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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Lançado único livro escrito integralmente em Auschwitz

Editora Planeta lança único livro escrito integralmente em Auschwitz em ocasião dos 75 anos de libertação do campo de extermínio

O livro foi escrito pelo médico judeu Eddy de Wind e traz um testemunho arrepiante das atrocidades cometidas em Auschwitz

"Pareceu-lhe uma maldade incompreensível que ele não tenha compartilhado o mesmo destino dos outros. Mas ele pensou nas palavras daquela garota em No pasarán: ‘Tenho que continuar vivendo para contar sobre isso, para contar a todos, para convencer as pessoas de que aconteceu de verdade…".

"Pareceu-lhe uma maldade incompreensível que ele não tenha compartilhado o mesmo destino dos outros. Mas ele pensou nas palavras daquela garota em No pasarán: ‘Tenho que continuar vivendo para contar sobre isso, para contar a todos, para convencer as pessoas de que aconteceu de verdade…".




Em ocasião dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que ocorre em 27 de janeiro, a Editora Planeta lança no Brasil Última parada: Auschwitz, considerado o único material escrito integralmente no campo de extermínio. Lançado em outros 20 países, o livro traz as memórias de Eddy de Wind, médico judeu que viveu no local, registradas após a fuga dos nazistas do campo em 1945. Eddy se escondeu e, com chegada dos soviéticos a Auschwitz, passou a dividir sua rotina entre cuidar dos soldados e dos sobreviventes e produzir o relato deste livro, no qual registrou todas as atrocidades que presenciou ao longo do período em que foi prisioneiro.

O manuscrito a lápis e com letras pequenas no qual Eddy compartilha suas memórias em terceira pessoa, usando o personagem Hans para contar sua própria história como maneira de atenuar o sofrimento vivido, ganhou os olhos do mundo quando Melcher de Wind, filho de Eddy, decidiu enviar a uma exposição sobre Auschwitz em 2018. A partir daí, editoras do mundo todo resolveram publicar o relato. O diário havia sido publicado originalmente em 1946, na Holanda, por uma editora que encerrou as atividades logo em seguida.

Em 1943, Eddy de Wind se voluntariou para trabalhar em Westerbork, o campo de trânsito para a deportação de judeus localizado no leste da Holanda, com a promessa de que sua mãe seria isenta de deportação em troca de seu trabalho, sem saber na

Verdade que ela já tinha sido mandada para Auschwitz. No campo, ele conheceu uma jovem enfermeira judia chamada Friedel, com quem se casou. Algum tempo depois, eles foram transportados num trem de carga para Auschwitz, onde foram separados: Friedel foi para a ala onde ficavam os prisioneiros destinados aos experimentos médicos do Dr. Mengele e Eddy ficou encarregado de ajudar a cuidar de prisioneiros políticos.

Nessa nova vida, cada dia se tornava uma batalha pela sobrevivência. Para Eddy, isso significava enfrentar a violência dos guardas. Para Friedel, era sofrer e resistir aos experimentos médicos de Joseph Mengele. No meio de tudo, eles ainda se mantiveram unidos, passando bilhetes pela cerca, às vezes roubando um breve abraço à custa de algum suborno. Em Auschwitz: última parada, Eddy compartilha com os leitores sua história de amor e sobrevivência em meio ao horror vivido no campo. O livro traz também fotos do prisioneiro antes, durante e depois da guerra.

SOBRE O AUTOR

Eddy de Wind (1916-1987) foi o último médico judeu a formar-se na Universidade de

Leiden, na Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial. Ofereceu-se para trabalhar no

campo de trabalho de Westerbork, com a falsa impressão de que a sua mãe, que havia

sido levada pelos alemães, seria salva da deportação. Lá, ele conheceu e casou-se com

a sua primeira esposa, Friedel. O casal foi deportado para Auschwitz em 1943. De Wind

retornou à Holanda no verão de 1945 e especializou-se como psiquiatra e psicanalista. Em 1949, publicou Confronto com a Morte, o seu famoso artigo no qual introduziu a ideia da síndrome do campo de concentração.

