Marcadores

sexta-feira, 29 de março de 2019

EDITORIAL: CONVIVENDO

O mundo é feito de pessoas diferentes, mas que podem ser agrupadas em diferentes categorias. De acordo com sexo, cor de pele, ideologia, religião...
Bem, cada um de nós pode elencar muitas outras categorias. Algumas formadas por bilhões de pessoas e outras formadas por milhares ou poucos milhões. No momento, nestes tempos de muita comunicação, notamos duas tendências: a da formação de grupos formados por pessoas que têm alguma identidade em comum e a valorizam acima de tudo, e a do igualitarismo (todos são iguais). Institivamente sabemos que as duas são inadequadas, visto que uma requer que o grupo A seja melhor que o grupo B, e a outra porque nega as reais características de cada ser humano, com isto impedindo a expressão das muitas genialidades que só podem aparecer quando as diferenças são valorizadas.

Em outros momentos tentamos mostrar estes fatos, mas hoje gostaria de ir um passo à frente. Estamos às vésperas da visita do Presidente Jair Bolsonaro a Israel e, com isto, há um aumento da expectativa de facilitação das relações Brasil-Israel. Ao mesmo tempo, esta semana temos presenciado um recrudescer dos ataques que o grupo terrorista Hamas (chamado de braço do ISIS pela Autoridade Palestina) tem feito a Israel a partir da faixa de Gaza. As alegações que podem convencer a imprensa internacional não convencem o árabe que vive na Samária, Judéia e em Gaza. A maioria gostaria que seus territórios ficassem livres dos grupos dominantes e que pudessem desfrutar do convívio que existe entre árabes e judeus em Israel. Esta semana estive no Instituto de Pesquisa Weizmann, em Rehovot, para uma visita de trabalho e o estudante de doutorado com quem discuti alguns dados foi logo dizendo: - sou da margem oriental do Rio Jordão - e a doutoranda ao lado usava hijab e todos trabalhavam juntos em um dos melhores Institutos de Pesquisa do Mundo. Uma conhecida internada no hospital Hadassa comentou o grande número de médicos, enfermeiros e funcionários árabes a caráter.

Para conviver é preciso conhecer, mas também é preciso ser algo tão normal que deixa de chamar atenção. 

A foto abaixo mostra o uniforme dos escoteiros em Israel. Meninas e meninos dos 8 aos 16 anos reunem-se semanalmente para atividades extra-curriculares. O uniforme mostra claramente o espírito de um país inclusivo, que não requer a perda da identidade. Os dizeres estão em hebraico, inglês e árabe, e caracteriza a convivência sem a perda da identidade.





No nosso Brasil têm surgido vários grupos que ampliam a convivência. Entre eles, grupos de religiosos que se encontram regularmente com o compromisso de trocar experiências e, sem perder suas identidades, aproximar comunidades com o espírito da busca da diversidade e do conhecimento sobre o outro. Raul Meyer, líder do grupo Esh Tamid, tem tido papel destacado nesta atividade.



O judeu Raul, o muçulmano Atilla, a mórmon Ruth e o padre Bizon. Foto: Isto É


Mas nem tudo são flores. Nossas Universidades, bem como muitas escolas que reúnem grupos de esquerda que se dizem liberais, têm sido apoiadoras de grupos muçulmanos que usam práticas terroristas e ao mesmo tempo criticado de forma sistemática o Estado de Israel. Muita desinformação corre por estes rincões - e o grupo StandWithUs vem atuando dentro das Universidades Brasileiras no sentido de corrigir esta desinformação. No último dia 26 de março o grupo esteve presente em um evento da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, onde estava programada a exibição de um filme sobre o "domínio israelense" na Cisjordânia e um debate com o comitê de solidariedade ao povo palestino da USP. André Lajst da StandWithUs Brasil relatou que foram ditribuídos livretos de 10 páginas preparados pela organização explicando de forma direta o que era o regime apartheid da África do Sul e o sistema democrático israelense. Alguns grupos de alunos debateram com os membros do StandWithUs e compararam opiniões. O resultado rendeu um convite para a StandWithUs Brasil compor a mesa em um debate sobre o conflito israelenses-palestinos. Estes debates costumam ocorrer sem a presença do lado israelense. Atuando diretamente nas Universidades, o grupo busca ampliar o conhecimento sobre Israel, desvinculando este país pluralista de rótulos e caracterizações que remetem ao tempo do antissemitismo.


