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quinta-feira, 27 de junho de 2019

EDITORIAL - O respeito não está garantido

A CIDADE SEM JUDEUS  – 1924 – Viena Films

(Leia sobre o filme)

No dia 20 de junho o Sir Jonathan Sacks, que foi Rabino Chefe da Grã-Bretanha, membro da Casa dos Lordes, discursou sobre o antissemitismo. Ele fez um paralelo do que ocorreu nas primeiras duas décadas do século XX com o que vem acontecendo hoje. Memórias dos séculos XVII e XIX traziam para muitas pessoas a sensação que o antissemitismo era coisa do passado. Algo ligado aos séculos XIV e XV, com a Inquisição, com a fúria da Igreja Católica Apostólica Romana contra os judeus e contra os chamados cristãos novos, que começa a ser conhecida pelos descendentes dos que tiveram que se converter à força. Muitos buscam suas raízes e entre estes, é cada vez maior a quantidade de pessoas que as encontram! 

O antissemitismo também foi um fator importante nas épocas das cruzadas e na Rússia czarista e stalinista, mas encontrou um importante combatente em Napoleão, que criou o conceito da Religião Judaica, tornando assim os judeus cidadãos do mundos e os judeus franceses, cidadãos franceses de fé mosaica. Os anos correm, e é no início do século XX que vemos o recrudescimento do antissemitismo, com o Processo Dreyfus na França e ações por toda a Europa. Quero chamar atenção de nossos leitores para um filme realizado em Viena, que estreou no ano de 1924: A CIDADE SEM JUDEUS (dirigido e roteirizado por Hans Karl Breslauer, baseado em um romance de Hugo Bettauer) – naquele ano, Hitler estava preso e todos os nazistas haviam sido expulsos da Áustria. O filme conta a história de uma cidade chamada UTOPIA, que poderia ser Viena, e que expulsa todos os judeus de uma só vez, ocupando suas casas, negócios e tudo o mais que parecia atrapalhar os cidadão de Utopia. Este filme encontrado em 2015 em Paris mostra o clima pronto para aceitar o Holocausto, mas termina de forma utópica, pois todos os judeus são chamados de volta. 

Havia um clima propício ao antissemitismo no início do século XX.

E AGORA?
A história se repete?

A segunda metade do século XX testemunhou grande respeito aos judeus, sua capacidade de sobreviver e de eternizar o lema de “geração em geração”, motivo de orgulho e respeito.






Mas hoje vemos o antissemitismo reaparecendo em todos os países, inclusive no Brasil. Os Estados Unidos testemunharam vários atos contra Israel e Judeus – e em Pessach (Páscoa) de 2019 testemunharam a invasão de uma sinagoga por um atirador que feriu várias pessoas e matou uma mulher de 60 anos. Em muitos países, incluindo Brasil, África do Sul e várias vezes na França, cemitérios judeus foram violados. Na Alemanha as agressões foram tantas, que alguns governantes aconselharam a judeus ortodoxos deixarem de usar o solidéu! 




Ao mesmo tempo há alguns atos de apoio. Apoio quem? A cidadãos que respeitam a lei dos países em que moram, que criam filhos e contribuem para o bem estar das nações? Será que precisamos de apoio para sermos quem somos? Na realidade o que estamos vendo é um alerta, e em tom muito alto, para que saibamos que o futuro livre de preconceitos e perseguições ainda não está garantido.

É em nome deste alerta que lembramos a todos os nossos leitores que não é uma questão de religião ou de sobrevivência, é uma questão de que cada um de nós temos que estar alertas para respeitar ao outro, assim como ele é.

Ao longo de toda a história o desrespeito ao judeu, seja ele branco ou negro, religioso ou laico, destacado por habilidades intelectuais, artísticas, ou por ser igual a qualquer outro cidadão é o início do desrespeito a todos os cidadãos, é o início do desrespeito à vida.

Este é um momento de prezarmos a todos, os iguais e os diferentes – este é o momento de prezarmos a individualidade, de prezarmos  A VIDA.

Boa Semana!

