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quinta-feira, 27 de julho de 2023

ACONTECE - Para onde vamos?

 

As capas dos jornais israelenses no dia da votação da lei da razoabilidade


Escrevo este texto no dia 8 de Av, hoje ao final da tarde começa o jejum do dia mais triste; complexo e de difícil definição do calendário judaico - o dia 9 de Av. Logo abaixo vem a cronologia deste dia ao longo dos milênios. Mas, antes, quero enfatizar que logo no dia 15 de Av, dia de lua cheia, comemoramos o AMOR, o dia dos casais, o dia do encontro. Apenas 6 dias separam as duas datas. O número 6 na cabala e em todas as místicas é importante. No caso da cabala lembra as 6 pontas do Escudo de David (Magen David, mais conhecido por Estrela de David). Um escudo protege, e é baseado nesta proteção e na certeza que o futuro está nos ensinamentos que passamos a nossos filhos, num processo de formiguinha, de geração em geração é que vou comentar os acontecimentos da semana! 

Usando como base a relação de datas publicadas por Marcos Susskind e conferida nas redes sociais é possível constatar fatos nefastos que aconteceram ao longo de milênios, a partir da destruição do Primeiro Templo.


586 AEC (antes da Era Comum) - Nabucodonosor destruiu o Primeiro Templo - e é iniciado o Exílio Babilônico.

70 EC - Romanos destroem o Segundo Templo - de acordo com o Talmud, a discórdia entre os judeus foi a chave mestra para a destruição e o exílio romano que durou até 1948. Alguns judeus ainda continuaram habitando Israel, que manteve este nome por mais alguns anos.

135 EC - Bar Kochba iniciou uma rebelião contra os romanos em 132EC, e no dia 9 de Av de 135 foi derrotado. É nesta data que todos os judeus são expulsos de Israel e Adriano apaga o nome de Israel do mapa mundi e passa a chamar aquela província de Palestina. Nada a ver com o mundo mulçumano, que ainda não existia. Será justo ponderar que para todos nós, espalhados nos quatro cantos do mundo, a vida na "Galut" continua e que Eretz Israel, fundada em 1948 é um inquestionável resgate histórico. 


Passeando no tempo...

1290 - Judeus expulsos da Inglaterra - por Rei Edward. 

1306 - Felipe IV, Rei da França, expulsa os Judeus e se apropria de seus bens. Vale lembrar que não é mencionado na Wikipedia e outros relatos históricos. Felipe, o Belo, foi bélico! Para tanto precisava de recursos que foi buscar em muitos nichos, inclusive nas comunidades judaicas.

1492 - Fernando de Aragão e Isabel de Castela, reis da Espanha, assinam em 31/03/1492 o édito de expulsão dos Judeus da Espanha.  A data final para saída é… Tishá BeAv.

1914 - A Alemanha declara guerra à Rússia, iniciando a I Guerra Mundial … em Tishá BeAv. 

1942  - No dia 2 de Agosto, 9 de Av, os Nazistas põem em ação os fornos crematórios e começam o assassinato em massa dos primeiros 300.000 Judeus num Morticínio que chega a 6.000.000 de Judeus inocentes. 

E, um pouco antes de 9 de Av de 2023, no dia 6 de Av, o Parlamento israelense - a Knesset - faz passar uma Lei que enfraquece o Sistema Judiciário Israelense e que levantou protestos por todo país por mais de dois meses. No último dia, milhares e milhares de pessoas marcharam de Tel Aviv a Jerusalém e outras milhares estavam em todas as cidades demonstrando o não alinhamento com medidas que dariam ao poder político o direito de interferir em decisões do poder judiciário. A decisão foi tomada por 64 votos a zero! A insatisfação era tão grande que todos os parlamentares não alinhados com o primeiro ministro retiraram-se. 


No mundo ao redor, pessoas cozinhavam e levavam comida para os manifestantes e muitos forneciam roupas. Uma onda de protestos que pode resultar em greves e distúrbios vai se formando e diluindo. A pergunta que não cala é "Para onde Vamos?".


Muitos são os jornalistas e analistas que relataram e avaliaram o processo. Reproduzo abaixo o texto publicado pela jornalista Marcia Cherman Sasson (GPO 87671) na Revista BRAS-IL (https://www.bras-il.com). Uma fonte interessante de notícias de Israel.


"Gantz diz que Netanyahu preferiu os caprichos de Levin à segurança de Israel

Antes do discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Benny Gantz disse que "os queimadores de celeiros e os envenenadores de poços venceram. O Estado de Israel perdeu. Dois dias antes do Tisha B'Av, parece que a conhecida frase de que 'quem não aprende com a história está condenado a vivê-la novamente', é mais atual do que nunca. Não vamos deixar isso acontecer. Quem pensa que ganhou hoje logo descobrirá que foi um grave erro de todos nós. O primeiro-ministro é diretamente responsável. Ele preferiu as necessidades políticas de Ben-Gvir e os caprichos de Levin, sobre o posicionamento político de Israel, sobre a segurança de Israel, sobre a sociedade israelense e sobre a democracia israelense. 'Quem já viu o Ministro da Defesa implorando ao Ministro da Justiça entende o quanto o Estado de Israel precisa de um adulto responsável neste momento. Não é assim que se administra um país. Netanyahu falhou e todo esse governo é um fracasso retumbante'. Gantz acrescentou que 'estamos diante de um perigo claro e imediato, a continuação da legislação predatória e a nomeação de juízes políticos. Milhares de patriotas em todo o país, que saem e se manifestam são a força, e a maioria do povo israelense que deseja uma reforma por consenso é a nossa força diante do perigo. Neste momento difícil, tudo parece negro, mas o despertar e a postura civil são a esperança'". Fonte: Revista Bras.il a partir de Canal 1.


A ESPERANÇA - ser recheada de ativismo, mas também pode ser baseada no AMOR - e é neste ponto que chegaremos em 15 de AV!


