Marcadores

terça-feira, 31 de outubro de 2017

VOCÊ SABIA? - Os líderes israelenses e palestinos e suas origens




Você sabia que, contrariando a lógica da História e de fatos conhecidos - vide Rômulo e Remo na antiga Roma e os Founding Fathers George Washington, Thomas Jefferson, John Adams e Benjamin Franklin, Fundadores dos Estados Unidos - nenhum dos líderes palestinos teve a Palestina como sua terra natal?



Todos eles nasceram nos países vizinhos Egito, Iraque, Síria e portanto nenhum pode ser considerado um palestino nato.
Vejamos agora quais líderes israelenses e palestinos nasceram na Palestina:

Líderes israelenses:

Benjamin Netanyahu, nasceu em 21 de outubro de 1949 em Tel Aviv.

Ehud Barak nasceu em 12 de fevereiro de 1942 em Mishmar Hasharon, no mandato britânico na Palestina.

Ariel Sharon nasceu em 26 de fevereiro de 1928 em Kfar Malal, no mandato britânico na Palestina.

Ehud Olmert, nasceu em 30 de setembro de 1945 em Binyamina, Givat Ada, no mandato britânico na Palestina.

Yitzhak Rabin, nascido em 1º de março de 1922 em Jerusalém, mandato britânico na Palestina.

Yitzhak Navon, presidente de Israel em 1977-1982. Ele nasceu em 9 de abril de 1921, em Jerusalém, no mandato britânico na Palestina.

Ezer Weizman, presidente do Estado de Israel, em 1993-2000. Nascido em 15 de junho de 1924 em Tel Aviv, no mandato britânico na Palestina.

Líderes árabes palestinos:

Yasser Arafat, nasceu em 24 de agosto de 1929 no Cairo, no Egito
Saeb ERAKAT, nascido em 28 de abril de 1955, na Jordânia. Ele tem cidadania jordaniana.

Faisal Abd al-Qader al-Husseini, nasceu em Bagdá em 1948, no Iraque.

Sari Nusseibeh nasceu em 1949 em Damasco, na Síria.

Mahmoud al-Zahar nasceu em 1945 no Cairo, no Egito.

Agora veja se faz sentido: líderes israelenses na Palestina são chamados por muitos de "colonos ou invasores";
Líderes árabes palestinos nascidos no Egito, Síria, Iraque e Tunísia são "Palestinos Natos"?

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

EDITORIAL - Educação X Doutrinamento

Educação x Doutrinamento
Formar x Informar

Ciência x Opinião



Em tempos modernos, quando a informação pode ser obtida rapidamente temos que saber selecionar, filtrar e classificar. Entender a relevância dos temas e ao mesmo tempo avaliar a validade dos mesmos. Nestes tempos formar é mais do que apenas informar e educar é mais do que indicar o certo e o errado. Há necessidade de empoderar as pessoas, jovens e não tão jovens com habilidades que permitam filtrar e classificar as informações.

A longa trajetória do Povo Judeu, os milênios de existência da Terra de Israel desde os tempos da Terra Prometida até o moderno Estado de Israel foram sempre pautados por educação. Nos momentos mais difíceis da história judaica, incluindo o holocausto, há sempre relatos importantes sobre a educação dos filhos. Ouvir histórias pessoais da geração de nossos pais e avós que aprenderam matemática em condições muito adversas dão a dimensão da importância do ensino e do conhecimento para que tempos difíceis possam ser superados.

O cientista Aaron Ciechanoven, nascido em Haifa, Israel, e prêmio Nobel de Química em 2004 por detectar um sistema responsável por eliminar moléculas proteicas danificadas ou desnecessárias para o organismo (ubiquitina), durantesuas palestras em Brasília em agosto deste ano, invocou aos jovens a questionar as regras estabelecidas, seguir seus sonhos e trabalhar em algo em que realmente acreditem. Para manter a motivação por 40 anos pesquisando o mesmo assunto, disse ele, é preciso foco, resiliência e coragem para se adaptar às circunstâncias - uma das características fundamentais do povo judeu.