Regina


23 de junho 2019 – Stuart Winer – Times of Israel


14/12/2018


19 de fevereiro de 2019 - Presidente Macron visita o Cemitério Judeu de Strassbourg – nova violação



segunda-feira, 24 de junho de 2019

VOCÊ SABIA? - Coca-cola kosher




Você sabia que a Coca-Cola, bebida apreciada em todos os cantos do mundo, é Kosher em alguns países de acordo com a lei judaica? Mas nem sempre foi assim.

Apesar de existir desde 1886 no mercado americano, somente a partir de 1935 a Coca-cola recebeu o certificado Kosher, inclusive para o período de Passover, a Páscoa Judaica.

A história começou no século passado quando descobriram que a versão original da bebida possuía em sua composição um alimento não Kosher - a glicerina animal.

No início dos anos 1930 um rabino ortodoxo, Tobias Geffen, começou a receber insistentes cartas dos rabinos dos Estados Unidos indagando se a Coca-Cola era Kosher.




Ainda que os judeus imigrantes se satisfizessem em beber água com gás, o refrigerante aos poucos ia se tornando muito popular entre os jovens judeus e os rabinos estavam preocupados. Geffen morava em Atlanta, sede internacional da Coca-Cola, e esta era a razão de receber tantas cartas.

Ao pesquisar, o rabino descobriu o ingrediente não Kosher na Coca-Cola, ingrediente este também presente em outros alimentos e bebidas no país.




Pairou então a dúvida: The real thing, “a coisa verdadeira”, seria mesmo a verdadeira coisa para os judeus ortodoxos?

A Coca-Cola, um dos símbolos americanos mais conhecidos no mundo, sempre guardou sua fórmula secreta a sete chaves mas concordou em revelar ao rabino uma lista dos ingredientes utilizados na produção após Geffen assinar de um termo de confidencialidade; “Segredo de Estado”.

Ao estudar a lista, ele descobriu que a glicerina era feita de sebo de carne não Kosher.

“Embora um químico de laboratório tenha dito à Geffen que a glicerina estava presente em apenas uma parte por mil (uma parte em 60 é diluída o suficiente para obter certificação Kosher), Geffen informou à Coca-Cola  que, como essa glicerina era planejada e não acidentalmente ingrediente adicionado, os judeus observantes não poderiam intencionalmente tolerar sua inclusão. A Coca-Cola não conseguiu atender aos padrões de Geffen.”

Os cientistas da empresa começaram a pesquisar um substituto para o produto recusado pelo rabino e descobriram que a Procter & Gamble produzia uma glicerina à base de óleo de semente de coco e de algodão.  A Coca-Cola aceitou trocar este ingrediente e Geffen aprovou a bebida como Kosher.

Já para Pessach, a Páscoa Judaica, a empresa concordou em substituir um subproduto de grãos (chametz) por adoçantes à base do açúcar da beterraba e da cana de açúcar, sem alterar o sabor da Coca-Cola.

A partir de então, a cada ano a empresa inicia a produção da bebida com diferentes açúcares, um bom tempo antes da celebração de Pessach.
Assim, durante anos, Geffen foi uma das únicas pessoas do mundo a conhecer os segredos da bebida, numa tentativa de fazer da Coca-Cola um produto Kosher.

Satisfeito com o resultado de seu trabalho, o rabino Geffen escreveu um texto em que agradecia a Deus por ajudá-lo a obter uma solução pragmática que permitiu aos judeus ingerirem a bebida sem dúvidas sobre sua composição, tornando a bebida oficialmente Kosher nos Estados Unidos, Canadá, Israel e outros países.


“Rabino Geffen nasceu em Kovno, Lituânia, no dia 1 de Agosto de 1870.
Estudou na Yeshivá de Kovno e Grodno e se tornou Rabino formado pelos seus mestres R.Tzvi Hirsch Rabinowitz de Kovno e Rabino Danishevsky de Slobodka. Casou-se com Sarah Hene Raninowitz em 1898. Teve 8 filhos e seu casamento durou 63 anos.
Em 1903, após o progrom em Kishniev, R.Geffen e sua família foram morar em New York, Nova Iorque, onde se tornou rabino em Canton, Ohio, e depois de alguns anos, optou em se mudar para Atlanta, onde o clima era mais agradável (e por sinal, a sede mundial da Coca-Cola).”


