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sexta-feira, 30 de julho de 2021

A HISTÓRIA do BRASIL - TRIBUTO a ANITA NOVINSKY Z’L

A HISTÓRIA do BRASIL - Tributo a ANITA NOVINSKY Z’L (1922- 20/07/2021)



Ao escrever o nome de uma pessoa que faleceu é costume judaico acrescentar as letras zain (z) e lamed (l) - abreviatura de Zirchon leBracha (Memória Abençoada). Esta é a forma de manter a pessoa entre os vivos, transmitindo a sua memória de geração em geração. Assim, as gerações que se seguem levam consigo um enorme tesouro - uma herança inestimável que dá força e energia para todos os momentos. Dividimos as alegrias e as tristezas, encontramos aqueles que se regozijam com o nosso sucesso e que nos apoiam nos nossos momentos de incerteza. Nossos antepassados são uma força. Assim é Anita Novinsky Z’L para sua família, filhas, netos e bisnetos. 

A História do Brasil pode ser dividida entre antes e depois de Anita Novinsky Z’L. Nesta última semana, nós que apenas tivemos oportunidade de ler seus livros e assistir a algumas conferências pudemos ouvir relatos de muitos de seus ex-alunos, hoje importantes pesquisadores, museólogos e formadores de opinião. Foram muitas as vidas tocadas por Anita. Ela resgata a história dos judeus no Brasil e para isso resgata as origens dos cristãos-novos, aqueles que foram obrigados a se converter ao catolicismo durante a Inquisição.

Pesquisando no nordeste, nas Minas Gerais, em Portugal, em Israel e em muitos outros rincões do mundo, sempre com base em dados e documentos mas com um sentimento de pertencimento e de busca da memória para poder resgatar o futuro negado a muitas gerações, Anita desfia a história dos cristãos novos no Brasil. Desvenda hábitos marcantes que permitem que hoje muitas pessoas tracem árvores genealógicas que cobrem muitos séculos. 

No dia 27 de julho o Projeto Marajó Sefaradi apresentou uma live em que alunos e colaboradores de Anita contam sua história e seus feitos. Foi Anita que introduziu na História do Brasil a história dos judeus obrigados a se converterem, dos cristãos novos que judaizavam e que sofreram torturas inomináveis, dos cristãos-novos que encontraram formas de judaizar e que se mantiveram como uma cultura perdida tanto no nordeste quanto nas Minas Gerais. Assim como Anita chega a Portugal e constrói as bases para uma nova fase da história do país. É relatado seu amor e grande ligação com Israel. Vale assistir.

Temos na nossa Chavurá Esh Tamid muitas pessoas que buscam suas origens. Algumas com o objetivo de voltar à comunidade judaica e todas encontrando fatos e dados a partir destes estudos.

Desde o dia 20 de julho de 2021 até hoje muitos colaboradores diretos  escreveram sobre Anita - e tenho a certeza que nossos leitores vão apreciar muitos desses textos. Destaco o artigo publicado pela Professora Titular da USP, Maria Luiza Tucci-Carneiro intitulado “Escola Novinsky - o legado de Anita". A Profa. Tucci-Carneiro destaca que o trabalho de Anita permitiu dar uma nova abordagem ao problema do antissemitismo, mostrando que esta era a causa básica da Inquisição.

Luize Valente, também aluna de Anita, transformou em um filme estudos que mostram sua busca de origens e, mesmo sabendo que muitos já assistiram, vamos deixar aqui a possibilidade de reverem a saga centenária e os muitos hábitos e costumes que mostram a importante base judaica do nosso país. Clique aqui para ver.

Depois de apresentar tantos falando sobre Anita, que tal ouvirem um pouco do que ela mesma conta, agora a respeito de São Paulo? 

Hoje, lembrando dos tempos de menina, vejo as figuras de Maurício e Anita, um casal além de seu tempo que mostrava ser possível a vida profissional para pais e mães, e que o carinho e atenção que cada um dava à realização do outro era uma boa base de relacionamento.

E aqui ficamos, esperando que vocês possam encontrar muito mais sobre esta maravilhosa parte da História do Brasil e da História Judaica, que mostra que apesar de todas as provações e desatinos, uma boa base, uma boa mesa e bons costumes podem até ser mantidos em segredo por muitas gerações. 

Boa Semana!