Dan Schectman, prêmio Nobel de Química em 2011, foi o convidado de honra da 64ª. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, São Luiz do Maranhão, 2012). Acostumado a fazer palestras motivacionais, fez questão de conversar com alunos em uma escola de ensino médio da periferia de São Luiz. A conversa sobre o tema dos "quase metais" que foi objeto do Prêmio Nobel fluiu fácil e todos perguntavam. Alguns através dos muitos professores intérpretes que estavam entre os jovens, e outros aventurando-se no inglês. A vida destes jovens foi marcada positivamente, e alguns decidiram que valia a pena entrar na Universidade Federal do Maranhão para seguir seus estudos.



Esta é uma semana muito importante para o Brasil. Está sendo realizada a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, e o tema central é a MATEMÁTICA. Sim, a matemática está em tudo, como uma forma de codificação e uma forma que permite com que contemos a passagem do tempo e as transformações e processos sequenciais.

Os leigos costumam dizer que a matemática não mente - ela tem a precisão dos fatos e é isenta. Será? Lembrando de mestres do século passado, que eram exímios matemáticos e estatísticos, fica sempre a dúvida dos números.

Dois amigos entraram em um restaurante e um comeu um frango inteiro e o outro nada. Em média os dois estão alimentados. Os números falam sobre uma verdade, a que pode ser observada por quem serviu o frango e viu os amigos, mas não refletem os fatos, porque ninguém observou quem comia.

A História de Israel é contada de diversas formas, e é importante avaliar as diferentes versões, analisar criticamente para além da matemática. Os fatos apresentados, muitas vezes mesmo não distorcidos intencionalmente, levam a falsas narrativas. E é esta a diferença entre doutrinar e educar. A educação judaica, baseada em contínuos questionamentos com muitas respostas para uma mesma pergunta, tem ao longo dos anos permitido a adaptação mesmo em tempos difíceis e uma consistente ressignificação de raízes.

Educar e não doutrinar, saber que formar é mais do que informar, e que o avanço do conhecimento é feito através de conquistas científicas independentes de opiniões locais, têm sido uma forma importante de sobrevida. A cada girada da história é possível ver que este método de priorizar a educação investigativa, baseada na curiosidade e no questionamento é uma forma de preparar a futuras gerações para o que vier, e não para supostos modelos.



Machado de Assis, personagem do nosso “Você Sabia” desta semana e grande escritor brasileiro, soube viver além de seu tempo, superando o presente para que pudesse ser um dos grandes destaques do amanhã. Conseguiu integrar essa visão de interculturalidade e pluralidade ideológica através de seu respeito e apoio aos judeus na sua poesia. Educar sempre e nas mais adversas situações é a forma de construir o amanhã.

Vamos surfar esta onda.

Editoras da EshTÁ Na Mídia

Mulheres pela paz em Curitiba

"Quando um grupo de mulheres israelenses e palestinas se juntaram na caminhada pela esperança, a palavra "paz" assumiu a definição encontrada no dicionário bíblico: totalidade, perfeição e harmonia. 
Os homens nos fizeram acreditar que a violência é inevitável; cabe a nós, mulheres - a outra metade da humanidade - mostrar que não é bem assim. Que não pode ser assim."

No dia 29 de outubro de 2017, Curitiba vai sediar a caminhada das MULHERES PELA PAZ. O movimento WOMEN WAGE PEACE teve início em Israel, onde palestinas, muçulmanas e israelitas se uniram e através da música PRAYER OF THE MOTHER, escrita por YAEL DECKELBAUM, propondo uma mudança através da união entre todas as pessoas, independente de raça ou credo, que através da música e do amor levarão o mundo à Paz!

Saiba mais assistindo ao vídeo abaixo e clique AQUI para informações sobre evento.


Israel discrimina os árabes?

Você já escutou que Israel é um país com apartheid? Um país com uma política de segregação?