Tampa amarela, embalagem especial para Pessach.


“De uma história como esta podemos ver que quando um judeu decide que quer comer Kasher e assume com orgulho sua opção, os outros, inclusive os não-judeus, não somente respeitarão a sua decisão, como inclusive darão apoio e ajuda para que a comida Kasher não seja um obstáculo para reuniões de negócios, encontros sociais, festas e eventos.”





Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heinebeg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:


terça-feira, 18 de junho de 2019

Editorial: Israel, a Terra dos Contrastes

Isra-El - nome dado a Jacob, o terceiro patriarca após ter lutado com D'us.


Israel: nome dado ao conjunto das tribos dos descendentes de Jacob, excluindo os Cohanim - que são descendentes do irmão de Moisés, Aaron - e os Levitas, que são um grupo de homens destacados de todas as tribos, cujo dever era servir ao Mishkan, o Tabernáculo, e depois no Templo de Jerusalém.

DEZ TRIBOS DE ISRAEL se perderam ao longo da História. E uma das que ficam, a Tribo de Judá, dá o nome ao Povo Judeu. Nas terras de Yehudá está Jerusalém.

Se continuarmos traçando a História do Moderno Estado de Israel, todos ficarão com a impressão que estamos falando do Velho Testamento - da Bíblia. Não estarão muito errados, porque é possível para todos os judeus, religiosos ou não, crentes ou não, bonzinhos e nem tanto, encontrarem paralelos em descrições do chamado Velho Testamento - que os judeus chamam de Torah, Neviim e Ketuvim - Árvore da Vida, Profetas e Escritos. 
Os judeus não consideram estes livros como um TESTAMENTO, mas sim como uma HERANÇA. Testamento é o que uma geração passa para a seguinte, e herança é o que deve ser passado de geração em geração na forma de genética ou epigenética, isto é, na forma de transmissão puramente biológica, ou na transmissão gerada pelos conhecimentos adquiridos em cada geração e incorporados para as próximas gerações.

É com este filtro de milênios que a identidade judaica e o Moderno Estado de Israel foram construídos. Não há busca de igualdade; a diversidade é a grande herança. A manutenção da identidade de cada um é o que garante esta diversidade.



VAMOS AJUDAR A DIVULGAR ESTA REALIDADE!


No moderno Estado de Israel esta diversidade inclui as populações judias e não judias. Shoppings, escolas, hospitais e até o Exército de Defesa de Israel admitem a convivência de cidadãos israelenses de diferentes procedências. Esta é a base que permitirá ao Estado de Israel não apenas enfrentar, mas principalmente conviver com vizinhos com caracteríticas muito diferentes.

Se os árabes que hoje se dizem excluídos do Estado de Israel não admitem judeus de forma alguma em suas vizinhanças, precisamos lembrar que muitos países árabes tradicionais estão reabrindo sinagogas e incentivando a troca de experiências em campos de ciência, tecnologia e esporte. Em tecnologia um destaque importante são os acordos para prover à Jordânia, país com baixíssimas reservas de água, água potável e própria para agricultura usando tecnologia de dessalinização israelense. Existem problemas políticos? Sim, com a chamada autoriadade Palestina e com o Hammas, mas cada vez mais o mundo se encaminha para seguir o exemplo de Israel e abraçar a diversidade e a diferença e deixar de lado dirigentes que usam seus cargos para viverem acima de todos os demais cidadãos.

Que venham os novos tempos!

CONTRASTES E DIFERENÇAS SÃO POSITIVAS. Permitem que consigamos exportar o que há de bom em tecnologia e no convívio social.

Boa semana!

Regina P. Markus



Autoridades que moram em palácios indescritíveis - contos das 1001 noites.





