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segunda-feira, 30 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? - AMSTERDAM, UM PORTO SEGURO PARA OS JUDEUS DO SÉCULO XV

O Édito dos Reis católicos e a expulsão definitiva dos judeus da Espanha em 1492

Por Itanira Heineberg



Cópia do Édito de Granada

Você sabia que em 1492, quando aos judeus foram permitidos apenas 3 meses para sair da Espanha, a Holanda mostrou-se um abrigo protegido, acolhedor, oferecendo alívio e esperança aos que procuravam uma Nova Jerusalém para aí iniciarem uma vida mais segura?

 

Em 1492 os judeus foram expulsos da Espanha pelos reis católicos Fernão e Isabel I.

Portugal e o Império Otomano ofereciam oportunidades aos fugitivos, mas a situação política em toda a Europa estava mudando. Em 1496 D. Manoel I, de Portugal, se casou com D. Isabel da Espanha, filha dos reis católicos, e decretou a ordem de expulsão dos judeus de suas terras em 1497.

 

Apenas três meses foram concedidos aos judeus espanhóis, para liquidarem suas propriedades e partirem.

 

“De acordo com esse édito, todos os súbditos hebreus deveriam converter-se ao catolicismo ou partir. Apesar da enérgica ação de Isaac Abravanel, funcionário da corte de Isabel de Castela que tentou obter a anulação do decreto, as perseguições intensificaram-se.

Alguns foram para Portugal, de onde foram expulsos em 1497. Outros atravessaram o estreito de Gibraltar para viver livremente a sua fé do outro lado do Mediterrâneo, em Marrocos. Muitos fugiram para o Oriente – para a Itália, para o leste da Europa, para o Egito ou para a Palestina. Houve os que encontraram refúgio no Império Otomano, onde o sultão Bayazid II lhes ofereceu a sua hospitalidade. Os que ficaram (cerca de 150 mil) converteram-se, mas um grande número continuou a viver secretamente de acordo com a tradição judaica.”

 

Em seu decreto, assim ordenavam os reis católicos Isabela I de Castela e Fernando de Aragão:

 

“Que todos os judeus e judias de qualquer idade que residem em nossos domínios e territórios, que saiam com os seus filhos e filhas, seus servos e parentes, grandes ou pequenos, de qualquer idade, até o fim de Julho deste ano, e que não ousem retornar às nossas terras, nem mesmo dar um passo nelas ou cruzá-las de qualquer outra maneira. Qualquer judeu que não cumprir este édito e for achado em nosso reino ou domínios, ou que retornar ao reino de qualquer modo, será punido com a morte e com a confiscação de todos os seus pertences”.


Em 1581 a Holanda tornou-se uma nação independente após uma prolongada guerra de independência com a Espanha.

Os conceitos holandeses de tolerância religiosa foram oriundos das premências da guerra e da absoluta necessidade de estabelecer a paz em sua nação religiosamente heterogênea.

Assim, novas crenças e movimentos cristãos foram incorporados de bom gosto no percurso da longa guerra com a Espanha.

 

O artigo XIII do Tratado de Utrecht, que ratificou a união das províncias do norte, declarou que ninguém deveria ser processado por suas crenças religiosas. Embora essa cláusula visasse beneficiar os protestantes e manter a paz entre os cristãos, ela forneceu a base legal sobre a qual os judeus imediatamente começaram a fixar residência e buscar reconhecimento na Holanda. Lá, os sefarditas encontrariam as condições ideais para criar uma Nova Jerusalém.”


Documento de doação emitido pelo rei Fernando e pela rainha Isabel ofertando propriedades de judeus confiscadas pela inquisição a um monastério em Córdoba

“A capital holandesa era o empório da Europa do século 17, com seu porto repleto de navios cheios de mercadorias das Américas e do Extremo Oriente. Seu povo avidamente se inventou como uma nova nação; seduzidos pelo comércio e suas possibilidades, eles eram, no entanto, caracterizados por sobriedade de comportamento e aversão tanto à superstição quanto a qualquer pretensão de nobreza. A grande riqueza da cidade baseava-se em três fatores: sua frota, seu comércio próspero e uma política de tolerância que atraiu algumas das almas mais empreendedoras e ambiciosas do continente.”


E foi neste novo clima de mercado que os marranos ou cripto-judeus (Judeus que se converteram ao Cristianismo, mas continuaram a praticar o Judaísmo em segredo) passaram a se destacar.

 

“Em 1604, um certo Manuel Rodrigues de Vega fez uma petição aos burgomestres da cidade para poderem estabelecer fábricas de seda ali junto com outros dois judeus portugueses. Em pouco tempo, os sefarditas desenvolveriam não apenas a indústria doméstica da seda, mas também o comércio da seda, grande parte do comércio de tabaco e o comércio de açúcar, corais e diamantes. Eventualmente sefarditas poetas, dramaturgos, calígrafos e gravadores de cobre também seriam encontrados ao lado dos comerciantes, banqueiros e médicos habituais.