Movimentos anti-Israel como o BDS se aproveitam das boas intenções das pessoas de bom coração para disseminar essas ideias. Mas será que Israel é assim mesmo?


Vamos ouvir o que Olga Meshoe, ativista sul-africana pelos direitos humanos que cresceu no verdadeiro apartheid da África do Sul, tem a dizer sobre isso?


Informe-se, sempre!





Este é um vídeo com tradução em português inédita realizada pelos colaboradores do grupo Esh Tamid.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

VOCÊ SABIA? - Machado de Assis, o bruxo do Cosme Velho

Você sabia que Machado de Assis, o escritor maior da literatura brasileira e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa, o criador da deliciosa Capitu e do sorumbático Dom Casmurro, tratou o Judaísmo com respeito e profundidade  em  uma de suas inúmeras  temáticas desconhecidas pelo público?


Machado de Assis


Anita Novinsky, em seu livro “O Olhar Judaico em Machado de Assis“, foi uma das primeiras pesquisadoras a estudar este tópico em seus poemas.

Anita Novinsky, pesquisadora e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo  (USP) - foto: Gazeta do Povo

Por Machado ter sido rotulado de poeta menor, pouca atenção tem sido dada aos seus versos.
Eu mesma nunca os tinha lido com interesse até agora.
A verdade é que Machado iniciou sua vida de escritor como poeta porém sua obra, "Obra Completa de Machado de Assis" em 31 volumes, abrange praticamente todos os gêneros literários.
Abaixo está o soneto por ele dedicado a Antonio José, o Judeu, um escritor e dramaturgo português, nascido no Brasil colônia, que após uma rica produção literária e total reconhecimento pela sociedade lisboeta por suas irreverentes e divertidas  comédias, acabou sendo degolado e queimado em praça pública pela Inquisição:

        “Antônio José (21 de outubro de 1739).
        Antônio, a sapiência da Escritura
        Clama que há para a humana criatura
Tempo de rir e tempo de chorar;
         Como há um sol no ocaso, outro na aurora.
Tu, sangue de Efraim e de Issacar,
         Pois que já riste, chora. (MACHADO DE ASSIS)”


"Poucos sabem, mas Machado começou sua vida literária como poeta. Foi fazendo sonetos para os jornais que o escritor de D. Casmurro se firmou no mundo literário. E como muito bem aponta Marcelo Corrêa Sandmann, Machado foi “um grande conhecedor da tradição da poesia e das tendências poéticas de seu tempo, em língua portuguesa ou noutras literaturas, bem como de um excelente artesão do verso”. (SANDMANN, 2008,p.1)
Exemplo disto é este poema curto de seis versos em que se mesclam tanto as referências ao Eclesiastes como a vida ambígua do trágico dramaturgo. Se o Eclesiastes apresenta-nos a filosofia das contradições e do paradoxo, uma vez que para a humana criatura há tempo de “rir e tempo de chorar”; “tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou”; “tempo de nascer e tempo de morrer”; também Antônio José experimentou a dubiedade de um Portugal que lhe deu tanto a doce glória dos palcos como a ignominiosa morte na fogueira. Machado enfatiza a descendência judaica de Antônio José ao fazer menções às grandiosas tribos de Efraim e Issacar. Efraim era neto de Jacó e sua descendência deu origem a figuras famosas do primeiro testamento como Josué, Débora e Samuel. Issacar, filho de Jacó, também deu origem a uma das principais tribos do lado oriental do Tabernáculo, ao lado de seus irmãos Judá e Zebulom. Anais do SILEL. Volume 2, Número 2. Uberlândia: EDUFU, 2011.
Estas referências na pena de Machado não são de forma nenhuma aleatórias, já que a perseguição ao grupo hebreu remonta aos tempos bíblicos, desde as errâncias de Abraão pelo deserto, tendo se acirrado no Renascimento com a Inquisição portuguesa e a queima de milhares de cristãos-novos, dentre eles, muitos poetas e artistas como o próprio autor de Guerras do Alecrim e da Manjerona. De nada adiantou sua reputação como dramaturgo genial. Antônio José perdeu a vida com 34 anos, no auge da fama e da criatividade. "
Com relação à temática do Judaísmo abordada repetidas vezes por Machado, lembramos de outro poema de sua autoria, A Cristã Nova, cujos versos me levaram à pergunta introdutória deste texto.
Conta o poema que o velho ancião judeu e sua filha Ângela, uma cristã recente, habitam a incipiente Guanabara, em uma simples cabana ao pé do mar.
Ali se situa a bela baía e seus arredores, terras estas que portugueses e franceses já há algum tempo disputam, em combates ruidosos e sangrentos.
Nuno, um verdadeiro cristão português, é o enamorado de Ângela e um soldado valoroso sob o comando do “ardido Bento“, no ano de 1701, na luta encarniçada para expulsar definitivamente os franceses do Brasil.
Sob o temor de Ângela, Nuno segue a perfilar-se para a batalha, deixando a moça aflita e pensativa. Nuno leva consigo o amor da mulher amada e a bênção do ancião.
Os portugueses vencem, mais por valentia e desejo de proteger a terra natal do que por excelência na guerra, e Nuno volta alegremente para sua amada.
Mas nem sempre a vitória na guerra aponta para a vitória final.
A alegria de Ângela ao ver seu amado voltando da batalha, incólume e feliz, dissipa-se com a decisão do Santo Ofício de levar seu velho pai ao tribunal da Inquisição.