Planta de dessalinização na Jordânia (AKABA) - água doce no deserto.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

EDITORIAL - As mulheres de Israel





Escrever semanalmente esta Newsletter há mais de dois anos tem sido uma vivência inédita para as cinco mulheres envolvidas. Marcela, Juliana e Regina (que vos escreve) como editoras; Itanira, responsável pelo "Você Sabia?", e Luciana que é a nossa profissional que coloca em conjunto a Newsletter e tem completado todas as falhas das demais. Nosso objetivo primário é combater o antissemitismo fantasiado de ataques ao Estado de Israel e para isso, escolhemos a linha do esclarecimento. Muitas vezes, cada uma de nós fica espantada com a capacidade do Estado de Israel de conquistar e superar dificuldades externas e internas e, principalmente, de manter uma sociedade tão diversa dentro da chamada população judaica de Israel.

Nesta semana vou desviar um pouco o olhar do Estado de Israel moderno e comentar sobre judaísmo, ou os Estados Judeus da Antiguidade. Hoje é segunda-feira dia 10 de junho, o segundo dia da festa de Shavuot (tradução literal – semanas). 49 dias – sete semanas – entre Pessach e Shavuot – entre a saída do Egito e o recebimento das Tábuas da Lei no Monte Sinai. E nesta festa em que são lidos os 10 mandamentos dentro de todas as sinagogas do mundo, também é lida a Meguilá Ruth – a história de Ruth, a moabita. Ruth, a
mulher que casou com um judeu que morreu. Esta moça que poderia ter ficado na terra de seus pais, mas resolveu seguir os passos de sua sogra, Naomi, e tornar-se judia. Casa Ruth com seu cunhado, como mandava a lei da época e é honrada para ser uma grande matriarca de Israel – a que deu origem à linhagem de DAVID – o Rei de Israel. David – o conquistador de Jerusalém. No final da Meguilá de Ruth, encontramos a história de uma outra mulher estrangeira, TAMAR, a canaanita, que é responsável pela continuação da descendência de JUDAH. O que une mulheres que viveram em tempos tão diferentes? Terem contribuído de forma decisiva para a existência de David. 10 gerações separam Tamar de Ruth, e 7 gerações separam Ruth de David. Mostra aqui que o judaísmo é inclusivo e que as mulheres judias, ou aquelas que ao povo judeu se unem, empoderam a história. EMPODERAM O TEMPO.

MULHERES – 50% da população – um grupo renegado por tantos povos, e transformado em parte central do judaísmo bíblico. Será que é essa centralidade e distinção que faz com que o moderno Estado de Israel conte com lideranças femininas, com um exército formado por homens e mulheres desde o seu nascedouro, e um país onde as mães e mulheres, apesar de algumas restrições em grupos religiosos extremistas, encontram campo aberto em todas as demais atividades?

Não há mulher santa, não há mulher ideal. O Tanach descreve todos os tipos de mulheres – as matriarcas e as estéreis, as belas e as não tão bem aquinhoadas, a sábias e as tantas outras.
Lembro que em cada caso, de Sara e Raquel, de Hanna a mãe de Samuel, o sumo sacerdote, uma mulher triste porque não conseguia procriar e a Débora, a juíza que comandou os exércitos para defender seu povo. Mulheres de casa, mulheres de sabedoria, mulheres mães, esposas, mestres. É nesta diversidade que encontramos Dina, a filha de Jacob (Israel) que após ser estuprada é recebida pelo pai e irmãos e é a partir de sua história que se cria a tradição que judeu é filho de mulher judia. Mas esta é apenas uma tradição, visto que hoje na Festa de Shavuot lemos que o Rei David existiu porque a continuidade da Casa de Judah (que dá o nome ao Povo Judeu) dependeu de ações de duas mulheres - TAMAR e RUTH.

Sem continuar desfilando nomes, lembramos que a nenhuma é dada a aura de santa – todas são humanas, todas têm qualidades e defeitos. Há mulheres para todas as personalidades e com isto mostramos a diversidade de um povo.
Mas, mais do que isto, ao invés de se elencar rainhas e sacerdotisas, juntamente com estas são elencadas todas as possíveis mulheres a serem encontradas no transcorrer da história.
E, apesar do que vemos acontecer nos anos modernos, a mulher também é destacada.