Regina P. Markus





segunda-feira, 26 de julho de 2021

VOCÊ SABIA? - O povo motociclista

 

Povo do Livro ... Povo do Pacto ... Povo de motociclistas?

Por Itanira Heineberg



Talvez, para muitas pessoas a ideia de judeus e motocicletas juntos pareça um pouco discordante. Estapafúrdia, para outros!

 

Você sabia que após o lançamento do famoso filme Easy Rider nos anos 70, surgiu entre os jovens judeus da época o desejo de aderir ao desafiante esporte e às velozes motocicletas?

 

Conheçamos a história...    

 

Bruce Ente, o atual tesoureiro do JMA (Aliança dos Motociclistas Judeus), interessou-se pelo meio de transporte aos dezenove anos enquanto estudava na Universidade Hebraica de Jerusalém. Resolveu então usar o dinheiro de sua bar mitzvah e comprou uma Honda CB350. Seus dois amigos também compraram motos e ao final do semestre eles as despacharam de Haifa para a Grécia e mais tarde para os Estados Unidos.

 

Ao receberem a notícia seus pais reagiram, perguntando-se como pode um bom jovem judeu andar de motocicleta.


Bruce Ente, hoje um psicólogo pesquisador aposentado com 118.000 milhas no hodômetro de sua moto, explica:


“Um bom menino judeu andando de motocicleta? A maioria das pessoas pensa que motocicletas e judeus são contraditórios. Mas a realidade é que homens e mulheres judeus não estão menos intrigados e fascinados com motocicletas do que qualquer outra pessoa. Somos vítimas da nossa própria mitologia, de que as pessoas do livro não podem ser as pessoas da bicicleta.”

 

Mais tarde Ente vendeu sua CB350 para um colega e hoje ele cavalga uma Yamaha FJR1300, uma moto esportiva de turismo com viagens por Israel, Colúmbia Britânica e Cuba.

 

“Ente está profundamente envolvido com sua comunidade local e é membro de dois grupos de motociclistas judeus - o dos Shul Boys e o do JMA. E embora o lema não-oficial do JMA possa ser “Comer para cavalgar, cavalgar para comer”, seu credo mais profundo é sobre como nutrir a comunidade.

“Nós comemos e nos divertimos, mas temos um propósito maior de ensinar 'Nunca Mais'.

E além do Holocausto, trata-se de expandir a diversidade, inclusão e tolerância”, disse Ente. “Como judeus, temos a obrigação de usar a experiência de nosso povo para ajudar outras pessoas.”

O JMA - que é essencialmente o clube de clubes - foi fundado em 2004 depois que vários clubes judeus marcaram um encontro na famosa Harley-Davidson de Mike em Delaware. O evento inspirou a criação do JMA e também a ideia do Ride 2 Remember, um passeio oficial em memória do Holocausto.


Dos Chai Riders aos Shul Boys, membros de 42 diversos clubes judeus em todo o mundo desfrutam da liberdade da estrada.

Por CATHRYN J. PRINCE  3 de julho de 2021



Uma atividade do clube de motocicletas Shul Boys foi uma visita o Museu Maltz da Herança Judaica em Beachwood, Ohio.

Hoje, a JMA organiza passeios e se reúne para promover atividades educacionais e de caridade que beneficiam a comunidade judaica mais ampla e a comunidade não-judaica mais ampla. Na última década, arrecadou cerca de USD 400 mil para centros do Holocausto nos Estados Unidos e Canadá. Além disso, a JMA e seus clubes membros frequentemente se reúnem para montar pacotes de cuidados para insegurança alimentar, celebrar feriados judaicos como Sucot ou visitar crianças gravemente doentes em acampamentos de verão.

A JMA agora tem 42 clubes membros nos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Israel. Existem os meninos Shul e os Cavaleiros de Chai, os anjos de Hillel e a tribo. Alguns são religiosos observadores, enquanto outros são seculares. Os membros incluem dentistas e médicos, rabinos e cantores, professores e veteranos, contadores e engenheiros de software.

 

“É mais do que um clube. É mais do que apenas um grupo. É uma família e é maravilhosa”, disse Rob Zucker, dono de uma empresa de financiamento de motocicletas em Roswell, Geórgia.