FICHA TÉCNICA

Título: Última parada: Auschwitz - Meu diário de sobrevivência

Autor: Eddy de Wind

EDITORIAL: Olhando o amanhã



O Plano de Paz apresentado pela Casa Branca


Estamos na sétima década após o HOLOCAUSTO e na sétima década do ESTADO de ISRAEL. Se há 30 anos atrás o futuro era visto de forma utópica, hoje é mais comum enxergarmos muitas possibilidades distópicas.
Há 30 anos o destino estava em nossas mãos, mas hoje vemos surgir problemas relacionados com a natureza, meio ambiente e doenças e não temos tanta certeza de que os grandes avanços científicos e tecnológicos poderão redirecionar os desenhos sombrios do futuro.
Há 30 anos a conduta de cada um era considerada base para promover enormes mudanças e hoje, na era em que temos uma capacidade incrível de nos comunicar, temos dúvida de nossa capacidade de influir. "Likes" podem ser gerados automaticamente, e pessoas reais podem ser colocadas fora do ar e deixar de ter espaço no mundo virtual, que cada vez mais se confunde com o real.

Nestes tempos há grupos com grandes certezas e outros que precisam analisar tantas variáveis que se perdem na tomada de decisões. No que se refere ao antissemitismo, vemos por um lado crescer os nichos altamente antissemitas e uma enorme quantidade de ataque a judeus, e por outro, admiração genuína pela capacidade de seguir em frente,  de sobreviver aos tempos ruins, e também aos muito bons. Manter uma identidade, que se muitos confundem com religião, tipo físico, ou regime alimentar, outros identificam como cultura e uma tenacidade impensável para construir o futuro baseado na História. Venera-se a história oral - aquilo que cada um pode ver de seu ângulo individual.

E nesta semana, mal saindo das lembranças da libertação de Auschwitz, após ser lançado mais um plano de paz visando a relação entre o Estado de Israel e os palestinos chamado de O Plano do Século, notamos muitas semelhanças e muitas diferenças nas reações.

A principal semelhança é que os líderes palestinos se recusam a receber o plano. Afinal, não querem repetir a retirada de GAZA, quando Israel retirou à força todos os cidadãos israelenses que moravam e cultivavam aquele pedaço de terra - e ali foi instalado um regime autoritário e terrorista. As terras e condições e o grande investimento proposto não serão discutidos pelas atuais lideranças. Bom lembrar que são lideranças sem rotatitivadade, visto que há 17 anos o mesmo time é mantido no poder.

O que então surpreende? Primeiro, a reação dos demais países árabes: vários países do Golfo e a Arábia Saudita tiveram atitudes positivas e apoiaram a abertura de negociações para que o plano seja discutido. O Egito e a Jordânia, vizinhos diretos de Israel, também deixam de apresentar uma reação monolítica, mostrando que estão aptos a terem divergência de opinião. E em segundo, a presença de tantos líderes mundiais falando do assunto.

Há vários outros "sinais de fumaça" que invadem o mundo da internet, mostrando atitudes que o nosso imaginário seria incapaz de predizer!

HUMANODIVERSIDADE: aceitar a diferença entre os homens, assim como aceitamos a diferença na natureza, a famosa biodiversidade.

Assim, nos aproximamos do carnaval e do real início do ano neste nosso Brasil.

Boa Semana!

Regina, Marcela e Juliana

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

VOCÊ SABIA? - Ônibus Dan#4: após a hecatombe do Holocausto, a surpresa dos milagres!








Você sabia que vidas destroçadas pelo sofrimento podem ser celebradas quando milagres acontecem? Eser Bem-Sorek, um blogueiro e jornalista famoso, relata o que presenciou em 1951 ao entrar em um ônibus da companhia Dan na esquina das ruas Ben Yehuda e Gordon.



Esor Ben-Sorek, cidadão israelense, é professor aposentado das matérias Hebraico, Literatura Bíblica e História de Israel. É fluente em oito línguas : hebraico, iídishe, inglês, francês, alemão, espanhol, polonês e holandês. 