CONVIVER É PODER SOMAR AS DIFERENÇAS, E NÃO ELIMINÁ-LAS.
CONVIVER É ACEITAR O OUTRO, E NÃO MUDÁ-LO.
CONVIVER É APRECIAR A DIVERSIDADE.
CONVIVER É VIVER COM!


Boa Semana,

Regina P. Markus
EshTáNaMídia

quinta-feira, 21 de março de 2019

Editorial: PURIM - uma viagem no tempo

A SORTE (purim) de VIAJAR no TEMPO

O calendário judaico, repleto de comemorações e recordações, nos brinda com momentos alegres e tristes. Mas nenhuma data tem uma comemoração que cumpre de forma integral estas duas situações. Purim recorda um evento que ocorreu no final do século V ou início do século VI antes da era comum, portanto há aproximadamente 2500 anos, e que relata uma das muitas vezes na história em que os judeus foram ameaçados de extinção e "deram a volta por cima". 
Purim é precedido por um dia de jejum - JEJUM ESTHER - e é comemorado com muita alegria - fantasias, reco-reco - e a leitura da Meguilá Esther, O LIVRO DE ESTHER.



Meguilá Esther - lida na manhã de Purim 
A leitura é recomendada de forma explícita (9:28): "
e que estes dias sejam lembrados e guardados de geração após geração, família, província e cidade, e que estes dias de PURIM sejam celebrados entre os judeus e que a memória destes nunca tenha fim entre os de sua semente"

Hoje não vou recontar a história, apenas pedir para que imaginem uma sinagoga com muitos fantasiados e que cada vez que é lido o nome do algoz - Haman - são girados os reco-recos e é feito muito barulho, e com muita alegria. Sim, hoje aqui estamos reunidos - e fazemos isto há muitos e muitos anos. Contar a história de Esther e Mordechai - lembrar que Purim vem de Pur - uma palavra persa que significa sorte, é uma das formas de preservar o Povo Judeu ao longo dos milênios.

A história que aconteceu na Pérsia, na cidade de Shushan, é um momento de extravasamento e de alegrias. 
ONDE ocorreu a HISTÓRIA de PURIM - Pérsia, atual Irã.

Viajar no tempo significa reverenciar o passado e focar no presente para poder construir o futuro. 

E neste momento peço a todos os leitores que saltem para o século XXI. Vamos ver o que aconteceu na semana passada!
Construir o futuro é ser uma nação entre as nações e é saber respeitar e ser respeitado. Na semana anterior a Purim, no ano de 2019, aconteceu um fato que merece ser registrado. Vejam a notícia publicada no Times of Israel.

A bandeira da Síria é hasteada em Jerusalém porque um corredor nascido em Damasco  - Hasan Alijakii - estava inscrito.

A noticia não confirma a presença, mas a fala do Prefeito de Jerusalém, Moseh Lion, explica "Nas últimas 24 horas, 80 bandeiras representando todos os inscritos para a corrida foram hasteadas nas ruas de Jerusalém. Na cidade de Jersualém respeitamos a todos e consideramos que atividades esportivas estão além da política". 

Aproveitando a alegria de Purim, e o respeito a todos e cada um de forma individual, desejamos a todos uma boa semana.

Regina






terça-feira, 19 de março de 2019

VOCÊ SABIA? - Elisabeth Eidenbenz



“Minha mãe me deu a vida, a maternidade me deu leite, e Elisabeth deu-me esperança!”


Sobrevivente da clínica de Elisabeth.





Você sabia que uma jovem e corajosa enfermeira suíça escondeu dos nazistas centenas de mulheres grávidas e seus filhos?