A Cristã Nova
Primeira Parte
Canto IV

Sentada
Aos pés do velho estava a amada filha,
Bela como a açucena dos Cantares,
Como a rosa dos campos. A cabeça
Nos joelhos do pai reclina a moça,
E deixa resvalar o pensamento
Rio abaixo das longas esperanças
E namorados sonhos. Negros olhos
Por entre os mal fechados
Cílios estende à serra que recorta
Ao longe o céu. Morena é a face linda
E levemente pálida. Mais bela,
Nem mais suave era a formosa Rute
Ante o rico Booz, do que essa virgem,
Flor que Israel brotou do antigo tronco,
Corada ao sol da juvenil América.

Canto VIII
Taciturno
Esteve longo tempo o ancião. Aquela
Alma infeliz nem toda era de Cristo
Nem toda de Moisés; ouvia atento
A palavra da Lei, como nos dias
Do eleito povo; mas a doce nota
Do Evangelho não raro lhe batia
No alvoroçado peito,
Soleníssima e pura... Descambava
No entanto a lua. A noite era mais linda,
E mais augusta a solidão. Na alcova
Entra a pálida moça. Da parede
Um cristo pende; ela os joelhos dobra,
Os dedos cruza e reza, - não serena,
Nem alegre também, como costuma,
Mas a tremer-lhe nos formosos olhos
Uma lágrima.

Segunda Parte
CANTO VI
Neste instante
Cresce o tumulto exterior. A virgem
Medrosa toda se conchega ao colo
Do velho pai. "Ouvis? Falai! é tempo!"
Nuno prossegue. "Este comum perigo
Chama os varões à ríspida batalha;
Com eles vou. Se um galardão, entanto,
Merecer de meus feitos, não à pátria
Irei pedi-lo; só de vós o espero,
Não o melhor, mas o único na terra,
Que a minha vida... " Rematar não pôde
Esta palavra. Ao escutar-lhe a nova
Da iminente peleja
E a decisão de combater por ela,
Inteiras sente as forças que se perdem
A donzela, e bem como ao rijo vento
Inclina o colo o arbusto
Nos braços desmaiou do pai. Volvida
A si, na palidez do rosto o velho
Atenta um pouco, e suspirando: "As armas
Empunhai; combatei; Ângela é vossa.
Não de mim a havereis; ela a si mesma
Toda nas vossas mãos se entrega. Morta
Ou feliz é a escolha; não vacilo:
Seja feliz, e folgarei com ela..."