“Somos reformistas, conservadores e ortodoxos. Temos gente de extrema direita e gente pró-armas. Temos pessoas muito esquerdistas e progressistas e pessoas muito anti-armas. Portanto, não falamos de religião ou política. Ambos estão fora dos limites no site da JMA”, disse Rosenblatt, que pilota uma Honda VTX 1800R.

 

Se os membros desejarem debater, eles podem fazê-lo em uma página privada no site da JMA, disse ele.

Deixando as diretrizes do discurso de lado, os entusiastas da motocicleta sentem que a filiação à JMA é outra maneira de celebrar sua identidade judaica, disse Lauren Secular, tesoureira da JMA e fundadora da Chai Riders.


Na área dos três estados, os membros dos Chai Riders se encontram para jantar uma vez por mês em um restaurante kosher.

 

Todo verão, os motociclistas do clube vão para o Camp Simcha, no interior do estado de Nova York, onde passam um tempo com os campistas, que estão gravemente doentes. Os membros do sexo masculino visitam o acampamento HASC, para crianças com deficiência de desenvolvimento. No final do verão, o clube visita dois acampamentos administrados pela organização sem fins lucrativos OHEL Children's Home and Family Services.”

“Andar de moto é a coisa mais próxima da meditação que eu posso pensar e se você realmente quer conhecer o país, você precisa ver as estradas secundárias de Kentucky ou Arizona", disse Goode.


O motociclista judeu Steve Goode na Gold's Deli em Westport, Connecticut, parte de sua viagem de 75 dias pelo país em que visitará 42 delis para ajudar a espalhar a conscientização sobre o problema da fome. 



Desde março de 2020 com a erupção violenta da Covid, o problema da fome aumentou no país e Goode decidiu ajudar as famílias menos abastecidas, mães solteiras e comunidades de índios americanos.

O mundo fica mais acolhedor com a atitude de Goode, o cumprimento do princípio judaico de Tikun Olam, consertando o mundo, ao acreditar que ninguém deve passar fome na terra americana, terra de fartura, e ao esforçar-se para que ninguém sofra a crise da fome, e que uma refeição nutritiva deve estar sempre ao alcance de todos.

 

FONTES:

https://www.timesofisrael.com/people-of-the-bike-jewish-motorcyclists-who-ride-hogs-and-mow-down-stigmas/?utm_source=The+Weekend+Edition&utm_campaign=weekend-edition-2021-07-04&utm_medium=email

 

https://forward.com/fast-forward/470642/jewish-motorcyclist-embarks-on-great-american-deli-schlep/

sexta-feira, 9 de julho de 2021

Editorial - Há razões para otimismo?

Há razões para otimismo?

Por Juliana Rehfeld



Temos dito que as coisas estão difíceis, que vemos retrocessos em várias questões sociais e políticas em distintos cantos do mundo, que a pauta de costumes que tanto avançou desde os anos 90 vem sendo desafiada por surtos dispersos de obscurantismo e xenofobia, anacrônicos e, por vezes, assustadores.

A pandemia, como se não bastassem a mortalidade, a morbidade e o isolamento, nos permite perceber quantos e quantas vizinh@s de planeta desconfiam da ciência, recusam-se a tomar vacina ou pouco se importam com qualquer coisa ou qualquer um além de seu umbigo.

Mesmo em países cujos governantes acertaram muitas medidas e vêm vacinando celeremente e ajudando economicamente os mais vulneráveis, assistimos a ruidosos protestos contra medidas de isolamento em nome de um direito de ir e vir que se alia ao direito de contaminar e ser contaminado, de sobrecarregar o sistema hospitalar e forçar um ritmo insano de trabalho a médicos e enfermeiros. 

Para piorar, as variantes virais estão gostando de se multiplicar e trazer recaídas, fazendo com que a luz no fim do túnel não esteja muito visível…

Acumulam-se os sinais que nos fazem desacreditar do futuro, temos razões para tristeza e pessimismo… e, justamente agora, chegamos a Tisha B’Av - 9o dia do mês de Av, neste Shabat!  

Tisha B’Av é considerado o dia mais triste do calendário, fazendo referência ao momento em que 12 líderes das tribos enviados como espiões por Moisés a Canaã voltam e relatam o que encontraram lá: dez entre eles só trouxeram más notícias da Terra Prometida, contaram que era habitada por um povo indestrutível, formado por “gigantes”, inconquistável. Estes dez dizem “preferir retornar à escravidão egípcia a tentar conquistar a Terra Prometida e serem dizimados”. O que espalha o pânico a todo o povo. 