Cada um tem opiniões pessoais, mas é neste momento que vemos israelenses judeus e árabes, religiosos e laicos marcharem juntos que vamos iniciar este período que vai de 9 de Av a Iom Kipur. Duas datas resguardadas com jejum de 24 horas. Uma para recordar a história para que a repetição de fatos nefastos possam ser evitados e a outra reservada para introspecção e contato comunitário para preparar cada um de nós para mais um ano, mais um elo na corrente da HISTÓRIA.


Tsom Kal, Esperança e Racionalidade.


Regina P. Markus

domingo, 16 de julho de 2023

ACONTECE... Suécia - Palco de Ódio, Antissemitismo, AntiReligião e ... ESPERANÇA

Escrever sobre acontecimentos que estão ocorrendo muitas vezes leva a conclusões parciais errôneas, que se forem muito bem colocadas podem embasar comportamentos futuros.



Nestas semanas que não escrevi para o EshTáNaMídia acompanhei chocantes acontecimentos que ocorreram na Suécia. Como estava em Israel, as notícias tinham prioridade!

No dia 22 de junho, uma quarta-feira, Salwan Momika, iraquiano residente na Suécia, queimou uma página do Alcorão em frente à Grande Mesquita de Estocolmo. 

No início da semana de 10 de julho foi noticiado que a polícia sueca havia autorizado a queima de uma Torá e de uma Bíblia cristã em frente à Embaixada de Israel em Estocolmo! Antissemitismo! Destruir o Estado de Israel e as Bases do Povo Judeu e com isto também a religião cristã! Isto tudo com a autorização de uma Nação que se diz tolerante e respeitadora de todos! Isto em nome da LIBERDADE de EXPRESSÃO! 

Nós, judeus, conhecemos muito bem esta ladainha. E se lembrarmos que no último sábado foi encerrada a leitura do livro Bamidbar, que recorre aos 42 pontos em que o Povo de Israel parou no caminho de 40 anos entre o Egito e Eretz Israel, acabamos tratando este fato como mais um! Um alerta dos nossos dias.

MAS - o que ACONTECE nestes meses de Junho e Julho talvez tenha um significado maior, ao qual devemos estar alertas: de acordo com o "Times of Israel", Alush chegou à missão diplomática israelense no sábado (Shabat) apenas com o Alcorão e declarou que sua intenção não era queimar a Torá e a Bíblia cristã. A Folha de São Paulo traz a notícia com a seguinte manchete: Manifestante desiste de queimar Bíblia e Torá em protestos na Suécia.  O texto é muito justo e esclarecedor, mas a manchete deixa a desejar. Ahmad Alush declarou que nunca foi sua intenção queimar livros sagrados de outras religiões e que escolheu solicitar autorização de manifestação frente à Embaixada de Israel para chamar atenção sobre a queima do Alcorão dias antes. Portanto, ele não desistiu! 

Até jornalistas que escrevem excelentes artigos se perdem na manchete. Mas qual seria a manchete? O que chamaria atenção do grande público para a leitura deste ato tão importante? Este é um ponto em que a crítica não vai resultar em resposta. A crítica vai abrir oportunidades de passarmos a reescrever mentalmente as manchetes de forma a conseguirem gerar grande impacto sobre a principal lição que os fatos apresentam. 

O governo de Israel reagiu em relação à autorização concedida pela polícia sueca e esta se defendeu que age "em nome da liberdade de expressão".

Se estivesse dando uma aula de Biologia Celular, todos os alunos estariam pedindo um tempo para decifrar e entender as alças de interligação! O que ACONTECE! No caso da biologia, dependeria do estado de higidez do animal. Provavelmente no caso da sociedade também. Se já existirem bases de antissemitismo ou anti-religião ou bases de racismo, estas manifestações podem ser remetidas à primeira metade do século XX e às enormes manifestações que precederam o holocausto.

O GRANDE ERRO - a Suécia dar permissão para manifestações frente a Embaixadas e transformar seu território em um local insalubre para alguns de seus cidadãos. LIBERDADE DE EXPRESSÃO - esta é a razão para permitir oficialmente atos de antissemitismo dentro do território sueco!

A GRANDE JOGADA - evidenciar que ateus e livre-pensadores são tão extremistas quanto fundamentalistas religiosos que se consideram "donos da verdade". Ahmad Alush obteve êxito e aplausos porque conseguiu em uma só ação evidenciar vários tipos de problemas atuais, que poderiam ser resumidos em dois: intolerância e incapacidade do jornalismo distinguir entre fatos e boatos! 

ACONTECE.... encerro com um poema de Alexander Penn, poeta (1906-1972)  apresentado pela Profa. Nancy Rosenchan da Universidade de São Paulo

Eu era/ e aqui Estou/ e se eu adicionar Ser/ serei depois de ter sido/ e aqui estou.

Tradução de Sérgio Goldman em uma lista FaceBook

Acontece... no presente é um construto do passado, e vai projetar para o futuro de acordo com nossa capacidade de DESTACAR de forma respeitosa fatos negativos! Fica aqui um obrigada para Ahmad Alush, que soube de forma criativa chamar atenção para as bases comuns das três religiões originadas da Torá. 



Boa Semana.

Regina P. Markus




quinta-feira, 13 de julho de 2023

CINEMA - Por Bruno Szlak: Corpos em movimento

 



CORPOS EM MOVIMENTO: O CINEMA HAREDI

Por Bruno Szlak

 

A sequência de filmes de Yehuda Grovais, conhecida como a Vingança Judaica (Hanekama HaYehudit) começa em 2000, com um filme cujo título dará nome à série e foi um dos primeiros filmes de ação no mercado ortodoxo. Tendo sido muito bem aceito pelas audiências jovens masculinas, a fórmula foi rapidamente repetida por Grovais, que produz uma sequência com 4 filmes: A Vingança Judaica 2 – a captura de Eichmann; A Vingança Judaica 3 – missão no Nepal; A Vingança Judaica 4 – o arquivo secreto; A Vingança Judaica 5 – me tirem de minha prisão pessoal. Ao longo dos anos seguintes muitos filmes do mesmo gênero foram produzidos por Grovais e por outros cineastas. Estes filmes representam um fenômeno da primeira década do século XXI na produção de filmes por e para o público ultra-ortodoxo.