Canto VII

Sobre a fronte dos dous as mãos impondo
Ao seio os conchegou, bem como a tenda
Do patriarca santo agasalhava
O moço Isaac e a delicada virgem
Que entre os rios nasceu. Delicioso
E solene era o quadro; mas solene
E delicioso embora, ia esvair-se
Qual celeste visão, que acende a espaços
O ânimo do infeliz. A guerra, a dura
Necessidade de imolar os homens,
Por salvar homens, a terrível guerra
Corta o amoroso vínculo que os prende
E à moça o riso lhe converte em lágrimas.

Canto VIII

Foge à estância da paz o ardido moço;
Esperança, fortuna, amor e pátria
A guerrear o levam. Já nas veias
O vivo sangue irrequieto pulsa,
Como ansioso de correr por ambas,
A bela terra e a suspirada noiva.

CANTO IX

Entre os fortes alunos que dirige
O ardido Bento, a perfilar-se corre
Nuno. Estes são os que o primeiro golpe
Descarregam no atônito inimigo.
Do militar ofício ignoram tudo,
De armas não sabem; mas o brio e a honra
E a lembrança da terra em que primeiro
Viram a luz, e onde o perdê-la é doce,
Essa a escola lhes foi. Pasma o inimigo
Do nobre esforço e galhardia rara,
Com que inda nos umbrais da vida que orna
Tanta esperança,  tanto sonho de ouro,
Resolutos a morte encaram, prestes
A retalhar nas dobras
Da vestidura fúnebre da pátria
O piedoso lençol que os leve à campa,
Ou com ela cingir o eterno louro.

CANTO XII

 Voa o moço à estância
Do ancião; e ao por na suspirada porta
Olhos que traz famintos de encontrá-la,
Frio terror lhe empece os membros. Frouxo
Ia o sol transmontando; lenta a vaga
Melancolicamente ali gemia,
E todo o ar parecia arfar de morte
Qual se pálida a vira, já cerrados
Os desmaiados olhos,
Frios os doces lábios
Cansados de pedir aos céus por ele.
Nuno estacara; e pelo rosto em fio
O suor lhe caiu da extrema angústia;
Longo tempo vacila;
Vence-se enfim, e entra a mansão da esposa.

CANTO XIII

Quatro vultos na câmera paterna
Eram. O pai sentado,
Calado e triste. Reclinada a fronte
No espaldar da cadeira, a filha os olhos
E o rosto esconde, mas tremor contínuo
De um abafado soluçar o esbelto
Corpo lhe agita. Nuno aos dous se chega;
Ia a falar, quando a formosa virgem,
Os lacrimosos olhos levantando,
Um grito solta do íntimo do peito
E se lhe prostra aos pés: "Oh! vivo, és vivo!
Inda bem... Mas o céu o céu, que por nós vela,
Aqui te envia... Salva-o tu, se podes,
Salva meu pobre pai!" Estremecendo,
Nela e no velho fita Nuno os olhos,
E agitado pergunta: "Qual ousado
Braço lhe ameaça a vida?" Cavernosa
Uma voz lhe responde: "O santo ofício!"
Volve o mancebo o rosto
E o merencório aspecto
De dous familiares todo o sangue
Nas veias lhe gelou.

CANTO XIV

Solene o velho
Com voz, não frouxa, mas pausada, fala:
"Vês? todo o brio, todo o amor no peito
Te emudeceu. Só lastimar-me podes,
Salvar-me, nunca. O cárcere me aguarda,
E a fogueira talvez; cumpri-la, é tempo,
A vontade de Deus. Tu, pai e esposo
Da desvalida filha que aí deixo,
Nuno, serás.