E, conta a Torá, que ao ouvir isso D’us fica profundamente descontente com essa demonstração pública de descrença em Sua promessa e poder. E jura que aquela geração de judeus que deixara o Egito – e que chorara ao ouvir o relato dos 10 espiões – jamais entraria na Terra Prometida. Somente seus filhos teriam tal privilégio. E muitas outras tragédias são atribuídas a esta mesma data, inclusive a destruição dos dois Templos de Jerusalém e a expulsão de judeus de vários países no fim do século XIII, chegando, devido à já comentada mobilidade do calendário lunar, a coincidir com a data de 2 de agosto de 1941, atribuída à decisão, na Alemanha Nazista, pela “Solução Final para o Problema Judeu”. 

Já não basta!? 

Há rituais de lamúrias e penitências, muitas acompanhadas, ou não, de jejum de 24 horas. 

Mas então de onde surge a ideia de que 9 de Av é uma luz em tempos de escuridão? Há vários motivos, inclusive o que associa a mesma data à esperada “chegada do Messias que permitirá a construção do terceiro e eterno Templo.”

Acredito mais palpável e consistente, no entanto, pensar que esta luz significa que justamente porque estudamos, contamos, debatemos e refletimos sobre nossa história, sabemos que sempre saímos desses piores momentos com uma combinação de força e perseverança, fé e trabalho, e mais do que sobreviver, emergimos e evoluímos como nação entre as Nações e temos contribuído solidamente para o que chamamos de Tikun Olam - a melhoria do mundo em que vivemos.

Em outro nível de reflexão penso que nesta fonte bebeu a moderna e amplamente usada Teoria U de mudanças que nos propõe mergulhar em nós mesmos, individual ou coletivamente, buscando o que nos é essencial para, a partir disso reconstruir um caminho que possa alcançar uma situação melhor e sustentável. 

Há diversas definições para otimismo e esperança, mas creio que o importante é extrairmos destas, o que diferencia a atitude proativa daquela passiva frente a situações difíceis ou trágicas que atingem os outros ou a comunidade como um todo. Particularmente o emérito rabino Jonathan Sacks z’l’ dizia que “otimismo é acreditar que as coisas vão melhorar, enquanto esperança é acreditar que nós conseguiremos melhorar as coisas”. 

Nestes tempos sombrios e neste 9 de Av façamos este mergulho naquilo que nos é essencial, deixando de lado o que nos amarra a circunstâncias voláteis, mutáveis ou mesmo sinais e notícias enganosas ou precipitadas, empenhad@s a reemergir mais sólid@s, mais poderos@s para dirigir nossos próximos caminhos. E dediquemo-nos a passar às próximas gerações o impulso e o método desse continuo exercício de descida e retorno para que elas sigam construindo um mundo cada vez melhor para tod@s.


Juliana Rehfeld


N.E.: para tornar o texto mais inclusivo e acolhedor, a Juliana Rehfeld, autora deste Editorial, escolheu usar @ no lugar dos artigos.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

EDITORIAL: ÁFRICA - a próxima fronteira

Relações milenares




Israel tem vários desafios. O maior deles provavelmente é a construção de sua imagem. Supervalorizada por um lado e desvalorizada, ou mesmo deturpada, por outro. Imagens fazem parte de um inconsciente coletivo que é criado através de contos e mitos. A história dos judeus e a história da África se cruzam ao longo dos milênios. 

Este ano faz 45 anos que foram resgatados os judeus sequestrados por terroristas alemães do aeroporto de Entebe e 30 anos da Operação Salomão, quando foi dada ao governo de Israel uma janela de dois dias para transportar 14.000 judeus etíopes para Israel. O resgate dos Bnei Israel que são originários de uma das 10 tribos perdidas de Israel teve início em 21 de novembro de 1984 quando uma primeira missão clandestina levou para Israel 8.000 judeus etíopes que fugiram para o Sudão. Em 2020 chegou a última leva de judeus etíopes, recebidos pela então Ministra de Imigração Pnina Tamano-Shata, que nasceu na Etiópia e chegou em Israel em 1984. Nestes 37 anos, os imigrantes e seus filhos tornaram-se cidadãos de Israel. 