 

Ainda que muito populares no público jovem haredi (ultra-ortodoxo judeu), os filmes da série A Vingança Judaica nunca receberam a aprovação formal das autoridades rabínicas. Ao contrário, sua popularidade despertou muita controvérsia e provocou a produção de muitos panfletos de protesto. O processo de negociação gradual para a aceitação dos filmes pelo público ortodoxo e pelas autoridades rabínicas significa que os filmes são defendidos inicialmente e principalmente como ferramentas educacionais. Para que o filme possa ser acolhido pela autoridade rabínica, sua trama deve reafirmar positivamente formas consensuais de comportamento. Ainda que os filmes ortodoxos não possam ser vistos simplesmente como propaganda dos discursos ortodoxos oficiais, suas narrativas evitam tratar diretamente de pontos sociais e ideológicos que possam ser entendidos como controversos seja entre grupos de diferentes denominações ortodoxas ou em assuntos como a relação com o serviço militar obrigatório, por exemplo. O status controverso, dentro do próprio universo ortodoxo de séries como A Vingança Judaica, pode ser atribuído então a uma certa transgressão e desafio ao discurso ortodoxo oficial através da experimentação na linguagem fílmica (pelo menos no universo ortodoxo), pelo gênero de ação proposto e ainda pelo endereçamento temático da relação dos ortodoxos com o Sionismo e com as Forças Armadas.

 

A apropriação do gênero de ação pelo cinema ortodoxo está longe de ser considerada trivial. No ponto de encontro entre o mundo ortodoxo e as convenções do cinema hollywoodiano, a apropriação do gênero engendra uma gama de significados e abre espaços para limiaridades e transgressão. Conforme Harvey O’Brien (2012), as narrativas dos filmes de ação apresentam tipicamente histórias redentoras de heroísmo, asseverando a masculinidade, onde protagonistas ativos superam obstáculos numa jornada de resoluções pessoais e sociais. Embora não seja simples definir o gênero de ação, há de se concordar que uma de suas características é uma ênfase no corpo e na propensão para a ação física espetacular. Daí a tendência para se incluir nesse tipo de filmes cenas de perseguições, brigas, tiros, explosões, personagens atléticos e cada vez mais, efeitos especiais ou animações. De acordo com Lisa Purse (2011, p. 3), o cinema de ação é precisamente definido pelo seu foco no corpo em movimento, assim: “o corpo é um corpo fisicamente empoderado, forte, ágil e resiliente, provando a si mesmo no campo da ação e risco, e dessa maneira desempenha fantasias de empoderamento que são inerentemente declaradas e atuadas, mais do que abstraídas.”

 

Para Richard Slotkin (1992, p.8), as noções de masculinidade ocidentais estão normalmente centradas na apresentação do corpo em ação e são assim apresentadas nos filmes de ação, associando o poder entre força mental, o material e o corporal. As narrativas nos filmes de ação hollywoodianos normalmente calcam-se em histórias de heroísmo e superação ligadas à mitologia americana e a cristandade, invocando regeneração e superação através da violência e de sacrifício pessoal.

 

Essas noções de masculinidade estão em diametral oposição às noções de masculinidade e heroísmo masculino do mundo ortodoxo. O modelo ortodoxo idealizado de masculinidade conecta a oposição binária entre passividade/ação com o da espiritualidade/materialidade. Conforme Topel, em seu trabalho A Ortodoxia Judaica e seus Descontentes (2011, p. 160): “Os homens ortodoxos se orgulham do corpo “delicado” e de que suas mãos revelam não ter se dedicado a trabalhos físicos. O uso de óculos também forma parte inseparável do corpo ortodoxo masculino. Finalmente, o corpo de homens e mulheres, geralmente muito pálido, indica a falta de costume de expô-lo ao sol, o que aponta a alienação da natureza e ao mesmo tempo, o respeito às regras de recato que obrigam cobrir quase que totalmente o corpo dos judeus observantes.”

 

O crescimento demográfico e de poder político da sociedade Haredi nos últimos 30 anos foi acompanhado por um crescente sentimento de confiança por parte dessa comunidade, abalada, desde meados do século XX, tanto pelo Holocausto europeu como pela supremacia

do sionismo laico. Somada a esse sentimento de confiança, a exposição de muitos homens haredim da redoma fechada e protegida do espaço ortodoxo à sociedade israelense maior os colocou em competição com novos modelos masculinos, apesar da desaprovação das

autoridades rabínicas, que tentam preservar uma percepção de vida que enxerga o Estado de Israel laico como um “exílio espiritual”. No discurso oficial dos rabinos, a única forma de

ação que poderia terminar com esse estado de “exílio espiritual” seria a ação religiosa, ou

seja, mais estudos da Torá e maior comprometimento com o cumprimento dos preceitos

religiosos (mitzvot).

 

Assim, crescentes incidentes de protestos políticos entre os haredim, incluindo sinais de violência física e verbal – evidência de que alguns jovens haredim queiram se juntar ao exército e se engajar na guinada política da sociedade israelense em direção à direita –, têm uma dimensão relacionada ao próprio corpo. De fato, “ao adotar tal estilo e ideologia mais rudes, os haredim manifestam seu desejo de possuir um corpo. Parece ser essa uma expressão subliminar de sua fascinação com as coisas que foram longamente pensadas serem território dos sionistas, e da qual os ultraortodoxos foram privados: fisicalidade, masculinidade e busca por ação” (ARAN; BEM-ARI; STADLER, 2008, p. 25).