CANTO XV

Um familiar lhe corta
O adeus último: "Vamos: é já tempo!"
Resignado o infeliz, ao seio aperta
A filha, e todo o coração num beijo
Lhe transmitiu, e a caminhar começa.
Ângela os lindos braços sobre os ombros
Trava do austero pai; flores disséreis
De parasita, que enroscou seus ramos
Pelo cansado tronco, estéril, seco
De árvore antiga: "Nunca! Hão de primeiro
A alma arrancar-me! Ou se heis pecado, e a morte
Pena há de ser da cometida culpa,
Convosco descerei à campa fria,
Juntos a mergulhar na eternidade.
Israel tem vertido
Um mar de sangue. Embora! à tona dele
Verdeja a nossa fé, a fé que anima
O eleito povo, flor suave e bela
Que o medo não desfolha, nem já seca


De acordo com seus biógrafos, Machado de Assis foi um leitor assíduo do Antigo Testamento e do Eclesiastes e a saga dos judeus pelo mundo e a injusta Inquisição que cruelmente os perseguiu foi um tema que sempre muito o interessou. Em seus escritos, ele ora enaltece os judeus, ora preocupa-se com os sofrimentos  a eles infligidos.
A prova disto foi a quantidade de textos por ele escritos que abordam esta temática:

O Dilúvio
Espinosa
José de Anchieta
Relíquias da Casa Velha
Esaú e Jacó



Para Anita Novinsky, Machado, ao contrário do que muitos pensam, apresenta intensa sensibilidade política pelos fatos sociais de seu tempo, já que: (...) a geração de Machado, ou as próximas dele, tinham talvez mais consciência dos efeitos da Inquisição do que nós, brasileiros do século XX. Não há dúvida de que Machado de Assis sentia a questão judaica e olhava com profunda simpatia para o percurso dos judeus a través da história. (NOVINSKY, 1990, p.7)
 Interessante lembrarmos também Arnaldo Niskier, que aponta o fato de que Machado, ao elaborar poemas em homenagem aos cristãos-novos oprimidos, provavelmente estaria se deixando influenciar “pela sua condição de mulato, solidário na dor da perseguição aos judeus."



Sob a seta, Machado de Assis presidindo uma sessão da ABL, Academia Brasileira de Letras, em 31/10/1905, um de seus membros fundadores, e primeiro Diretor da mesma, apontado unanimemente pelos colegas. Fonte: G1


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o grupo Esh Tamid. 

FONTES :
POESIAS – volume 18 – Machado de Assis
www.ileel.ufu.br  A.L. do Nascimento Miasso – Universidade Federal São Carlos - UFSCAR

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Descoberto "anfiteatro perdido" sob o muro das lamentações




"Justamente diante dessa batalha diplomática (Estados Unidos e Israel se retirando da Unesco em protesto contra o "viés anti-Israel" da agência da ONU) é que autoridades israelenses veem com bons olhos descobertas arqueológicas que confirmem relatos bíblicos ou históricos que comprovam a ligação entre o povo judeu e Jerusalém. (...)

Mas, para o diretor-geral da Autoridade de Antiguidades de Israel, Israel Hasson, as descobertas no local são muito mais amplas do que a disputa política contemporânea: "Espero que esses achados ajudem-nos a avançar, para que todos possamos nos impressionar com o passado glorioso de Jerusalém".


CONFIRA aqui a matéria completa do UOL.


Um Maori Sionista?


Por que um Maori de Samoa, do outro lado do mundo, iria se identificar como Sionista - alguém que apoia os judeus em Israel?

Bem, as razões têm a ver com ancestralidade - e com você também.


Assista para descobri-las.



EDITORIAL - UNESCO

UNESCO  - Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura


Quem lembra de George Orwell?
Quem lembra de 1984?


Um romance distópico* publicado em 1949 que mostrava um mundo futuro em que a História era transformada em Estória, em que o que aconteceu ontem era reescrito a cada mudança de parceiros, em que a posse dos meios de comunicação dominava o mundo: assim George Orwell imaginou o ano de 1984. E nós que na década de 1960 líamos com avidez estas ficções, não imaginávamos que Orwell seria o Leonardo da Vinci do século XX. 