Agora que parecia que os judeus podiam finalmente cessar suas peregrinações, eles começaram a chegar à Holanda vindos da Espanha, Itália, Portugal, Alemanha e Antuérpia. No início, os serviços religiosos eram realizados discretamente em casas particulares, bem como na residência de Samuel Pallache, um judeu sefardita que foi embaixador do Marrocos na Holanda de 1612 a 1616.

Em certa medida, a posição dos judeus foi regularizada em 1597, quando os direitos dos burgueses foram concedidos aos membros da “nação portuguesa” em Amsterdã. Não foi até 1606 que se encontrou a primeira referência oficial a Joodche Gemeente (a congregação judaica), mas em 1609 a comunidade sefardita contava com 200 almas e sustentava duas sinagogas. Uma década depois, uma terceira casa de culto seria fundada….”



Sinagoga portuguesa em Amsterdã

 

Em 1630 os holandeses procuraram estabelecer uma colônia na América, apoderando-se de uma das mais importantes regiões do Brasil - a capitania de Pernambuco - grande produtora de açúcar.

Mais uma vez, os judeus vislumbraram um porto seguro para suas vidas, religião e negócios.

E foi de Pernambuco que saiu em1654, fugindo dos portugueses que resgataram sua terra brasileira, o primeiro açougueiro kosher que se fixou em Nova Amsterdã, mais tarde a famosa cidade de Nova York, conforme vimos recentemente nesta coluna,  no diário de Asser Levy.



FONTES:

https://www.myjewishlearning.com/article/jews-in-amsterdam/

https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/2966620/jewish/A-Expulso-dos-Judeus-da-Espanha.htm

http://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2019/03/31-de-marco-de1492-edito-dos-reis.html

https://www.todamateria.com.br/tratado-de-utrecht/

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

EDITORIAL: Sonhos - construindo o futuro

O SONHO DE YAKOV


Mais uma semana de quarentena, mais uma semana olhando gráficos. Esta foi uma semana muito diferente - acabaram as eleições americanas e foram apresentados os principais colaboradores de Joe Biden. Estamos às vésperas do segundo turno para eleição de prefeito na maioria dos municípios de Brasil, incluindo a Cidade de São Paulo. Presenciamos cenas de violência extrema, por uma causa insignificante, que permite ver a face degradante do racismo. E, seguimos em frente equilibrando todos estes eventos de forma a não perder os nosso sonhos. Os sonhos que permitirão continuar a nossa existência neste planeta. Uma humanidade diversa e consciente de sua diversidade, uma humanidade ciente que fortes e fracos, bem ou mal dotados em certas aptidões mais valorizadas, os que acreditam e os que dão motivos para que valha a pena acreditar. Em resumo, uma humanidade que abre espaço para a participação de todos.

Nesta semana, várias notícias sobre as relações entre os países árabes e Israel foram veiculadas. Algumas até encontraram destaque na mídia brasileira, na esteira de opiniões políticas sobre dirigentes de Israel e Estados Unidos. E nesta semana, em todas as sinagogas do mundo na segunda, na quinta e no sábado é lido o trecho da Torá que fala sobre o sonho de Yakov. Não cabe aqui analisar trecho tão complexo,  mas vale lembrar que ao deitar a cabeça em uma pedra, em um local que foi chamado de Beth El (a casa de D'us), Yakov sonhou com uma escada que chegava até aos Céus e por onde anjos subiam e desciam. O fato dos anjos subirem primeiro tem muitas explicações ao longo dos milênios. Rashi (Rabi Shloo Yitzhaki, 1040-1105, França), um grande erudito que tem seus comentários inseridos em uma das "janelas" do Talmud,  em Genesis Rabah (68:12) propõe que esta escada ficava na fronteira entre a Terra de Israel e a Diáspora: "Anjos que acompanharam ele para a Terra de Israel não saíram da Terra, mas subiram para os céus, e os anjos que acompanharam Yakov para fora da Terra de Israel desceram dos Céus" (leia mais). Aliá (subida), Glitá (descida) - assim é mencionada a imigração para - e a emigração de - Eretz Israel (a terra de Israel). 


Nesta semana tão cheia de fatos coletivos tive uma experiência pessoal que cabe perfeitamente em todos os temas - diversidade de raças, de gênero, busca de um sonho e construção de um futuro idealizado. Minha irmã, Esther Pekelman Levy, compartilhou um link contendo a história de Hennya Pekelman, uma mulher que nasceu em 1903 no mesmo vilarejo que nosso pai e faleceu em 1940 em Israel. O vilarejo era muito pobre e localizava-se na Moldávia, na época parte do Império Russo. Os judeus e muitos outros povos chegaram a esta região no século 18 a convite dos governantes do Império da Lituânia para desenvolver agricultura e comércio. As pequenas propriedades foram sendo herdadas até o início do século XX. Em 1941, os que ainda estavam nestas terras foram todos mortos, e hoje apenas poucas pedras tumulares lembram um sociedade ativa tanto intelectualmente, quanto profissionalmente.

Marculesti, Moldávia, 2020


Em 1920 ela, com 17 anos, decidiu imigrar para o Mandato Britânico da Palestina junto com outros jovens para permitir que os judeus tivessem um lar nacional, um país, assim como muitos outros povos ao redor do mundo. Foi para a terra de seus ancestrais, e apesar de ser jovem estudada, com o Gymnasium completo, que equivale ao nível médio (High School), resolveu que deveria construir casas para os que chegassem e foi trabalhar como operária da construção civil. 