 

Adotando certas características do gênero, os filmes de ação haredim incluem cenas de intensa ação física, como perseguições, brigas e tiroteios. Isso é geralmente sublinhado pelo gênero do Western, com música em ritmo acelerado, relacionando o filme com o gênero popular. A retratação da violência e do corpo masculino emula as convenções hollywoodianas

da era clássica, distanciando-se imensamente da violência hiper-realista e sangrenta, do uso intenso de efeitos especiais e da montagem truncada que caracterizam as produções atuais do gênero. Embora tais procedimentos possam parecer arcaicos e, por vezes, mostrar certa falta de suspense, esse não é o caso para o público-alvo, pouco exposto às produções hollywoodianas. No caso da série Jewish revenge, a experiência visual do cinema de ação alude não apenas ao desejo dos espectadores haredim de possuir um corpo, mas a um desejo de corporificar uma posição mais ativa na mitologia nacional israelense. Ao fornecer um produto “nacional” e “kasher”, que, de certa maneira, atendem aos anseios do público jovem haredi, Grovais posiciona suas tramas dentro de temas contemporâneos e históricos da esfera do sionismo militante, evocando, com plena seriedade, tropos da mitologia sionista que, havia muito, tinham sido abandonados pelo cinema israelense contemporâneo. Os cinco filmes da série compartilham argumentos e estruturas narrativas clássicas similares. Trata-se de narrativas que remetem a missões nacionais, como, por exemplo, a captura de Adolf Eichmann, na Argentina, pelo Mossad – evento que poderia ser enxergado como uma das maneiras pelas quais o jovem Estado Sionista afirmava sua capacidade de buscar seus inimigos onde quer que estivessem, transformando-se no braço vingador de todo o povo judeu. No centro das narrativas, homens seculares israelenses encontram-se com homens haredim em ambientes de homens não judeus e hostis. Com raríssimas exceções, esses homens não judeus são apresentados como personagens unidimensionais e retratados estereotipicamente como não confiáveis – por vezes, maus e, em outras ocasiões, inadequados ou estúpidos. Sua única função na trama é fornecer o background para um relacionamento muito mais significativo que se revela: o do agente do Mossad com a personagem haredi. O encontro significativo vai além dos retratos estereotipados do israelense no discurso haredi. Visto que, em muitos enclaves religiosos, a sociedade haredi está sob constante ameaça de defecção de seus membros, o discurso prevalente posiciona o israelense secular como o mal que está fora, contra quem a identidade interna e esclarecida do haredi é construída. A imagem estereotipada do israelense secular como símbolo do mal é mantida pela noção de que qualquer contato com o corpo israelense deve ser limitado ou evitado totalmente. No texto de Friedman e Hakak (2015, p. 13), é citada a análise de Vered Elimelech sobre o cinema haredi:

 

“[...] Vered Elimelech demonstrou que o encontro com o outro – o não judeu ou o judeu secular – é central em muitos filmes haredim. Meramente por expor a imagem do outro ao público haredi, o cinema Haredi já se desvia do discurso dominante  Fazendo uma distinção entre a “primeira geração” de produções haredim (2000-2003) e a segunda geração de filmes (2003-2010), Elimelech aponta uma mudança na construção do Outro. Nos primeiros filmes, o Outro – seja secular israelense ou não-judeu – é mostrado como uma personagem unidimensional, usualmente desprovido de faculdades espirituais e intelectuais, cujas funções principais na narrativa são a de atuar como uma antítese ao herói haredi. Em alguns dos últimos filmes, as personagens não-haredim são mais nuançados. Enquanto que, em última instância, sua função seja a de reforçar o conjunto de valores haredim, a narrativa expõe suas considerações e motivações e ao fazê-lo, os privilegia e transgrede o discurso hegemônico. (2015, p. 13)”.

 

Na série Jewish Revenge, o israelense secular é um agente da história. A trama se desenrola ao seu redor, e o ponto de vista dos espectadores é normalmente alinhado com o dele, de forma que o conflito dramático no coração da trama é motivado por sua história. É apenas no ponto da crise, quando ele está diante de obstáculos crescentes, prestes a completar a sua missão, que o herói israelense encontra o herói haredi. Duas coisas importantes acontecem durante o encontro entre as duas personagens principais dos filmes: a primeira é que o herói haredi deixa o espaço protegido de sua comunidade e seu trabalho espiritual e se envolve, física e mentalmente, em assuntos do Estado secular. Inicialmente relutante, ele prova-se central para o sucesso da missão, na qual o corpo haredi é também engajado. O herói haredi é visto também participando em perseguições, ocultando e descobrindo documentos e até confrontando fisicamente os não judeus. Em segundo lugar, ao se envolver com a missão nacional, o herói haredi facilita a transformação da visão global do judeu secular, explicando-lhe a verdadeira natureza da vingança judaica. Mais do que combates físicos e retaliações, a

verdadeira vingança judaica é guiada pelo trabalho espiritual de Deus e a continuidade da vida tradicional judaica. Essa transformação, sendo revelada ao judeu secular, desfaz o conflito no coração da trama e leva à resolução. A missão é completada, apesar de todas as expectativas contrárias, e um novo estado de equilíbrio é alcançado, no qual o herói secular está mais próximo de sua identidade judaica.


Acontece - o discurso de Yuval Harari nas manifestações pela democracia em Israel

O discurso completo de Yuval Noah Harari nas manifestações pela democracia em Israel

Tradução de Marcos Weiss Bliacheris e Itay Malo



"Há 75 anos, a poucos quarteirões daqui, Ben Gurion anunciou o estabelecimento do Estado de Israel. Um amontoado de sobreviventes dos pogroms e farhuds, refugiados que fugiram da ditadura, do racismo e da guerra, declararam que iriam estabelecer um estado democrático e que buscaria a paz, que garantiria a liberdade e igualdade para todos, independentemente de religião, gênero ou raça.

Todos nós sabemos que a promessa não foi totalmente cumprida. O sonho israelense, como todos os grandes sonhos, não é uma realidade, mas um destino.