Olhando ao longo de milênios, o próprio Povo de Israel - os decendentes do patriarca Jacob (Israel) - foi formado na África.  A esposa, Tzipora, era filha de um líder e um administrador de uma nação africana, que contribuiu de forma indelével com a estruturação do Povo de Israel. Foi Ietro que aconselhou Moisés a formar um sistema de administração hierárquica com cortes de ausculta e julgamento de diferentes instâncias. 

Saltando para os nossos dias, observamos que as relações diplomáticas com vários países africanos vêm sendo estabelecidas. O Tratado de Paz com o Egito de 1979 tem sido mantido ao longo dos anos. A relação com o Marrocos foi estabelecida oficialmente em 2020 e já resulta em um grande interesse turístico e de rotas comerciais. Etiópia, Sudão e Sudão do Sul, bem como Angola, Camarões, Eritreia, Chad, Gana, Guinea, Libéria, Mauritius, Nigéria, Ruanda e Uganda mantém relações diplomáticas plenas, inclusive com troca de embaixadores. 

Três países que sempre mantiveram relações diplomáticas com Israel são Malawi, Suazilândia e Lesoto. E há um destaque especial para a Libéria, que apoiou a criação do Estado de Israel e estabeleceu relações diplomáticas ininterruptas desde 1948.

As muitas missões de Israel na África ligadas à melhoria da agricultura, disponibilidade de água, saúde, educação, comunicação vêm agora acompanhadas de um grande interesse turístico. Estabelecer contato entre pessoas é a magia de nossos tempos. Poder conhecer os mundos diferentes e somar ligações pessoais é a melhor forma de fortificar relações.

Entrelaçar o mundo oficial com o dia a dia é a melhor forma de criar vínculos!

Boa Semana! 

Regina P. Markus




 

EDITORIAL: Conciliando Opostos



No próximo sábado, 10 de julho de 2021, terá início o mês de Av. Em qualquer calendário é dado a cada mês uma característica especial: alguns têm datas mais alegres, signos mais favoráveis ou são lembrados por marcarem o cotidiano, como o início das aulas ou as férias.

Do ponto de vista pessoal, as datas festivas ou de lembrança são marcos que celebramos a cada ano. O calendário define o passar do tempo, marca o finito e o infinito. O calendário faz parte de todas as culturas e é definido pela Mãe Terra e pela Cultura. 

Para a maioria dos nossos leitores a menção do mês de AV traz no seu bojo a máscara da tragédia. Dia 9 de AV (Tishá be Av, 18/07/21), um dia de jejum, é uma data trágica. Segundo a Torah, foi neste dia que D'us ordenou aos judeus que continuassem no deserto por mais 40 anos. Este dia também lembra a destruição dos Templos de Salomão pelos babilônicos (586 AEC) e do Templo de Herodes (70 EC) pelos romanos. Anos mais tarde, nesta mesma data, os romanos araram todas as terras do Monte do Templo para que não fossem deixados vestígios da passagem dos judeus por Jerusalém. Neste mesmo intuito, trocaram o nome do país para Palestina. Em 1290 o rei Eduardo I ordenou a expulsão dos judeus da Inglaterra e no ano de 1492 os reis católicos, Fernando e Isabel, assinaram o decreto de Alhambra expulsando os judeus da Espanha. A lista continua até os nossos dias. 

Conciliando Opostos. Os leitores devem estar perguntando: O que tem este título com o mês de Av? Até há muito pouco tempo, eu apenas responderia que neste mesmo mês, no dia 15 (TU be AV, 24/07/21) é celebrado o Dia dos Namorados; Dia do Amor. Em outros anos já comentei sobre este dia, contando como os solteiros e solteiras iam para os campos se encontrar e buscar parceiros de vida. Como o encontro das pessoas era abençoado, desde os tempos bíblicos. Um dia de grande alegria e regozijo. Mas, o fato de duas comemorações opostas acontecerem no mesmo mês não necessariamente implica em conciliar. 

Viajando na Internet - atravessando tempos, culturas e chegando a um título que seria pouco provável que usasse há um ano. Nestes contextos controversos é sempre interessante auscultar o que pensam aqueles que têm opiniões ou condutas diferentes das nossas. Neste contexto, assistindo a uma palestra em uma Yeshivá em Tsfat, cidade que abriga os atuais cabalistas, escutei uma explicação que vale compartilhar.