Em 2018 foi lançado o filme “The light of Hope” (“A luz da esperança”), contando a até então pouco conhecida história de Elisabeth Eidenbenz, que salvou jovens refugiados durante a guerra Civil Espanhola e a Segunda Grande Guerra através de sua Clínica de Maternidade em Elne, no sudoeste da França.

Naqueles dias difíceis de violência e crueldade, Elisabeth ajudou e acolheu refugiados em debandada, um grupo aterrorizado de mulheres grávidas e seus pequenos.

Assim ela salvou quase 600 crianças refugiadas: 400 espanholas e 200 judias.

A espanhola Sílvia Quer, diretora de cinema, ao conhecer a história da jovem que aos 25 anos criou a clínica de Maternidade, assim a denominou: uma mulher e uma heroína omitida pela sociedade.

Decidiu então fazer o filme; sentiu que o mundo devia conhecer esta pessoa corajosa e dedicada, que enfrentou o chefe de polícia, que lutou pelas mulheres deportadas, para quem os seres humanos eram todos iguais, independentemente de suas raças e diferenças.

Sílvia Quer sabe que pessoas como Elisabeth não contam suas próprias histórias, e é dever nosso lembrar seus atos heróicos e suas lições de amor e desprendimento.

Filmado na Catalunha, o filme mostra Elisabeth e as mulheres por ela protegidas: Maya Cohen com seu bebê e o filho, Victoria envolvida com a Resistência (ação proibida na maternidade) e Aurora abalada com o nascimento do filho natimorto.

Aparece também o envolvimento da jovem enfermeira com as crianças da clínica, sempre ameaçada pelo intransigente pessoal de Vichy e seus superiores nazistas.



Cena do filme “A Luz da Esperança”

Quando a Maternidade recebe ordens de fechar, Eidenbenz encontra um meio ousado de salvar o hospital - plano este que levaria a expor um escândalo para a França, ou seja, as atrocidades inimagináveis do campo de concentração de Rivesaltes. Este campo, o maior do Ocidente, perto da fronteira oriental com a Espanha, aprisionou mais de 60 mil judeus, ciganos e refugiados. Muitos de lá foram levados para Auswchwitz.



Campo de Rivesaltes - 1941

Em meio a todas as tensões do momento esta valorosa enfermeira, filha de um pastor protestante, tenta aliviar o ambiente com atividades para todos os residentes, inclusive com uma celebração da festa de Santiago Apóstolo, com jogos, fogos e doces.


Assistamos agora uns poucos minutos deste filme comovente:




Finalmente, em 1944, os alemães fecharam a Maternidade e Elisabeth retornou ao seu país, sempre lutando pelas crianças desprotegidas.


Na Páscoa de 2002, 60 ex- refugiados - crianças que viveram na Maternidade de Elne - retornaram à cidade para uma celebração comovente em homenagem à sua benfeitora, Elisabeth Eidenbenz. 


1941


Eidenbenz (1913-2011) viveu quase 100 anos. Apesar de pouco conhecida, foi homenageada em Yad Vashem, Israel, como Justa entre as Nações, em 2002.



RIVESALTES  -  campo da vergonha – criado em 1936



CAMPO DE CONCENTRAÇÃO RIVESALTES  - FRANÇA

Em 2015 o campo virou Memorial- Museu de Rivesaltes.

Hall de Exposição

Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:


sexta-feira, 15 de março de 2019

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO - VIOLÊNCIA

ANTISSEMITISMO - VIOLÊNCIA


Violência e antissemitismo têm andado lado a lado ao longo da História. Nos períodos em que a violência é aumentada, há também um aumento dos processos de discriminação. O mais frequente e também o mais difícil de ser percebido é o antissemitismo, visto que se dirige a uma pequena parcela da população que é bastante difícil de ser definida - existem judeus em todos os continentes do mundo e sua cor de pele, feições e hábitos variam e se aproximam daqueles do país onde moram.