Durante décadas, nos aproximamos desse objetivo passo a passo e  continuamos a sonhar que um dia o alcançaríamos.

Mas, nos últimos meses, o governo de Netanyahu vem tentando frustrar o sonho israelense.

Netanyahu, Ben Gvir, Pindrus, vocês pegam os valores nos quais o Estado de Israel foi fundado e os valores que o povo judeu cultivou por gerações e os esmagam. 

Vocês nos prometem que Israel será eternamente um estado racista, ocupante e violento. Vocês nos prometem que Israel será eternamente um país que odeia mulheres e pessoas LGBTQIA+. Vocês nos prometem que Israel será para sempre um país obscuro e atrasado.Vocês nos prometem o pesadelo israelense.

Vocês não estão destruindo apenas o Estado de Israel, mas todo o povo judeu. Se você estabelecer uma ditadura racista aqui, toda comunidade judaica, de Nova York a Sydney, terá que decidir se permanece fiel aos valores de "amar o próximo como a si mesmo" ou se alinha com o novo e obscuro judaísmo que você está inventando, o judaísmo dos incendiários de Havarah.

Cada comunidade judaica, de Nova York a Sydney,  será dividida em duas e sua busca pessoal por dinheiro, poder e respeito, causará uma ruptura histórica por gerações.

Quando no século 7 os árabes estabeleceram o estado muçulmano, uma crise política estourou lá, logo após a morte do profeta Maomé.

Começou como um conflito entre duas facções sobre a divisão de poder, mas rapidamente se transformou em um cisma religioso, e, embora mais de 1000 anos tenham se passado desde então, xiitas e sunitas ainda são hostis entre si e a ferida nunca cicatrizou. Algo semelhante pode acontecer conosco agora.

Grandes desastres históricos às vezes acontecem por causa de pequenas ambições pessoais. Netanyahu, Deri, Amsalem, vocês estão tão ocupados distribuindo cargos que vocês não percebem. Mas os olhos da história veem você! Parem com isso antes que seja tarde demais!

E se vocês não pararem, então nós vamos parar o pesadelo de vocês!

Há uma semana, eu estava em uma manifestação em Beit Shemesh,

E eu vi centenas de pessoas ali juntas, religiosos e seculares, mulheres e homens, heterossexuais e LGBTQIA+, ashkenazis e mizrahis e todas as outras pessoas.

Até vi uma placa de protesto em iídiche:

“Nosso shtetl está pegando fogo!”

Nossa cidade inteira está pegando fogo!

Unindo forças, até agora conseguimos desacelerar a campanha incendiária do governo e suspender a promulgação das leis do golpe de estado. Por um momento, pareceu que o governo havia caído em si, mas ele voltou a tentar incendiar o sonho israelense.

Os acontecimentos dos últimos dias provam que esse governo só mudou de tática, não de objetivo.

Netanyahu, Levin, Rothman, se vocês tivessem um pingo de responsabilidade para com o Estado de Israel, ou mesmo apenas com seus eleitores, vocês se concentrariam em resolver os principais problemas dos cidadãos, o custo de vida, o aumento da criminalidade e a ameaça iraniana. Mas é aqui que você se concentra: em remover toda a supervisão legal aos seus atos e tomar para você o poder ilimitado.

Você perdeu no comitê de seleção de juízes - então deseja acabar o comitê. Você perdeu na Ordem dos Advogados - então quer aboli-la. O que você fará quando perder as eleições do Knesset? Vai cancelar as eleições?

Estamos perto de Tisha B'Av. Em breve ouviremos muito sobre os perigos do ódio gratuito. Mas a verdade é que quase não há ódio gratuito em Israel hoje. O ódio que está tomando conta do nosso país,

É um ódio que foi comprado com muito dinheiro. 

De graça? - Imagine quanto custa colocar no ar o Canal 14! (Canal alinhado com o governo e que propaga discurso do ódio e fake news). 

Não dá para esperar por Tisha B'av e a destruição do Templo. A hora de parar o governo Netanyahu é agora!

Mas você não pode parar o ódio com ódio.Portanto, em vez de odiar, devemos pegar o que sentimos e direcioná-lo para outro lugar - para a raiva! É permitido ficar com raiva, mesmo com pessoas que amamos. Há momentos em que ficar com raiva é certo e ficar com raiva é importante. Porque a raiva motiva a ação. É permitido e necessário ficar com raiva pelo que o governo Netanyahu está fazendo com nosso país e o sonho israelense!

E se o governo Netanyahu não parar, ele aprenderá nos próximos dias o que acontece - quando nós - estamos com raiva!

As centenas de milhares aqui em Tel Aviv e em todo o Israel, comunicamos Biniamin Netanyahu e e a todos os membros do seu governo que ainda ousamos acreditar no sonho israelense e se você aprovar unilateralmente as leis do seu golpe de Estado, nos oporemos a você de qualquer maneira não violenta que conhecemos!

Não vamos mais te obedecer! E também não serviremos em seu exército!

Quem se recusa a obedecer à ditadura não é um desertor mas um herói!

Aqui estamos - não podemos fazer de outra forma.

Você atingiu nossa linha vermelha.

Não - ouse - atravessá-la!

Pare o golpe - ou nós iremos parar o país!"

terça-feira, 11 de julho de 2023

VOCÊ SABIA? - Beit Hatfutsot, Museu da Diáspora, Anu ou Museu do Povo Judeu

 

O museu em Tel Aviv que apresenta ao mundo a contribuição do Povo Judeu à Humanidade enquanto celebra o pluralismo e a diversidade do Povo Judeu.

Por Itanira Heineberg


Você sabia que neste museu o visitante  pode explorar sua ancestralidade, descobrir sua história, antecedentes, suas características e a origem dos sobrenomes de suas famílias gratuitamente?



Parece-nos incrível, mas por mais de 5 décadas o Museu do Povo Judeu acumulou um acervo curioso de conhecimento, isto é, “árvores genealógicas de mais de cinco milhões de indivíduos; centenas de milhares de imagens e filmes; pesquisa de arquivo sobre as origens dos sobrenomes judaicos e as histórias das comunidades judaicas ao redor do mundo, e uma abundância de música – antiga e nova – todas as pequenas peças que, juntas, compõem o grande mosaico da história judaica.”

O visitante pode explorar sua história e receber informações atualmente ao alcance de todos, na hora, sem custos.

É só você digitar um sobrenome e um lugar de origem que receberá informações valiosas: o significado do sobrenome, a história da comunidade judaica de origem, indivíduos famosos daquela área, fotos, filmes e música.

Vamos tentar? Clique no link abaixo:

https://dbs.anumuseum.org.il/skn/en/c6/bh

 

Realmente o tema genealogia nos surpreende a cada dia. Sobrenomes comuns apresentam muitos resultados enquanto um sobrenome raro pode nos decepcionar em matéria de respostas. Outro ponto que pode nos trair é a grafia, mudando muitas vezes ao trocar de país.

O  banco de dados foi enriquecido através de árvores genealógicas oferecidas por seus pesquisadores, o que às vezes leva a erros ou informações incompletas. O visitante pode acrescentar dados ao banco,  contribuindo assim para o aperfeiçoamento e maior precisão do mesmo.  



Outra surpresa gratificante (encontrei meu nome no banco de dados acima) é ter acesso ao banco de dados de judeus ganhadores do Prêmio Nobel, às comunidades judaicas, Música, fotografias e filmes judaicos.

Além deste mergulho refrescante no passado, o museu surpreende com a variedade de informações e experiências à espera dos visitantes.

Criado em 1978 sob o olhar visionário de Nahum Goldmann, ex-presidente do Congresso Judaico Mundial, em 2005 o parlamento israelense aprovou lei classificando o Museu da Diáspora como um "Centro Nacional para Comunidades Judaicas em Israel e em todo o mundo" com o objetivo de fortalecer a identidade judaica e proporcionar aos judeus visitantes uma compreensão de seu patrimônio, proporcionando um sentimento de pertencimento.

Convidamos nosso leitor a uma breve apresentação dos espaços do museu neste vídeo de menos de 2 minutos:



   

A visita é fascinante mostrando a história do povo judeu no percorrer da História.

Começa-se no terceiro piso com a identidade e cultura judaica moderna.

Descendo ao segundo piso encontramos as “histórias históricas de judeus de diferentes lugares e períodos, destacando temas centrais que os conectam”.

Chega-se então ao primeiro piso onde deparamo-nos com “noções comuns a todos os judeus e a influência da Bíblia na cultura mundial.”

Aí também estão as mais perfeitas e belas sinagogas do mundo reproduzidas em réplicas/  maquetes que nos levam a voltar no passado e imaginar as congregações que nelas testemunharam sua fé.

Dentre os museus judaicos do mundo, o ANU é o maior e o mais completo, celebrando as diversas experiências e “realizações coletivas e espírito ilimitado do povo judeu, contadas de todas as perspectivas, de tempos bíblicos até hoje.”

 

“Coroando uma expansão transformadora de $ 100 milhões ao longo de uma década que triplica seu espaço de galeria para 72.000 pés quadrados, o museu renovado  embarca neste próximo capítulo com um novo nome e identidade de marca, adicionando “ANU” – hebraico para “nós” ou “nós” – que abraça e reflete a diversidade, nuances, espírito coletivo e celebração da totalidade do povo judeu.”

 

Vídeo curto do 3o. andar:



Sessão de Dança – 3º andar:


Vídeo curto do segundo andar:


               

Vídeo curto do 1o andar:



E se você quiser saber mais sobre este templo da História do Povo Judeu, aqui temos um vídeo de 36 minutos que o levará numa visita virtual pelos corredores e ambientes do museu.

Boa viagem!



FONTES:

 https://www.anumuseum.org.il/

https://www.aejm.org/members/anu-museum-of-the-jewish-people/

https://www.beinharimtours.com/diaspora-museum/

https://english.tau.ac.il/campus/beit_hatsfutsot

https://www.tripadvisor.de/Attraction_Review-g293984-d319043-Reviews-ANU_Museum_of_the_Jewish_People-Tel_Aviv_Tel_Aviv_District.html

https://www.danhotels.com/Blog/?p=343

https://www.israel21c.org/tel-avivs-museum-of-the-jewish-people-gets-100m-makeover/

https://www.anumuseum.org.il/about-anu/?utm_source=google&utm_medium=cpc&utm_term=&utm_campaign=g&device=c&gclid=Cj0KCQjwkqSlBhDaARIsAFJANkg7hi7OH-YHIluHqYqzImGm_Uv_3CXVWxWfU_16v7Jn-01kD5YbKU8aAiyZEALw_wcB

https://www.bbc.com/portuguese/geral-46708749


sexta-feira, 7 de julho de 2023

Acontece - O Estado sionista não sobreviverá seu 100tésimo ano se não cuidar disto (artigo)

 

Este artigo de Mishka Ben David, ex agente do Mossad e escritor, foi publicado no fim de junho. Ele traz uma visão da importância de uma cuidadosa diversidade na sociedade democrática judaica, bem como uma abordagem informativa e afirmativa do Estado de Israel - e isso é plenamente alinhado com a missão do Esh Tá Na midia. Por isso este artigo que traduzi é o nosso Acontece desta semana. - Juliana Rehfeld


Pense nisso antes da próxima manifestação:


O golpe legal (judicial) e o ativismo a favor e contra ele são uma distração fatal dos reais problemas do Estado.

Vamos apontá-los já a seguir. O Estado sionista liberal secular não sobreviverá até seu 100tésimo aniversário sem urgentemente endereçar os seguintes problemas:

O problema n. 1 é a demografia Heredi (ortodoxos caracterizados por sua estrita adesão à halakha - lei judaica - e às tradições): com uma média de 6,5 filhos por família (versus + 2 nas famílias seculares) e dobrando a população Haredi a cada 25 anos, já que 23% das crianças até 10 anos já sao Hredim hoje (fonte Instituto Shores - Raiz - da Universidade de Tel Aviv), os Haredim constituirão 49% da população do país em 2 gerações (fonte CBS).