Hoje a distorção da verdade é aceita por muitos e os fatos reais são sistematicamente colocados em dúvida. O revisionismo histórico impera com facilidade em um tempo de pouca leitura e pouca profundidade. Mais importante, o mundo e os governos por interesse político ou econômico, ou apenas por pertencerem à ala A ou B aceitam e transmitem informações falsas. Os organismos internacionais criados para harmonizar as nações tornaram-se feudos de poderosos da comunicação e do marketing, dos que sabem distorcer a verdade criando hordas de seguidores.

No dia 12 de outubro, os Estados Unidos anunciaram que irão se retirar da UNESCO - o que deve ocorrer apenas em 31 de dezembro de 2018. O motivo para esta decisão foi a forma discriminatória com que o Estado de Israel, o único lar para o Povo Judeu, tem sido tratado pela UNESCO. A gota d'água foi a declaração de que Hebron e Jerusalém não são patrimônios judaicos. E em casa como andamos? Os meios de comunicação brasileiros ajudam a propagar narrativas equivocadas. Esta semana a revista VEJA postou em sua página do Facebook e publicou em sua versão impressa que "Hebron é Território Palestino Ocupado por Israel", sem mencionar que o Monte do Templo de Salomão e Herodes foi usado pelos árabes para construir mesquitas,  impedindo os judeus de chegar ao local que é central à sua constituição como Povo.

Hebron, o que há nesta cidade para que os árabes forcem que a organização mundial que trata da cultura declare zona árabe e não judaica? A resposta é muito simples, mas não tão conhecida quanto o Templo de Jerusalém. É em Hebron que, segundo a Torah, Avraham comprou terra para a tumba dos patriarcas e lá estão enterrados Abrahão, Isaac, Jacob/Israel; Sara, Rebeca e Leah. Lá está a Mahpelá, um dos locais mais sagrados do judaísmo porque denota a relevância de sua herança. A herança judaica é a passagem das tradições de pais para filhos, de geração em geração.

Como é possível que toda a história judaica seja negada? Como foi possível que o Brasil, com seu voto, tenha negado aos judeus o direito de visitar o túmulo de seus patriarcas e matriarcas?
Isto após várias outras decisões baseadas em políticas tendenciosas e não históricas.
Os Estados Unidos resolveram dar um basta, e como todas as reclamações não tiveram resultados de mudança de atitudes, veio a decisão de romper com a Instituição. Lembramos que além do peso político americano, a decisão tomada reflete na saúde financeira da UNESCO: os EUA pagam 22% do orçamento geral e financiam 28% dos fundos de manutenção da paz.

No dia 13 de outubro foi encerrada a eleição do Diretor-Geral da UNESCO, para cujo cargo se apresentaram nove candidatos: Polad Bülbüloglu (Azerbaijão), Qian Tang (China), Moushira Khattab (Egito), Audrey Azoulay (França), Juan Alfonso Fuentes Soria (Guatemala), Saleh Al-Hasnawi (Iraque), Vera El-Khoury Lacoeuilhe (Líbano), Hamad bin Abdulaziz Al-Kawari (Qatar) e Pham Sanh Chau (Vietnã). Audrey Azoulay, ex-Ministra de Cultura da França, foi a indicada. Seu nome deverá ser referendado pela Assembléia Geral da ONU em novembro. 

Azoulay é filha de marroquinos. Seu pai foi um dos principais assessores do Rei do Marrocos, e, mesmo assim, teve que abandonar o país - será que o fato de ser judia interferiu no processo? Será que o fato de ser judia abre uma esperança para a atuação da UNESCO? Estas perguntas temos que deixar para o futuro, mas uma coisa pode ser aqui declarada. As relações entre judeus e muçulmanos dentro do Estado de Israel vêm sendo aprimoradas a cada ano. Ambos os lados sabem que vivem em um país muito especial, tão multi-racial quanto é o Povo Judeu e sempre disposto a aceitar o outro, exatamente porque conhece a sua identidade. A Herança recebida por Moisés no Monte Sinai prevê a transmissão deste conhecimento de geração em geração e prevê que os Judeus serão um povo entre os demais. 