Naquele dia, o veículo estava muito cheio e o Bem-Sorek ficou em pé ao lado de uma mulher iemenita que levava uma galinha viva debaixo de seu avental.
As pessoas conversavam calorosamente, como sempre discutindo as notícias do dia, cada uma com sua própria opinião sobre a situação política de israel.
A cada parada, passageiros desciam enquanto outros entravam. Alguns assentos ficaram livres e Esor sentou num banco no meio do ônibus.

“Em alguma parada da qual não lembro a rua, alguns passageiros entraram. Uma senhora de idade avançada subiu, aproximou-se do coletor de passagem ao lado do motorista e ali depositou algumas moedas.
De repente, ao olhar para o motorista ela deu um grito agudo: “Moishele, Moishele, Moishele, mein kind.” Moishele, minha criança!”
O motorista pisou nos freios, olhou para a idosa e gritou, “Mama, Mama, é você, Mama?”

Ambos eram sobreviventes do Holocausto da Polônia e cada um acreditava que o outro estivesse morto.

O motorista pulou do banco e abraçou sua mãe com a emoção e surpresa do acontecido. Há muito ele a julgava morta. Os dois se abraçaram e choraram lágrimas de alegria.
Todos os passageiros bateram palmas emocionados, muitos com lágrimas nos olhos ao constatar o reencontro da mãe com seu filho. Um saiu do ônibus e fez com que o próximo parasse e informasse a companhia do acontecido e enviasse outro motorista.
Ninguém desceu do ônibus; meia hora mais tarde veio um motorista substituto enquanto mãe e filho soluçavam abraçados, sentados no assento para eles liberado por passageiros.   

Na parada do motorista original, mãe e filho desceram ao som das palmas de todos e de gritos de “Mazal tov. Mazal tov. Tzu gezunt. A sach nachas” ("Boa sorte, boa sorte. Tudo de bom. Só alegrias.")

Esor finaliza sua narração:

”Eu nunca fiquei sabendo para onde eles foram. Provavelmente para a casa do motorista para que sua mãe conhecesse sua esposa e filhos.
Todos nós no ônibus estávamos ainda tomados pela emoção e era difícil controlar nossos sentimentos. Não havia um só olho seco entre nossos passageiros.
Era um dia quente de julho em 1951. Mas eu nunca esquecerei o milagre no ônibus #4 do Dan naquele dia muito feliz.”



Enquanto muitos atentados terroristas em ônibus israelenses trouxeram dor e mortes, em 1951 um veículo público da empresa Dan foi o palco de muita alegria e lágrimas de emoção para os membros da família que se reencontraram e para todos os passageiros que ali estavam presentes, participando e usufruindo da felicidade do milagre inesperado.




Este texto á uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

EDITORIAL: 75 anos de libertação de Auschwitz






Um evento em memória dos 75 anos de libertação do Campo de Concentração de Auschwitz (23 de janeiro de 1945), quando em um gelado dia de janeiro o exército Russo libertou os poucos prisioneiros que tinham ficado para trás, que não tinham acompanhado a Marcha da Morte. Mortos-vivos saídos de um mundo que poucos imaginam nos filmes, e que foram resilientes física e psicologicamente para unirem um passado em que os judeus colaboraram de forma inegável nas áreas de ciência, artes, negócios em seus respectivos países e iriam participar de um futuro em que tais fatos voltariam a ocorrer, somado ao estabelecimento do Estado de Israel. Um Estado livre, que tem contribuído de forma ímpar com o avanço científico, mas que, como os judeus, tem sofrido ataques e rejeições ao longo dos anos.