Nesta semana de Shavuot lembramos que a diversidade só é completa quando sabemos lidar com mulheres de todos os tipos e que, em circunstâncias especiais, até a que vem de outro mundo pode ser acolhida e passar a pertencer ao povo que projeta o passado no futuro. Ao povo que confere sua eternidade à corrente das gerações.



לדור ודור, הללויה
De geração em geração, Aleluia

segunda-feira, 10 de junho de 2019

VOCÊ SABIA? - Os Zackham e sua “Lista de Desejos"




VOCÊ SABIA que uma família judia está muito empenhada em registrar seu nome no Guinness World Records, imortalizando-a como a primeira família a visitar 195 países do mundo?







Justin Zackham, o roteirista de Hollywood que entrou para o Oxford  English Dictionary ao cunhar o termo “bucket list” (ou “lista de desejos”) atualmente já visitou 21 países com sua família, perseguindo um dos itens do seu rol: conquistar um título recorde mundial!



Família Zackham com os filhos Cole, 5, e Finn, 11, na Praia Casuarina, Sri Lanka


Justin, ao concluir seus estudos na Escola de Cinema da NYU em 1994, rascunhou sua “Lista de coisas para fazer antes de chutar o balde” ou a “Lista de desejos de Justin.”

Aos poucos ele foi eliminando itens da lista - como fazer um filme importante em um superestúdio de Hollywood - após o sucesso de seu roteiro para o filme que ficou famoso, “The Bucket List” (“Últimos Desejos”), com Jack Nicholson e Morgan Freeman.

Outro item por ele logo eliminado foi “casar com uma linda mulher” ao desposar Katherine Simmerman, arquiteta pela Columbia University.



Cole e Katherine na praia.


Com o passar do tempo e sucesso profissional em ambas as carreiras decidiu riscar mais um item da lista, levando os filhos para conhecer o mundo, suas diferenças, belezas, culturas e credos.

Katherine veio de uma família laica e Justin não tem praticado religião por alguns anos, mas possui estreitos laços com o lado cultural do judaísmo.
Em uma entrevista a Daves Travel Corner, assim se expressou Justin:

“Eu sou e sempre terei orgulho de ser judeu. Meu filho mais velho está na idade em que iniciamos a falar sobre o significado de ser judeu. Quando formos a Israel vamos ler juntos a Torá e ambos os meninos vão aprender sobre a história moderna de nosso povo.

No outono passado durante nossa visita à Espanha, aprendemos sobre a diáspora sefaradita da Ibéria e as conversões forçadas daqueles que ali ficaram. Estes fatos levaram a discussões maravilhosas sobre o que faz nosso povo ser diferente, o que nos faz fortes, e porque vale a pena manter nossa cultura, ainda que isto nos exclua.

E na sequência do assunto, quando de nossa recente ida a Medellín, Colômbia, aprendemos que a cidade foi originalmente fundada por judeus, em sua fuga de Portugal e Espanha.”


Em sua entrevista, Justin fala das dificuldades de viajar com crianças especialmente nas longas horas de espera e de vôo, caminhadas e uso de sanitários diferentes, mas reconhece que de uma maneira geral os pequenos têm maior capacidade de adaptação e logo entram no ritmo da viagem. O segredo é reservar tempo livre para descansar e aliviar o stress dos aeroportos.




O casal está nesta epopeia moderna em prol dos filhos. Os ensinamentos escolares vêm através de Katherine, no processo homeschooling (estudando em casa), bastante praticado nos Estados Unidos.

O gosto pelas viagens em família levou o casal a iniciar esta aventura cultural, mas o mais importante é a felicidade dos filhos. 




Se não conseguirem completar o circuito, já será grande a recompensa de estarem todos juntos, empenhados em conviver em família, enquanto desbravam com alegria as realidades de nosso planeta.






Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:

https://www.famousbirthdays.com/people/justin-zackham.html

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Editorial: Dia de Jerusalém



Ontem, no dia 2 de junho de 2019, comemorou-se o dia de Jerusalém. Neste dia, em 1967, as tropas do Exército de Defesa de Israel entraram pela primeira vez desde 1948 na Cidade Velha de Jerusalém, na Cidade que tem mais de 3000 anos e onde estiveram localizados o Primeiro e o Segundo Templo da época bíblica. 

Para nos localizarmos mais facilmente na linha do tempo da História: o Primeiro Templo é também conhecido como Templo de Salomão e o Segundo Templo é aquele que foi Conquistado pelo Gregos (332 antes da Era Comum) e depois destruído pelo Romanos no ano 70 da Era Comum! Sim, estamos falando de mais de 2000 anos de História. Assim, o chamado MONTE DO TEMPLO, onde hoje estão localizadas duas mesquitas e que os judeus decidiram deixar sob controle dos mulçumanos, ganhou significado histórico através da História Judaica. Mas, em comemoração a este Dia de Jerusalém podemos ainda ir mais para trás – voltar nosso olhar para um passado ainda mais longínquo, e lembrar que tanto judeus como árabes consideram aquele o LOCAL DA PEDRA – da ROCHA. Qual rocha? Uma rocha localizada no Monte Moriá, onde Abraham deveria sacrificar seu filho Isaac – e na última hora foi providenciado um carneiro para substituição. 

Jerusalém – olhando o passado encontramos os judeus, e como a linha do tempo segue, esta foi uma cidade almejada por cristãos e mulçumanos, mas sempre habitada por judeus. Cidade pobre, cidade perdida no tempo, mas guardada na mente. Como? A cada ano, no Seder de Pessach, quando se comemora a libertação do Egito, canta-se ao final do jantar, ao final de copos de vinho e de muito mais – “Le Shana habá Be Yerushalaim” – “O Ano que vem em Jerusalém”! E, este ano chegou em 1967 – um Estado Judeu faz de Jerusalém sua Capital. Falando de Pessach, na semana que vem, dia 8 de junho comemoramos a festa de Shavuot. 49 dias separam a comemoração da saída do Egito até o recebimento das Tábuas de Lei no deserto – entre a liberdade física e a capacidade de assumir a responsabilidade sobre a própria liberdade. Neste intervalo, fica o DIA DE JERUSALEM – o século XX encontrando com os tempos bíblicos, não como profecias ou milagres, mas apenas como resultado da evolução da história de um mesmo povo.

Tão fora de qualquer roteiro encontrado na História da Humanidade que até hoje há muitos que se recusam a entender. Razões e emoções de ambos os lados – mas uma coisa é certa – Quer no Imaginário quer no Real – Jerusalém é a Capital Eterna do Povo Judeu!

Como isto é possível? Certamente, a obrigação de EDUCAR a geração seguinte é um fator muito importante – SABER QUEM SOU é baseado no SABER QUEM FORAM MEUS ANTEPASSADOS. Mas apenas isto é insuficiente – Há a necessidade de ir em direção ao FUTURO – há a necessidade de que as próximas gerações sejam educadas para viver o seu tempo e não apenas querer parar a espiral da história num momento de grande conveniência. Os heróis do passado são apenas referências e não determinam o objetivo futuro.

Neste contexto, Jerusalém HOJE possui um impressionante ECOSSISTEMA de INOVAÇÃO e é desta cidade milenar que saiu o maior sucesso de Israel – A Mobile EYE que foi negociada por 5 bilhões de dólares é de propriedade de professores da Universidade Hebraica de Jerusalém.

JERUSALÉM – a cidade eterna do POVO JUDEU – conta o passado e olha o futuro de um povo milenar. Um povo que continuará exercendo a liberdade com responsabilidade e que apesar de todas as dificuldades educa os seus filhos para seguirem em frente o caminho de toda a humanidade.

Boa semana!
Regina P. Markus

domingo, 2 de junho de 2019

VOCÊ SABIA? - Os negros na Alemanha nazista




Neger, Neger, Schornsteinfeger!
(Negro, negro, limpador de chaminés!).