A partir da segunda metade do século XX surgiu uma forma mais moderna de antissemitismo: a negação ao judeu do direito a um lar nacional - transvertida com o nome de antissionismo. O desconhecimento de fatos básicos sobre a vida judaica ou sobre o Estado de Israel é a base para a discriminação. Assim, uma de nossas missões é divulgar e comentar fatos básicos e fatos de destaque focando tanto a vida em Israel, quanto aspectos do judaísmo que fogem da divulgação em geral.


Esta semana vamos sair da rotina e focar diretamente em fatos recentes que mostram o grande grau de violência que vem acompanhando a nova onda de antissemitismo.


Esta semana, numa atitude inacreditável, duas pessoas adentraram uma escola e atiraram em professores, alunos e funcionários. Como e por que isso aconteceu não é o foco deste debate, mas o fato é que aconteceu após notícias semelhantes ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, estava sendo noticiada a violação de túmulos judeus no cemitério de Porto Alegre.






Porto Alegre - Brasil - 11/03/2019

No dia 12 de março, também nesta semana, a advogada iraniana Nasrin Sotoudeh foi condenada a 38 anos de prisão e 148 chibatadas. Conforme noticiado pela imprensa mundial, Nasrin foi condenada em dois processos: um a 33 anos de prisão e 148 chibatadas e outro a mais 5 anos de prisão. O crime é aparecer em tribunal sem hijab, o que "encoraja a corrupção e prostituição e perturba a paz e ordem pública". Hoje, excepcionalmente, nos desviamos de nossa linha editorial para deixar registrado o nosso protesto para a bárbarie institucionalizada e pedir a todos e todas que se juntem em defesa do combate a hábitos e costumes que ferem a dignidade humana.



13/03/2019 - Imprensa ao redor do mundo, incluindo Brasil e Portugal mostram imagens da advogada Nasrin Sotoudeh -
Muito falamos sobre crimes de guerra e políticos no passado. Muito usamos os termos NUNCA MAIS - e o NUNCA, a negação continua sendo apenas retórico - e o MAIS - continua sendo o fato! 


A violência e o antissemitismo estão em alta. A Europa tem sido novamente o palco que serve para destilar ódio contra os judeus, mas atualmente outros países, incluindo os Estados Unidos e o Brasil, vêm servindo de base para ações cada vez mais audaciosas.


Violar cemitérios, como o observado na França e em Porto Alegre, é uma prática herdada dos séculos XVIII - XIX. Impedir o acesso à Universidade, ou discriminar estudantes judeus e israelenses dentro das Universidades era uma prática comum também em séculos passados e que havia sido praticamente erradicada, mas volta com muito força em vários países.


MAS - e SEMPRE há um MAS....


O mundo e não apenas os judeus estão alertas e temos observado reações que buscam reverter esta situação. A mais notável foram as ações ligadas aos governos do Reino Unido, França e Alemanha delatando e repudiando de forma específica o antissemitismo. Estas ações governamentais são de extrema importância e ocorrem na forma de ações no Parlamento, Passeatas e Manifestações na Mídia.


Um outro tipo de ação extremamente positivo é quando pessoas que são educadas em doutrinas que geram antissemitismo passam a conhecer pessoalmente os judeus e o Estado de Israel.


Termino este editorial-denúncia deixando uma luz de esperança. O fato de muitos no mundo estarem alertas e a violência poder ser denunciada e rejeitada pode ser um divisor de águas de tempos passados quando era impossível saber o que pensava o indivíduo.


Devemos aprender a dosar entre o que é a busca de uma identidade e o que é a imposição de uma verdade para todos. A pretensão de que há um caminho único é a melhor forma para a busca da violência. Os judeus continuam sendo diversos e cheios de opiniões. Costumamos dizer que quando dois judeus se encontram há sempre três opiniões em jogo. E talvez seja este culto à diversidade e o respeito ao outro que permita uma longa sobrevivência.


Somos contra o ódio e o terrorismo como forma de expressão de opinião - lamentamos que hoje seja mais fácil e frequente armar crianças e adolescentes do que dar-lhes o caminho do argumento fundamentado e crítico.


Semana Nova a Todos,


Editoria da Esh Tá Na Mídia


Regina P. Makus, Juliana Rehfeld, Marcela Fejes



segunda-feira, 11 de março de 2019

VOCÊ SABIA? - Chardonnay ... Sha’har-adonay



Chardonnay ... Sha’har-Adonay: simboliza a cidade santa de Jerusalém cercada pelas portas de D'us





Você sabia que a uva Chardonnay, conhecida no mundo como original da região vinícola da Borgonha, França, tem realmente suas raízes nas vinhas brancas das encostas de Jerusalém?

Esta uva de pele fina e cachos delicados predomina num dos mais prestigiados terroirs do país. Porém, segundo a história, “o nome desta casta branca tem sua origem nas vinhas brancas das colinas de Jerusalém, cultivadas principalmente nos solos ricos em calcário e argila da região.”





“A verdadeira (ou provável) origem do nome “Chardonnay” vem deste vinho branco e da língua hebraica e não do francês.

Os primeiros a levar esse vinho branco (e suas sementes) para a França foram os cruzados que vieram para a conquista da Palestina, cujo nome original em francês era “Porte de Dieu”, que significa “Porta de Deus”, cuja tradução em hebraico é “Shaar-Adonay”, simbolizando a Cidade Santa de Jerusalém, cercada pelas “Portas de Deus”.

Quando ouvimos em francês o nome desse vinho em hebraico “Sha’har-Adonay”, na realidade pronuncia-se como “Chardonnay”.

A uva Chardonnay foi levada então para a região da Borgonha, na França, dentro de Côte d’Or. Sua pele é verde, embora quando madura apresente coloração amarela-palha.




A Chardonnay tem uma grande capacidade aromática. Seus vinhos podem ter características distintas de acordo com o modo de produção utilizado ou o clima do local.

Quando esta uva é cultivada em regiões frias, seus vinhos apresentam leveza e frescor. Já em regiões mais quentes, os vinhos costumam ter mais estrutura e sabor de frutas tropicais.





Podemos dizer que características próprias da produção também fazem grande diferença nesta bebida.  Se produzidos em tanques de aço inoxidável, deixam a bebida mais “limpa”.
Caso sejam envelhecidos em carvalho, os vinhos ganham notas mais sofisticadas, como o toque de madeira e especiarias.”

Esta uva com fonte hebraica em seu nome é considerada a melhor das uvas brancas, a mais nobre das castas brancas, dispensando o envelhecimento em barricas de carvalho.
Também é de fácil harmonização aos mais variados tipos de alimentos.



E assim a fama da rainha das uvas brancas, a mais utilizada e a mais produzida no mundo, chegou aos rincões do sul do Brasil.


Os produtores gaúchos descobriram o potencial desta casta e sua inigualável capacidade de adaptação a qualquer ambiente, apostaram na variedade dos terroirs da região e se dedicaram com afinco ao cultivo e produção da chardonnay no estado do Rio Grande do Sul.




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.

FONTES:

sexta-feira, 8 de março de 2019

EDITORIAL: DIA DA MULHER

DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2019



Dia Internacional da Mulher - 8 de março - qual a importância? Qual o significado? 
Não temos dúvidas sobre as diferenças entre homens e mulheres e os papéis especiais que cada um ocupa em uma sociedade. Gerar filhos e alimentá-los na mais tenra idade é uma tarefa que não admite substituição, e que se torna muito melhor quando há colaboração.

Mas o Dia Internacional da Mulher não foca neste curto, apesar de importantíssimo, espaço de tempo na vida de um ser humano. Foca em toda a vida adulta em que mulheres buscam exercer tarefas para as quais são aptas e, se possível, melhor que muitos outros seres humanos - não por serem mulheres, mas por serem indivíduos.

Confuso? Será? Apenas para os que querem rotular as capacidades individuais usando estereótipos sociais. Neste momento, coloco em evidência a mulher que passou a ser um símbolo da relevância de olhar o indivíduo e não a classe.

MULHER, AMERICANA, NEGRA, na década de 1960, quando ainda a segregação era uma regra e o povo americano e o mundo testemunharam uma das grandes conquistas científicas - as viagens espaciais da NASA, que culminaram com a chegada à Lua. Sim, Katherine Johnson (nascida Coleman) que foi "um(a) do(a)s matemático(a)s" mais importantes do século XX, responsável pela chegada do homem à Lua. John Glenn, o primeiro homem a dar a volta à Lua, certificou-se que Katherine seria a responsável por checar a rota. "A Garota" completou 100 anos em agosto de 2018. E todos deveriam conhecer a história desta guerreira, que teve que superar a muitos preconceitos e que foi mãe dedicada, e que é MULHER. 


Katherine Johnson - NASA


Esta história emblemática se repete ao redor do Planeta Azul, o nosso! E se chegarmos a Israel, podemos saber que as coisas também não são fáceis para as mulheres e que lá também existem mulheres de muitas origens e etnias diferentes. Mas, apesar de querermos mais, não podemos deixar de contar alguns fatos.


MULHER NA POLÍTICA

Golda Meir - Primeira Ministra de Israel


Mulheres atuam na política de Israel em vários níveis. Golda Meir foi Primeira-Ministra de Israel na quarta legislatura. Mulher que viveu em três continentes e em três sociedades muito diferentes, que perseguiu um sonho e realizou. Um passado de perseguições e a chegada ao novo mundo criaram a certeza de que queria algo mais, queria um país para seus filhos e foi atrás de um sonho. Após Golda, outras mulheres ocuparam cargos no gabinete e no Congresso Nacional Israelense. Aqui vale lembrar que apenas congressistas eleitos podem ocupar cargos no Ministério israelense. As mulheres, apesar de serem em pequeno número, contam com uma grande diversidade - árabes, palestinas, negras, religiosas, progressistas. Todas as faces da política israelense tem mulheres que buscam representação. Mas como aqui no Brasil ainda é pouco, forçar apenas porque são mulheres pode resultar em má representação. Mas como acontece com Katherine Johnson - há mulheres dotadas para a busca do bem comum. 

MULHER no EXÉRCITO


Ruth Weistheimer - 2019 e 1948

Israel é conhecido por ter serviço militar obrigatório também para as mulheres. Como o exército de Israel é um local de formação de alta relevância para o país, há espaço para muitas atividades, inclusive algumas que podemos considerar mais adequadas para o perfil feminino. Não podemos negar diferenças. Mas, e sempre há um mas... Há alguns casos que vem recebendo destaque.

Ruth Westheimer  (nascidade em 1928), conhecida como Dra. Ruth - sexóloga de grande sucesso no meios de comunicação israelenses, nasceu na Alemanha e poderia ter sua biografia ligada ao Holocausto. Sim, ela tem o que relatar sobre este perído, mas o que mais chama atenção no seu perfil é que durante a Guerra da Independência de Israel (1948), quando homens e mulheres lutavam lado a lado e a munição era escassa, "o atirador de elite" era uma atiradora - a jovem Ruth, que naturalmente nunca perdia um alvo, mesmo os mais distantes.

Há muito mais histórias - mas esta é um lembrança que mostra a importância do indivíduo - o DOM.


MULHER e JUDAíSMO 


Nechamá Leibowitz

Mulher e religião. Se perguntarmos às mulheres judias, às ortodoxas, mulheres conservadoras ou reformistas e principalmente às que não tem nenhuma ligação com a religião quais a mulheres de destaque nas escolas rabínicas, a resposta será: Que pergunta! Poucas lembrarão das filhas do Rabino Shlomo Yitzchaki, RASHI (1040-1105), que eram versadas nos estudos judaicos, e menos ainda conhecerão NECHAMA LEIBOWITZ (נחמה ליבוביץ׳(1905-1997). Ela nasceu em Riga, viveu em Berlim e doutorou-se pela Universidade de Marburg, na Alemanha (1930). Emigrou para o Mandato Britânico da Palestina na mesma época e iniciou carreira universitária em Israel. Ao mesmo tempo, começou a responder em folhas mimeografadas questões sobre religião em geral, e Talmud em especial. Esta ativiade se prolongou até a era da INTERNET - e foi esta a grande Mestre reconhecida pelo rabinato. Judia ortodoxa, soube ser uma mulher do século XX, e juntar seu nome ao dos grandes conhecedores e estudiosos. Neste ponto precisamos lembrar que ser um Talmid Torah (estudantes de Torah) é uma grande aspiração.