O segundo problema mais sério é a demografia dos árabes - especialmente os beduínos: com quase 3 crianças por família (e mais entre os beduínos, incluindo filhos de outras mulheres dos territórios), juntamente com os ultra-ortodoxos, eles constituirão uma maioria não sionista no país dentro de uma geração! E digamos Adeus à ideia sionista. No seu 100tésimo aniversário, Israel não será um país sionista. Esses problemas, cujo impacto na imagem do Estado é decisivo, não têm relação com o golpe judicial nem nos protestos contra ele.

Esses dois problemas = a perda da governança. A polícia não tem a habilidade de atuar em vizinhanças ultra-ortodoxas nem em concentrações árabes, como vemos diariamente.

As 500 mil armas na sociedade árabe (estimativa da polícia) serão usadas no mesmo dia de uma ordem contrária a nós, a população judaica. Não serão mais os judeus “Orientais” contra os Ashkenazim ou a “periferia” contra “o centro”, e não “liberais/ democratas” contra “conservadores”.

Será uma real guerra civil. Com o sangue MandN nas ruas (quem vai parar uma milícia beduína no dia 16? Mfrom entrando em BeerSheva com suas vans e massacrando seus residentes?) E isso tem pouco a ver com o golpe (mas com uma subdivisão de mínimas sentenças para de armas ilegais - mas isso não é o alvo do que protestam).

O quarto problema, que nós não explicitamente nomeamos, é a inabilidade de governar a Judeia e Samaria e parar o terrorismo lá. E o alto preço pago pelos soldados das FDI e os colonos. O nome não-eufemístico para isso é: o problema do nosso contínuo controle sobre um povo estrangeiro e um território internacionalmente definido como território ocupado.

Em quinto lugar vêm os problemas externos, os que ousamos falar a respeito: o Hamas com seus milhares de foguetes, o Hezbolah com 150 mil mísseis e o Irã com material fóssil em quantidade suficiente para para algumas bombas nucleares e bastante mísseis balísticos que alcançam Israel (mas, sobre N-R-A-E sem um sistema de armamento que minimize e detone as bombas). Problemas reais, para os quais não estamos preparados devido às disputas internas, e que se tornarão agudos com o descrito acima se materializando.

E somente após isso, há o problema fundamental do golpe judicial, isto é, as cláusulas em que ele ameaça a democracia - mas ele ofusca todos os problemas prévios e estamos também lidando com suas margens sem princípios, como a loucura que experimentamos esta semana (n.t. 16 junho) quanto ao Comitê de Seleção Judicial.

Sejamos claros: se as forças seculares, liberais e sionistas (que eu chamo "os pioneiros") não se unirem para a próxima causa, o fim do sonho sionista chegará em breve, e de dentro, mesmo sem qualquer "ajuda" de forças externas.


E o que deve acontecer quando os "pioneiros" subirem ao poder?


1. Cancelar todo o auxílio a partir do terceiro filho (sem auxílio infantil, sem educação gratuita, sem assistência médica gratuita, sem os destrutivos pontos de crédito e nisso também nos evitando tornar-nos superpovoados em países ocidentais);

2. Cancelar todo o suporte a instituições educacionais que não ensinam hebraico e em hebraico (nem auxílio às instituições nem pagamento a professores) - na tentativa de interromper o crescimento de uma geração ignorante que não tem habilidade de integrar-se na moderna economia. (E nisso impedir Israel, a “nação startup” - de tornar-se econômica e tecnologicamente um país de terceiro mundo);

3. Exigir serviço militar ou nacional por lei, e impedir qualquer auxílio governamental para quem não fizer esse serviço - sem bolsas, sem suporte a instituições onde os evapores (do exército) vão estudar, especialmente yeshivas e kollel (instituto exclusivo para estudo do Talmud) - e sem Seguro Nacional, inclusive o auxílio para crianças mais tarde na vida adulta , na tentativa de trazer jovens Haredim e árabes a uma integração na sociedade israelense E com isso ajudar a economia e instituições médicas que estão desesperadas por funcionários e preencher os quadros das Forças de Defesa de Israel de acordo com suas necessidades);

4. Promover uma separação entre as populações judaica e árabe na Judea e Samaria e entregar o controle aos palestinos a uma entidade palestina que concorde em desmilitarização e soluções de segurança (no estilo do "Plano Trump"). E em qualquer caso, frustrar a má ideia da extrema direita de anexar os territórios (o que nos tornaria um Estado binacional) e seu plano de proibir os palestinos anexados de votar e ser eleitos (o que nos tornaria um Estado manifestamente não democrático, um Estado de apartheid pária). Éramos: o fim do Estado judaico democrático será bem antes de seu centésimo aniversário (no futuro é possível adicionar à entidade palestina territórios árabes que não aceitam a essência judaica e democrática do Estado - tais como as áreas controladas pelo movimento islâmico do norte no Waldir Ara);

5. Outra óbvia separação é a separação entre Estado e "Igreja", que será o primeiro passo para significativamente enfraquecer parte dos estabelecimentos religiosos - e precisa ser feito com a mesma determinação com que deve ser feita a erradicação das autonomias de armas dos árabes no Negev das organizações criminosas ali e na Galiléia;

6. Somente dessa maneira seremos livres para nos prepararmos para ameaças externas como se deve.


E somente quando tudo isso acontecer e progredir será correto avançar para o topo da lista de prioridades - a guerra contra os perigoso golpe do judiciário - parte do qual é necessária: temos uma polícia “frouxa”, uma promotoria pública tendenciosa e um sistema judicial preguiçoso que “passa a mão na cabeça” dos cruéis - e é cruel para os misericordiosos - tudo isso precisa ser “chacoalhado”! É claro que a subordinação do sistema judiciário ao governo deve receber forte oposição, mas esta batalha não deve distrair a atenção de todos os outros. Pelo menos parte de sua energia deveria ser direcionada ao resto dos problemas , ou organizada por trás de um "corpo de pioneiros" que saiba como regular os objetivos.