Fonte 

Li o que pude nos últimos dias. Henya Pekelman teve uma vida triste, com muitos obstáculos. Ela era do povo, uma trabalhadora, mas decidiu que a vida de cada um merecia ser conhecida pelas próximas gerações e escreveu um livro autobiográfico intitulado "The Life of a Woman Laborer in The Homeland". Uma história que começa com lembranças na infância, segue pela adolescência e os primeiros três anos no território do Mandato Britânico da Palestina, onde sofreu estupro, e deu à luz uma criança que não sobreviveu (1).  Os autores que hoje estudam o papel de mulheres trabalhadoras, operárias, líderes, intelectuais e cientistas mencionam que ela descreve seu livro como "Esta é a vida de uma mulher operária que viveu em uma pátria que chamar de sua era o seu sonho maior" (2).

Fiquei me perguntando como esta mulher publicou uma autobiografia em 1935. Qual a editora que aceitou bancar esta publicação? E a resposta chega... Nenhuma. Ela financiou a publicação do livro porque, em sua opinião, a história deveria ser contada não apenas pelos líderes e intelectuais, mas também pelos muitos anônimos que sonham um sonho além das fronteiras da própria existência. Sonham em deixar mais do que uma árvore, sonham em um futuro para seus filhos, do ponto de vista conceitual.

Este foi um editorial diferente, tenho ainda muito a aprender sobre esta mulher que seguiu o seu caminho até onde conseguiu. Mas apesar do triste desfecho que ocorreu em 1940, agora começa a ser lembrada.



 

Lembrada em um país que ajudou a criar e que hoje é considerado o primeiro no mundo para mulheres empreendedoras. Cidadãs israelenses judias, árabes, druzas, cristãs, sem religião e com qualquer outra denominação atuam como empreendedoras nas mais diferentes áreas.

SONHOS que se CONVERTEM em REALIDADE garantem uma história milenar que se desenrola pela sequência das gerações.

Boa Semana! 

Regina P. Markus



1. (Alyagon Darr, Orna (2015-03-30). "Sexual offences and ethnic identity(PDF). Tel Aviv University. Retrieved 2020-02-01 – via Carmel Academic Center - School of Law. ).

2. (Hess, Tamar S. (2008). "Henya Pekelman: An Injured Witness of Socialist Zionist Settlement in Mandatory Palestine" (PDF). The Feminist Press. Retrieved 2019-04-27.). 


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? - Os refugiados judeus


REZA UM ANTIGO PROVÉRBIO MARROQUINO:

"MERCADO POPULAR SEM JUDEU É IGUAL A PÃO FEITO SEM SAL!"

Por Itanira Heineberg




Você sabia que três mil anos de civilização judaica no mundo árabe desapareceram da noite para o dia com a criação do Estado de Israel em 1948?

Você sabia que a primeira novela publicada no Iraque foi escrita por um judeu?

Você sabia que o primeiro Ministro das Finanças do Iraque foi um judeu - Sir Sasson Heskel?

Você sabia que o fundador do primeiro teatro nacional em Cairo foi um judeu, Jacob Sanua, em 1870?

Você sabia que a primeira ópera egípcia foi escrita em 1919 por um judeu?

Você sabia que o pioneiro do cinema da Tunísia foi um judeu, o primeiro a filmar sob as águas, assim como a primeira cantora vocalista no país também era judia?

Você sabia que o judeu Alfred Nakache foi campeão de natação da Algéria? E que posteriormente ele sobreviveu ao Holocausto em Auschwitz?


Onde estão todos estes refugiados judeus e seus descendentes?

Mais de 99% dos judeus residentes em países árabes fugiram:

650.000 foram para Israel

200.000 saíram em direção ao ocidente!

 

Podemos encontrar a resposta no livro “Uprooted” (“Desenraizado”), de Lyn Julius.




Sim, afirma Julius, houve refugiados judeus, e muitos, e eles nunca são apontados, nunca foram incluídos na história do mundo após o advento do Estado de Israel. Esta manobra capciosa tem como objetivo culpar Israel pelos refugiados árabes.

Agora com a verdade em “Uprooted”, haverá uma maior compreensão dos fatos e talvez até uma almejada reconciliação entre as partes.

 

Lyn Julius é uma das fundadoras da Harif, a Associação de Judeus do Oriente Médio e Norte da África do Reino Unido.

 

“Harif é um pequeno grupo de voluntários que organizam palestras, exibições de filmes e defendem os direitos de ex refugiados de países árabes e do Irã. Eles não são apenas sefarditas e mizrahim; na verdade, vários asquenazim são proeminentes na campanha internacional pela justiça.”

 

Anteriormente à evasão em massa dos judeus do universo árabe eles eram figuras importantes, de grande destaque em suas comunidades, assim como os judeus europeus antes de Hitler, segundo o relato de Lyn.

 

Lyn Julius


Lyn nasceu na Inglaterra de pais judeus iraquianos. Grande defensora dos direitos humanos em seu trabalho jornalístico, lançou em 2018 seu livro “Uprooted: How 3000 Years of Jewish Civilization in the Arab World Vanished Overnight “ (“Desenraizado - Como 3000 anos de Civilização Judaica no mundo árabe desapareceram da noite para o dia”).

Lyn tinha em mente informar os leitores sobre a longa existência judaica em países árabes, o porquê de seu êxodo e a grande batalha para serem reconhecidos como refugiados judeus.

 

Por quase 3000 anos os judeus viveram continuamente no Oriente Médio e no norte da África, isto mesmo antes do surgimento do Islã.

Como então, 99% da população judaica desapareceu assim, num piscar de olhos? Fugiram, simplesmente fugiram.

Os portadores de passaportes estrangeiros e contatos em outras terras refugiaram-se na Europa, Austrália ou Américas. E o resto, também uma minoria de ideologia sionista, foram para Israel, o novo/ancestral lar do povo judeu.

O mesmo fato ocorre agora, em nossos dias, com comunidades cristãs e outras minoritárias, em todo o Oriente Médio.

 

“Ao pesquisar a vida judaica no mundo árabe, Julius enfatiza o status inferior dos judeus como dhimmis (segunda classe) e se concentra nos maus-tratos pelas autoridades e pela sociedade muçulmana.

 Sobre os tempos modernos, ela destaca o impacto do nazismo no mundo árabe e o sofrimento judaico que resultou em vários países árabes. Ela também lida com o antissemitismo árabe e o impacto do nacionalismo árabe sobre os judeus. Um tópico importante são as razões da saída dos judeus de suas terras natais árabes e porque eles deveriam ser reconhecidos como refugiados.


Foto assinala narrativas da partida sem retorno de milhares de judeus que foram obrigados a sair de terras árabes.




Julius examina o tratamento dado aos refugiados palestinos, que são internacionalmente reconhecidos como refugiados e são eles próprios e seus filhos mantidos na condição de refugiados, ao contrário do status dos judeus de terras árabes, que se estabeleceram em Israel e no Ocidente e reconstruíram suas vidas como cidadãos totalmente integrados. Os apêndices fornecem dados sobre os judeus nos países árabes e testemunhos de seu sofrimento e fuga.”

 Uprooted” pode ser especialmente útil para aqueles envolvidos nas discussões sobre o conflito israelense-palestino e, em particular, sobre a questão dos refugiados palestinos: fornece respostas prontas para aqueles que glorificam o status dos judeus no mundo muçulmano, detalha as razões de sua partida, e descreve os esforços para reconstruir suas vidas mais tarde.”

 

Assistamos agora a um explicativo vídeo sobre o fenômeno do desaparecimento dos judeus no mundo árabe num piscar de olhos. Um capítulo da História que não pode ser apagado de nossos livros!

 



Não podemos esquecer os 160.000 dos 870.000 árabes vivendo no oeste da Palestina que escolheram ficar em Israel, uma vez que o novo país não praticava a abominável política de limpeza étnica.

Já na costa oeste da Jordânia, Judeia e Samaria e na cidade velha de Jerusalém houve perseguições aos judeus e todos foram expulsos de suas propriedades.

 



A belíssima Sinagoga de la Ghriba, na ilha Djerba, ao sul da Tunísia, uma das mais importantes da região.

Graças a Lyn Julius e ao seu livro esclarecedor, o mundo tem agora acesso à história sobre os muitos e muitos judeus expulsos violentamente de suas terras e à sua difícil adaptação a uma vida normal e equilibrada nos países que os acolheram.

E de acordo com os princípios Sionistas, nunca mais os judeus da Diáspora vão ser deixados à sua sorte!

Está em discussão na ONU uma proposição de Israel para o reconhecimento desses judeus como refugiados para “homenagear estas comunidades e equilibrar o discurso público “. Israel comemora desde 2014 o Dia Nacional dos Judeus Refugiados dos Países Árabes e Irã em 30 de novembro - semana que vem!

 

 

FONTES:

https://www.catarse.me/uprooted/?ref=whatsapp&utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=project_share

https://www.jewishbookcouncil.org/book/uprooted-how-3000-years-of-jewish-civilization-in-the-arab-world-vanished-overnight

https://newbooksnetwork.com/lyn-julius-uprooted-how-3000-years-of-jewish-civilization-in-the-arab-world-vanished-overnight-vallentine-mitchell-2018

Livro “Uprooted”, de Lyn Julius.

Editorial - Novos Mundos – Novo mês Kislev



No dia 17 de novembro começou o mês de Kislev: o mês das luzes, o mês em que comemoramos Chanucá, a festa das luzes. Uma festa que mostra o poder da defesa. Esta é a festa que lembra a vitória dos Macabeus sobre os gregos, 63 anos antes era comum. A conquista de Jerusalém que não aconteceu, a conquista do Templo de Jerusalém que não aconteceu, e a comemoração lembra uma luz interior que era mantida com óleo que ficou acesa por 8 dias, quando havia luz para apenas 1 dia. E o fato da energia, a priori insuficiente, continuar iluminando enquanto era gerada mais energia é o que é comemorado no Chanucá. Vamos voltar a este tema durante o mês, há muito o que aprender a partir das discussões talmúdicas geradas pela vitória de Yehuda, o Macabeu e sua família. 