Cidadãos judeus em Jerusalém ficaram encantados ao subir em um ônibus decorado como uma Sucá, com teto de bambu e todo decorado - cortesia da motorista de ônibus muçulmana com a intenção de melhorar as relações com seus passageiros.



Aceitar e Dar é a forma de ser Um entre Muitos - foi lindo ver que em Israel uma motorista muçulmana que guia um ônibus de linha em Jerusalém presenteou seus passageiros judeus com a decoração de uma Sucá. Eles podiam viajar pelas ruas de Jerusalém dentro de uma Sucá, assim como seus antepassados viajaram pelo deserto. Há 3 mil anos foi construída a identidade judaica, hoje está sendo construída a PAZ JUDAICA.

Alguns mitos sobre a sociedade em Israel estão caindo por terra, e nosso papel é mostrar a realidade. Por isso, estamos preparando a tradução e legendagem de um vídeo muito interessante que mostra como é, hoje, a verdadeira relação entre os cidadãos árabes e judeus em Israel. Fique de olho nos nossos canais.

Shalom


Regina P Markus
Juliana Rehfeld
Marcela Fejes

* distópico = que caracteriza uma sociedade imaginária controlada pelo Estado ou por outros meios extremos de opressão, criando condições de vida insuportáveis aos indivíduos. 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

VOCÊ SABIA? - O filho do Hamas

Mosab Hassan Yousef - Ronen Zvulun/Reuters


Você sabia que em 800 A.C., o feiticeiro Balaão, pago pelo rei Balak para amaldiçoar o povo de Moisés, acabou rendendo-se à bondade de Deus e abençoou os judeus com os célebres versos "Quão belas são suas tendas, ó Jacó, as suas habitações, ó Israel!"?

Assim como Balaão, no século em que vivemos, Mosab Hassam Yousef, o chamado Príncipe Verde, o filho do Hamas, no dia internacional  dedicado ao ódio a Israel, declarou seu apoio e admiração por Israel, um país em conflito com o seu.

Em Setembro de 2017,  durante o encontro do Conselho de Direitos Humanos  das Nações Unidas, os delegados participantes entraram em choque e mostraram-se atordoados  com o discurso surpreendente de Mosab Assam Yousef.
Após todas as queixas apresentadas contra Israel pelos representantes da Síria, OLP, Qatar, Coréia do Norte, Paquistão, Venezuela e Irã, o filho do Hamas propôs-se a expor todas as mentiras do OLP.
Assim ele falou:
“ Obrigado, Sr. Presidente.
Eu tomo a palavra em nome do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Meu nome é Mosab Assam Yousef.
Eu cresci em Ramallah como membro do Hamas.
Dirijo a palavra à Autoridade Palestina, que afirma ser o "único representante legítimo" do povo palestino.
Pergunto: de onde vem esta legitimidade?
O povo palestino não vos escolheu, e eles não vos nomearam para representá-los.
Vós sois autonomeados.
Vossa responsabilidade não é para vosso próprio povo. Isso é evidenciado por vossa violação total de seus direitos humanos.

Na verdade, o indivíduo palestino e seu desenvolvimento humano é a menor de vossas preocupações.
Vós sequestrais estudantes palestinos do campus e os torturais em vossas prisões. Vós torturais vossos rivais políticos. O sofrimento do povo palestino é o resultado de vossos interesses políticos egoístas. Vós sois o maior inimigo do povo palestino.
Se Israel não existisse, vós não teríeis a quem culpar. Assumi a responsabilidade pelo resultado de vossas próprias ações.
Vós espalhais as chamas do conflito para manter vosso poder abusivo.
Finalmente, vós usais essa plataforma para enganar a comunidade internacional e confundir a sociedade palestina, levando-a a acreditar que Israel é responsável pelos problemas que vós criais.

Obrigado.”