Nada disso é sonho - mas se agrega às forças de oposição seculares - liberais e sionistas. Halutz (n.t. Ex comandante militar Dan Halutz) aparentemente também precisa de suporte das forças seculares - liberais que permanecem no Likud, os religiosos moderados (que não estão atualmente representados na Knesset) e dos moderados tradicionais Mizrahim (judeus do Oriente que não votam no Shas). E talvez serão acompanhados pelos árabes que compreendem quão preferível é sua situação aqui em relação à situação sob regime árabe - apesar da discriminação.

Se quiserem, traremos o Estado a seu centenário, e até aos 120 anos, como um Estado judaico-democrático e sionista. Cabe a nós genuinamente endereçar os reais problemas sem a distração de aspectos marginais da “revolução do judiciário”.

Como costumávamos cantar? "Seremos todos pioneiros e pioneiros", lembram-se? Então não deixemos esta canção ser nossa última memória do grande projeto sionista que nossos pais construíram aqui e ajudaram a estabelecer. 

Alguns jornais que correm para publicar meus artigos se assustaram com este artigo. Talvez você o divulgue!


Mishka Ben David, traduzido por EshTaNaMidia.

Shabat Shalom

segunda-feira, 3 de julho de 2023

VOCÊ SABIA? - Tel Aviv

 

Qual a cidade mais feliz do Mundo?

Tel Aviv, em Israel: a cidade mais jovem e mais moderna do país!

Quem fala é o Blog “The Travel”, um popular blog de Turismo.

Por Itanira Heineberg



A alegria de uma praia ampla, convidativa, banhada de luz e sol durante o dia!


E o frisson de uma noite encantada, cheia de magia e prazeres à sua espera...


Segundo o blog “The Travel”, Tel Aviv se tornou um global hot spot, isto é, um ponto atraente no mundo; a cidade mais feliz do mundo, devido à sua “rica herança cultural, pessoas gentis e abundância de comida, compras e aprendizado, para férias de primavera e férias como um todo”.

Outra significativa razão para esta classificação de felicidade se baseia nas ideologias progressistas, sempre atraindo a comunidade LGBTQ+ para visitar e participar da Parada de Orgulho a cada ano em Tel Aviv, a capital LGBT do Oriente Médio.

Além de ser conhecida também como a Cidade Branca por ostentar a maior concentração do mundo de prédios International Style, ou Estilo Bauhaus, Tel Aviv ficou famosa por suas praias amplas, culinária e vida noturna recebendo a denominação de “a Miami do Oriente Médio”.

 

“A movimentada cidade costeira de Tel Aviv, em Israel, está no topo da lista das cidades mais felizes do mundo compilada pelo TheTravel, um blog orientador para turistas.

 O site classificou 14 cidades que “são conhecidas por sua positividade e prosperidade” com base no que dizem os pesquisadores, totalizando 14.

Para Tel Aviv, que superou cidades europeias como Helsinque e Zurique, o site observou que tem uma vibração vibrante do Oriente Médio com uma mistura única de rica herança cultural, habitantes locais amigáveis ​​e toda uma gama de oportunidades a serem descobertas e exploradas."

Madri, uma potência turística por si só, ficou em segundo lugar devido às suas "cores vibrantes, povo amigável, paisagens deslumbrantes, arquitetura e marcos históricos.

(...)

Fremont, não muito longe de San Francisco, é a terceira cidade mais feliz do ranking, em parte por causa de seu ambiente natural e rica história. A crescente economia de empregos da cidade desempenha um papel importante na felicidade geral de seus cidadãos.

San Jose, Califórnia, vem em quarto lugar no site, que citou seus aproximadamente 300 dias de sol por ano, governo local progressista e defesa de direitos iguais. Estocolmo ficou em quinto. Com suas milhares de ilhas e arquitetura única, tem seu charme especial ao proporcionar aos seus moradores um forte bem-estar social e apoio para famílias com crianças.”

 

A primeira vez que fui a Tel Aviv, em 1972, já me encantei com o que vi e aprendi.

De lá para cá, meio século a mais de desenvolvimento, vida humana e alta tecnologia, Tel Aviv e seus museus maravilhosos continuam a conquistar o mundo.



Desde minha infância sempre gostei de museus, do primeiro que conheci aos 8 ou 9 anos em Porto Alegre - o Museu Júlio de Castilhos, o mais antigo da cidade – e me ficou até hoje a imagem das botas do gigante, um gaúcho de estatura exagerada, agricultor, que teve seus calçados descomunais feitos sob medida para enfrentar o trabalho no campo.

E museus fazem a alegria e felicidade daqueles que visitam Tel Aviv.

Citarei o meu preferido, Museu ANU do Povo Judeu, fundado em 1978 após 10 anos de construção, que faz parte do campus da Universidade de Tel Aviv. Reformado em 2016, incompleto ainda em 2019, finalmente completo agora!


Vamos deixar este museu para um próximo “Você Sabia?”


FONTES:

https://www.travelblog.org/

https://www.jpost.com/israel-news/article-746856#google_vignetteo motivo da classificação

https://www.israelhayom.com/2023/06/21/is-tel-aviv-the-happiest-city-in-the-world/#:~:text=Israel's%20bustling%20coastal%20city%20of,what%20researchers%20say%2C%20totaling%2014.

https://www.jewishnews.co.uk/culture-kind-people-and-food-tel-aviv-named-happiest-city-in-the-world/

https://www.anumuseum.org.il/

https://www.aejm.org/members/anu-museum-of-the-jewish-people/

https://www.beinharimtours.com/diaspora-museum/

https://english.tau.ac.il/campus/beit_hatsfutsot