Neste dia de memória, um evento criado pelo Dr. Moshe Kantor, russo, doutorado em segurança e automação aeroespacial, homem de negócios, filho de sobrevivente do Holocausto. Criou a Fundação Mundial sobre o Holocausto, que já está em sua quinta edição. O primeiro “Let My People Live” foi em Cracóvia/Auschwitz (2005), o segundo em Kiev/Ucrânia (2006), o terceiro em 2010 voltou a ocorrer na Cracóvia e o quarto em Terezin, Praga, em 2015. Cada um com sua história, reunindo autoridades e sobreviventes. Mas o foro que está acontecendo hoje, dia 23 de janeiro de 2020, é um evento que tem a capacidade de juntar o passado ao futuro, e não apenas lembrar. #EU LEMBRO - #I REMEMBER 

O Fórum de 2020 é o maior evento diplomático de Israel. Reunidos na Capital Eterna do Povo Judeu – a Capital da Judéia na antiguidade e do Estado de Israel na modernidade - estão 49 altas autoridades estrangeiras, incluindo o Rei Felipe da Espanha, Príncipe Charles da Inglaterra, Presidentes da Rússia, França, Itália, Alemanha, Argentina, Ucrânia, Romênia, República Tcheca, Áustria, Geórgia, Lituânia, Irlanda, o Vice-Presidente dos Estados Unidos e vários chefes e membros de parlamentos estrangeiros. 




No jantar na residência do Presidente de Israel Reuben Ruvi Rivlin na véspera da abertura do Fórum, o discurso de boas vindas incluiu um novo marco na luta contra a discriminação: “JUNTOS vamos lutar contra o ANTISSEMITISMO, o RACISMO e a negação do Holocausto, SOMENTE JUNTOS podemos garantir que a história não será repetida.” O orador da noite foi o Rei da Espanha Felipe VI. Em sua fala, deixou clara a importância dos sobreviventes transferindo a memória do holocausto para o futuro, mas deixou claro também que ele estava em Jerusalém não apenas para honrar a memória dos que foram, mas principalmente para evitar as principais doenças que atualmente atingem nosso planeta: o racismo, a homofobia e o antissemitismo. Comentou sobre as ações que estão sendo feitas na Espanha, em forma de criação de novas leis, e em outros países - sempre com o objetivo de proibir antissemitismo, racismo e intolerância ao diferente - e deixou claro que são ações de grande importância mas só irão atingir o objetivo de NUNCA MAIS acontecerem, se todos estiverem juntos. 





Hoje, mais do que nunca é importante se levantar contra os que negam o Holocausto. Há dez anos isto parecia apenas uma aberração, mas hoje, com a entrada de muito dinheiro que jorra na mão de terroristas, que não apenas atacam judeus nas ruas das grandes cidades do mundo, destroem suas propriedades e violam seus cemitérios como também criam e recriam velhos mitos para difamar os judeus e o Estado de Israel. 


Israel HaYom


Este evento está acontecendo e convidamos a todos a acompanhar pelas redes sociais e pelos sites de Yad Vashem

75 ANOS: a geração dos sobreviventes do Holocausto está indo embora e cabe a TODOS NÓS impedir que a humanidade testemunhe de novo horrores contra seres humanos e contra nosso planeta.

Neste momento vem em mente um dos poemas recitados na Cidade de David: 
“Como é bom e agradável sentarem juntos os irmãos”
“Hinei Matov hu Manaim, Shevet Arrim gam iarrad” (Salmo 133).

Boa Semana!

Regina, Juliana e Marcela

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

VOCÊ SABIA? - As obras de arte que retornaram

Camille Pissarro – 1830-1903

Paul Signac – 1863-1935 



VOCÊ SABIA que, quase um século depois de terem sido pilhadas da casa de Gaston Levy na França durante a ocupação alemã, três obras de Pissarro e Signac voltaram às mãos dos herdeiros da família?



Camille Pissarro – “Geada Branca - Camponesa acendendo fogo” (1888) – Avaliada em aproximadamente 12 milhões de Euros.


Após terem sido devolvidas ao seu proprietário judeu, as obras neoimpressionistas saqueadas pelos invasores alemães serão leiloadas por mais de 22 milhões de Euros em Londres.


Nestes dois últimos anos os quadros de Pissarro e Signac foram devolvidos aos herdeiros do colecionador judeu Gaston Levy, residente em Paris antes da Segunda Guerra.

Gaston e Liliane Levi sobreviveram à guerra escondendo-se na Tunísia enquanto suas coleções de livros e obras de arte eram roubadas e espalhadas durante a ocupação nazista.

Duas obras foram recuperadas logo após a Guerra e expostas no museu D’ Orsay em Paris.


Paul Signac – “A Corneta de Ouro – Manhã “ (1907) – óleo sobre tela – Avaliada em 5 a 7 milhões de Euros.




Thomas Boyd-Bowman, diretor do departamento de Impressionistas na casa de leilões Sothebys, assim se referiu ao ocorrido:

“É uma lástima para o Museu D’Orsay ter de separar-se destas obras, mas é um bom exemplo para o país ao agir de maneira honrada. É a coisa certa a ser feita. Pilhagem e vandalismo não devem beneficiar outros.”

Boyd-Bowman acrescentou que a tela de Pissarro, considerada a obra-prima do grupo, é um “tour de force of light and color” (uma façanha de luz e cor) que se destaca entre os melhores exemplos de pontilhismo até hoje criados.

O pontilhismo é uma técnica de pintura oriunda do movimento impressionista, em que pequenas manchas ou pontinhos de cor são aplicados em modelos para formar imagens.

Esta técnica foi criada na França com grande entusiasmo por Georges Seurat e Paul Signac em meados do século XIX.

Em geral estas obras são feitas de tinta a óleo devido à sua espessura e capacidade de não escorrer pela tela.



Paul Signac


A designação “pontilhismo” só foi associada ao estilo na década de 1880 com a finalidade de ridicularizar e rebaixar o trabalho desses artistas. Outros movimentos também se serviram de técnicas similares, porém dando pinceladas mais largas, como o Neoimpressionismo.

É muito importante lembrar que o pontilhismo foi o precursor das técnicas de pixelização e separação cromática para a televisão.


Assistamos agora a um belo e curto vídeo sobre o Pontilhismo.







A terceira obra foi encontrada na coleção de um comerciante de arte na Alemanha.

A tela, “Cais de Clichy, Tempo Encoberto” (1887) acabou sendo resgatada da coleção do comerciante de artes, Hildebrand Gurlitt, cujo acervo ilegal foi descoberto em 2012 por uma incursão de oficiais da alfândega. Ela foi entregue aos herdeiros de Levy em 2019 e as outras duas, já mencionadas, também chegaram às mãos da família em 2018.



Paul Signac – “Cais de Clichy- Tempo Encoberto”  (1887) - Avaliada em aproximadamente 1 milhão de Euros




Aguardemos agora os resultados do Leilão da Sothebys.



Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia. 


FONTES:


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

EDITORIAL: Antissemitismo no Século XXI

ANTISSEMITISMO NO SÉCULO XXI


A vida é feita de ciclos. A vida de nosso planeta - A TERRA- é feita de ciclos. Todos os seres vivos acompanham os ciclos terrestres, a alternância entre o claro e o escuro, as estações do ano, o ciclo das marés e da lua. Na natureza os ciclos são alimentados pela biodiversidade, de forma que cada espécie de planta ou de animal que habita um mesmo ambiente está adaptada para estar ativa em um determinado momento e descansar em outro. 

Mas apesar desta implacável organização, há momentos em que ela é perdida e novas séries são iniciadas.

Se você chegou até aqui deve estar perguntando: O que tem isto a ver com o antissemitismo no século XXI? No ano de 2020! Volto meu olhar à segunda metade do século XX. Na década de 1950, quando os horrores da segunda guerra mundial estavam sendo revelados, muitos se recusavam a acreditar no que as fotos tiradas pelo exército americano ao entrar no campo de concentração de Auschwitz mostravam. Naqueles anos, os que tinham sofrido com as atrocidades ainda não falavam. Com o passar dos anos, muitos fatos e muitas histórias pessoais passaram a ser conhecidas. E surge o bordão NUNCA MAIS.

MAS o SÉCULO XXI vê surgir uma nova postura. Há ainda muitos que dizem NUNCA MAIS, mas há um grupo que NEGA de forma hipócrita ou DESQUALIFICA os horrores da segunda guerra mundial em relação aos judeus. Negar é dizer que nunca existiu – desqualificar é tratar como um fato menor, entre tantos, a tentativa de exterminação de todo um povo. 

Neste caso da segunda década do século XXI presenciamos uma explosão de antissemitismo. Inicialmente voltada ao Estado de Israel, com ações de boicote e difamação e, mais recentemente, aos judeus ortodoxos que se vestem de forma especial, ou a todos que usam a kipá (solidéu). Chegou-se ao ponto de que na França e Suécia os judeus tenham sido advertidos a não andar de kipá na rua.

No outro lado do espectro, o povo de um país que se declara anti-Israel de forma aberta e está por trás de atentados a comunidades judaicas ao redor do mundo se recusa a pisar em desenhos da bandeira de Israel colocada na rua. Isto ocorreu a semana passada no Irã, país que irradia terror ao redor do mundo. 

Para concluir é importante lembrar que IRÃ foi um país criado no século XX (1979) sobre o Império Persa (PÉRSIA) que conta a história desde a antiguidade, e que foi um importante marco na sobrevivência do Povo Judeu e no restabelecimento do Estado de Israel em 538 aEC. Foi sob a proteção do Império Persa que o 2º Templo de Jerusalém foi reconstruído.
Judeus moraram na Pérsia desde 485 aEC - e, apenas agora no século XXI, são atingidos por um ódio clássico do antissemitismo! O povo persa, ao se recusar a pisar em bandeiras de Israel desenhadas na rua, mostrou na semana passada que não apoia a atitude de governantes desconexos de sua história milenar. Por outro lado, o Estado de Israel moderno abriga diferentes populações, que têm acesso à educação, saúde e lazer. Estas diferentes populações são representadas no parlamento e muitas, inclusives os árabes islâmicos israelenses, servem o exército de Israel e as Cortes de Justiça.

CICLOS – podem ser interrompidos? CICLOS – podem ser previsto? Em vista dos muitos acontecimentos destes últimos anos torna-se importante conhecer o passado!


Enfim, o presente é apenas um momento entre o passado e o futuro, mas depende de nós que este momento seja algo inexpressivo ou um ponto de inflexão que possa mudar o curso da história.

Regina P. Markus

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

VOCÊ SABIA? - Martin Buber, o filósofo do diálogo




Sócrates (470 - 339 a. c.)
Martin Buber, mais de dois milênios mais tarde, retoma o diálogo socrático como única resposta ao mundo em que viveu, mundo dilacerado por desequilíbrio, intransigência, barbárie, que reporta aos dias que estamos vivendo neste início do ano 2020.



VOCÊ SABIA que Martin Buber (1878-1965), o “filósofo do Diálogo”, deixou um legado que pode nos restituir o alento perdido nestes presentes momentos de insegurança e ansiedade global pelos quais estamos passando?








Martin Mordechai Buber foi um renomado jornalista e teólogo, filósofo, escritor e pedagogo austríaco, mais tarde naturalizado israelense, que nasceu em uma família judaica ortodoxa de tendência sionista.

Buber era poliglota; em casa aprendeu iídiche e alemão e na escola judaica estudou hebraico, francês e polonês.


O filósofo em Martin Buber nos premiou com um livro de menos de 100 páginas que é uma herança para a humanidade - um trabalho considerado um dos mais densos e belos da área: Eu e Tu, de 1923.





“A base de seu pensamento é o diálogo, como única saída para o mundo em que viveu, dividido e marcado pela intolerância e pela violência - um pouco como os dias atuais.

Nascido em uma família de judeus observantes, uma crise pessoal leva-o a romper com os costumes religiosos judaicos, para prosseguir os estudos seculares de filosofia. Começa a ler Immanuel Kant, Søren Kierkegaard e Friedrich Nietzsche, inspirando-se especialmente nos dois últimos.
Em 1896, Buber vai estudar em Viena, dedicando-se à filosofia, história da arte, estudos germânicos e filologia.

Em 1898, ingressa no movimento sionista, participando de congressos e das atividades de organização do movimento. Em 1899, quando estudava em Zurique, Buber conhece sua futura esposa, Paula Winkler, uma escritora de Munich, sionista e não judia. Mais tarde, ela iria converter-se ao judaísmo.

Em 1902, torna-se editor do semanário Die Welt, órgão central do movimento sionista. Mais tarde, porém, abandonaria as atividades de organização do movimento.

Em 1923, escreve seu famoso ensaio sobre a existência, Ich und Du (Eu e Tu).
Em 1925, inicia a tradução da Bíblia Hebraica para o idioma alemão.
Em 1930, torna-se Honorarprofessor (professor honorário) de Ética e Religião da Universidade de Frankfurt, demitindo-se logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, em 1933.
Em 1935, é excluído da Reichsschrifttumskammer ("Câmara de Letras do Reich"). Em seguida, Buber cria o Gabinete Central para a Educação de Adultos Judeus, que se tornou muito importante quando o governo alemão proibiu os judeus de frequentarem o ensino público.

Em 1938, Buber finalmente deixa a Alemanha e se estabelece em Jerusalém (à época, Palestina mandatária), ingressando na Universidade Hebraica - onde lecionaria antropologia e sociologia até 1951. Nesse período torna-se muito próximo de alguns intelectuais sionistas, como o filósofo Felix Weltsch, o escritor Max Brod e políticos como Chaim Weizmann e Hugo Bergman, pessoas que Buber conhecera ainda na Europa, nas cidades de Praga, Berlim e Viena. Essa amizade permaneceria até a década de 1960.”


Longe de nós está a pretensão de exaustar a vasta obra literária de Martin Buber.
Lembramos aqui que em seu trabalho filosófico, Buber afirmou desde o início que não há vida sem comunicação e diálogo, e que os objetos não existem sem que entre eles aconteça uma interação: interação do homem com ele mesmo, com seus semelhantes, com o mundo e com Deus (transcendental).
Em sua visão o ser humano é substancialmente conectado à comunidade: família, trabalho, responsabilidades, deveres - e sua essência é o ser humano frente a frente ao se humano, em diálogo e compreensão.
Segundo Buber, o homem só é capaz de se encontrar a partir do encontro com outros homens.


“As palavras-princípio, Eu-Tu (relação), Eu-Isso (experiência), demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo buberiano que, segundo o filósofo, dizem respeito à própria existência.”






“O homem nasce com a capacidade de interrelacionamento com seu semelhante, ou seja, a intersubjetividade.
Intersubjetividade é a relação entre sujeito e sujeito e/ou sujeito e objeto.
O relacionamento, segundo o filósofo Martin Buber, acontece entre o Eu e o Tu, e denomina-se relacionamento Eu-Tu. A interrelação segundo Martin Buber, envolve o diálogo, o encontro e a responsabilidade, entre dois sujeitos e/ou a relação que existe entre o sujeito e o objeto. Intersubjetividade é umas das áreas que envolve a vida do homem e, por isso, precisa ser refletida e analisada pela filosofia, em especial pela Antropologia Filosófica.”








“Só haverá paz quando cada um respeitar a singularidade do outro”.

Buber foi um ferrenho defensor da coexistência entre árabes e judeus.
Acreditava no diálogo!
E o diálogo buberiano entre nações, culturas, religiões, é o que nos acena na busca pela Paz.


Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:





Livros:

1 - Estes Homens Fizeram o Judaismo – Coleção Documenta/Ideias – Ed. B’Nai-B’Rith – Buber, o Humanista por John Sherman
Editora Documentário – 1974- Primeira Edição


2 - On Judaism – Martin Buber
Shocken Books Inc.  1967 – Primeira Edição