Em muitos outros campos encontramos mulheres de destaque, o mesmo acontece no Brasil - mas ainda temos muito a percorrer!

E mostrando que o caminho é longo, lembro que há uma israelense que ganhou o Prêmio Nobel de Química. Muitas vezes já falamos da Prof. Ada Yonat do Instituto Weizmann de Pesquisa de Israel e como ela cristalizou o ribossoma - missão considerada impossível por muitos, e que abriu grandes perspectivas na medicina. Ada Yonat e sua atividade científica merece um Editorial completo.

MULHER - 👩

MULHERES

Este é um dia para reflexão! É um dia para lembrarmos de pessoas muito especiais e de reconhecermos que cada uma de nós é especial. E, por favor: cada homem também.

Em celebrando as mulheres, celebramos toda a humanidade.

Boa Semana 

Regina P Markus

segunda-feira, 4 de março de 2019

VOCÊ SABIA? - Carnaval Judaico em Colônia





Você sabia que após 8 décadas de silêncio os foliões judeus de Colônia, na Alemanha, voltaram a desfilar com suas fantasias, máscaras, canções e muuuita alegria neste Carnaval de 2019?

No último dia 4 de fevereiro, um grupo da cidade inaugurou oficialmente seu clube carnavalesco, o Kölsche Kippa Köpp, KKK ou “Cabeças de Quipá de Colônia”.
Os fundadores escolheram este nome em homenagem ao clube anterior à guerra, que também ostentava estas letras KKK: Kleiner Kölner Klub (Pequeno Clube de Colônia), fundado no início da década de 20 por Max Solomon, um comerciante têxtil judeu apaixonado por boliche e Carnaval.

"Os judeus de Colônia sempre fizeram parte da vida carnavalesca multifacetada, mas há muito tempo que eles não têm visibilidade", disse o presidente do clube, Aaron Knappstein.
O clube se tornou popular entre os foliões judeus da cidade. Seus membros faziam bailes de máscaras e participavam de festivais de fantasias, segundo o jornal local Kölner Stadt-Anzeiger.
A agremiação se desintegrou depois que os nazistas chegaram ao poder, em 1933. Muitos membros foram assassinados, e outros foram forçados a fugir do país.
"Conhecemos bem as tradições do KKK anterior, mas também estamos felizes em começar novas tradições", disse Knappstein, citada pela agência de notícias DPA.
 As iniciais KKK se tornaram infames no mundo todo devido ao Ku Klux Klan, grupo racista e antissemita baseado nos Estados Unidos.
O novo clube em Colônia disse estar ciente da associação negativa e que tentará evitar ostentar as iniciais, não as imprimindo na medalha do clube, por exemplo.”


O primeiro desfile de Carnaval de Colônia aconteceu em 1823.

De lá para cá, muitos eventos se seguiram mas Colônia continua oferecendo o melhor Carnaval da Alemanha:

“Carnaval de Colônia é um agito de multidões e movimenta milhões de euros. Quando, em pleno inverno, se ouve o "grito de guerra" Kölle Alaaf! (Viva Colônia!, no dialeto local) pelas ruas da cidade, é sinal de que começou o que os colonianos chamam de "quinta estação do ano". O início da temporada já acontece no dia 11 de novembro, às 11 horas e 11 minutos, e vai até a Quarta-Feira de Cinzas.”


Neste ano de 2019, a comunidade judaica da cidade voltará a participar da festa da alegria, resgatando a tradição destruída pelo regime nazista. Os foliões do KKK tomarão conta da avenida unindo-se aos demais carnavalescos, uma população internacional e extrovertida.

Pode-se escutar até mesmo o batuque de samba brasileiro.


Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.

FONTES: