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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

VOCÊ SABIA? - Duas Religiões, Dois Profetas; Uma Crença em D’us e no Valor do Ser Humano

 

Por Itanira Heineberg


“Racismo é satanismo, mal absoluto.

Você não pode adorar a Deus e ao mesmo tempo olhar para o homem como se ele fosse um cavalo.”

Abraham Joshua Heschel


Rabino Abraham Joshua Heschel, segundo da esquerda e Dr. Martin Luther King, ao centro, participando de um protesto contra a guerra do Vietnam na tumba do soldado desconhecido  no cemitério de Arlington, 6 de fevereiro de 1968.

Rabino Maurice Eisendrath segura a Torah. (Charles Del Vecchio/The Washington Post via Getty Images)


Você sabia que Joshua Heschel (1907-1972), sobrevivente do Holocausto, teólogo, filósofo, erudito, profeta de nossos dias associado ao movimento conservador do Seminário Teológico Judaico, experimentou um espanto radical – “radical amazement”, ou seja, uma experiência única, particular, jamais mencionada por nenhum movimento ou denominação?

Heschel, nascido na Polônia e refugiado nos Estados Unidos, uniu-se ao Dr. Martin Luther King na luta contra o racismo americano.

O primeiro encontro dos religiosos aconteceu em 1963, em Chicago, na conferência “Religião e Raça”, organizada pela Conferência Nacional de Cristãos e Judeus.

 

King em seu discurso disse:

“As igrejas e sinagogas têm a oportunidade e o dever de erguer suas vozes como uma trombeta e declarar ao povo a imoralidade da segregação. Devemos afirmar que toda vida humana é um reflexo da divindade, e todo ato de injustiça estraga e desfigura a imagem de Deus no homem. A filosofia subjacente da segregação é diametralmente oposta à filosofia subjacente de nossa herança judaico-cristã, e toda a dialética dos sensatos não pode fazê-los se enfileirarem juntos.”

 

Heschel, após King, abriu seu discurso trazendo o público para uma narrativa bíblica dramática:

Na primeira conferência sobre religião e raça, os principais participantes foram Faraó e Moisés…. O resultado dessa reunião de cúpula ainda não chegou ao fim.

Faraó não está pronto para capitular. O êxodo começou, mas está longe de ser concluído. Na verdade, era mais fácil para os filhos de Israel cruzar o Mar Vermelho do que para um negro atravessar certos campi universitários.”

 

Cornel West chamou o discurso de Heschel a mais forte condenação ao racismo por um homem branco desde William Lloyd Garrison. Este discurso eletrizou o público.

 

“A religião não pode coexistir com o racismo: é uma grave violação do princípio religioso fundamental de não matar. O racismo é a humilhação pública, que é condenada no Talmud como equivalente ao assassinato: “Deve-se antes cometer suicídio do que ofender uma pessoa publicamente”.

 

Mas Heschel avança em suas atividades e descobertas e chega à maravilha ou espanto radical, através da adoração e admiração pelo Criador.

O homem atual esquece as maravilhas da Criação. Está absorvido por seus negócios, realizações materiais, os olhos fechados para a Natureza e sua perfeição.

Isto apesar de rezarmos o Barechu, todas as sextas-feiras durante o serviço religioso - “Ilumina nossos olhos para que vejamos teu poder orientador em toda a natureza, desde a longínqua estrela até o íntimo de nossa alma.”

Mas deixemos Heschel falar e nos despertar:


Um experimentalista religioso


A maneira mais segura de suprimir nossa capacidade de entender o significado de Deus e a importância da adoração, é tomar as coisas como certas.

A indiferença à maravilha sublime de viver é a raiz do pecado. Maravilha ou espanto radical é a principal característica da atitude do homem religioso em relação à história e à natureza. Uma atitude é estranha ao seu espírito: tomar as coisas como certas, encarar os acontecimentos como um curso natural das coisas. Encontrar uma causa aproximada de um fenômeno não é a resposta para sua maravilha final. Ele sabe que existem leis que regulam o curso dos processos naturais; ele está ciente da regularidade e do padrão das coisas. No entanto, tal conhecimento falha em mitigar sua sensação de perpétua surpresa com o fato de que existem fatos.

À medida que a civilização avança, a sensação de admiração diminui. Tal declínio é um sintoma alarmante de nosso estado de espírito. A humanidade não perecerá por falta de informação; mas apenas por falta de apreciação. O começo de nossa felicidade está na compreensão de que a vida sem admiração não vale a pena ser vivida. O que nos falta não é vontade de acreditar, mas vontade de admirar.

A consciência do divino começa com a admiração. É o resultado do que o homem faz com sua incompreensão superior. O maior obstáculo a essa consciência é nosso ajuste às noções convencionais, aos clichês mentais. Maravilha ou espanto radical, o estado de desajuste com palavras e noções, é, portanto, um pré-requisito para uma consciência autêntica daquilo que é.

O espanto radical tem um alcance mais amplo do que qualquer outro ato do homem. Enquanto qualquer ato de percepção ou cognição tem como objeto um segmento selecionado da realidade, o espanto radical refere-se a toda a realidade; não apenas ao que vemos, mas também ao próprio ato de ver, bem como a nós mesmos, aos eus que veem e se surpreendem com sua capacidade de ver.

A grandeza ou mistério do ser não é um enigma particular para a mente, como, por exemplo, a causa das erupções vulcânicas. Não precisamos ir até o fim do raciocínio para encontrá-lo. Grandeza ou mistério é algo com o qual nos deparamos em todos os lugares e em todos os momentos.

Até o próprio ato de pensar confunde nosso pensamento, assim como todo fato inteligível é, em virtude de ser um fato, embriagado com desconcertante indiferença. O mistério não reina no raciocínio, na percepção, na explicação? Que fórmula explicaria e resolveria o enigma do próprio fato de pensar?”

 

--Rabino Abraham Joshua Heschel


A descoberta do espanto radical proclamado por Herschel abriu meus olhos, ou talvez, me fez estremecer, me sacudiu.

Que grande verdade é “não tomar as coisas como certas” ou “do not take things for granted”.

Onde está nossa admiração pela realidade total?

Como não perceber o “enigma do próprio fato de pensar”?

Devemos levar em conta os mistérios da vida e do universo e sempre agradecer por tudo que vivemos e recebemos, conscientes de toda a realidade que vemos e do próprio ato de ver.



Ao limpar a mesa onde minhas netas haviam comido frutas, minha ajudante encantou-se com um caroço ou semente desconhecida. Presa por sua admiração e espanto, Cida enfiou a semente num vasinho com terra e passou a observá-lo com carinho, água e sol.

Tempo depois ficou extasiada ao encontrar duas folhinhas na ponta de uma minúscula e delgada haste. Que alegria!

Passou então a vibrar a cada dia com o desenvolvimento de sua nova criação. E toda a família também! Tudo tão perfeitinho, delicado, cores suaves.

Foi um momento de descoberta, admiração, espanto e felicidade para todos nós. Era o começo de um pé de lichia. E motivo para muita conversa e apreciação.



FONTES:

https://www.plough.com/en/topics/community/leadership/two-friends-two-prophets

https://www.jta.org/2023/01/15/opinion/on-one-foot-five-essential-things-to-know-about-abraham-joshua-heschel-on-his-50th-yahrzeit?utm_source=JTA_Maropost&utm_campaign=JTA_DB&utm_medium=email&mpweb=1161-52884-141166

https://www.jta.org/2023/01/15/opinion/on-one-foot-five-essential-things-to-know-about-abraham-joshua-heschel-on-his-50th-yahrzeit

https://www.awakin.org/v2/read/view.php?tid=1080

https://www.sourcesjournal.org/articles/books-radical-amazement

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Acontece - MÊS DE ADAR - Boa Sorte PURIM🍀 Boa doação - Terumá 🙌👫👍

ADAR - o mês da BOA SORTE - MAZAL

               o mês da DOAÇÃO - TERUMÁ


Regina P. Markus - 1/Adar/5738


Na noite do dia 21 de fevereiro de 2023 ocorreu o primeiro dia de ADAR - o último mês do calendário judaico, em que é celebrada a festa de PURIM. O primeiro mês é Nissan - quando Moshé recebe os DEZ COMANDOS (Tábuas da Lei) - no Monte Sinai. 

A tradução literal do vocábulo PUR do persa também é sorte. Também é o mês em que lembramos a morte e o nascimento de MOSHÉ. A boa sorte da formação do povo judeu por um líder humano, com qualidades e defeitos, que soube conduzir os israelitas da escravidão à formação de um povo apto a viver, sobreviver e contribuir para toda a humanidade. MAZAL TOV - a BOA SORTE. MAZAL, o acrônimo de M (makom, lugar), Z (zman, tempo) e L (limud, conhecimento). 

PURIM é a festa das fantasias e da alegria. Aconteceu no século V aEC, comemorando a história da Rainha Esther escolhida como esposa pelo rei Achashversosh (Imperador Xerxes) da Pérsia em um concurso muito concorrido. Conta o Tanach que o Rei ficou descontente com a Rainha Vashti que se recusou a dançar para convivas e expulsou-a do palácio. Esta foi uma mulher que não se submeteu! E muitos comentadores e educadores atualmente reconhecem a importância das mulheres na antiguidade que deram exemplos de autodeterminação. Voltando à Esther, a sobrinha de Mordechai que era o líder da comunidade judaica local. Esther se apresentou, sob o nome de Hadassa, a um concurso para escolher a próxima rainha, sem revelar sua identidade. Anos mais tarde, quando soube que o primeiro ministro Hamas havia induzido o rei a promulgar um decreto para a expulsão ou morte da comunidade judaica, convidou o rei para um jantar onde revelou sua identidade, não só como judia, mas também como sobrinha de Mordechai. Xerxes, pego de surpresa, tomou as medidas necessárias para que o dia que havia sido escolhido para seguir os conselhos de Hamas fosse transformado em um dia de celebração. PURIM - Hamas havia lançado a sorte para escolher o dia de extermínio - e a SORTE que tem duas faces foi transformada no BOA SORTE - MAZAL TOV! O Povo de Israel foi salvo e anos depois o próprio Xerxes viabilizou a volta dos que optaram para Jerusalém. Fica aqui a nota que os judeus habitaram as terras persas, hoje conhecidas como Irã, desde séculos antes do início do cristianismo ou islamismo. Os que saíram do Irã no século XX deixaram suas propriedades milenares.

Qual a relação entre DOAR e Boa Sorte? 

DOAÇÃO - nesta semana todos estão aturdidos com o que acontece no litoral paulista - do Guarujá até as praias do norte as notícias são alarmantes e todos, ricos e pobres se movimentam para doar bens e dinheiro para amenizar as grandes perdas. Coincidência ou não, a reação que estamos presenciando vai além de apenas doar, mas faz parte de poder transformar a sorte - ou não aceitar passivamente algo que poderia ser considerado uma má sorte. É ser responsável - o que tem a ver doação como ADAR!

TERUMÁ (doação) este é o nome da porção (parashá) da Torá (Pentateuco) que é sempre lida na primeira semana de Adar. Friso o "sempre" porque há diferenças na sequência das leituras para comunidades judaicas de tradição ashkenazi (Europa Ocidental e Oriental), sefaradi (originários da Peninsula Ibérica que se estabeleceram no Norte da África, Sul da Europa e Oriente Médio), Mizrachi (originários de países árabes asiáticos), Iemenitas (os que ficaram no Iemen desde Moshé), etíopes, etc. 

São muitos os comentaristas que apresentam explicações coincidentes. O Rabino Raphi Mandelstam da Academia de Torá do Condado de Bergen, New Jersey, expõe a explicação encontrada na Guemará (Sefat Emet (verdade), Tratado Taanit 29a) do porquê Adar é o mês da alegria (Simchat Adar). Nesta parashá são descritas as diferentes formas de contribuir para a construção do Mishkan, o tabernáculo que abrigava a Arca Sagrada e que viajou pelo deserto por 40 anos. E depois, o mesmo conceito é usado para as doações para o Beit Hamidrash (Templo) e, mais tarde ainda, a forma de doar para manter comunidades saudáveis e auto-sustentadas e contribuir ativamente com todos os países em que os judeus viveram ao redor do mundo.

Quem olhar a parashá verá que as doações vão de ouro e tecidos preciosos a sementes. Todos poderiam doar, independente de suas posses. Para a construção do Templo deveria ser doado meio shekel - e esta também era a forma de fazer o censo. Metade da moeda mais barata, isso para lembrar que a busca de pares e da comunidade é sempre importante. E disse Adonai a Moshé "que construam um tabernáculo para que Eu more entre eles" (Exodus 25:8). Morar entre homens, mulheres e crianças - o coletivo que doa e constrói!

Vamos Acontecer construindo e doando. MAZAL TOV!

Regina 


sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

VOCÊ SABIA? - Novos caminhos no tratamento do câncer

 

Instituto Weizmann em Israel

Relevantes Atualizações em Câncer e Imunoterapia

Por Ana Ruth Kleinberger



Você Sabia que importantes novidades em câncer e imunoterapia estão acontecendo e os cientistas do Instituto Weizmann estão desbravando um novo caminho para uma imunoterapia que irá explorar uma arma diferente e inédita do sistema imunológico contra o câncer: anticorpos naturalmente produzidos em nossos organismos?


Anticorpos são proteínas fabricadas por um tipo de células conhecido como Linfócitos B, e que neutralizam ameaças específicas. O prof. Ziv Shulman do Departamento de Imunologia de Sistemas diz que foi demonstrado que os sistemas imunológicos de pacientes cancerosos podem produzir anticorpos contra tumores. Ele chefiou este projeto com a Profa. Irit Sagit do Departamento de Imunologia e Biologia Regenerativa.

“Parece que estes anticorpos possuem um potencial terapêutico não explorado, é necessário que pesquisemos mais, para que no futuro possamos aplicá-los em novas terapias ou como agentes diagnósticos.”



As pesquisas do Prof. Ziv Shulman são patrocinadas pela Fundação Azrieli; Miel de Botton; Centro Integrado de Oncologia Moross e a Fundação Rising Tide

Nos últimos anos, foram encontrados anticorpos de ocorrência natural em tumores cancerígenos, mas sua finalidade é desconhecida. Entretanto, provas indiretas sugerem que eles fornecem algum tipo de benefício antitumoral. Os pacientes que tiveram sobrevida mais longa e que responderam melhor a drogas anticancerígenas apresentaram concentrações mais elevadas de células B produzindo anticorpos em seus tumores. Mesmo assim, não houve jeito de se determinar se estas células e os antibióticos que fabricam contribuíram para a melhor sobrevida, e se o fizeram, como realizaram tal feito.

Para explorar este achado, o Prof. Shulman e o Dr. Roei Mazor, médico, se uniram à Dra. Sagi, cujo laboratório detém o conhecimento de criar modelos celulares de cânceres invasivos. O Dr. Mazor trouxe amostras de tumores ovarianos que tinham sido cirurgicamente removidos de várias dezenas de mulheres, e que foram fornecidos pelo Prof. Ram Eitan, do Centro Médico Rabin.



As pesquisas da Profa. Irit Sagi são patrocinadas pela Fundação Azrieli e o Fundo da Família Rose para Pesquisas em Doença de Crohn e Colites. A Prof. Sagi é a titular da Cátedra Maurizio Pontecorvo.

Os cientistas do Weizmann, juntamente com o Dr. Mazor, identificaram uma molécula que é o alvo dos recém identificados anticorpos: uma enzima chamada MMP14 (MT1-MMP), uma protease ligada à membrana celular. No câncer, esta enzima age no microambiente tumoral e sai fora do controle, cortando através da matriz ao redor das células cancerígenas e ajudando-as a invadirem os tecidos adjacentes e a se metastizarem. Os pesquisadores descobriram que os tumores ovarianos em seu estudo continham níveis anormalmente elevados da enzima MMP14.

Ao atacar esta enzima, alguns anticorpos acumularam mutações e melhoraram seu ajuste ao tumor, e especificamente a esta enzima.

Estes achados abrem uma nova abordagem para o desenvolvimento de imunoterapias para cânceres. Uma que nos permitirá utilizar anticorpos antitumorais naturais. Embora o estudo tenha se focado em pacientes com câncer ovariano, estes achados também são relevantes para outros tipos de câncer.



Instituto Weizmann e seu cartão postal!

Um ninho de amor, pesquisa e preservação da vida humana (tikun olan).

 

FONTES:

Instituto Weizmann de Ciência – Relatório de Impacto de 2022
http://amigosdoweizmann.org.br/stage/o-weizmann-continua-a-ser-uma-das-principais-instituicoes-de-pesquisa-do-mundo/

 

As pesquisas da Profa. Irit Sagi são patrocinadas pela Fundação Azrieli e o Fundo da Família Rose para Pesquisas em Doença de Crohn e Colites. A Prof. Sagi é a titular da Cátedra Maurizio Pontecorvo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

ACONTECE - Mais encontros, menos sofrimentos

ACONTECE - Relações Israel & Turquia - a natureza e o humano cruzando por estreitas vias que pavimentam o futuro. Oxalá!!


As forças de defesa de Israel se preparando para ir à Turquia
Foto: i24 


O planeta assistiu a mais um terremoto! Este foi um terremoto de grande magnitude que aconteceu em duas etapas. As cidades de Gaziantep e Kahramanmaras, localizadas na Turquia, foram epicentros. Como são muito próximas à fronteira com a Síria, o norte deste país também foi atingindo. A imprensa descreveu não só as perdas materiais e os fatos técnicos e econômicos que envolvem esta tragédia, mas também deu destaque à ajuda humanitária e tecnológica enviada de muitos países. 


Num movimento cada vez mais visível também são relatados os fatos positivos que podem ser filtradas em meio a esta horrorosa tragédia. Tikun Olan - construção do mundo. Um dos países que se destaca em sua capacidade, prontidão e disponibilidade de por a "mão na massa", enviando equipes especializadas em retirar pessoas de escombros e providenciar assistência médica e social, é o Estado de Israel. O Brasil enviou 42 pessoas, cães farejadores e 6 toneladas de equipamentos para resgatar pessoas perdidas entre os escombros.


Israel tem equipes especializadas em resgate e assistência médica que atendem e atuam em diferentes países no mundo. O Brasil já recebeu alguma missões que auxiliam em projetos de saúde e agricultura. Há dois meses, uma equipe de médicos israelenses navegou pelo Rio Amazonas em um navio da Marinha Brasileira fazendo atendimento médico aos ribeirinhos. 


Israel enviou uma equipe especializada em retirada de pessoas de escombros e equipes médicas, hospitais de campanha e assistência social. A operação de ajuda foi chamada de "Ramo de Oliveira", uma árvore milenar que encanta o imaginário do Oriente Médio. 


Ramo de Oliveira, lembra a pomba chegando à Arca de Noé, relato bíblico que hoje é localizado na Turquia. Um símbolo de superação de um grande desastre e também um símbolo de paz e boas relações. De fato, Israel e Turquia reataram laços diplomáticos em janeiro de 2022, após uma década de rompimento. Em março de 2022 o presidente de Israel Itzhak Herzog visitou a Turquia e em setembro presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o então primeiro ministro de Israel, Yair Lapid deram um aperto de mãos em Israel. Segue-se envio de missões permanentes e nomeação de embaixadores. 


Ramo de Oliveira é uma operação entre dois países com histórias que se cruzam ao longo de milênios. Sim, foi o Império Otomano, centralizado no que é hoje a Turquia, o mandatário da região por mais de mil anos. Seu domínio sobre as terras de Israel encerrou-se ao final da primeira guerra mundial, quando foi definido que aquela área iria para o Império Britânico que decidiu resgatar o nome que os romanos haviam dado para a região. Assim acontece o Mandato Britânico da Palestina.


Foi na esteira do reatar das relações diplomáticas que Israel respondeu prontamente ao pedido turco de ajuda. “Dei instruções para enviar, a pedido do governo turco, equipes de busca e resgate e de assistência médica. Assim o fazemos em todo o mundo, assim o fazemos também em áreas próximas a nós”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.


Desejamos que a Operação Ramo das Oliveiras seja o confirmar de que tempos melhores poderão vir. Há muitos problemas pela frente, mas a melhor forma de abrir o caminho da paz é permitir que haja relações entre pessoas e que estas sejam em busca de melhora e bem estar.


Que este encontro de placas tectônicas que ocorre com frequência naquela região possa ser recebido com mais tecnologia e menos danos. Com mais encontros e menos sofrimentos. Mas, vamos aproveitar estes momentos fatídicos para colocar em perspectiva as possibilidades de PAZ. 


Regina, Marcela e Juliana

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Você Sabia? - Mais de 250 boas notícias

 

Por Itanira Heineberg


Médicos israelenses durante a cirurgia na Faixa de Gaza


Você sabia que nosso grupo criou o blog Esh tá Na Midia no intuito de combater o antissemitismo cruel que avança pelo mundo e que nesta semana nossas editoras enviaram a newsletter de número 300? E que nós, do Você Sabia, já apresentamos mais de 250 notícias positivas sobre Israel? Esta é mais uma.

Em janeiro de 2023 vibramos de alegria ao ler sobre a delegação de 25 médicos membros da ONG “Médicos pelos Direitos Humanos” que entrou na faixa de Gaza para uma cirurgia,  levando um complemento de equipamentos médicos, medicamentos e treinamento para o pessoal local.

Durante o fim de semana, pela primeira vez, dois médicos israelenses - o Dr. Abed Khalaileh, diretor do Departamento de Transplante Renal no hospital Hadassah, e o Dr. Sammer Diab, cirurgião vascular do campus de Cuidados de Saúde de Rambam - entraram no reduto sitiado em Gaza e realizaram transplantes em duas jovens.



Os médicos foram acompanhados por mais outros 25 membros da equipe.

A delegação, além de diversos medicamentos e equipamentos médicos levados para Gaza, tratou outros pacientes e realizou treinamento em cuidados de saúde mental para o pessoal médico local.

 

“A ONG disse que as cirurgias foram realizadas após algumas semanas de trabalho de preparação e coordenação com o hospital em Gaza.”

 

Nesse meio tempo o Ministério da Saúde de Gaza aguarda aprovação para receber máquinas de raios-X necessárias para tratar pacientes na Faixa.

 

“O ministério, governado pelo grupo terrorista Hamas, disse que os pedidos nos últimos 14 meses de oito tipos diferentes de máquinas de raios-X e peças de reposição para reparar equipamentos existentes foram rejeitados ou adiados.”

 

Está aí um impasse! Salvar vidas ou manter o orgulho?

Esta boa ação israelense seguindo o preceito do Tikun Olan - Consertar o Mundo - levanta preocupações para o país e Egito, ambos responsáveis por um bloqueio em torno de Gaza.

Como ficaria a segurança se os grupos militantes usassem essas máquinas para fins militares?


Máquina de raios-X (Foto: Shutterstock)


Aqui vai uma pequena e alvissareira notícia de grande valor humano.

Salvar vidas sim, sempre, e talvez abrir os olhos das populações mal informadas sobre as boas intenções do vizinho Israel que no momento se faz presente na Turquia ajudando os sobreviventes do terrível terremoto.

 

FONTES:

https://www.ynetnews.com/health_science/article/rygahodhi

https://www.google.com.br/search?q=gaza+strip+map+images&tbm=isch&source=univ&fir=SgBLpNno3wkGRM%252Ca1ggPdY99LFo6M%252C_%253Biud6jOOID84dLM%252CyuVR9ec_kPjt1M%252C_%253BEnONdKY8go26tM%252CcfsJz3DNfIN1eM%252C_%253Bdcwai8pW2_p_6M%252C26GgwoJxnDRkJM%252C_%253BsuCxgGplpj_OOM%252CEeM52N1YO-DPgM%252C_%253B1ie2qubkEaCWyM%252CV0IvV8NGNXCPIM%252C_%253BSRiBANAI7kD3UM%252CcfsJz3DNfIN1eM%252C_%253BKd4QUIQkQuX-TM%252C2hacUhQQyemavM%252C_%253BM1kqUGMLrKjXqM%252CBDhyd5pzRcKo_M%252C_%253BbQqWYPpBlN-U9M%252CWwyY896bRKJYxM%252C_%253Byf6IFwlF526uwM%252CeTe0rtb5nnKEEM%252C_%253BsoZO_JoUwdWmuM%252CXigSfqL_KpDFOM%252C_%253B-n27ZJq69UQv5M%252CkG1w_LOod10lZM%252C_%253BKrSJgH0nmxxEDM%252CCb9zkbSHmDpXkM%252C_%253BmITGnMyLvQ0unM%252CBDhyd5pzRcKo_M%252C_%253BPbW6BQdLP6a-XM%252CcfsJz3DNfIN1eM%252C_&usg=AI4_-kRZgVS6Ga_Nmi4nHsIDPJ4u31vi0g&sa=X&ved=2ahUKEwic9---u4P9AhXfppUCHR1-C3kQ7Al6BAgJEDk&biw=1422&bih=694&dpr=0.9#imgrc=qWO_oqRxQsfxdM

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

CINEMA - Por Bruno Szlak: Fauda

FAUDA – rupturas de identidades como portas para novos caminhos. 

Por Bruno Szlak – Doutor em Estudos Judaicos pela FFLCH USP 

 

Criada por Avi Issacharoff e Lior Raz em 2015, Fauda é uma série de ação contemporânea israelense que retrata uma unidade disfarçada do Serviço Interno de Segurança (Shabak) israelense. Seus membros tornam-se Mist’aravim (aqueles que se tornam árabes, em hebraico) para se misturar no meio da população local palestina e efetuar operações anti-terror. Fauda tornou-se imediatamente um grande sucesso em Israel e ao ser comprada pela Netflix tornou-se um sucesso mundial, inclusive nos países árabes. Atualmente, a série está em sua 4ª. temporada e aparentemente haverá uma 5ª. 

 

Fauda apropria-se de traumas que assombram a sociedade israelense, não apenas derivados de eventos passados (como o Holocausto, guerras e atentados terroristas), mas também de traumas que “voltam do futuro” para destruir a unidade nacional e a própria existência de Israel. Falando sobre os ataques de 11 de setembro em Nova York, o filósofo Jacques Derrida (2003) coloca: “nós estamos falando de um trauma, e assim, um evento, cuja temporalidade advém nem do agora que está presente e nem do presente que é passado, mas de um “não presente” que está por vir.” Já Thomas Elsaesser (2014), que é historiador de cinema descreve como atos de terror e matança são consequências de atos de terror anteriores que geram atos de matança que os seguem. Este loop cria traumas que não podem ser trabalhados através do luto, na medida em que suas fontes estão não apenas nos eventos passados, mas no medo de eventos que possam acontecer. Assim, “trauma não é mais a tentativa de recuperar e reconstruir o passado, mas uma maneira de ser detida em uma espera antecipatória.” Isto forma uma cadeia sem fim de traumas de onde não há saída, no passado, no presente e no futuro. Na medida em que Fauda (caos em árabe) trata de proteger a nação de futuros ataques terroristas, isso manifesta a temporalidade do trauma futuro sentido no presente. Nesse sentido, a série embaralha a ordem dos eventos, tanto pela estrutura da série, bem como ela ser construída em eventos repetidos cuja fonte do trauma reside não no passado, mas num futuro conjecturado. Em outras palavras, é estruturada em um tipo diferente de temporalidade. 

 

Com relação às personagens de Fauda, o filósofo político Giorgio Agamber fala de um fenômeno chamado de “estado de exceção”, onde o indivíduo é ao mesmo tempo contido e abandonado pela legalidade. Neste estado de exceção, que é considerado um estado de emergência, as vidas dos sujeitos numa democracia são legalmente abandonadas e tornam-se o que ele chama de “vida nua”. Ao realizar ações que são consagradas pela lei, os agentes em Fauda agem em contradição a essa mesma lei, e desta forma removem-se dela. Ao fazê-lo, acabam por falhar em suas ações, ferindo pessoas inocentes e traindo os valores em que acreditam e nos quais suas ações são baseadas. Consequentemente, a unidade a que pertencem acaba por ser quebrada e as próprias personagens acabam por se quebrar internamente. O projeto espacial da série demonstra e reflete bastante bem essa situação de viver uma “vida nua”. As vizinhanças por onde os protagonistas se movem e onde são filmados por câmeras que mostram os seus pontos de vista, são lugares sem possíveis saídas. Vezes e vezes eles andam por corredores sem fim em escritórios, hospitais, túneis, becos sem saída e ruas fechadas, em longas e contínuas tomadas e que por fim encontram espaços abandonados, escritórios vazios, nichos e depósitos cheios de sujeira e objetos sem uso. Os protagonistas em Fauda são heróis sem um lar, são heróis sem futuro, sem vida familiar e sem um lar nacional. Os coletivos a que pertencem se quebraram e eles vagueiam sem objetivo, sem escapatória, nunca chegando em lugar nenhum. No mesmo espaço, as personagens árabes também vagueiam. Este é o espaço real e metafórico de Fauda. 

 

Assim como os filmes israelenses que a precederam, Fauda retrata paralelos entre duas tramas – aquela que acontece no lado israelense e aquela que acontece no lado palestino. Essas tramas paralelas testemunham os grandes paralelos nestas duas sociedades: a mesma luta entre lealdades com a família e com a nação; a mesma impossibilidade de viver em ambas as comunidades; a mesma escolha sobre envolver-se em violência como vingança por atos de violência e a mesma existência sobre quem está incluído na legalidade e que é empurrado para fora dela. Doron (Lior Raz) acaba por se afastar de sua família, da mesma forma Amal e Abu-Ahmad (na 2ª. temporada). Ainda Doron e Abu-Ahmad são expelidos de suas unidades. Ao criar analogias entre o lado judaico e o lado árabe, a série continua uma tendência que dominou os filmes israelenses que tratam do conflito israelo-palestino. 

 

No entanto, Fauda não apenas ilustra os paralelos entre duas nações; mais, ela constrói um cenário de mudanças continuas nas identidades nacionais e sociais, incorporando e desmantelando todos os meios que filmes anteriores utilizaram para abrir caminhos entre as pessoas e dentro disso, o uso de paralelos. Em contraste com filmes do cinema sionista embrionário e com os filmes do gênero heroico-nacionalista pós 1948, que definiam os heróis israelenses frente aos exóticos e ameaçadores “outros” árabes, o cinema político dos anos 1980 – exemplificado em filmes com Hamsin (Wachsmann, 1982), Beyond the Walls (Barabash, 1984), On a Narrow Bridge (Dayan, 1985), Avanti Popollo (Bukai, 1986) entre outros, misturou árabes e judeus através de diferentes meios. Isso incluiu criar paralelos e apresentar a similaridade entre os dois povos, desenvolvendo um processo em que ambos os lados se aproximam, criando amizades ou interesses amorosos, trocando papéis entre os protagonistas dos dois lados ou encontrando um caminho comum para o mesmo objetivo. Ao final, os filmes dos anos 1980 não desmontaram o conflito entre árabes e judeus. Ao invés disso, criaram o árabe à imagem do judeu, de forma que o árabe aparece como o judeu, corporificando em sua história o sofrimento judaico, rememorando os judeus de seus valores sionistas e expondo os mesmos pontos de fricção experimentados pelos judeus. Assim, a figura do árabe é subvertida sob a identidade hegemônica e homogênea dos judeus, ainda que não ganhe subjetividade independente. 

 

Em contraste, Fauda não apresenta nenhum processo onde os dois lados se aproximam. Não há distanciamento entre eles que termine em relacionamento, não há avanço em objetivos comuns. Todos os episódios identificam-se com ambos os lados, existindo dentro da comunidade nacional assim como fora dela e retratando a vida dentro da família e dentro das unidades de combate. Nenhuma dessas posições substitui as outras, ao invés disso, elas sobrepõem-se umas às outras. 

 

O objetivo aparente de Fauda é o de retratar o heroísmo dos agentes disfarçados, suas vidas, seus dilemas e seus problemas. Mas na realidade faz muito mais do que isso. A série examina criticamente a própria possibilidade de uma identidade israelense que seja pura, homogênea, inteira e unificada e que se proteja e se defina contra o 'outro', o inimigo palestino. Na medida em que a série avança, fica evidente que esta identidade pura, que incorpora os valores e as leis em que os protagonistas acreditam e em nome dos quais agem, não tem futuro e não é sustentável. Desde o início, esta versão da identidade judaico-israelense é baseada tanto na exclusão dos incluídos quanto no conflito com os que estão de fora. Em última análise, ele se decompõe nas identidades infinitas encontradas em uma "guerra civil" em andamento, dividindo-se repetidamente. No entanto, por meio de sua retórica televisiva, a série de fato sugere que a ruptura da identidade pode ser a base para uma outra existência para o indivíduo que não é assimilado ao resto da sociedade, mas mantém sua independência e a opção de transitar entre diferentes comunidades e, assim, expressar as várias facetas de sua complexa identidade. 

 

Embora as várias possibilidades existam lado a lado simultaneamente, elas também estão em constante movimento, às vezes se alternando ou se fundindo, às vezes se chocando. A câmera é a força que guia esses movimentos ao percorrer os personagens, mudando ângulos, pontos de vista e distâncias, levando consigo o espectador. O telespectador é um participante desta viagem, perambulando entre os vários protagonistas e perspectivas. A câmera não permite que ele se identifique completamente com nenhum deles, nem mostra quem teme quem, quem deseja quem, ou quem sonha com o quê, como se fazia no cinema israelense do passado. Assim, como os protagonistas, o espectador não permanece em uma posição fixa, mas se move entre o singular e o plural e entre os vários campos, sempre em movimento, experimentando proximidade ou distância, mudando constantemente de posições e identidades. 

 

Para finalizar, creio que Fauda é um sucesso mundial porque alia as ambiguidades que todos nós vivemos em nossas sociedades, como indivíduos complexos vivendo num mundo que apresenta múltiplas identidades que se trocam todo o tempo e oferece ao mesmo tempo um entretenimento de alto padrão em uma produção impecável nos detalhes e no desenvolvimento. 

 

Artigo baseado em Trauma, Time and the “Singular Plural”: The Israeli Television Series Fauda – Nurith Gertz e Raz Iosef


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

VOCÊ SABIA? - Tecidos de 1,3 mil anos apontam existência de Rota da Seda em Israel

Você sabia que há mais de mil anos existiu, em Israel, uma ramificação da Rota da Seda?

Por Ana Ruth Kleinberger 

 


Rota da Seda em Israel: roupas, couro e itens de higiene

Reprodução/Olga Nganbitsky, Museu Autoridade de Antiguidades de Israel, Nofer Shamir e Roy Galili


Sim, uma equipe de pesquisadores descobriu as evidências de ter existido essa ramificação da Rota da Seda em Israel.

A Rota da Seda era uma vasta rede de antigas rotas comerciais que ligavam a China e o Extremo Oriente com o Oriente Médio, e posteriormente com o Ocidente.

A Rota, identificada em Aravah, no sul de Israel entre o Mar Morto e Eilat, parece ter se desdobrado da rota tradicional. Achados na área incluem tecidos de algodão e seda com aproximadamente 1.300 anos, identificados com o início do Período Islâmico, e que se acredita terem se originado na Índia e na China.

O Professor Guy Bar-Oz, da Universidade de Haifa, e Dr. Roi Galili, da Universidade Ben Gurion, que fazem parte do time de pesquisas, estão examinando montes de entulho ao longo da Rota da Seda para entender melhor os comerciantes e as mercadorias que transitavam ali. Atualmente eles pesquisam a região de Aravah, com achados a partir do final do sétimo século D.C.

Descobriram tecidos, roupas, couros, itens de higiene pessoal e outros, que podem ajudar a entender a cultura material e o dia-a-dia dos antigos residentes do deserto. 


O grupo da Universidade de Haifa encontrou algodão e tecidos de seda datados de cerca de 1.300 anos atrás.


Muitos dos achados constituíram a primeira prova de que algodão da Índia e seda da China existiram em Israel na época. A variedade e a riqueza dos achados sugerem uma alta demanda de artigos de luxo do Extremo Oriente.



Alguns dos tecidos de algodão incluem a técnica do ikat que era altamente incomum no Oriente Médio, mas que foi representada em arte mural nas cavernas de Ajanta, na Índia.

Outros tecidos trazem a influência de motivos iranianos, conforme evidenciado pela tessitura de algodão branco com lãs coloridas.

Os pesquisadores sugeriram que os achados podem refletir um momento de significativa globalização na história do Negev, quando uma categoria de bens começou a ser transportada do Oriente e da Índia para os países mediterrâneos através do deserto de Aravah e das rotas que levavam a Meca e Medina.

Suas descobertas fornecem um novo olhar para a análise das trocas políticas, tecnológicas e sociais que foram influenciadas com o advento do comércio global.


Pesquisadores israelenses estão estudando a Rota da Seda



Fontes:

https://revistagalileu.globo.com/ciencia/arqueologia/noticia/2023/01/tecidos-de-13-mil-anos-apontam-existencia-de-rota-da-seda-em-israel.ghtml

https://www.viajarentreviagens.pt/irao/a-rota-da-seda/

https://www.metropoles.com/colunas/ilca-maria-estevao/rota-da-seda-pesquisadores-apontam-israel-para-o-circuito-textil

https://unitedwithisrael.org/ancient-israel-silk-road-discovered-near-dead-sea/?utm_source=newsletters_unitedwithisrael_org&utm_medium=email&utm_content=Pro-Israel+Activist+Judges+Miss+Universe+Contest%3B+Priceless+Photos+of+Warsaw+Ghetto+Uprising+Revealed%3B+Spread+of+Breast+Cancer+Stopped+with+New+Treatment&utm_campaign=20230119_m171407496_Pro-Israel+Activist+Judges+Miss+Universe+Contest%3B+Priceless+Photos+of+Warsaw+Ghetto+Uprising+Revealed%3B+Spread+of+Breast+Cancer+Stopped+with+New+Treatment&utm_term=more_btn_dark_jpg

domingo, 5 de fevereiro de 2023

ACONTECE - Edição 300 - ש

Acontece - EDIÇּÃO 300 ש

Em 2016, um grupo da Chavurá Esh Tamid fez uma série de reuniões para conseguir ampliar nossas ideias de diversidade e pluralidade baseadas em conhecimento e debate. Na época consideramos que lançar uma Newsletter semanal, que ficaria depositada em um Blog, seria uma forma interessante de nos comunicar com os que se reúnem em diferentes momentos ao longo do ano - e também com pessoas externas, de fora da nossa comunidade.





O nome Esh Tamid se refere à lâmpada especial que fica acima do Aron haKodesh, onde nas sinagogas são guardados os rolos da Torah. Esta lâmpada, que ao longo dos milênios já usou diferentes tecnologias, teve origem no "Fogo Eterno" que ficava dentro do Tabernáculo construído no deserto para albergar a Torah, recebida por Moshe no Monte Sinai.

O projeto previa três formas de transmitir nossa forma de pensar e viver o Judaísmo: Estar presente, inserido e diferenciado no mundo. Ser inclusivo e ao mesmo tempo reconhecer e estudar a enorme sabedoria judaica em todas as suas vertentes. Assim, surge o formato de nossa Newsletter: uma sessão "Você Sabia?" para disseminar conhecimento, um Editorial que permitiria opinar sobre diferentes temas e a curadoria com respostagem de materiais interessantes.

Assim aconteceu a NL1 - e todo o material encontra-se disponível no Blog EshTá  na Mídia. A primeira postagem foi em fevereiro de 2017. São seis anos de atividade semanal. Naquele começo Juliana Rehfeld, Marcela Fejes e Regina P. Markus formaram o corpo editorial e Luciana Loew foi contratada como responsável técnica. Em Agosto acontece a primeira sessão "Você Sabia?", de responsabilidade de Itanira Heineberg. Pois aí está a tuuurma das 5 - o quinteto ETNM - que continua trabalhando junto. Durante todos estes anos tivemos várias colaborações quer na escrita de textos, quer nos comentários e sugestões. A grande novidade de 2023 é que abrimos espaço para colaborações regulares - tanto no tema "Você Sabia?" como também na nossa sessão de opinião que passou de EDITORIAL para ACONTECE.

Depois de contar um pouco da história, antes de escrever algo sobre a semana de hoje, agradecemos a todos que estão junto conosco.

O editorial do dia 17 de fevereiro de 2017 tinha por título Itró - um estrangeiro honrado e homenageado pela Torah. Na semana em que comemoramos a edição 300 (ש), esta mesma parashá será lida em todas as sinagogas do mundo. Esta é uma longa parashá que é a base para a diversidade do povo judeu. Itró era o líder do povo midianita. Um povo africano, de pele preta com impressionante capacidade de liderança. Abrigou Moshé quando este foi para o deserto, sozinho, e aceitou a Moisés como genro. Tsipora, filha de Itró, foi a mulher de Moshé. Neste pedaço da Torah (Shemot 18:1 - 20:26) que relata Moshé e o Povo Judeu no Deserto após a saída do Egito, é contado que todos os dias uma enorme fila de pessoas que precisavam resolver problemas iam a Moshé. Este ficava sentado em frente à sua tenda equacionando e, quando possível, solucionando. Itró observa e aconselha Moshé a formar um corpo de auxiliares. Desde um grupo de sábios - os Sanedrim - até pessoas em cada tribo que julgariam causas mais simples. Sim... a leitura atenta do texto, eliminando as modificações feitas nas muitas traduções, mostra que este é um sistema judiciário formal mais antigo que os demais ocidentais. E na mesma parashá ACONTECE a importante complementação de um processo de julgamento - o arcabouço legal. Sim... os sons dos trovões e a iluminação dos céus anunciam: Moshé sobe o Monte Sinai e D'us dita os 10 mandamentos. Finalizando, são detalhadas condutas sobre atividades diárias, festas e comemorações. Após esta parashá, o povo que saiu da terra da escravidão ganha a liberdade responsável, que forma o arcabouço para a sobrevivência. O arcabouço para uma existência que já dura milênios.

Chegamos à NL 300. Em hebraico os números são representados pelas letras - 300 é a letra shin ש – a primeira letra da palavra Shalom (paz), Shabat (o dia do descanso para todos), shalosh (número três). Se apenas olharmos a grafia, vemos três braços para cima. Três - que pode representar o futuro de um casal, um conselheiro ou juiz que pode conciliar, e um olhar para o futuro, onde o céu (Shamaim) é o limite!

2017, 2018, 2019, 2020, 2021, 2022 - 6 anos seguidos de trabalho em conjunto e agora, vamos iniciando o ano sabático (7) abraçando mais colaboradores, que passarão a colaborar nas sessões ACONTECE e "Você Sabia?".


Rumo às próximas trezentas newsletters!

Obrigada pela companhia até aqui. 


Regina P. Markus.


 

 












quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

ACONTECE - Sobre ruídos e melodias




Aconteceram esta semana muitos fatos, positivos ou negativos, no contexto de Israel.

Positivos como as reuniões de normalização das relações com o Sudão, a abertura de embaixada no Chade, a cerimônia de Memória do Holocausto em Rabat consolidando o papel do Marrocos como ponte para a normalização de relações com o mundo árabe, a extensão por parte do Catar dos vistos para israelenses até o final de 2023 e a nova colaboração da NASA com a agência espacial israelense na missão lunar “Beresheet 2” . 

O principal acontecimento negativo tem sido o acirramento, desde a semana passada, da violência entre Israel e lideranças palestinas tanto em Gaza como na Cisjordânia, com ataques e respostas, prenunciando mais um período no qual ao invés do som do diálogo ouve-se o ruído da surdez. 

A surdez tem sido um fenômeno global. Nesta semana os ataques da Rússia a alvos civis e preparação para respostas de países da OTAN próximos ou distantes da fronteira em guerra se destacaram no âmbito da surdez. 

E a temos ouvido progressivamente, todos nós que prestamos atenção. As crises e conflitos são previsíveis, isto é, os sinais e o estrondoso silêncio da surdez da ausência de diálogos são cada vez mais audíveis e visíveis. 

O relatório “Emergency Watch List” do International Rescue Committee já em dezembro apresentou as crises e os conflitos previstos para 2023 e que podem afetar o mundo: leia aqui

Particularmente para a maior ameaça a nós no planeta Terra, as mudanças climáticas, além dos relatórios do IPCC - 2500 cientistas reunidos na ONU que monitoram regularmente as emissões de carbono e a situação do efeito estufa, existe desde 1947 um mecanismo chamado de Relógio do Juízo Final - Doomsday Clock - que vem ticando, cada vez mais alto, tentando furar a surdez. 

A surdez é talvez nosso mecanismo de defesa contra os ruídos cada vez mais insuportáveis das consequências do que fazemos sem pensar no bem comum, apenas visando os próprios e imediatos interesses. Nós quem? Os líderes do mundo que têm nosso voto ou apoio indireto, na mão de quem cada um de nós delega - ou abandona - o peso de decidir nosso futuro comum. Continuarmos a nos defender dos ruidosos sinais não parece ser o mais benéfico dos comportamentos; creio que deveríamos ouví-los e juntos compormos, líderes e comunidades, as melodias que queremos deixar para as futuras gerações.

Neste ponto coloco aqui uma prédica que fiz na Eshtamid na parashá de Shemot:

“Aqui é narrado o nascimento de Moisés e as circunstâncias em que isso ocorre, bem como sua adoção e crescimento junto ao Faraó, como príncipe egípcio; temos a partir daí e na continuidade do texto bíblico toda a sua ascensão, todo o despertar de um líder: a percepção da diversa realidade fora do palácio (da bolha em que cresceu), a visão de um grande problema, a força (divina ou não) da inspiração, do chamado ou da convocação para uma missão; um processo ao longo do qual a dúvida sobre a própria capacidade de atuar passa pelo sentimento de impotência, pelo planejamento em etapas das falas e das ações, pelo amadurecimento através da contínua verificação dos recursos que eram necessários para o cumprimento da missão - processo que passa pela preocupação com o meio e modo de comunicação, sua credibilidade; também a preocupação com a sua representatividade, com sua imagem perante o público a ser impactado pela missão, e passa pelo preparo, em etapas, da postura mais resiliente para permitir levar a missão a cabo….

Assistimos em Shemot, e na sequência, o desenrolar desse processo de empoderamento - para usar uma palavra já gasta mas extremamente adequada - que lá no fim, sabemos, não terá, para o líder, um final realmente feliz. Porque sabemos que, embora a missão maior, a de liberar os hebreus, seja fundamental na criação de um povo com os valores que já se iniciaram com Abraão e conduzí-lo à Terra Prometida, a terra almejada, o líder termina por não usufruir da entrada no novo lar. E ele sai de cena sabendo isso e preparando o povo para ficar bem sem ele.

Puxa! Como é necessário e desejável um (ou uma) líder com esse perfil, com esse desenvolvimento. Que pegue nosso problema em suas mãos, prepare soluções e as proponha para nós, nos ajude a pensar para podermos decidir juntos o caminho a ser percorrido…. 

Igualzinho aos líderes que temos hoje, não? Quantos líderes assim podemos contar na atualidade? E se já tivemos alguns importantes ao longo da história, temos hoje, na minha opinião, menos do que nunca… e isso apesar de termos  vivenciado, e ainda estarmos vivenciando, como humanidade,  tantas realidades indesejáveis, tantos problemas carentes de solução, apesar de termos tido tantas oportunidades de aprender com a história.

A parashá desta semana se chama Shemot - nomes - porque começa listando os nomes dos hebreus que chegaram ao Egito e se juntaram a José. Descreve o crescimento quantitativo da população de hebreus e mostra como e porque aqueles nomes se transformam em um grupo de seguidores de um líder, depois em um povo com valores e regras e mais tarde, num exército que se instala em um novo lar.

Penso na verdade que a evolução e o desempenho de um (ou uma) líder de sucesso é fundamentalmente dependente de cada nome da comunidade que lidera, da sociedade ampla que o forma. Depende de cada nome que olha e analisa a realidade a sua volta, se prepara e vota (quanto tem acesso ao voto), cada nome que acompanha e vigia as soluções propostas, cada nome que guarda em suas ações dos valores e das regras construídos e acordados. Todos os nomes - Shemot - são importantes. Seria bom que a cada momento difícil que tenhamos como comunidade, como sociedade ou país, possamos fazer a chamada desses nomes que caminham conosco e perseguem um futuro comum, com os valores e regras nos quais acreditamos. 

Podemos e devemos começar a chamada já!

Shabat shalom!"

Juliana Rehfeld