Hoje vamos aproveitar os acontecimentos incríveis destas duas últimas semanas para traçar um paralelo sobre perspectivas de futuro em tempo de lutas armadas e em tempo de pandemia. A desorganização é grande e o mundo dos detalhes, do aqui e agora pode ser visto como algo que nunca deveria ter ocorrido. Algo totalmente imprevisível. Certamente para a grande maioria isto é verdade e para um pequeno grupo de cientistas, o poder do “mundo dos pequenos” (microorganismos) nunca deve ser menosprezado, nem para o mal e nem para o bem!


Hoje vamos extrapolar a pandemia e olhar a energia que poderá alimentar o nosso futuro, uma energia ainda desconhecida e que está sendo apresentada pela imprensa e pelas mídias sociais. No dia 19 de novembro de 2020 o Estado de São Paulo (A3 Notas & Informações), na página de responsabilidade do Editor de Opinião, Antonio Carlos Pereira, analisa o acordo firmado entre países da Ásia e Oceania sob o nome de Parceria Regional Econômica Abrangente (Rcep, em inglês). Este acordo envolve 1/3 da população mundial e países com alta capacidade de inovação tecnológica e geração de conhecimentos. Por outro lado, no dia de ontem Israel recebeu o Ministro do Exterior de Bahrein – Abdullatif bin Rashid Al-Zayani. Esta visita tem por objetivo concretizar acordos de cooperação e viabilizar vários intercâmbios. Entre estes, não foi esquecido o fomento de turismo, que permitiria um real encontro entre pessoas. Nestes tempos de evolução das políticas dos Estados Unidos e da Europa, a possibilidade de interações bilaterais sempre amplia o encontro de pontos de contatos positivos.



Entrando no mês das luzes, que sempre é temperado com sombras para não cegar os que a olham diretamente, podemos ver que esperanças começam a mostrar novos horizontes. E estes só serão encontrados se conseguirmos nos despir de objetivos que se provaram ser baseados em premissas erradas. As bonitas palavras, como paz e amizade, perdem consistência quando os fatos pregressos são distorcidos, e ganham nova dimensão quando buscam-se novos caminhos para encontra-las em um futuro próximo.



Com muita esperança – desejo uma boa semana a todos!


Regina P. Markus

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Você Sabia? - Daniela Weil e o primeiro açougueiro kosher na América do Norte

 



Por Itanira Heineberg



Você sabia que o primeiro cidadão judeu na América do Norte foi também o primeiro açougueiro kosher nos Estados Unidos?

Em seu livro “The Diary of Asser Levy”, Daniela Weil, grande protetora e admiradora dos refugiados no mundo, relata a odisseia dos judeus fugitivos de Pernambuco quando da expulsão dos holandeses do Brasil em 1654.

Durante 24 anos os judeus encontraram um porto seguro na “Colonial Jerusalem”, capital da colônia holandesa no Brasil. No entanto, ao reconquistarem o território os portugueses trouxeram de volta a abominável Inquisição, da qual todos os judeus europeus tentavam se proteger. Quinze caravelas chegaram a salvo em Amsterdã, mas nosso herói e seus amigos refugiados viveram aventuras incríveis e inesperadas em sua caravela, felizmente com sucesso ao final de tantas agruras, carências e apreensões.

Viajemos com Daniela “por mares nunca dantes navegados”, conhecendo a vida deste intrépido jovem que foi o primeiro a preparar a carne kosher em terras da América do Norte.



Após uma pesquisa detalhada baseada em documentos da época, mapas e fotos, Daniela relata os acontecimentos no diário de nosso real personagem.



Em entrevista com Dany ela fala de seu trabalho, de sua compaixão pelos refugiados, verdadeiros heróis de nosso mundo, de sua inspiração para este livro e sua necessidade de trazer à luz fatos históricos relevantes esquecidos nas névoas do passado.

 

Como a trajetória de tua família, Europa, Israel, América do Sul, Estados Unidos, influenciou teu interesse pela história?

 

Todos os Judeus têm uma história de diáspora. Minha família, como muitos judeus no Brasil, sobreviveu ao holocausto. Mas a história dos judeus que sobreviveram à Inquisição e permaceram judeus é particularmente interessante para mim. Quando comecei a pesquisar essa história que ouvi quando ainda morava no Brasil, não tinha ideia de como o Caribe e as Américas eram os lugares perfeitos para os judeus se "esconderem" durante a Inquisição. Havia milhares de Judeus no Novo Mundo. É incrível para mim que em Recife houvesse total liberdade religiosa durante o domínio Holandês, e não uma, mas 2 sinagogas naquela pequena cidade! E era completamente rodeada pela Inquisição Portuguesa por todos os lados. Quando o Kahal Zur Israel foi construído em Recife, ainda não havia uma sinagoga construída nem em Amsterdam! Ao estudar a odisseia dos judeus de Recife para chegar a Nova York, não pude deixar de pensar em como Nova York um dia seria o ponto de entrada de tantos outros Judeus. E da minha própria jornada do Brasil para a América como imigrante, e como foi diferente da jornada deles. Os 23 Judeus de Recife abriram as portas para muitos que vieram depois.

   Daniela e família em frente à Sinagoga Kahal Zur, Recife, Pernambuco



Como foi nascer no Brasil, morar e estudar nos EUA, convivendo com grupos humanos diferentes e diversidades de religião, língua, culturas e níveis de educação?

Nasci em São Paulo, mas morei nos Estados Unidos por 2 anos quando meu pai foi transferido por trabalho. Eu tinha 8 anos. Morar no exterior muda as pessoas. As visões do mundo expandem automaticamente, você entende o mundo melhor. Quando estudei na Escola Graduada em São Paulo, era uma escola muito internacional. Eu tinha amigos da Suécia, Dinamarca, Holanda, América, Japão, Alemanha e Suíça. Eu me tornei muito mais internacional por causa dessa experiência. Quando fui morar em Houston, fiquei surpresa com o quão internacional aquela cidade era. Há pessoas lá de todo o mundo, onde quer que você vá, há diferentes línguas sendo faladas, pessoas praticando diferentes religiões, muitas culturas... Minha filha estuda em uma escola pública, então há pessoas pobres e ricas, culturas diferentes, necessidades diferentes. Estar exposto a isso e ter um melhor entendimento de toda a diversidade do mundo é a educação mais importante que existe na minha opinião. Quando minha filha tinha 9 anos, fomos morar na Bahia por um semestre pelo mesmo motivo. Queria que ela conhecesse uma cultura completamente diferente, diferente até de São Paulo.

 

Quais são teus sentimentos em relação aos refugiados através da história?

Para mim, os refugiados são as pessoas mais corajosas do mundo. Eles sacrificam tudo por um futuro melhor para seus filhos. Todos os refugiados passam por jornadas incrivelmente difíceis. Eles são sobreviventes, embora muitos não sobrevivam. E quando conseguem chegar ao seu destino, ainda é incrivelmente difícil começar do zero. Sem dinheiro. Nenhuma ajuda. Não falando a língua. Antagonismo de seu novo país. Leis e culturas anti-imigrantes. Imigrantes, em muitos casos refugiados, construíram este país e o Brasil também. Deveríamos sempre tratá-los bem e com muito respeito.

 

Conta um pouco sobre tua evolução profissional da Ciência à Arte e à Literatura?

Sempre adorei a ciência, a natureza e a arte. Eu costumava desenhar plantas e insetos e o que via na natureza quando era pequena. Também escrevia histórias em meus livros de desenho. Eventualmente, me tornei bióloga. Eu estudava baleias. Mas acabei sendo contratada para fazer ilustrações para livros de ciências e guias de identificação de baleias. Também escrevi um livro e ilustrei um infantil chamado A Minhoca Dorminhoca (Paulinas) sobre os benefícios das minhocas para a terra. Estagiei numa firma de animação 3D em São Paulo e encontrei uma empresa em Houston que fazia animação 3D e ilustração para ciência e medicina- uma combinação perfeita para mim! Fiquei 7 anos naquela empresa, consegui meu green card e depois minha autonomia no trabalho. Fazia design gráfico em casa. Depois de adotar minha filha da Etiópia, voltei à minha paixão original por livros infantis e ilustração. Amo escrever sobre ciência e história.

 

Qual é teu trabalho na Pelican? Teus hobbies, tua família? Projetos?

Pelican é minha editora. Eles me permitiram a minha visão para o livro, que é uma mistura de não-ficção e ficção, bastante rara nos livros. Então fiz o layout do livro e a capa também.

Adoro nadar, fazer caminhadas e atividades ao ar livre, meditar e aquarelas.

Meu próximo projeto é escrever sobre a experiência de minha filha como uma criança negra em uma escola judaica. Atualmente minha paixão é trabalhar com pessoas brancas em antirracismo. Criei um projeto educacional na minha sinagoga e gostaria de expandir para outras sinagogas e organizações.

 


Daniela Weil nasceu no Brasil, de refugiados da Europa escapando do Holocausto, estudou na Escola Graduada de São Paulo, e desde muito jovem demonstrou grande paixão pela natureza, arte e literatura. 


Daniela, de óculos, e seus colegas na Escola Graduada de São Paulo


Frequentou a Universidade de Brandeis, em Boston, de onde saiu com certificado de BA em Biologia.


Tornou-se pesquisadora no campo da Biologia, especializando-se em baleias e golfinhos também ilustrando seus próprios trabalhos.



Após produzir vários artigos em ciência e história, Daniela iniciou a criação de seus primeiros livros especializando-se em material literário para jovens alunos adolescentes.

Daniela vive em Austin, Texas, com seu esposo Erik e sua filha Lucy.





quinta-feira, 12 de novembro de 2020

CONTRASTES: Povo Judeu @ AM ISRAEL

CONTRASTES: Povo Judeu @ AM ISRAEL

12 de novembro de 2020 - Semana de Contrastes, Conflitos e Reflexões




Esta foi uma semana de muitos contrastes. Foi a semana em que Lord Jonathan Sacks Z'L transferiu o seu enorme legado para a humanidade. E este legado requer continuidade e muita ação. Todos os que trabalharam diretamente com Rabbi Sacks Z'L e todos que com ele conviveram rendem suas homenagens e mostram que este legado não será estático: será ampliado e aperfeiçoado ao longo de muitos futuros, pois seus objetivos eram claros e os caminhos eram múltiplos, permitindo acomodação dos diferentes. A continuidade do Povo Judeu, em um período em que os dispersos pelo globo têm um certo grau de segurança e a continuidade do Estado de Israel, que é a realização de um sonho de quase 2000 anos, eram seus objetivos. Falava com todos e com cada um, presencialmente ou por suas muitas atividades na BITNET - e depois na INTERNET, via diferentes mídias sociais. 

Esta também foi uma semana em que continuaram repercutindo as eleições americanas enquanto aproximavam-se as eleições brasileiras. Neste contexto, todos percebem a polarização que inclui demonização e alinhamento total. Elogios têm que ser evitados quando se conversa sobre o lado oposto, e a tônica é mostrar porque A versus B. Nos últimos anos, acompanhamos esta postura na maioria dos países e este plano de ação chega a ser transferido de forma irresponsável para o enfrentamento do atual combate ao vírus que recebe o nome pomposo de corona - e que vem ceifando vidas por todo o planeta. Há muitos anos a comunidade científica internacional tem conseguido conversar no mundo do conhecimento básico, e tem encontrado dilemas no mundo do desenvolvimento prático - e desta vez não é diferente. Mas, mesmo assim, aos trancos e barrancos, vemos que a razão consegue caminhar. Por quê? Porque durante anos a sociedade científica brasileira criou legislações e entidades de controle não totalmente acopladas a dirigentes de curta permanência. Assim, vimos conflitos de interesses espúrios terem que ser deixados de lado. Teremos várias vacinas que permitirão uma cobertura mais eficiente.

Você que leu até aqui deve estar se perguntando o porquê do título "Povo Judeu @ AM ISRAEL" - Povo Judeu como um componente de AM ISRAEL. Traduzindo: AM (Povo) ISRAEL (o segundo nome do patriarca Jacob). O primeiro nome é usado por todos os idiomas e o segundo é usado em hebraico. Este também é o fruto de um conflito que se mantém por milênios. Ao longo de todos estes anos, a legitimidade do Povo Judeu vem sendo contestada, e hoje não é diferente. Ao longo de milênios a unicidade de Am Israel vem sendo reafirmada apesar das grandes ondas de difamação e demonização que ocorreram ao longo da história. Se de um lado o povo judeu refere-se aos descendentes de um dos filhos de Jacob, Yehudá (Judá), por outro lado Am Israel refere-se aos descendentes de todos os filhos que formaram as tribos (10 em nome dos filhos e 2 em nome dos filhos de José). Se por um lado, o povo judeu foi sendo referenciado por características físicas e de personalidade, por outro AM ISRAEL é composto por pessoas de muitas etnias e que por milênios mantiveram uma cultura baseada na corrente entre as gerações. A base de longevidade que pode ser comprovada não apenas pela arqueologia, mas por costumes semelhantes de americanos, europeus ou etíopes é contraste, conflito e reflexões. O fato de ser diferente e de ter opiniões diferentes gera um debate intenso que vai sendo registrado de diferentes formas. Os mais antigos foram registrados como o Talmude - tratados que debatem a lei rabínica, Mishná sobre diferentes pontos de vista. Este aprendizado contínuo baseado no contraste de idéias e de padrões de ação é amplamente conhecido, e o Príncipe Charles da Inglaterra, ao saudar o Rabino Jonathan Sacks Z'L quando este assumiu a posição de Rabino Chefe do Reino Unido, jocosamente se referiu à sua capacidade de lidar com opiniões convergentes e divergentes porque: quando 10 judeus se encontram é comum ter que avaliar 11 opiniões. 

É neste mundo da diversidade que esta semana o Fórum Econômico Mundial anunciou os países que mais mais investem em ciência e tecnologia. Israel foi apontado como o número 1! E deve-se ressaltar que além da geração de riqueza, também existe um importante investimento na área social, na inclusão pessoal ou das populações vivendo em condições limítrofes.


Fonte

Fechando a semana com uma notícia que mostra que o futuro mostra importantes luzes de PAZ, esta noite os controladores de Vôo da Arábia Saudita permitiram que um avião israelense de carreira que estava transportando passageiros desviasse de sua rota sobre o Mar Vermelho. A tormenta que acontecia naquela área não poderia ser enfrentada, e a rota sobre MECA estava limpa. Salvando vidas, encurtando tempo e mostrando boa vontade. É desta forma que Israel e Ismael estão cruzando os céus do século XXI.



BOA SEMANA!

Regina P. Markus


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? - Judeus de Burma

 


Assim como seus ancestrais, os judeus DE HOJE encontram o caminho para Myanmar.

Por Itanira Heineberg


Sinagoga Mesmuah Yeshuah em Yangon, Myanmar, decorada para o casamento de Sammy Samuel.



VOCÊ SABIA que, aos poucos, os judeus retornam a Myanmar, trazendo grande alegria ao patriarca da comunidade, Moses Samuel, e a seu filho Sammy, que criou recentemente uma agência de viagens chamada Myanmar Shalom?

Há tempos houve uma comunidade judaica no território de Burma, Birmânia ou Myanmar, com a chegada do primeiro colono em 1752-60, na área do Rei Alaungpaya.

 

O primeiro colono judeu na Birmânia pode ter sido Solomon Gabirol, um Bene Israel de língua marata da região de Bombaim, no oeste da Índia. Gabirol serviu como comissário no exército birmanês do rei Alaungpaya, que governou de 1752 a 1760 e fundou a dinastia Konbaung.

Azariah Samuel, de Bushir na Mesopotâmia, pode ter sido o primeiro colono judeu Baghdadi na Birmânia. Em 1841 ele chegou ao porto de Akyab.”

 

O reino caiu nas mãos dos britânicos que fizeram então da Birmânia uma parte da Índia até 1853. Em 1937, aquela região virou uma colônia inglesa - até 1947, quando recebeu sua independência.

Em 1989, o país mudou seu nome para “República da União de Myanmar.

Hoje, na rua Mahabandoola, uma das principais da cidade, encontra-se a bela e antiga sinagoga sefardita do país, Mesmuah Yeshuah, onde nenhum serviço religioso foi oficiado nos últimos 50 anos.

Mesmo assim, todas as manhãs o patriarca da comunidade, Moses Samuel, 63 anos, abre as portas do templo e aguarda qualquer passante, de qualquer religião, que queira nela entrar.

Recentemente Moses foi atacado por um câncer de garganta, levando seu filho Sammy, 32 anos, o mais jovem dos judeus da Birmânia, a substitui-lo, tornando-se o rapaz a voz de seu povo.

A história conturbada do pequeno país, de 2.500 judeus nas épocas prósperas, levou à migração dos mesmos para diferentes e mais seguros lugares.




Durante a Segunda Guerra o Japão invadiu o país e os judeus passaram a ser considerados espiões britânicos, ocasionando a fuga da maioria deles.

Muitos voltaram após a guerra e, em 1948, com a independência, a Birmânia tornou-se amiga de outro novo país, o Estado de Israel.

Em 1962 os militares derrubaram o governo birmanês e nacionalizaram as empresas. Quase todos os judeus abandonaram o país mas a família Samuel resistiu e ficou. Samuel diz que nunca pensou em deixar o país. Ele e seus familiares amam a terra de origem e acreditam que é importante ficar para sempre poder receber os turistas judeus na Birmânia. Eles acrescentam que não queriam que “os visitantes judeus ficassem sozinhos”.

 Em 2002, Sammy conseguiu uma bolsa integral para cursar a faculdade nos Estados Unidos. Ele se mudou permanentemente para Nova York, mas todo verão viaja de volta para Yangon, a capital.


FEIRA EM YANGON


Numa sexta-feira à noite no verão, Moisés foi sozinho à sinagoga. Sammy não estava se sentindo bem, mas 45 minutos depois Sammy recebeu um telefonema de seu pai implorando para que ele viesse. “Ele parecia ter ganho na loteria”, diz Sammy.

Antes mesmo de chegar lá naquela noite, ele ouviu a cantoria. Cerca de 40 turistas americanos compareceram aos cultos de sexta à noite.

“Meu pai ficou tão feliz que abriu todos os vinhos kosher que tinha”, diz Sammy.

Sammy, que estava procurando uma maneira de conectar sua terra natal com seu país de adoção, teve uma ideia brilhante. Se esses 40 turistas viessem para os cultos de sexta à noite, talvez outros viessem também. Ele abriu uma agência de viagens chamada Myanmar Shalom, para - como ele diz - “manter vivo o espírito judeu na Birmânia”.

Em 2011, a Birmânia se tornou nominalmente democrática e os turistas começaram a chegar, relativamente falando. E Myanmar Shalom, que faz viagens em grupo e pessoais para judeus e não judeus, passou de dois funcionários para vinte.”

 


“O Instituto do Conselho Empresarial EUA-ASEAN (USABCI) acabou de restaurar partes da sinagoga, e Frances Zwenig, chefe do projeto, diz que sempre há turistas na sinagoga quando ela a visita.

E agora que Myanmar Shalom pode cobrir os custos, a USABCI devolveu a manutenção da sinagoga à família Samuels.

Myanmar Shalom não está apenas facilitando o caminho para os turistas; Sammy também administra uma empresa de consultoria para empresas da Fortune 100 que tentam explorar os mercados intocados de Myanmar. Esses negócios muitas vezes trazem judeus para Yangon em busca de oportunidades de trabalho - assim como seus ancestrais faziam.

À medida que mais judeus seguem para Yangon, uma coisa é certa: a família Samuels estará na sinagoga, esperando para recebê-los de braços abertos.”

 

Sinagoga preservada com mais de 100 anos de história.







FONTES:

https://www.jpost.com/travel/a-jewish-tour-of-burma-163646

https://www.pri.org/stories/2014-02-26/jews-are-making-their-way-myanmar-just-their-ancestors-did

https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007/978-94-024-1267-3_792

https://pt.wikipedia.org/wiki/Myanmar

https://learningenglish.voanews.com/a/synagogue-burma-fires/1821095.html