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segunda-feira, 31 de maio de 2021

VOCÊ SABIA? - O poder da diversidade




'Pois somos irmãos': árabes e judeus em tecnologia decidem curar as fissuras sociais.

Por Itanira Heineberg



Você Sabia que os 11 dias de enfrentamentos entre cidadãos árabes e judeus iniciados com o lançamento de mísseis de Gaza sobre Israel causaram uma onda de respostas no mundo da tecnologia, negócios e saúde?

Os responsáveis por aqueles setores, judeus e árabes, pronunciaram-se firmando seu compromisso com Israel, uma nação que aplica a lei de maneira justa e imparcial a todos seus habitantes, solicitando “a cura da sociedade israelense, da mesma forma que o país superou a letal pandemia do coronavírus.”

As cidades viraram palcos de guerra, e os confrontos são considerados os mais sérios no país em anos.

O consórcio Poder na Diversidade, criado há quatro anos com o objetivo de incluir comunidades árabes, ultra ortodoxas, etíopes e outras no ecossistema de tecnologia israelense, reagiu aos distúrbios sangrentos com um grito de justiça, afirmando que são todos irmãos e têm o compromisso de zelar e curar a sociedade israelense.

 

“Power in Diversity é uma iniciativa que visa mudar o 'ecossistema' de startups em toda a indústria no desenvolvimento de culturas organizacionais, processos, estruturas e normas para atrair, acomodar e reter candidatos de minorias e mulheres de alto desempenho que estão atualmente sub representados no setor. As firmas de capital de risco, ONGs e partes interessadas do governo por trás disso tudo compartilham a crença de que para Israel continuar a servir como um modelo internacional de inovação, é essencial que sua indústria de startups reflita toda a diversidade da sociedade como um todo.”



Em um comunicado assim se expressou o consórcio:

 

“Temos duas opções pela frente: aceitar que somos uma sociedade diversa e nos alegrar com a beleza dessa diversidade ou continuar a demonizar aqueles que são diferentes e declinar no ódio e na violência”.

“Não temos escolha, a não ser, ver estes tempos como uma oportunidade de mudança - para a maioria silenciosa romper o status quo, e retomar a agenda dos extremos em nossa sociedade”.

O comunicado, que foi publicado nas redes sociais em inglês, hebraico e árabe pelo comitê de direção do Poder na Diversidade inclui ainda os fundos  Viola, Pitango, Qumra, Glilot, Vintage Investment Partners e 2B Angels.

“Nós, os membros abaixo assinados da comunidade de alta tecnologia, reafirmamos nosso compromisso de construir um país onde todas as pessoas, independentemente da religião, etnia, gênero ou orientação sexual, tenham igualdade de oportunidades, tratamento igual perante a lei e respeito tanto por seus líderes políticos quanto por seus vizinhos e a liberdade de ir a qualquer lugar sem medo de abusos ou violência”.

“Comprometemo-nos a trabalhar com qualquer pessoa de qualquer comunidade para tornar este país uma luz para as nações, o que pode e deve ser feito.”

“Haverá um amanhã após este conflito”, disse Alan Feld, fundador canadense-israelense e sócio-gerente da Vintage Investment Partners, que criou a iniciativa Power in Diversity.

 

Alan Feld

“A maneira de superar o conflito é a força de trabalho, um dos poucos lugares onde pessoas de todas as comunidades trabalham juntas, se encontram em um ambiente positivo e trabalham em conjunto por um objetivo comum”, disse Feld em entrevista por telefone. “A interação permite que as pessoas quebrem barreiras, construam compreensão, confiança e respeito.”

Feld disse que a iniciativa Power in Diversity trabalha há anos para ajudar empresas de tecnologia e fundos de capital de risco a recrutar funcionários de diversas comunidades e superar preconceitos embutidos, dos quais os empregadores podem nem estar cientes. O caminho a seguir, disse ele, é intensificar os esforços para ajudar as pessoas de diferentes comunidades a trabalharem juntas.

“Não podemos esperar que os políticos e nossa liderança resolvam esse problema porque eles não estão fazendo isso”, disse ele. No final do dia, o sucesso virá dos esforços de base.

Os eventos que se desenrolaram na semana passada foram um “alerta”, disse ele. “Se não resolvermos esse problema, se não descobrirmos uma maneira de reunir as pessoas, isso pode se tornar um pequeno exemplo de um problema muito mais profundo.”

Da mesma forma, um grupo de profissionais árabes e judeus do ecossistema de saúde de Israel - membros da academia e do setor de tecnologia, e clínicos e médicos - emitiram uma declaração de propósito chamada "Quebrando as Barreiras", em inglês, hebraico e árabe, apelando ao Público israelense para curar as feridas da sociedade.”

“Nós, mulheres e homens de todos os sistemas de saúde, pesquisa médica e indústria de tecnologia da saúde em Israel, um grupo que faz a ponte entre comunidades, sociedades e religiões, conclamamos o público israelense a se levantar contra atos de incitamento, violência e ódio e agir para curar as feridas”, diz o comunicado publicado na plataforma de mídia social.

“Nós, que vivemos a convivência árabe-judaica no dia a dia nos hospitais, clínicas, laboratórios de pesquisa e empresas de Health-Tech, sabemos que a alternativa pela qual vivemos é possível, como a maioria dos cidadãos deste país sabe.”

“No ano passado, lutamos lado a lado contra a pandemia COVID e vencemos juntos. Agora, todos nós - judeus, muçulmanos, cristãos e pessoas de outras religiões - devemos agir juntos novamente com igualdade, respeito e parceria verdadeira, para restaurar a paz e a segurança pessoal para todos. No setor da saúde, isso já é uma realidade que vive e respira. Deixe-nos fazer isso em todas as áreas da vida. Pois somos irmãos.”



 

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Editorial - narrativas e esperanças




Narrativas e esperanças 

Por Juliana Rehfeld

Narrativas e esperanças 

O barulho no Oriente Médio diminuiu esta semana, pelo menos o de mísseis e caça-mísseis. Isso é muito bom.

Já o barulho das narrativas continua, e este é anterior: 100? 73? 54 anos? Um momento de tensão traz de volta personagens e discursos que estavam em vias de esquecimento.

Em um momento de coincidência de datas religiosas e políticas, como já escrevemos aqui, o terror vem literalmente “sair do buraco”, do túnel do enfraquecimento - e o discurso antissemita de grande parcela da imprensa acorda requentado, justamente porque e quando passos firmes são dados a caminho de um novo futuro de paz e diálogo. 

Não é concidência que esteja acontecendo junto com os acordos Abraâmicos de paz, as parcerias entre Israel e vários países árabes e a complexa, mas progressiva, integração da população árabe nos mais variados setores da sociedade israelense - inclusive a possível participação da coalizão a governar o país no ocaso de Benjamin Netanyahu. 

Como  parte da nossa tarefa trazemos fatos e discursos que  você não encontra na imprensa, muito menos em português. Aproveite:

Parte de entrevista da Sky News com Mahmoud Al-Zahar, um dos fundadores e líder do Hamas em Gaza, traduzido pelo  Stand With Us;

Conversa entre Daniela Kresch pelo Instituto Brasil Israel e Henrique Cymerman, experiente jornalista israelense que dialoga com países árabes e líderes dos movimentos palestinos como OLP, Al Fatah - hoje Autoridade Palestina (AP)- e vários líderes do Hamas há cerca de 40 anos. Esta visão “dentro” você não encontra na imprensa brasileira. 

Depois dos estragos que poucos queriam virão certamente reconstruções que a maioria deseja: 

- Reparos nas edificações, em Israel e em Gaza, estes com aporte volumoso dos EUA nas mãos da AP;

- Aportes volumosos da comunidade internacional com a esperança de que sejam aplicados na melhoria da qualidade de vida da população de Gaza e não na compra de novos armamentos;

- Renovação de canais de diálogo para uma mudança da relação entre Gaza e Cisjordânia com Israel;

- E, por último mas não menos importante, e ainda, mais difícil, os reparos e reconstrução da coexistência entre cidadãos israelenses que sofreram abalos - minoritários e radicais, mas doloridos. 

A coexistência tem sim apoio majoritário em Israel e fora do país. É difícil porque envolve dedicação de pessoas ao diálogo diário, à cooperação entre países árabes e Israel e à manutenção da resistência conjunta, cidadãos árabes e judeus, a radicalismos tanto religiosos como políticos.

O que mais queremos é que nossos ouvidos deixem de ouvir os barulhos e que nossos corações e nossos olhos assistam pela imprensa a realização dessa esperança: coexistência em paz e prosperidade.

A Parashá (porção da Torá) da semana -Beha’alotcha- se refere  a dificuldades e oportunidades na grande jornada dos judeus pelo deserto a caminho de Canaan.

Atribuem a Churchill a frase: um pessimista vê dificuldades em qualquer oportunidade, um otimista vê oportunidades em qualquer dificuldade. 

Nós precisamos e queremos fazer nossa parte e ser otimistas. 


Shabat Shalom!


Juliana Rehfeld

segunda-feira, 24 de maio de 2021

VOCÊ SABIA? - A mãe de mil filhos

 

Por Itanira Heineberg



Nestes tempos de guerra, combates e mortes, lembremos daqueles que em outras guerras salvaram muitos condenados à morte.

Esta é a história pouco conhecida de Truus Wijsmuller, que resgatou milhares de crianças judias e ajudou muitas outras crianças não judias durante a Segunda Guerra Mundial.


“Tão ariana e tão insana!” Palavras de Eichmann



Você sabia que, assim como nunca devemos nos esquecer dos horrores do Holocausto, também devemos lembrar sempre dos Justos entre as Nações - aqueles que ajudaram a salvar vidas arriscando as suas próprias?

 

“Geertruida Wijsmuller-Meijer (21 de abril de 1896, Alkmaar - 30 de agosto de 1978, Amsterdã) foi uma lutadora da resistência holandesa que colocou crianças e adultos judeus em segurança antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Junto com outras pessoas envolvidas no Kindertransport antes da guerra, ela salvou a vida de mais de 10.000 crianças judias, fugindo do anti-semitismo. Ela foi homenageada como Justa entre as Nações por Yad Vashem. Após a guerra, ela serviu no conselho municipal de Amsterdã.”

 

Em 1938, arriscando sua própria segurança, ela teve a ousadia de dirigir-se a Adolf Eichmann, responsável por fazer cumprir a política nazista de emigração judaica, e pedir autorização para levar 10.000 crianças para a Inglaterra.

Truus, pessoa decidida e depreendida, enfrentou o sistema encarando a mesa do SS-Obersturmführer na sede da Gestapo em Viena, e participou-lhe que o governo da Inglaterra receberia com alegria os jovens menores de 17 anos dos países nazistas para uma temporada não permanente.

Esta não foi uma empreitada fácil, pois Eichmann, além de ser um homem muito ocupado, recusava-se a falar com mulheres. Exigiu a presença do marido mas Truus foi forte e irredutível e finalmente teve sua audiência com ele concedida.

 

Esbravejando ante a audácia daquela mulher arrogante, Eichmann apresentou-lhe um desafio impossível: se ela conseguisse levar 600 crianças com sucesso, naquele sábado, teria garantida a certeza de levar os 10.000.

Truus assegurou-o que teria êxito em sua proposta, sabendo que viajar no sábado judaico era expressamente proibido.

 

“Mas Wijsmuller provou que Eichmann estava errado e se tornou uma parte importante não apenas do Kindertransport, mas de muitos outros resgates de crianças refugiadas por toda a Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Embora aqueles com quem ela manteve contato estreito - incluindo o falecido humanitário Sir Nicholas Winton - receberam corretamente o reconhecimento por seus esforços, a contribuição de Wijsmuller está longe de ser conhecida, apesar do fato de ela ter salvado milhares de vidas - muitas vezes com grande risco pessoal.

Agora, sua incrível história de heroísmo é compartilhada pela primeira vez no Reino Unido em um belo documentário, “Truus 'Children”. 


Tante Truus - Tia Truus



De forma pungente, 23 das crianças que ela resgatou, agora entre 80 e 90 anos, trazem suas próprias memórias em primeira mão da mulher inspiradora que eles carinhosamente conheciam como “Tante (Tia) Truus”.

“Ela achou que valia a pena me salvar”, relembra uma resgatada de Wijsmuller, que não podia ter seus próprios filhos. “Ela veio me visitar na Inglaterra depois da guerra, me pegou nos braços e me abraçou. Ela me colocou de joelhos e disse: 'Meu filho'.”

Outro lembra: “Nós a chamávamos de mãe de mil filhos”.

Muitos nem conseguem expressar em palavras o quanto são gratos, ou a dívida que nunca poderão pagar, embora alguém simplesmente acrescente: “Ela me deu o dom da vida”.

As cineastas Pamela Sturhoofd e Jessica van Tijn passaram pouco mais de três anos pesquisando a vida de Wijsmuller, descobrindo como a lutadora da resistência holandesa se colocou na linha de frente do perigo para ajudar os outros.

Eles aprenderam como, depois da Kristallnacht, Wijsmuller ouviu rumores de crianças judias sendo levadas por seus pais para a fronteira holandesa-alemã e deixadas lá. Ela dirigiu até lá para ver por si mesma e os resgatou, escondendo-os sob a saia enquanto os levava de volta para Amsterdã. Eles ouviram sobre seu desafio ao conhecer Eichmann e como ela aceitou crianças refugiadas em sua própria casa.

Após o início da guerra, ela e o marido, Joop, envolveram-se com os órfãos do Burgerweeshuis em Amsterdam.

Truus Wijsmuller resgatou milhares de crianças judias e ajudou muitas outras crianças não judias durante a Segunda Guerra Mundial.

Em uma façanha de bravura, ela salvou todos os 74 órfãos no dia em que a Holanda foi invadida pelas forças nazistas, levando-os às pressas até o porto e garantindo que embarcassem no último barco para a Inglaterra - tudo enquanto os aviões lançavam bombas do alto.



Mas não foi apenas a comunidade judaica que ela ajudou. Wijsmuller salvou a vida de Thomas Benford Jr, filho de um famoso baterista afro-americano em Paris, que tinha apenas alguns dias quando ela o levou para Amsterdã.”




Truus Wijsmuller, à esquerda, olha para as crianças do Burgerweeshuis, algum tempo antes de 1940. (CC BY-SA 4.0 / Overwijsmuller)

Finalmente, após um longo tempo, o mundo vai ouvir falar desta generosa e batalhadora mulher. Já existe um documentário sobre suas ações humanitárias e abaixo podemos assistir a um pequeno vídeo mostrando seu heroísmo.




sexta-feira, 21 de maio de 2021

Ser Humano - Eu Sou - Tu és - Ele é

Ser Humano - Eu Sou - Tu és - Ele é 






E a agressão do Hamas sobre Israel continua. Israel revida e causa danos importantes no chamado "metrô" de GAZA: um sistema de túneis que ligava Gaza a Israel e que em 2007 era usado para raptar israelenses, soldados e civis, e para introduzir terroristas em Israel. Interessante ler depois de tantos anos este artigo da revista ExameForam destruídos mais de quinze quilômetros de túneis, dentro dos quais estavam terroristas, e foguetes que subiam por plataformas sofisticadas e eram (melhor dizer são, porque enquanto escrevo recebo alertas vermelhos no celular) lançados em Israel. Estes foguetes que tinham baixo alcance agora chegam a atingir até 250 quilômetros de distância. Outro fato importante para deixar registrado é que esta semana, quando Israel abriu a fronteira para deixar passar caminhões com ajuda humanitária para a população de Gaza, tiveram que neutralizar terroristas que atiravam nos caminhões e nos soldados israelenses. 

Caros leitores, o meu propósito hoje não é comentar sobre a guerra que acontece em Israel - podemos até fazê-lo em outra oportunidade - mas quero levar vocês para uma questão que é muito mais longeva que este conflito e que, ao longo da história da humanidade, tem sido sujeita a muitos conflitos.

SER HUMANO - seguindo um costume judaico instituído a partir de Shavuot, que acabamos de comemorar, os judeus, também conhecidos como hebreus, leem uma passagem da Torah (5 livros de Moisés) todas as semanas. Hoje esta leitura é considerada religiosa, mas na época dos Templos fazia parte da rotina semanal. A mesma passagem era lida nas segundas, quintas e sábados. Nos dois primeiros dias para os que vinham à feira (mercado) que acontecia às segundas e quintas e aos sábados durante o dia de descanso. Assim, a Torah, a mesma passagem seria conhecida por todos, independente de aderirem ou não a princípios religiosos. Isto fazia parte do SER HUMANO. Por quê?

ELE É, TU ÉS, EU SOU:  A passagem que é lida esta semana (Nassó, נָשֹׂא) dá um pouco desta noção. Esta é a segunda parashat do livro Shemot (Números), a mais longa da Torah. Nassó é levantar o censo - a tradução literal do hebraico para o português de Shemot é NOMES. Então por que foi dado o nome de Números na tradução grego-latina? Aqui o nosso português é mestre! O verbo contar em português serve para números e serve para histórias. Serve ao impessoal e ao pessoal; fazendo a ligação entre o frio e o quente, a esquerda e a direita, os céus e a terra, fazendo com que possamos achar a forma correta de transmitir uma informação. Sim, é importante conhecer os números e também é importante conhecer o contexto. Quando falamos de pessoas, é importante conhecer as quantidades, mas é muito, ou talvez mais importante distinguir cada indivíduo. Sim, cada um de nós é diferente do outro, mas guardamos uma semelhança porque somos humanos. Este jogo de palavras até poderia ser interpretado como o conjugar o verbo "ser" no presente do indicativo. Tu e ele, refere-se a pessoas com quem tenho ou não contato! E a primeira pessoa do singular, além de falar de forma individual a cada ser humano, também é o nome de D´us (יְהוָה), que os judeus nunca pronunciam. Estas são as pessoas que formam o povo - e não apenas a sua dimensão numérica. Talvez seja por isso que 0,2% da população mundial seja destacada de forma especial. Não é a média amostral que exprime a relevância do dado, mas a medida da dispersão, a possibilidade de admitir redundâncias.

EU MULHER: Em Shemot (5:6) lemos "Quando um homem ou uma mulher cometer qualquer pecado". Este pequeno versículo mereceu atenção especial dos amoraitas do século III da era comum. O relato está no Talmud Babilônico: "disse Rav Judah em nome de  Rav, e também foi ensinado na escola do rabino Ismael, que as Escrituras assim tornaram as mulheres e os homens iguais em relação a todas as penalidades da Lei (Naso (parsha) - Wikipedia).  Rav é usado como referência para Abba Aricha (175-247 EC, pronuncia Arírra). Nasceu no que seria hoje o Irã e fundou uma das Academias Rabínicas de Sura, na Babilônia, hoje Iraque. Esta foi uma das Academias responsáveis pelo legado do Talmud Babilônico.
Eu mulher passo a entender porque no século XIX e início do século XX, nas famílias pobres da Moldávia, que ainda não tinham muito contato com o mundo ocidental, as mulheres estudavam, inclusive nas escolas não judaicas, dirigiam os negócios de família e viajavam até as feiras para vender seus produtos. Eu mulher - aprendi que o mesmo acontecia com as mulheres judias etíopes, que viveram aldeias separadas do mundo ocidental. Elas aprendiam a ler e escrever desde a mais tenra idade, e de forma diferente que os homens, também aprenderam a arte do debate. O resultado é ter muitas mulheres etíopes, ou descendentes, em altos postos de governo, nas ciências, nas start ups, e esta semana uma representa Israel na Eurovision na Holanda! Eden Allen se apresentou esta semana na primeira semifinal com a música Set Me FreeEmocionante ver a sua simples e assertiva declaração em relação à sua pátria, ao seu pequeno país, Israel.

SER HUMANO: ser humano é ser diferente, é contar em diferentes contextos e é buscar as semelhanças de forma a permitir que ampliemos nossa capacidade de conviver, solidarizar e congregar.

Com esperança - Hatikva


Regina P. Markus






quarta-feira, 19 de maio de 2021

Você Sabia? - Judeus e muçulmanos juntos

 


Por Itanira Heineberg


O Iron Dome, ou "Cúpula de ferro", que intercepta mísseis disparados de Gaza contra Israel


Enquanto confrontos sangrentos acontecem no Oriente Médio, judeus e muçulmanos em Seattle, nos Estados Unidos, unem-se num esforço para melhor se conhecerem e conviverem em harmonia, amizade e tolerância.

Você sabia que em Seattle uma escola judaica transformada em mesquita está reunindo judeus e muçulmanos sob o mesmo teto e ideais?

Que raio de esperança para os dias que estamos presenciando!


Seattle, 1929, cerimônia de lançamento da Escola Judaica Talmud Torah



Quase 100 anos após a primeira escola judaica de Seattle ter sido inaugurada, um esforço está em andamento para restaurar seu prédio em ruínas como um centro multirreligioso que pode unir judeus e muçulmanos na cidade.


Classe de 1949



Até o momento, o esforço arrecadou mais de 40 mil dólares em um novo telhado para o prédio que abrigou o Seattle Talmud Torah. Mas isso é insignificante para o que um crescente grupo de moradores de Seattle espera gerar para transformar o Cherry Street Center em realidade: “Temos muitos planos”, disse a gerente de projeto da Cherry Street Village, Koloud “Kay” Tarapolsi.

 

Retrocedendo um pouquinho, lá em 1928 o presidente do Seattle Talmud Torah, Fred Bergman, insistiu encarecidamente com os leitores do jornal judeu de Seattle, o Jewish Transcript, que investissem na educação judaica.

“Unidos, construiremos um novo Talmud Torá, dedicado a Deus e a Israel”, escreveu Bergman. “Desses portais emergirão judeus saudáveis, íntegros e leais, orgulhosos de sua herança, judeus com consciência”.

 

E assim no ano seguinte o dinheiro foi levantado – mil dólares - para a compra de um terreno no Distrito Central de Seattle e o arquiteto judeu escocês B. Marcus Priteca foi escolhido para construir a escola de ensino judaico.

O colégio Seattle Talmud Torah nasceu.

Em 1962 a escola foi descontinuada devido às mudanças dos tempos e das necessidades educacionais da comunidade.

Em 1980 o prédio foi vendido para a Escola Islâmica de Seattle que ali funcionou até 2012 quando também foi dissolvida e o espaço foi renovado e deu lugar à Mesquita da Cherry Street.


The Islamic School of Seattle in 2007. Photo by Joe Mabel/Wikimedia Commons.



Infelizmente, quase um século após sua construção, o prédio que acolheu a juventude judaica está em ruínas.

“O telhado vaza, os quartos se inundam e o mofo escuro assola o interior. A comunidade da mesquita poderia ter se afastado e provavelmente poderia ter vendido todo o terreno para um desenvolvedor interessado.

Mas a comunidade decidiu salvá-lo.

Porém consertar o telhado e simplesmente livrar-se do mofo foi um projeto grande demais para o pequeno grupo.

Começou como um grupo de amigos e agora está se expandindo”.

 

Em novembro de 2020 uma coalizão chamada Cherry Street Village lançou uma campanha de arrecadação de fundos para restaurar o prédio de quase 100 anos e reutilizar o grandioso espaço em um lugar de encontros e atividades de vários credos.

O grupo agora inclui o Museu Cultural Salaam, o Teatro de Produções Dunya, a Comunidade Reconstrucionista Kadima e o Campo de Paz Oriente-Médio.

 

“Jonathan Rosenblum está envolvido com o Kadima há 20 anos e é o contato do Kadima com o grupo. Ciente de que a comunidade judaica está superando seu espaço (uma igreja que aluga em Madrona, a menos de um quilômetro de distância), Rosenblum recorreu aos líderes da Cherry Street, com quem o Kadima já tinha um relacionamento.

 

“Percebemos que havia uma bela arquitetura, um salão cavernoso ... pode-se imaginar como seria estar juntos em comunidade”, disse Rosenblum. “Comprometemo-nos a trabalhar juntos para consertar o telhado. Houve uma manifestação de apoio, o que foi incrível. ”

 

“Tarapolsi tem grandes sonhos para Cherry Street Village - artistas residentes, serviços sociais e food trucks. Ela imagina um apartamento para artistas visitantes, quartos para alugar, um local para serviços sociais. Um jardim de esculturas. Uma horta comunitária. E eventos religiosos para ambas as religiões - b'nai mitzvah, noites de Ramadã, serviços de oração e muito mais.

 

Judeus e muçulmanos sob o mesmo teto? Já aconteceu antes: em um bairro de Paris, uma escola em Londres, uma sinagoga em Nova York.

 

No contexto do que está acontecendo em Seattle, o compartilhamento do espaço é especialmente fácil de imaginar. Tanto o Kadima quanto a Cherry Street Mosque estão no final progressivo de suas respectivas tradições religiosas. O Kadima se orgulha de uma agenda de justiça social e solidariedade com a situação dos palestinos, o que às vezes o coloca “fora da tenda” da comunidade judaica dominante.

 

A Cherry Street também é única entre os muçulmanos. A Escola Islâmica de Seattle foi fundada por cinco mulheres americanas que desejavam uma escola muçulmana progressiva ao estilo Montessori.

 

“Tivemos crianças de diferentes famílias”, disse Laila Kabani, uma discípula da fundadora da escola, Ann El-Moslimany. “Foi realmente uma escola inter-religiosa.”

 

El-Moslimany morreu em janeiro, mas é reverenciada como uma pioneira educacional.  A mesquita é uma raridade por ter uma imã.

 

“Cerca de 99,99% das outras mesquitas não teriam uma mulher no conselho”, disse Tarapolsi. “É muito, muito progressivo. Somos muito únicos e abertos a todos, independentemente da orientação sexual, cor da pele, etc.”

 

Os líderes do Kadima dizem que a orientação única da mesquita é crucial para seu relacionamento.

 

“Esse aspecto da postura progressiva é um conector importante”, disse Doug Brown, do Kadima. “Acho que a maioria de nós compartilha a perspectiva de que crescemos e entendemos melhor nossas tradições quando conversamos com pessoas de outras tradições. … As questões que queremos abordar requerem amplas coalizões”.

 

A esposa de Brown, Sandy Silberstein, está fortemente envolvida na construção de pontes para as comunidades muçulmanas e o Campo de Paz no Oriente Médio, que é aliado do Kadima. O acampamento reúne crianças de origem judaica, muçulmana, árabe, israelense e cristã a cada verão com a intenção de construir relacionamentos e compreensão.”

 

“Sabemos que quando a islamofobia e o antissemitismo surgem, temos as costas um do outro”, disse Silberstein.

 

Esta notícia recente trazendo ao mundo uma ideia de união, de conhecimento sem preconceitos é uma gota de esperança para os dias atemorizantes que estamos vivendo no Oriente Médio!

 

Assistamos agora a este curto vídeo, pleno de entusiasmo, fé, confiança em dias melhores, dias de paz, de troca de culturas e de boa convivência!




FONTES:

https://www.jta.org/2021/05/06/united-states/in-seattle-a-jewish-school-turned-mosque-is-bringing-jews-and-muslims-together?utm_source=mjl_maropost&utm_campaign=MJL&utm_medium=email&mpweb=1161-29928-303275

https://www.jta.org/2021/05/06/united-states/in-seattle-a-jewish-school-turned-mosque-is-bringing-jews-and-muslims-together

https://thecholent.substack.com/p/its-a-hebrew-school-its-an-islamic


quinta-feira, 13 de maio de 2021

SHAVUOT - A ENTREGA DA TORAH

 
2021 -  SHAVUOT - E A VIDA!



Shavuot
 
1 - recebendo a Torah no Monte Sinai;
2 - VIDA de geração em geração através do estudo - Tikun de Shavuot;
 3 - Preservando a Vida - independente do nós versus eles.


No próximo domingo à noite, dia 16 de maio, começa a Festa de Shavuot que segue até a terça-feira, dia 17.  A tradução de Shavuot é "semanas" - passaram-se 7 semanas desde Pessach, no período conhecido como Omer e que é contado dia a dia.  

Quarta-feira, 12 de maio, foi o primeiro dia do mês de Sivan, quando pais abençoam de forma especial seus filhos, preparando para os importantes acontecimentos. Lembrando um pouco da história judaica, foi no dia 1º de Sivan de 2448 (1313 AEC) que os descendentes de Israel/Jacob chegaram ao Monte Sinai - e foi nesta mesma data em 1096 que os cruzados massacraram na cidade de Worms (Alemanha) os judeus que estavam refugiados em um castelo local. O ano de 2021 será lembrado pelo ataque do Hamas e da Jihad Islâmica a Israel.

Escrevo este texto na manhã do dia 13 de maio. Familiares que moram em uma cidade ao norte de Tel Aviv foram acordados mais uma vez de madrugada para se abrigar em um quarto blindado. Nesta era de internet é possível estar junto, conversando e sentindo a guerra muito de perto. Num pequeno espaço de 2x1metros, as pessoas ficam em pé esperando o momento de sair. A população israelense está sob fogo e, de forma atávica, segue as palavras da Torah que foi recebida há mais de 3000 anos no Monte Sinai.

"Os céus e a terra tomo hoje como testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a VIDA e a MORTE, a BÊNÇÃO e a MALDIÇÃO; escolhe pois a VIDA, para que vivas, tu e tua descendência (Deutoronômio30:19)  (Esh Tá na Mídia: EDITORIAL - Israel: entre a benção e a maldição, escolha a vida). E assim discursava Moisés do Monte Nablus, olhando para a terra prometida onde o povo iria entrar e ele, o homem que trouxe este povo desde o Egito até a fronteira, não entraria. Assim o moderno Estado de Israel segue com a máxima de andar na corda bamba, entre a vida e a morte. Nos dias de hoje isto tem um grande significado. Israel é bombardeado e bombardeia em resposta. Para defender seus cidadãos, investe em sistemas de proteção e educação. O que mais conhecemos é o "domo de ferro", um sistema capaz de determinar a trajetória de um foguete e interceptar no ar os que cairiam em zonas habitadas, deixando passar os que cairiam em zonas não habitadas. Ao mesmo tempo, são disparados alarmes nas regiões que seriam afetadas. A população de Israel está assim avisada para se esconder em abrigos.

A mesma regra se aplica ao inimigo. O objetivo do exército de defesa de Israel é impedir que os foguetes continuem. Dessa forma, determinam com precisão os alvos a serem atingidos. Estes alvos incluem os depósitos de armas e importantes lideranças que comandam os ataques a Israel. Antes de atacar, sempre enviam avisos como o que colocamos na imagem acima, de forma a que a população civil possa se retirar do alvo. Até o presente conflito estes alvos estavam localizados nas regiões mais pobres de Gaza, mas ontem vimos Israel alvejar um prédio de 13 andares, habitado por população de alto poder aquisitivo e também pela liderança do Hamas e da Jihad Islâmica. Ao ver os filmes na internet fiquei curiosa por entender como teria sido possível fotografar e filmar o bombardeio enquanto este acontecia. Algumas horas depois vinha a resposta. Os israelenses haviam avisado que este prédio seria bombardeado. Fotógrafos de Gaza estavam de plantão para conferir. ESCOLHA A VIDA - significa preservar a vida de cada um e de todos, independente se fazem parte do que consideramos benção ou maldição. Assim, a Torah traz em seu contexto a relativização do bem e do mal, mas não relativiza o bem mais precioso que recebemos, A VIDA.

SHAVUOT - também conhecida como Chag Bikurim (Festa das Primícias), como memória do calendário agrícola de Israel, é celebrada em todo o mundo de forma muito peculiar.

TIKUN SHAVUOT - grupos se reúnem para passar a noite em claro estudando! E isso para cumprir o finalzinho do que está escrito em Deuteronômio 30:19: "a vida é para  cada um de nós e para toda a nossa descendência". Estudar e conhecer é a forma de unir as gerações e, nestes quartos pequenos, enquanto um fala ao telefone, o outro lê um livro e chama atenção dos que estão a mil quilômetros de distância de um fato novo encontrado em um livro que juntos já lemos mais que centenas de vezes.

SHAVUOT - quando foi recebido um grande presente para toda a humanidade e quando foi estabelecida a continuidade do Povo Judeu e de toda a Humanidade. 

Nesta semana em que a história vem sendo escrita, em que temos tantas incertezas, desejamos a cada um de nossos leitores - Chag Shavuot Sameach.


Regina P. Markus


Ainda sobre os conflitos:


Compartilhamos aqui entrevista de Pilar Raola, analista política espanhola, sobre os recentes acontecimentos - clique aqui (o áudio da entrevista encontra-se no final da página).

E também um vídeo compartilhado por José Ramon Bauzá, Eurodeputado, sobre a perdurabilidade do conflito: clique aqui

Compartilhando também o vídeo de Hannanya Naftali: 

https://drive.google.com/file/d/1162OUlCwSFVkzjyOo4Upgtpjki7W6rPg/view?usp=sharing



segunda-feira, 10 de maio de 2021

VOCÊ SABIA? - Índia, o país que mais sofre com a Pandemia, recebe ajuda de Israel

 

Por Itanira Heineberg


Você sabia que em 4 de maio de 2021 o Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que enviaria aviões carregados de equipamentos médicos, respiradores, geradores de oxigênio e medicamentos para a Índia, cujo sistema de saúde entrou em colapso sob uma nova onda de infecções ressurgentes de coronavírus?


Os carregamentos incluirão centenas de geradores de oxigênio, ventiladores e equipamentos médicos que são urgentemente necessários pela Índia, afirmou o ministério em um comunicado.

Os primeiros lotes serão enviados terça-feira, dia 4 de maio, e o resto durante toda a semana.

"A Índia é um dos amigos mais próximos e importantes de Israel. Especialmente neste período difícil pelo qual a Índia está passando, estamos apoiando e enviando equipamentos que salvam vidas para nossos irmãos indianos", disse a ministra das Relações Exteriores Gabi Ashkenazi.


Um homem caminha carregando um cilindro reabastecido enquanto familiares de pacientes COVID-19 esperam na fila para reabastecer seus cilindros de oxigênio na área de Mayapuri em Nova Deli, Índia, 3 de maio de 2021. (Ishant Chauhan/AP)


Vários ministérios e outros órgãos do governo, incluindo as embaixadas israelense e indiana em cada país, estavam envolvidos na criação da operação, disse o ministério.

 

Além disso, a Divisão de Economia do ministério trabalhou com organizações-chave, como a Câmara de Comércio Israel-Índia, a Câmara de Comércio Israel-Ásia, a Associação de Fabricantes de Israel, a Federação das Câmaras de Comércio israelenses e o Instituto de Exportação israelense financiado pelo governo.

A Startup Nation Central sem fins lucrativos convocou empresas israelenses que trabalham com contrapartes indianas a se juntarem no esforço para construir o pacote de ajuda israelense.

 

A ajuda adicional veio da Amdocs, uma empresa de software e comunicações, que doou 150 geradores de oxigênio, segundo o comunicado. O Comitê Conjunto de Distribuição Judaica Americana, que se descreve como a maior organização humanitária judaica do mundo, também doará equipamentos para a Índia, incluindo alguns para a comunidade judaica em Mumbai.

Na semana passada, a emissora pública Kan informou que um pedido não oficial de equipamento médico, incluindo suprimentos de oxigênio e várias drogas, foi feito à embaixada israelense na Índia.


Um trabalhador enche balas de oxigênio medicinal para ser utilizadas nos hospitais, às periferias de Chennai. Na semana passada, as autoridades do hospital Jaipur Golden, na capital nacional, informaram da morte de 20 pacientes de covid-19 devido à falta de fornecimento de oxigênio.


Israel e a Índia cooperaram no passado sobre o coronavírus e, em abril passado, o governo de Nova Délhi teria enviado a Israel cinco toneladas das drogas hidroxicloroquina e cloroquina, que são usadas para tratar a malária. Na época, os medicamentos estavam sendo revistos em vários países como um possível tratamento para o coronavírus.

 

No domingo, 2 de maio de 2021, a Índia registrou uma ligeira queda em novas infecções, com 392.488, abaixo de uma alta de 401.993 nas 24 horas anteriores.

Também registrou 3.689 mortes adicionais, elevando o número total de mortes para 215.542. Especialistas acreditam que ambos os números são uma sub contagem.

Avanço de segunda onda leva o país ao colapso hospitalar e à criação de crematórios improvisados em várias cidades, como em Nova Delhi, foto acima.



Festa hindu do Kumbh Mela reuniu centenas de milhares às margens do rio Ganges.


Os especialistas afirmam que esta segunda onda da pandemia está se mostrando tão severa devido a vários fatores: nova variante do coronavírus, lentidão na vacinação, negligência com medidas de prevenção e influência dos líderes políticos e religiosos insistindo nos festejos de comemorações hindus.

 

Além de Israel com seus 10 milhões de habitantes, outros países, incluindo os EUA e a Grã-Bretanha também prometeram enviar assistência.

Muita ajuda será urgentemente necessária para salvar os 1,3 bilhão de indianos.

Em meio à emergência, o Governo anunciou a abertura de uma via rápida para aprovar o uso de outras vacinas importadas que já tenham licença de uso em outro país. Na imagem, filas de gente para se vacinar em Bombay, no sábado.


Seguindo o princípio religioso de ajudar a todos, de consertar o mundo, Israel mais uma vez aproxima-se de quem necessita amparo e saúde.




"Não importa para onde vamos, estamos sempre com a bandeira de Israel desfraldada. Nossos grupos têm viajado pela Ásia e pela África, sem jamais dissimular nossa identidade. As pessoas a quem ajudamos - sejam quais forem as circunstâncias - não estão preocupadas com quem nós representamos. Percebem, isto sim, que o povo de Israel se preocupa com sua sorte. Esta é mais uma vez a nossa contribuição ao mundo - e é dada quando e onde for necessária", explica Shahar Zehavi, fundador da Isra-Aid.

 

FONTES:

https://www.timesofisrael.com/israel-to-fly-medical-aid-to-virus-wracked-india/?utm_source=The+Daily+Edition&utm_campaign=daily-edition-2021-05-04&utm_medium=email

https://brasil.elpais.com/brasil/2021/04/24/album/1619274966_350751.html

https://www.poder360.com.br/internacional/por-que-a-segunda-onda-da-pandemia-e-tao-severa-na-india-dw/

http://www.morasha.com.br/israel-hoje/contribuindo-para-o-mundo.html

quinta-feira, 6 de maio de 2021

EDITORIAL: PARA ONDE VAMOS?

 PARA ONDE VAMOS?





Olhem a figura: hoje ilustramos esta matéria com imagens separadas por uma grossa linha. Imagens divulgadas nas últimas duas semanas e que remetem a dois, ou talvez três mundos diferentes. Imagens que temos que saber ler. Costumam dizer que uma imagem vale mais do que mil palavras. Mas, se ficarmos na superficialidade da imagem vamos ter dificuldade de acompanhar os processos em andamento.

Estas figuras podem ser lidas da esquerda para a direita, como fazemos em português, ou da direita para a esquerda como acontece em hebraico e árabe. Vou tomar a liberdade de começar pelo lado mais fácil, e portanto da direita para a esquerda!

A figura superior mostra o sonho do momento! Zero morte por COVID-19. Em Israel isto é uma realidade. Em algumas cidades, as pessoas comentam com orgulho que não há mais novos doentes; e no último domingo, conversando com uma garota que mora em Israel, ela comentava com orgulho que na sua cidade não havia mais nenhuma pessoa com COVID-19. Ao mesmo tempo, o terror voltou. As sirenes voltaram a tocar de madrugada e muitos têm segundos para chegar ao abrigo mais próximo.

Por quê? Terrorismo declarado pelo Hamas - volta a práticas que estavam apenas silentes. Mais do mesmo.

MAS, ainda olhando o lado direito da figura, podemos ver uma charge publicada em árabe encontrada na internet. Uma reunião ao redor de uma mesa. Uma conversa envolvendo diferentes países. Um retrato do momento. Sentados conversando e chegando a tratados de paz que envolvem não apenas a troca de embaixadores mas também abertura de turismo, comércio e colaboração nas mais diversas áreas. No mesmo dia em que as bombas caíram em áreas vazias ou foram interceptadas no ar pelo sistema de proteção, aviões desciam no aeroporto de Tel Aviv vindos dos países do Golfo após terem cruzado os céus da Arábia Saudita, agora liberados para aviões da El Al, companhia aérea israelense. Uma nova era está chegando. Países árabes no Oriente Médio e países mulçumanos na África iniciam um novo relacionamento com Israel. Pessoas comuns interessadas nas mais diferentes áreas de comércio e turistas interessados por conhecerem novas paradas aguardam a possibilidade de fazer viagens internacionais. 

Continuando a leitura da figura, vamos agora olhar a parte esquerda. Esta seria a primeira a ser avaliada quando usamos a escrita latina, a que conhecemos e estamos acostumados. 

Oooooops... Será que estamos vendo corretamente? Infelizmente sim. Esta semana ocorreram protestos de rua em Paris, Nova York, Los Angeles e algumas outras cidades, todas tratando de um tema que gostaríamos ver no passado, mas que vêm se ampliando sob diferentes formas: o antigo e sempre presente antissemitismo. Em 2017 em um edifício comum, em um lugar comum, na cidade de Paris um jovem entrou no apartamento de uma vizinha de mais de 60 anos: Sarah Halimi Z'L, médica, foi violentada, espancada e atirada pela janela. No dia 20 de abril de 2021, um tribunal francês declara o imigrante malinês Kobili Traoré incapacitado de ser julgando porque estava sob efeito de maconha. 

Outras sessões especiais de justiça já ocorreram ao longo dos anos na França. O famoso filme "Sessão Especial de Justiça", de Costa Gravas (hoje disponível na rede), retrata de forma atemporal a justiça sendo usada para satisfazer razões de Estado. Esta era a França de Vichy. Indo um pouco mais para trás chegamos ao julgamento do capitão do exército francês André Dreyfus. Doze anos que mostraram ser a França refém de um antissemitismo atávico. Ao mesmo tempo, mostraram ser a França berço de grandes protestos. J'Acuse - eu acuso - foi o texto de Emile Zola que pautou a revisão do caso de Dreyfus. E na paralela, um outro jornalista, o austríaco Theodor Herzl, que cobria o julgamento de Dreyfus, escreve um pequeno livro "O Estado Judeu" publicado em 1895.

A forma como a justiça francesa tratou o assassinato de Sarah Halimi Z'L é a mais clara expressão do antissemitismo que mostra a sua face mais sombria em pleno século XXI. 

O que o futuro trará? Será algo já traçado e inexorável? Certamente não. Cada um de nós que acredita estar construindo o mundo nas salas de aula, nas bancadas de laboratório, nos hospitais e nos negócios; nos bancos, nos mercados, nas indústrias, nos ateliers; nas ruas e nos cafés, cada um de nós pode individualmente, no dia a dia, impedir que o preconceito e razões que impedem aceitarmos a humanodiversidade possam superar nossas ações. Assim, esta semana foi muito especial porque temos os dois extremos acontecendo ao mesmo tempo, e ao reconhecer o fato exercemos o direito de escolha.

ENTRE o BEM e o MAL - escolhemos a VIDA.

Boa Semana!

Regina P. Markus



 





terça-feira, 4 de maio de 2021

VOCÊ SABIA? - 1030 perseguições

 

Por Itanira Heineberg


Você sabia que os Judeus foram expulsos de suas terras 1030 vezes, espalhando-se por várias partes do mundo, vindo a ser o povo mais cosmopolita do planeta?

Os Judeus são um dos povos mais antigos do mundo, têm mais fatos sobre sua história do que qualquer outro povo. Veja, clicando aqui, a lista das 1030 expulsões dos judeus pela história.

 

O primeiro desterro da lista refere-se ao ano de 1200 AC, quando os judeus sofreram perseguições e maus tratos no Egito.

A razão de sua expulsão era múltipla: os judeus portavam uma infecção contagiosa na pele, a tão temível lepra, além de causarem rebeliões no país ajudando os hicsos a conquistar e manter o poder.

 


Após os 400 anos dourados da dinastia do rei David em Jerusalém, do ano 1000 AC ao 600 AC aproximadamente, quando os profetas muito advertiram os dirigentes do poder sobre as maldições de Moisés combatendo a corrupção e a idolatria a outros deuses, finalmente a hecatombe aconteceu!

Antes de sua morte Moisés prenunciara Bênçãos e Maldições sobre os israelitas: eles seriam abençoados se obedecessem a Deus, mas vivenciariam as maldições caso não respeitassem os ensinamentos recebidos, estatutos e normas.

Ainda antes da Era Cristã, os judeus seriam expulsos duas vezes da Samaria, mas a grande expulsão viria logo depois.

Em 586 ou 597 AC, Nabucodonosor II da Babilônia conquistou Jerusalém, queimou e destruiu o Templo construído por Salomão, e expulsou os judeus levando-os como escravos para suas terras.

 

“O Senhor trará, de um lugar longínquo, dos confins da terra, uma nação que virá contra vocês… nação de aparência feroz, sem respeito pelos idosos nem piedade para com os moços… Ela sitiará todas as cidades da sua terra (Deuteronômio 28:49-52)”

 

Mas conforme já mencionado num dos Editoriais de nosso grupo“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência. (Deuteronômio 30:19)”

Ficaram assim os judeus com a vida em meio a todas as tribulações que lhes foram atribuídas.

O cativeiro babilônico com duração de 70 anos foi uma experiência difícil para os judeus. Sofreram humilhações, foram maltratados, insultados, e a lembrança da queda de Jerusalém e da destruição do Templo derrotava-os duplamente.

Devemos lembrar que o exílio babilônico proporcionou a construção das escolas rabínicas e do Talmud Babilônico - assim, da destruição e diáspora foi construído todo um sistema educacional que permitiu que escolhessem a VIDA.

Os judeus permaneceram escravos na Babilônia até o ano de 538 AC quando Ciro, o Grande, o imbatível imperador persa dominou a região médio-oriental.

Como Ciro seguia os princípios de respeitar as culturas dos povos conquistados, ele permitiu que os escravos hebreus voltassem às suas terras e aos seus preceitos religiosos.

Dentro desta nova realidade os judeus retornaram, organizaram-se e iniciaram a reconstrução do templo de Jerusalém.

 

SEGUNDO TEMPLO

Então Alexandre, o Grande, conquistou a Pérsia e os judeus passaram a viver numa província dos impérios gregos, por mais 200 anos.

 

Alexandre, o Grande, em Jerusalém.



Depois veio o período dos romanos que no ano 70 DC conquistaram Jerusalém, destruíram o Segundo Templo e expulsaram novamente os judeus em mais um exílio judaico da história do povo.


Expulsos de Jerusalém pelo imperador romano Tito



E assim o povo judeu sobreviveu por aproximadamente 2000 anos, esparsos em terras estrangeiras sem  jamais serem aceitos naqueles territórios.

Além deste estranhamento com as populações locais, os judeus em geral sofreram grandes perseguições e assédios. A partir da Espanha, na Europa Ocidental, na Rússia, eles  viveram quase sempre em situações perigosas nestes reinos cristãos.


“As maldições de Moisés cerca de 1500 A.C. foram descrições acuradas de como Israel viveu.”

“No meio daquelas nações vocês não encontrarão repouso, nem mesmo um lugar de descanso para a sola dos pés. Lá o Senhor lhes dará coração desesperado, olhos exaustos de tanto esperar, e alma ansiosa. (Deuteronômio 28:65)

Todas as nações perguntarão: ‘Por que o Senhor fez isto a esta terra? Por que tanta ira e tanto furor?’ (Deuteronômio 29:24)

E a resposta era:

Cheio de ira, indignação e grande furor, o Senhor os desarraigou da sua terra e os lançou numa outra terra, como hoje se vê’. (Deuteronômio 29:28)”



E se olharmos a infindável lista de expulsões dos judeus veremos que os mesmos palmilharam os vários cantos da terra em busca de um lugar que os recebesse em paz e tolerância.

A Segunda Guerra irrompeu e mais uma vez os judeus foram escorraçados de seus lares numa perseguição cruel que os levou aos acontecimentos insanos do Holocausto.

Ainda no final do século XIX, em 1860 nasceu Theodor Herzl, um grande estadista judeu que entendeu que seu povo precisava com urgência de um lugar para se estabelecer e crescer. Decidiu-se pela Palestina, lugar de origem do povo destituído de direitos e leis.

Herzl não conheceu o estado que idealizou, em 1897 ele declarou:

 

“Se não for em cinco anos, certamente em cinquenta, os judeus terão seu próprio estado”.


Ele tinha razão, em 1947 foi votada a “Partilha da Palestina” e, logo depois, o pequeno Estado de Israel declarava sua independência.



Finalmente em 1948 foi criado o Estado de Israel, aquele cantinho tão esperado pelos judeus do mundo inteiro, especialmente após os grandes sofrimentos e perdas por eles experimentados durante o Holocausto.


Ben Gurion proclama o Estado de Israel.

1030 expulsões, mas nunca um minuto de hesitação!

Este povo valorizou e valoriza a VIDA, nunca se deixou abater, lutou sempre em busca de um mundo melhor!

 


Jerusalém


Israel, hoje, a única democracia do Oriente Médio.