Av é considerado um mês de muitas realizações e de capacidade de transformação. Segundo os cabalistas e também muitas outras culturas, os meses são regidos pelos astros. A maioria, com exceção do mês de Av, é regida pelos planetas. Av é regido pelo sol 🌞  e pela lua🌜. O sol rege a primeira quinzena, e a lua a segunda. 

Ambos os luzeiros iluminam, ambos enviam energias e estas podem ser positivas ou negativas. O sol alimenta e ilumina, mas também queima e destrói, isto tudo dependendo da quantidade. A lua afasta as trevas, mas também está ligada à importância do descanso diário. O sol e a lua representam opostos que devem ser dosados de forma adequada. Acrescento aqui que a iluminação constante por um longo período é desgastante e gera nos seres vivos processos patológicos muito importantes. No escuro constante, nossos relógios internos podem ser ajustados de outras maneiras, e há possibilidade de sobreviver sem grandes danos. Neste contexto, o escuro tem vantagens sobre o claro.

O fantástico do mês de Av é que quando os dois luzeiros se encontram, exatamente no meio do mês, no dia 15 de Av ocorre o dia dos namorados - e os cabalistas acreditam que a melhor e talvez única forma de conciliar os diferentes seja através do amor. O amor que cria o futuro, o amor que deixa uma semente capaz de transmitir uma herança através dos tempos.

Assim, este ano, decidi andar pelas nuvens, "por caminhos nunca dantes navegados", para poder compartilhar com vocês a maravilha de transformar e transmitir novas formas de energia geradas a partir do encontro dos opostos. Para isto devemos poder não apenas escutar, mas também auscultar, isto é, não apenas ouvir a partir de nossos pré-julgamentos, mas também buscar entender o que há de novo e informativo em sons que muitas vezes podem ser considerados apenas ruídos.

Conciliando os opostos - um bom exercício para o mês de Av. A cada ano lembramos do que foi destruído, mas logo em seguida somos convidados a colocar nossas energias em processos que possam criar um futuro mais cheio de amor e conciliação.

Boa Semana, Bom mês!

Regina P. Markus




terça-feira, 6 de julho de 2021

VOCÊ SABIA? - Carnes cultivadas

 

CARNE DE LABORATÓRIO: 500 kg de carne por dia sem abater um único animal

Por Itanira Heineberg



Future Meat Technologies

Você sabia que a Future Meat Technologies, uma startup israelense, inaugurou recentemente a primeira instalação industrial do mundo para produção de carne cultivada, também chamada “carne de laboratório”?

Esta unidade fica em Israel e sua capacidade de produção diária é de 500 quilos, o equivalente a 5.000 hambúrgueres. Com estes dados a produção de carne de laboratório em escala torna-se uma realidade! 




A startup fundada em 2018 destina-se a atender às necessidades de proteína do mundo.

“Assim, a agritech israelense, localizada em Rehovot, consolida uma visão de agricultura “sustentável e econômica” para atender às demandas de proteína das gerações futuras.”

Com a inauguração da startup, um grande avanço se concretizou no sentido de levar os produtos proteicos aos mercados e lojas do gênero até o próximo ano, ou seja, 2022.

Ter uma linha industrial em funcionamento acelera processos-chave, como regulamentação e desenvolvimento de produtos”, disse Rom Kshuk, CEO da Future Meat Technologies, em nota divulgada à imprensa.”

A fábrica pode produzir carne de frango, suíno e cordeiro a partir do cultivo das células desses animais sem o uso de animais inteiros ou geneticamente modificados (sem OGM, “Organismo Geneticamente Modificado”). Os próximos passos serão a produção de carne bovina e a redução dos preços dos produtos para que se tornem cada vez mais acessíveis.

 

A equipe da Future Meat pretende levar produtos às prateleiras dos Estados Unidos até 2022. (foto – Future Meat)


Segundo a empresa, a plataforma da Future Meat Technologies permite ciclos rápidos de produção: cerca de 20 vezes mais ágeis do que a produção animal tradicional. A tecnologia é baseada no trabalho premiado do Prof. Yaakov Nahmias da Universidade Hebraica de Jerusalém, que integra a empresa.

 

“Depois de demonstrar que a carne cultivada pode atingir a paridade de custo mais rápido do que o mercado esperava, esta unidade de produção é uma verdadeira virada de jogo”, disse o Prof. Yaakov Nahmias, fundador e diretor científico da Future Meat Technologies.

 

Segundo ele, a instalação demonstra que a tecnologia própria para rejuvenescimento dos tecidos em substratos permite uma produção 10 vezes maior do que o padrão industrial atual para carnes cultivadas.

 

“Nosso objetivo é tornar a carne cultivada acessível a todos, garantindo a produção de alimentos deliciosos, saudáveis ​​e sustentáveis para o futuro das próximas gerações, disse.

 

A instalação também reforça todos os esforços da Future Meat Technologies para criar um futuro mais sustentável. Segundo a empresa, o processo de produção gera 80% menos emissões de gases do efeito estufa e usa 99% menos terra e 96% menos água doce do que a produção de carne tradicional.

 

A Future Meat Technologies pretende chegar às prateleiras nos Estados Unidos em 2022 e está atualmente em processo de aprovação de sua unidade de produção com agências reguladoras naquele país. A empresa mira vários locais nos Estados Unidos para a expansão projetada.”

“A condenação da carne vermelha não tem nada a ver com Ciência.”



A seguir um vídeo de menos de 2 minutos, em inglês e muito elucidativo, em que podemos conhecer uma maneira diferente para alimentar o mundo de maneira econômica, sem prejudicar o meio ambiente e protegendo nossos solos, águas, florestas e ar.

Realmente, um passo gigante para nossa geração e futuras.




FONTES:

https://agevolution.canalrural.com.br/israel-inaugura-primeira-fabrica-de-carne-cultivada-do-mundo/

https://future-meat.com/

https://www.prnewswire.com/news-releases/future-meat-technologies-launches-worlds-first-industrial-cultured-meat-production-facility-301317975.html

https://www.suinoculturaindustrial.com.br/imprensa/empresa-israelense-future-meat-technologies-inaugura-primeira-fabrica-de-carne/20210624-143445-y494

https://www.s2gventures.com/portfolio/Future-Meat

VOCÊ SABIA? - Outsense

 

OutSense – transformando dejetos humanos em percepções médicas que salvam vidas!

Por Itanira Heineberg




Você sabia que a partir do primeiro trimestre de 2022 um novo dispositivo substituirá a coleta manual de dejetos humanos e sua entrega aos laboratórios - um procedimento que leva muitas vezes as pessoas a adiarem ou atrasarem seus testes?

Sim, no momento em fase de testes clínicos em Israel e um piloto no Japão, o dispositivo óptico de IoT da startup israelense de saúde digital OutSense funciona conectado ao vaso sanitário. Ele identifica componentes das fezes e da urina e envia os dados para análise baseado em nuvem de IA (Inteligência Artificial) antes de fornecer indicações de várias doenças em tempo real.

O dispositivo pode identificar sangue nas fezes, geralmente um sinal de câncer colorretal, e também diagnosticar e monitorar desidratação, infecções do trato urinário, diarreia e constipação. A produção e as vendas comerciais estão planejadas para o primeiro trimestre de 2022.

O dispositivo OutSense destina-se a substituir a coleta manual de dejetos humanos e sua entrega aos laboratórios, facilitando e agilizando a vida de todos envolvidos no procedimento.

OutSense funciona de forma discreta e contínua e fornece alertas automáticos, seja por meio de um aplicativo móvel ou para as telas de controle de equipes médicas em residências de idosos e instituições médicas.


“O acesso a ambientes de uso real que o investimento da Longevity traz para a mesa é inestimável”, explicou o CEO da OutSense, Yfat Scialom, “A detecção precoce de mais doenças por meio de nossa tecnologia pode economizar enormes quantias em custos de saúde e, mais importante, salvar vidas”.

 

A tecnologia começará a ser testada nos Estados Unidos ainda este ano.

O piloto tem financiamento de US$ 2,7 milhões com um investimento da Longevity Venture Partners. Ele será executado em conjunto com a empresa controladora da Lo.


A OutSense Diagnostics desenvolveu uma nova tecnologia capaz de analisar e diagnosticar com precisão os dejetos humanos de dentro de um vaso sanitário padrão. Sua solução oferece uma plataforma de monitoramento superior que protege a saúde e permite a detecção precoce de condições médicas. O banco de dados exclusivo da empresa sobre excreções humanas pode fornecer informações valiosas sobre a fisiologia humana.

E assim a tecnologia caminha passo a passo com a medicina e a ciência, em busca pela comodidade e saúde humana.


Incríveis Técnicas Israelenses Transformando Vidas em Todo o Mundo


FONTES:

https://www.alefnews.com.br/startup-israelense-vai-realizar-exames-de-fezes-e-urina-sem-coleta-de-material/?utm_term=Startup+israelense+vai+realizar+exames+de+fezes+e+urina+sem+coleta+de+material&utm_campaign=MW+Comunicacao+empresarial&utm_source=e-goi&utm_medium=email

https://outsensediagnostics.com/

https://cordis.europa.eu/project/id/791683/reporting/it

https://www.israel21c.org/10-incredible-israeli-firms-that-are-transforming-lives-worldwide/



segunda-feira, 5 de julho de 2021

VOCÊ SABIA? - O tomate cereja vem de Israel?

 

Made in Israel, um dos ecossistemas mais maduros do mundo

Por Itanira Heineberg


Tomate-cereja (Solanum lycopersicum var. cerasiforme)

Espécie de tomate de tamanho menor e com sabor um pouco mais doce do que o de um tomate comum.



Você sabia que a espécie de tomate cereja mais comumente comercializada hoje em dia foi desenvolvida em Israel?

O delicioso tomate cereja é cultivado desde o início dos anos 1800 e é possivelmente originário do Peru, Equador e Norte do Chile.

A espécie mais comumente comercializada atualmente foi desenvolvida em Israel por institutos de pesquisa na área de engenharia genética agrícola no país.

A escola que mais se destacou nesta pesquisa é filiada à Faculdade de Agricultura da Universidade Hebraica no campus da cidade de Rehovot.

A pesquisa por esta classe aconteceu pela necessidade de uma espécie mais apropriada ao ambiente climático do país, além de permitir que o tempo entre o amadurecimento e deterioração do fruto fosse maior.




Quando surgiram os tomates cereja no mercado, a novidade agradou.

 

“E ninguém nunca se perguntou qual seria sua origem.

Incorporado ao cotidiano de nossas receitas, sua história permaneceria obscura.

Isso se não fosse um avião atrasado no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.

Foi aguardando seu voo que a pesquisadora Anna Wexler leu com atenção um folheto que promovia Israel.

Tanto como destino turístico, como terra de inovações.

Entre elas, o governo reivindicava a autoria do tomate cereja como resultado do avanço de sua pesquisa agrícola.

A estratégia é vender o país como um grande centro mundial de desenvolvimento tecnológico.

Mas Anna sabia que o tomate é originário da América (na verdade, Peru e Equador).

E se perguntou se as reivindicações de Israel poderiam ser verdade.

O resultado de sua investigação é o estudo Seeding Controversy: Did Israel Invent the Cherry Tomato?

Em português, seria algo como “Plantando a discórdia: foi Israel quem inventou o tomate cereja?”.

A obra foi publicada na revista científica Gastronomica: The Journal of Critical Food Studies.

Nela, descobrimos a origem da confusão.

A verdade é que esse tipo de tomate crescia de modo espontâneo nos quintais.

Mas não era comercializado porque tinha curta vida útil.

Isso mudou nos anos 1970.

Foi quando a Universidade Hebraica de Jerusalém desenvolveu uma espécie mais resistente ao clima da região.

Ou seja, Israel não criou o tomate cereja, mas sim uma versão economicamente viável.

O ufanismo do governo, somado à publicidade, promoveu uma nova versão para a origem da iguaria.

Hoje em dia, a autoria pelo tomate cereja tornou-se um poderoso elemento da autoimagem dos israelenses.

Por este motivo, Anna Wexler sugere não questionar a veracidade da história.”

 

Assistamos agora a este vídeo de 10 minutos, um Must sobre o assunto, onde conheceremos a história da agricultura em Israel, de seus tempos difíceis de muita malária, pântanos e desertos áridos, até agora! Uma conquista com muitas vitórias, aprendizagens, pesquisas, incluindo todos os países interessados em utilizar suas técnicas de avanço e grandes colheitas.




FONTES:

https://rulez.io/blog/ecossistema-israel-oren-gershtein/

https://www.frutasriva.com.br/produtos/tomates-cereja-frutas-riva/

http://luciliadiniz.com/quem-inventou-o-tomate-cereja/