Uma rima conhecida por todas as crianças na Alemanha nazista.



"Peste perigosa": esta era a propaganda nazista.


Você sabia que assim como os ciganos, os judeus, os homossexuais, as Testemunhas de Jeová e os comunistas, os negros também tiveram sua imerecida quota de humilhações, sofrimento, esterilização e morte durante a Alemanha nazista?


Propaganda nazista: negro ataca mulher branca


Entre 1883 e 1919, durante o breve período Colonial Alemão em que o país administrou terras em outros continentes, surgiu na Europa a Comunidade Africana-alemã:


“Marinheiros, funcionários, estudantes ou pessoas do mundo do entretenimento de regiões que hoje constituem países como Camarões, Togo, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia foram parar na Alemanha."

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, estas pessoas em trânsito até então acabaram se fixando na Alemanha. Soldados africanos que haviam lutado ao lado da Alemanha também se tornaram residentes do país.
Porém, segundo o historiador Robbie Aitken, foi outro o grupo que despertou nos nazistas um verdadeiro receio quanto à mistura de raças, uma ameaça à raça pura, tão proclamada e defendida por eles.

Com a derrota do país, e consequente tratado assinado, soldados franceses ocuparam a região oeste da Alemanha, a Renânia. Como medida de segurança e estabelecimento da ordem na área, a França destacou alguns 20 mil soldados de seu império na África, oriundos do norte e oeste do continente. Inevitavelmente aconteceu o relacionamento deles com moças alemãs.

E foi assim que em 1920 surgiu o termo pejorativo “bastardos da Renânia”, ao tratar das 800 crianças mestiças filhas destes relacionamentos. Elas eram uma intimidação à pureza da raça ariana.


Bastardos da Renânia

Durante o breve período da República de Weimar, a Era de Ouro que antecedeu a subida de Hitler ao poder, os negros eram apresentados como um espetáculo, representando personagens exóticos de terras exóticos e suas músicas e ritmos eram dançados com elegância nos salões, mais uma modernidade dos tempos! Música negra era chique.


Josephine Baker – uma das mais populares dançarinas da Europa em seu tempo e uma das mais bem pagas

Ópera de Ernst Krenek, 1927Jonny Strikes Up - Jonny Começa a Tocar 


Outro exemplo da Era de Ouro é esta ópera em língua alemã:




Apesar de negros fazerem parte dos planos não humanitários de Hitler, sendo segregados, sequestrados, impossibilitados de continuar seus estudos, poucos historiadores se dedicaram ao assunto.


O Centro de Documentação do Nazismo em Colônia apresentou pela primeira vez uma exposição sobre o tema:

Até hoje a história dos negros que viviam na Alemanha antes da subida ao poder dos nazistas permanece desconhecida do grande público. Naquela época, não era apenas através da cultura que os negros se sobressaíam, mas também com sua presença nas ruas: imigrantes do Caribe, africanos, norte-americanos negros que haviam fugido da crise econômica nos EUA para a Alemanha, diplomatas, imigrantes das colônias e marinheiros. Idealizador da exposição, Peter Martin, da Fundação de Incentivo à Cultura e Ciência, de Hamburgo, estima em 10 mil o número de pessoas de cor residentes na Alemanha naquela época.”


Também uma cineasta britânica de origem ganesa dedicou-se ao assunto e produziu seu filme já em cartaz na Europa, “Where the Hands Touch”.





A cineasta britânica Amma Asante, de 49 anos, tem origem ganesa e demorou 12 anos para levar aos cinemas a história dos negros na Alemanha nazista.”

Ao se deparar por acaso com uma antiga foto escolar do período nazista, sentiu no olhar de uma aluna negra um ar de desconfiança, talvez de desconforto ao ser fotografada.




Asante percebeu que este era um tema esquecido pelos estudiosos mas que deveria ser pesquisado.


E através de seu filme decidiu mostrar uma história de ficção acontecendo em um período real do país para assim contar a História não contada dos negros durante o nazismo alemão.




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.

FONTES: