponta para a pluralidade de ações e que precisamos agora cuidar das definições dos termos e evitar de formar com eles blocos que impeçam a interação entre os mais diversos grupos.

No dia 16 de junho os partidos de oposição ao novo governo de coalizão gerou uma grande confusão, mas agora fica claro que são a oposição. Uma oposição que esteve no poder por 12 anos e que não representa a totalidade de cada uma das matizes do Estado de Israel.

Olhando para a Biologia (como tenho feito muitas vezes), sabemos que é na complexidade e na redundância de processo e vias de sinalização que está a vida. Quando o sistema vai sendo simplificado e reduz sua possibilidade de achar novos caminhos chega a doença e o desfecho final. Acompanhando a complexidade de AM ISRAEL é que começamos a entender a sua longevidade.


Uma boa semana,

Regina P. Markus

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Editorial: Os Céus como Testemunhas

 

Imagens e Palavras - Dia 7 de junho



OLHANDO os céus e VENDO o Kotel Hamaaravi - David Rubinger - fotógrafo 
7 de junho de 1967




A foto acima mostra um momento único em toda a história judaica. Para a maioria dos nossos leitores, esta é uma imagem iconográfica que dispensa apresentações. Três soldados israelenses chegando ao Muro Ocidental do Templo de Jerusalém, KOTEL HAMAARAVI, no dia 7 de junho de 1967. Esta muralha que restou após a destruição ocorrida no ano 70 pelos romanos, comprovada historicamente nos textos de Flavius Josefus e no Arco do Triunfo em Roma. Esta muralha que serviu de foco para os judeus espalhados pelos quatro cantos do mundo, e que foi meta de peregrinação por dois milênios. Na realidade, alguns judeus sempre estiveram rezando nestas muralhas poucos anos após a conquista do Imperador Adriano até o ano de 1948. Ao ser formado o moderno Estado de Israel, um conjunto de exércitos árabes atacou a jovem nação que, apesar de ter conseguido uma vitória impressionante, viu o Templo de Jerusalém, a Universidade Hebraica de Jerusalém e muitos outros importantes referenciais ficarem sob domínio jordaniano. Os judeus foram proibidos de chegar perto do Kotel Hamaaravi. 

No segundo dia da Guerra dos Seis Dias, três paraquedistas (Zion Karassenti, Yitzhak Yifat e Chaim Oshri) chegaram à frente do Kotel. Hoje a jornalista Daniela Cohen publica no site Israeleconomico.com a história desta famosa foto feita pelo fotógrafo de guerra David Rubinger z´l (1924- 2017). No dia 5 de junho, estava Rubinger no Egito, acompanhando o Exército de Defesa de Israel (IDF) quando soube que havia luta em Jerusalém. Decidiu rumar para esta frente de batalha. As lutas entre o Batalhão de Paraquedistas 66 e as tropas jordanianas continuavam e ele estava no chão, se protegendo dos projéteis e pediu aos três soldados que parassem. Estes seguiram o pedido sem conseguir retirar os olhos do que viam - o Muro Ocidental, o Monte do Templo. 

 


Rubinger e sua Leica em 2011 (Foto: Shmuel Browns/ Creative Commons) 



Conhecemos outra famosa foto de Rubinger do mesmo dia, algumas horas depois. Ela registra a chegada do Rabino Shlomo Goren com um Shofar e um Rolo da Torah. Conta um jornalista amigo, Charlles Sennott, que a esposa de Rubinger, Anni, aconselhou que a foto a ser enviada para publicação era a dos três soldados.

 

 

Foto do Rabino Goren (Rubinger/GPO)



 

Passados tantos anos, os jovens voltam a olhar os céus de Israel - agora para seguir os foguetes e balões lançados pelo Hamas da faixa de Gaza. Israel acaba de sair de um período de guerra para entrar num triste período de hostilidade de muitos países e principalmente das organizações internacionais.

No último dia 7 de junho, alguns dias atrás, foi veiculada a notícia que a UNRWA, órgão das Nações Unidas dedicada aos chamados refugiados palestinos, informou que localizou túneis de terror sob uma de suas escolas em Gaza. Crianças servindo de escudos humanos para armas destinadas a matar outras crianças. 

 


Postagem em 7 de junho de 2021


 

Considerando o atual contexto na Faixa de Gaza, onde a população é refém de movimentos terroristas que visam acabar com o Estado de Israel, hoje ocorreu uma reunião muito importante para tornar transparente para todo o mundo a forma de atuar do Exército de Defesa de Israel. O respeito à vida, independente de adjetivos, é o foco. No dia 8 de junho, a imprensa internacional reportou a visita que o Embaixador de Israel em Washington fez ao CEO da American Press Association cujos escritórios estavam no prédio que Israel bombardeou este ano. Naquele edifício, no centro de uma cidade, onde estavam localizados escritórios de imprensa, consultórios e muitos outros empreendimentos, o Hamas estava produzindo artefatos para impedir a ação do Domo de Ferro - a importante defesa que Israel tem contra os foguetes lançados sobre sua população civil.

 

Escudo de Ferro (Iron Dome) intercepta foguete lançado de Gaza sobre Tel Aviv



Chegando ao final deste texto, fazendo uma viagem através da história com fatos que aconteceram nestes dias de junho de 1967 e de 2021, resumo as palavras de S. Abdulah Schleifer, que foi editor do "Palestine News" em um diário em inglês publicado em Jerusalem até 1967: "O tenente coronel Moshe Peles, comandante dos paraquedistas amarrou a bandeira azul e branca em uma grade, típica da Cidade Velha de Jerusalém. Naquele dia, o comandante Moshe Dayan comentou com a imprensa que ele era a favor da formação de uma confederação Israel-Jordânia." O artigo termina comentando fortuitamente - "quanto ao tenente coronel, foi assassinado 14 meses depois perto de Toubas, na região de Nablus em uma emboscada dos terroristas da al-Fatah". 

 

E a vida continua.... e os judeus do mundo inteiro continuam rezando ou olhando para Israel... e as fotos que falam vão sendo substituídos pelos textos que revelam imagens futuras.


Regina P. Markus

 

segunda-feira, 7 de junho de 2021

VOCÊ SABIA? - A volta do rabino-chefe ao exército alemão

Militares alemães nomeiam rabino-chefe pela primeira vez desde a Primeira Guerra Mundial

Por Itanira Heineberg


Soldados do exército alemão Bundeswehr participam de um exercício durante um dia de mídia em Munster, Alemanha.

(crédito da foto: FABIAN BIMMER / REUTERS)


Você sabia que milhares de judeus serviram nas forças armadas alemãs na Primeira Grande Guerra, 1914-1918, inclusive alguns rabinos, e todos foram afastados quando Adolf Hitler assumiu o poder em 1933? Desde então todos os soldados da Alemanha têm recebido serviços religiosos por apenas um capelão militar cristão.


O proeminente teólogo Leo Baeck participou das forças armadas alemãs durante a guerra de 1914.



Leo Baeck, (1873, Lissa, Posen, Prússia [agora Leszno, Polônia] - 1956, Londres, Inglaterra)


Rabino e teólogo reformista, Leo Baeck foi o líder espiritual dos judeus alemães durante o período nazista e o principal pensador religioso judeu liberal de seu tempo. Sua obra prima, The Essence of Judaism, apareceu em 1905. Sua obra final, This People Israel: The Meaning of Jewish Existence (1955), foi escrita em parte enquanto Baeck estava em um campo de concentração nazista.

No momento atual, aproximadamente 300 judeus alemães servem no Bundeswehr, o que levou o parlamento alemão a votar unanimemente pela volta dos rabinos ao serviço militar no intuito de oferecerem assistência religiosa aos soldados judeus. Esta decisão aconteceu há um ano, porém sua implementação teve de ser adiada devido à pandemia reinante.

E foi assim que quase 100 anos após a remoção de rabinos no exército alemão, o ministro da Defesa alemão Annegret Kramp-Karrenbauer nomeou o rabino Zsolt Balla para atender as centenas de judeus nas fileiras militares do país enquanto combatendo o antissemitismo.

 

O rabino Zsolt Balla, atualmente o rabino-chefe da Saxônia e sua capital, Leipzig, foi escolhido para ocupar o cargo. Ele também continuará em sua posição atual, de acordo com a emissora alemã Deutsche Welle (DW).”



“Balla chefiará o rabinato militar que será estabelecido em Berlim e supervisionará 10 clérigos militares judeus.

Além de fornecer serviços religiosos aos soldados judeus, o rabinato militar participará da educação de todos os soldados alemães para o combate ao antissemitismo.

Balla assumirá oficialmente o papel em uma cerimônia na sinagoga de Leipzig em algumas semanas.

Entre os participantes da cerimônia que será transmitida ao vivo pelo canal de TV alemão ARD estão Kramp-Karrenbauer, o primeiro-ministro saxão Michael Kretschmer, o Conselho Central dos Judeus na Alemanha, o presidente Josef Schuster e representantes da Conferência de Rabinos Europeus, da qual Balla é um membro.

"Este é um passo significativo para fortalecer os laços entre o povo alemão e a comunidade judaica que reside na Alemanha há centenas de anos", disse a Conferência de Rabinos Europeus e Rabino Chefe de Moscou, Pinchas Goldschmidt, ao saudar a nomeação.

"O estabelecimento de um rabinato militar nas forças armadas alemãs envia uma mensagem clara de tolerância e pluralismo, o que nos trará um passo mais perto de manter a liberdade religiosa dos judeus na Alemanha e lutar contra qualquer fenômeno antissemita que surja mais tarde", acrescentou.”



Membros da Bundeswehr poderão agora contar com apoio espiritual de rabinos

Esta medida, segundo governo, é um "gesto contra o extremismo de direita e o antissemitismo" na corporação.


FONTES:

https://www.jpost.com/diaspora/german-army-appoint-first-chief-rabbi-since-world-war-i-669670?_ga=2.202528273.1093115156.1622442088-1969581575.1579377799&utm_source=ActiveCampaign&utm_medium=email&utm_content=Bennett+s+decision+to+oust+Netanyahu+is+Israel+s+first+step+to+sanity&utm_campaign=May+31%2C+2021+Day

https://aboutholocaust.org/pt/facts/quem-foi-o-rabino-leo-baeck-e-por-que-ele-se-recusou-a-salvar-a-si-mesmo

https://www.religiondigital.org/libros/Leo-Baeck-rabino-enfrento-Hitler-religion-judaismo-leo-baeck_0_2172682718.html

https://www.britannica.com/biography/Leo-Baeck

 

quinta-feira, 3 de junho de 2021

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO e ISRAEL - as muitas espirais da História





Fatos e fotos, imagens e contos, sonho e realidade: a vida de cada um de nós tem histórias pessoais diferentes, compartilhando experiências com muitos e comparando realidades de outros, que parecem viver em mundos paralelos.

Nestes tempos de pandemia, aprendemos que pode existir um atrator comum que passa por várias realidades, transformando, unindo e dividindo. Tudo depende do ponto de vista e tudo depende dos fatos e das narrativas.

O antissemitismo está presente na história humana há mais de 3000 anos. Num determinado contexto, pode ser apenas percebido por judeus. A maioria das vezes eu percebia que os interlocutores apenas eram curiosos ou agiam de forma induzida por preconceitos que circulavam livremente na sociedade. Por décadas este foi o contexto brasileiro recente. No passado brasileiro há um forte traço antissemita importado da Península Ibérica – a SANTA INQUISIÇÃO. Conhecemos a história dos anussim, que mantiveram a identidade escondida por muitas gerações. Atualmente muitos retornam ao judaísmo, muitos tentam e muitos se deparam com dificuldades transformadas em alimento para o antissemitismo. Recriam os mesmos argumentos usados por séculos pelos inquisidores e seus seguidores. Quem é quem? Quando e Por quê? Todas são perguntas que ficam sem respostas porque o acaso tem muito a ver com o destino individual, mas quando olhamos o grupo constatamos que são formadas comunidades que se integram e revigoram o Povo Judeu. O Povo Judeu é revigorado pelos descendentes dos que mantiveram sua identidade escondida por séculos – isto porque a cultura judaica é um dos principais elos entre as gerações e as diferentes etnias que compõem o povo judeu.

Se andamos mais céleres na história nos deparamos com fatos pró-semitas durante os tempos do Império e uma sequência de períodos antissemitas nas décadas de 1930-1950. A partir da década de 1970, quando ocorre a Guerra de Iom Kipur (1973) e todos os desdobramentos do Estado de Israel, começam aparecer discursos anti-Israel. Todos estes movimentos são perceptíveis e registrados, mas não atingem a grande mídia. E raramente encontramos pessoas que se declaram antissemitas.

Nestes últimos meses e nestes últimos anos o discurso antissemita atinge proporções não conhecidas por nós brasileiros que nascemos na década de 1950. Os judeus começam a entender que ultrapassamos a fase do NUNCA MAIS e entramos na fase “O QUE FAZER AGORA?”

Esta semana acompanhamos eventos nacionais e internacionais de antissemitismo. Aqui no Brasil alunos judeus da PUC-SP escreveram um manifesto exemplar contra um grupo antissemita e antissionista que se manifestou junto ao Centro Acadêmico 22 de Agosto (Direito). Também esta semana (30 de maio) o jornalista J.R.Guzzo publicou em sua coluna no Estado de São Paulo o texto, “O Veneno Antissemita”. Com humor especial conduz o leitor pelos mais absurdos acontecimentos que mostram manifestação de antissemitismo da esquerda brasileira fantasiados do antissionismo.

O direito do Povo Judeu se defender e o direito do Estado de Israel existir não deveriam ser contestados, nem pelo homem simples que aprende isso de lideranças de massas com duplas intenções e nem por intelectuais que usam e abusam do direito de esquecer e mal interpretar. Toda vez que acompanho atividades acadêmicas ou comemorativas sobre o Eclipse de Sobral (CE), que completou 100 anos em 1919, fico impressionada com a dificuldade em dar a Einstein uma origem. Nos jornais da época é chamado de cientista suíço, atualmente é definido como cientista alemão, e na maioria das vezes, sua origem judaica é omitida. Einstein foi judeu e sionista. Ele foi um ativista sionista e contribuiu de forma marcante para a criação da Universidade Hebraica de Jerusalém. Esteve no lançamento de sua pedra fundamental – e muito mais. Por que sua identidade judaica é omitida? Por muitos anos dizia que era ingenuidade ou desconhecimento, hoje vejo que é o antissemitismo com verniz.

E o mundo roda... os ciclos seguem, o claro após o escuro, a primavera após o inverno, as gerações se sucedem e o Povo Judeu segue a sua história. No meio de uma semana com tantos baixos, hoje, dia 2 de junho, foi eleito o 11° Presidente de Israel – Isaac Herzog

O primeiro presidente de Israel, escolhido em 17 de maio de 1948, foi Chaim Weizmann – pertencia ao partido Sionistas Gerais. O 6° Presidente foi Chaim Herzog, pai do recém-eleito Isaac Herzog, ambos do Partido Trabalhista (Avodá). Ele é o atual presidente da Agência Judaica e foi membro da Knesset (parlamento israelense) de 2003 a 2018. Também foi presidente do Partido Trabalhista e teve várias posições nos governos de Rivlin e Shimon Perez. Seu avô Yitzhak HaLevi Herzog (1888-1959) nasceu na Polônia e foi rabino chefe da Irlanda de 1921 a 1936, quando imigrou para o Mandato Britânico da Palestina e se tornou o Rabino Chefe Ashkenazi do Mandato e, depois de 1948, do Estado de Israel. Ler a biografia do avô do Presidente eleito, de quem este herdou o nome, é também impressionante. Sua família imigrou em 1898 da Polônia para Leeds, no Reino Unido. Seus estudos foram orientados pelo pai que era rabino em Leeds e depois em Paris, frequentou a Sorbonne e a Universidade de Londres, onde obteve o grau de doutor. Interessante estudo sobre cefalópodes, moluscos desafiadores, que são capazes de esperar por uma refeição mais saborosa, quando, em cativeiro tenta-se alimentá-los com algo apenas nutritivo. Estes animais encontram espaço na Torah, porque é de seus cromatóforos azuis que é extraído o azul para o talit, xale de oração usado até hoje pelos judeus. O atual presidente pertence a uma família de líderes, que fizeram diferença ao longo das gerações.

QUE VIAGEM.... e nem mencionamos as origens de sua esposa – EGITO – e teríamos como dar tantas voltas em um outro lado da história judaica. ANTISSEMITISMO faz mal! Mata inocentes! Aleija Gerações! Mas... a VIDA continua...  De geração em geração. E o Povo Judeu segue em frente olhando para o futuro, lembrando sempre de repetir O ANO QUE VEM EM JERUSALÉM... alguns, como o Presidente Ytizhak Herzog, cantam – ESTE ANO EM JERUSALÉM.

BOA SEMANA!

 

Regina P. Markus