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segunda-feira, 29 de março de 2021

VOCÊ SABIA? - Os líderes árabes e sua relação com os refugiados palestinos

Ativistas pela paz anunciam ao mundo a verdade sobre os líderes árabes que criaram o problema dos refugiados palestinos.

Por Itanira Heineberg



Você sabia que aos poucos a dolorosa verdade sobre refugiados palestinos e suas misérias vem à tona através dos próprios árabes?


“Ativistas árabes pela paz como Tass Saada e Nonie Darwish sentem que é hora de as pessoas do mundo todo aprenderem a verdade, que os líderes árabes criaram o problema dos refugiados palestinos e eles simplesmente os usam como uma arma política. Na verdade, eles não ligam para isso. Mesmo os líderes da OLP declararam oficialmente que os refugiados palestinos não se qualificariam como cidadãos de qualquer Estado palestino que seja criado. Até que essa realidade seja aceita, as coisas não vão mudar neste conflito.”


Esta verdade aparece no recente livro de Tass Saada e Dean Merril, “Once a Man of Arafat”, ou “Uma vez um Homem de Confiança de Arafat”, em que o autor relata sua infância insegura, o nascimento em Gaza, a mudança aos dois meses para a Arábia Saudita onde palestinos eram tratados como inferiores, depois nova residência no Qatar a mando de um príncipe saudita. O pai de Tass tudo obedecia e a tudo se submetia, mas o jovem não aceitava as realidades inconstantes de sua vida.

 

Tass fugiu de casa e aos 17 anos era dono de um rifle Simonov, arma esta que o deixava inflado de orgulho e poder.

Tornou-se um hábil franco-atirador da OLP, Organização para Libertação da Palestina, e motorista particular do presidente Yasser Arafat.

Sua vida de refugiado na Arábia Saudita encheu-o de ódio, assim como a outros palestinos. Seu ódio era totalmente direcionado para Israel.

Foi com alegria e satisfação que matou muitos soldados da defesa israelense, IDF, e outros judeus proeminentes, escondendo-se por horas indeterminadas em telhados ou na copa de árvores à espera de sua presa que era então abatida a sangue frio, rapidamente, sem compaixão.

Seu objetivo era cumprir missões e atividades contra o país israelense.

Seu prognóstico seria um fim abominável como o de muitos outros jovens palestinos refugiados, cheios de ódio e desejo de vingança, mortos em combates, explosões ou traições.

Mas com alegria Tass relata sua sorte inimaginável ao obter um visto para os Estados Unidos, apesar de seu passado assassino como membro do Fatah de Yasser Arafat.

Uma vez nos Estados Unidos, ele se casou com uma jovem americana e iniciou sua família. Deu-se muito bem nos negócios de restaurantes e após muitas  peripécias e viagens, reconciliou-se com seu passado, extinguiu o ódio em seu coração e converteu-se ao cristianismo apesar da ferrenha oposição de seus familiares distantes, criando uma instituição que hoje ajuda os jovens e crianças desencaminhados em Gaza.

Tass participa assiduamente de encontros entre cristãos, judeus e muçulmanos em prol da paz.

Tass denunciou com veemência a falta de seriedade por parte da OLP em cumprir os Acordos de Paz de Oslo, tratado assinado em 1993 entre o governo de Israel e o presidente da OLP, Yasser Arafat.

Mediados por Bill Clinton, presidente americano, estabeleceu-se o compromisso bilateral de unir esforços para a realização de paz entre os dois povos.

Apesar das promessas, a OLP não cumpria o prometido, o que enfuriava o jovem Tass.


Isaac Rabin, Bill Clinton e Yasser Arafat durante os Acordos de Paz – Oslo 1993


Tass não foi o único a denunciar a falta de comprometimento da OLP com os israelenses.

 

“Nonie Darwish também atestou que os líderes árabes praticam regularmente essas táticas enganosas, hoje sua sociedade em toda a região prega continuamente que a paz duradoura com Israel não é possível.

Apelos à Jihad contra judeus, cristãos e todos os infiéis "não-muçulmanos" eram pregados diariamente, tanto no governo, quanto nas mesquitas, e a mídia antes e depois da Guerra dos Seis Dias de 1967. Aqueles que defendiam abertamente a paz foram envergonhados publicamente, até mesmo mortos.” 

                                                               


“Nonie Darwish é uma ativista americana de direitos humanos, escritora, oradora e fundadora do Arabs For Israel.

Ela também é diretora do Former Muslims United.

Os tópicos de seu discurso cobrem direitos humanos, com ênfase nos direitos das mulheres e direitos das minorias no Oriente Médio.

Darwish é autora de dois livros Now they Call Me Infidel: Por que renunciei à Jihad pela América, Israel e a guerra contra o terrorismo, e seu último livro Cruel and Usual Punishment: The Terrifying Global Implications of Islam Law.”

 

Nonie cresceu em Gaza e no Cairo e perdeu seu pai aos 8 anos, um oficial militar do alto escalão, em um ato terrorista que o elevou à categoria de shahid, mártir da jihad.

Aos 30 anos mudou-se para a América, e assim como Tass, encantou-se com a liberdade encontrada em sua nova terra.

Após o evento de 11 de Setembro, começou a falar em prol da tolerância.

Seu outro livro, “Castigo Cruel e Constante” fala das condições das mulheres muçulmanas sob a lei islâmica, a Sharia.




"LÍDERES ÁRABES QUE RECONHECEM QUE FORAM OS ÁRABES QUE CRIARAM A QUESTÃO DOS REFUGIADOS PALESTINOS 

Desde 1948 solicitamos o retorno dos refugiados à sua terra, enquanto fomos nós que os obrigamos a sair.

Entre o convite estendido aos refugiados e o pedido às Nações Unidas para a decisão de sua volta, apenas alguns meses se passaram.

TENTATIVAS DOS PALESTINOS DE REESCREVER A HISTÓRIA NUNCA APAGARÃO CITAÇÕES COMO ESTA.”


FONTES:

https://www.jpost.com/international/the-palestinians-should-have-been-federated-with-jordan-661248?utm_source=ActiveCampaign&utm_medium=email&utm_content=I+was+fully+vaccinated+and+still+caught+corona+-+here+s+why&utm_campaign=March+8+Night

https://www.jpost.com/christian-in-israel/features/from-enemy-to-peace-maker

https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/jan/14/middleeast-christianity

https://bridgeofgracemissions.blogspot.com/2019/02/palestinian-arabs-confess-that-arab.html?m=1

https://www.theguardian.com/commentisfree/belief/2009/jan/14/middleeast-christianity

https://www.google.com/search?gs_ssp=eJzj4tTP1TcwsShPLjJg9OLNy8_LTFVISSwqzyzOAABoGwh6&q=nonie+darwish&oq=nonie+&aqs=chrome.1.69i57j46j46i10i433j0i10l6.8622j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8

https://moodyaudio.com/person/nonie-darwish

https://jhs.press.gonzaga.edu/articles/abstract/10.33972/jhs.51/

quinta-feira, 25 de março de 2021

EDITORIAL: Chag Pessach/ Chag Herut -

Chag Pessach - Chag Herut




Há mais de 3300 anos os judeus comemoram a Festa da Passagem - Pessach, que CONTA a passagem da escravidão para a liberdade. Este texto reflete a longevidade da festa e também a sabedoria contida na Torah, quando HaShem diferencia LIBERDADE de LIBERTAÇÃO! A diferença entre Escravos Libertados e Homens Livres! Escravas Libertadas! e Mulheres Livres! Escravidão e Liberdade. 

Observem que a palavra de destaque na frase acima é CONTAR ... no sentido de contar um história. Não é usada a palavra ensinar. CONTAR - é lúdico, divertido e pode ser feito falando, cantando, brincando! O jantar de Pessach, chamado de Seder (Ordem) porque tem uma sequência muito bem determinada, reúne a grande família ao redor de uma mesa para que todos escutem a história que está sendo contada. As crianças perguntam: "Por que esta noite é diferente de todas as outras noites?" e segue-se a narrativa, as músicas, as brincadeiras, o jantar e o fechamento super alegre. Lembro que aos 5 anos, adorava experimentar o vinho e fazer as perguntas. Com o passar dos anos as funções foram mudando, mas o ritual continua. E como foi revigorante em um ano que estávamos em Dubrovnik seguir o mesmo ritual em outras paragens - e notar todas as semelhanças e as pequenas diferenças! Sobreviver 3.300 anos requer a cumplicidade de muitas gerações, em muitos locais diferentes deste planeta, e com variações sobre o mesmo tema mantendo, no entanto, o tema central. 

Conta-se a saída do Egito sem mencionar o nome de Moshé. A explicação mais tocante que escutei é porque sobre isto, todos deveriam ter sido ensinados - e portanto estava sendo lembrado nas mentes de cada um dos presentes. Cantar as músicas de sua irmã, Miriam, reverenciar sua mãe, Yocheved e a filha do Faraó, cujo nome não chega a ser mencionado, é uma forma de falarmos de mulheres únicas que se destacaram pelas suas ações. Falar das parteiras, Sifrá e Puá, mencionando os seus nomes, é reverenciar as mulheres profissionais. Lembrar da esposa de Moshé, Tsiporah, que era cushi (negra), e cujo pai, um líder de seu povo, segue e aconselha Moshé, mostra que o Povo de Israel é diverso desde suas origens. Lembro que nada disto é ensinado e analisado - mas sim é CONTADO - e a cada geração as análises vão variando e formando uma base bibliográfica para muitos estudos.

Na Torah, que foi entregue no deserto muito depois que o povo foi libertado, estão estipuladas as formas como será celebrada a Festa da Passagem - Chag Pessach, Chag Herut. Também chamada de Chag Aviv (festa da primavera) que chega no hemisfério norte nesta época. Em editoriais anteriores comentei sobre os vários aspectos históricos e rituais e no ano passado sobre o SederZOOM! Até isto este ano se repete! 

Você podem seguir os 4 anos de história da ETNM (EshTánaMídia) relendo os editoriais anteriores (links no final deste texto). Hoje quero apresentar algo que ainda não mencionei e que foi inspirado em um texto de Jayme Fucs, publicado em 2014.

Escravizar era uma prática comum e aceita em toda a Antiguidade. Tão comum que nem mesmo Platão, o filósofo grego que lança as bases para a República, ou Sócrates deitam seus olhos sobre os escravos; eles não contavam. Com o passar dos séculos esta prática foi sendo abolida, mas em todos os casos que tenho lembrança, e por favor, escrevam os que tenham outras informações, falamos de Libertação dos Escravos. Aqui no Brasil é comemorada a Abolição da Escravatura e a Libertação dos Escravos. 

Pessach, no entanto, não é Chag Shchrur (Festa da Libertação), é Chag Herut, a Festa da Liberdade. Como foi possível passar da escravidão para a liberdade, sem sofrer um processo longo de adaptação e de busca de identidade?

Encontramos a resposta na própria Torah, e na criação da Festa de Pessach. Na mesma parashat em que D'us menciona comemorar Chag Herut é lembrado que esta festa também pode se chamar "Chag Herut Tenai". Amigos, a tradução literal seria "Festa da Liberdade Condicional"! Soa estranho aos meus ouvidos! Vou tomar a liberdade de traduzir por Festa da Liberdade Responsável - e isto porque logo em seguida seria entregue no Monte Sinai a Torah - as Leis - e para que a liberdade pudesse ser conservada havia a necessidade de seguir um código legal. Lembrar e Atuar - lembrar com alegria e da forma possível para cada um e atuar dentro de um código legal que admita a inclusão. 

Será preciso ser judeu para seguir regras gerais de conduta? Quero aqui lembrar um dos pontos cruciais da linguagem dos antissemitas - "Povo Eleito!". Traduzir nem sempre é fácil e nem sempre é livre de consequências maiores. Nós hoje sabemos que quando um homem "traduz" a mensagem de um vírus, cria muito mais vírus e fica mortalmente doente (um pouquinho de biologês). Os homens que não traduzem a mensagem do vírus podem nem sintomas ter! Povo Eleito não está escrito na Torah - mas sim, aqueles que estavam ao pé do monte Sinai recebiam as leis que deveriam ser passadas para seus filhos e também disponibilizadas para todos os outros povos da terra. O espírito da lei deveria ser disseminado. E não aquela lei em particular.

E podemos ver que em todos os rincões da Terra em que há respeito por todos e pela diversidade, a liberdade impera. Vamos a mais um Seder no Zoom - escolham entre os muitos sedarim comunitários e os que são feitos em família e comemorem com um deliciosa refeição cujas regras foram ditadas há mais de 3.300 anos. 

CHAG PESSACH KASHER ve SAMEACH - E como acabam todas as Hagadot de Pessach:

Le Shana habá B' Irushalaim - O ano que vem em Jerusalém!


Regina P. Markus


CHAG HERUT - Clique para ler:

Editorial de Pessach de 2017

Editorial de Pessach de 2018


Editorial de Pessach de 2019


Editorial de Pessach de 2020



segunda-feira, 22 de março de 2021

VOCÊ SABIA? - Osnat Barzani

 

Na sequência das mulheres que influenciaram o mundo de maneira positiva e enriquecedora, falemos de Osnat Barzani!

Por Itanira Heineberg


Ninguém sabia ainda, mas ela se tornaria a primeira rabina da história.


Asenat bat Shmuel Barzani, Osnat Barzani ou Asenath Barzani (1590–1670) (em curdo, Asênat Barzanî)


Você sabia que Osnat Barzani, uma poeta, escritora e professora curda foi a primeira mulher rabina em Mossul, no Iraque, assim como a primeira líder feminina na história do Curdistão entre os séculos XVI e XVII?

Filha do rabino Shmuel ben Netanel Ha-Levi do Curdistão, que não tinha filhos, Osnat foi instruída para ser uma erudita estudiosa dos textos sagrados judaicos e do misticismo.

Osnat nasceu em tempos que mulheres não aprendiam a ler e as pessoas acreditavam em milagres.

Apesar das crendices da época, Osnat foi muito além de aprender a ler.

Ela se casou com o rabino Jacob Mizrahi, um dos melhores alunos da yeshivá de seu pai, e ajudou-o a administrar a escola depois da morte do rabino Shmuel.

Enquanto seu esposo se dedicava com afinco aos seus próprios estudos, Osnat assumiu a maior parte do ensino na escola. Na realidade não havia nada a estranhar neste fato pois ela não fora treinada para fazer o trabalho feminino típico de sua época. Seu pai foi intransigente com o futuro marido Jacob ao exigir que o moço nunca demandasse de Osnat as tarefas domésticas após o casamento.

Com o falecimento do esposo Jacob, Osnat aos poucos se tornou chefe da yeshivá.

Passou a dividir seu tempo entre o ensino e aulas e grandes e desesperados esforços para levantar fundos para salvar a instituição.

Seu filho Samuel cresceu, tornou-se um brilhante estudioso e assim foi enviado por Osnat a Bagdá para lá dirigir uma yeshivá.


“Osnat é admirada e lembrada pelas comunidades judaica e curda em geral como uma grande líder, professora e milagrosa mística.”

 

Sigal Samuel, jornalista, escritora e redatora da equipe da Vox tem a intenção de compartilhar a história de Osnat Barazani com a próxima geração.

É um livro juvenil, e com ele Sigal pretende estimular as jovens  a se descobrirem e não desistirem de seus planos pelo simples fato de serem mulheres.


Sigal fez isso com outro livro infantil intitulado “Osnat and Her Dove”, publicado em 2 de fevereiro de 2021 por Levine Querido.


“Eu queria corrigir o mito de que não havia e não pode haver uma rabina no mundo Ortodoxo ou Mizrachi.”


Em entrevista ao Times of Israel, Sigal Samuel disse que se identificava fortemente com Osnat não apenas por causa de suas origens iraquianas em comum.


“Minha família é iraquiana por parte de pai, a família de minha mãe é marroquina e eu cresci na comunidade judaica ortodoxa de Montreal. Eu simplesmente não conseguia me imaginar vir a ser um rabino como uma opção”, disse Sigal Samuel.

“As únicas mulheres rabinas que vi foram Ashkenazi e dos movimentos reformistas e conservadores. Não vi ninguém que se parecesse comigo”, disse ela.

 

Então, quando Sigal descobriu recentemente que a mulher amplamente considerada a primeira rabina da história era do Oriente Médio, ela ficou surpresa e emocionada.

Sigal, assim como Osnat, também cresceu aprendendo Talmud e Cabala com seu pai, que ensinava misticismo judaico na Universidade Concordia.

 

“Eu voltava para casa da minha escola judaica, onde aprendia as matérias judaicas usuais, e então me sentava e estudava o Zohar com meu pai, assim como Osnat fez”, disse.

 

Sigal se baseou nos exemplos limitados da própria escrita de Osnat (cartas e poemas) que permanecem, assim como nas lendas curdas sobre ela, para criar a narrativa de seu livro infantil.

Tendo escrito um romance premiado sobre misticismo, “The Mystics of Mile End”, Sigal ficou especialmente fascinada com as lendas sobre as habilidades sobrenaturais da rabina.

Exemplos da operação milagrosa de Osnat aparecem em "Osnat and Her Dove".

 

“Algumas pessoas a quem mostrei o manuscrito questionaram minha decisão de incluí-lo em uma biografia, que é algo que se pode argumentar que trata apenas de fatos” - explicou.

“Mas eu realmente queria incluir a realização de milagres e feitos místicos de Osnat. Gosto de realismo mágico e deixarei para o leitor como interpretá-lo”.



 “Quase quinhentos anos atrás, quando quase todos acreditavam em milagres, uma menina nasceu no Oriente Médio. Seu nome era Osnat.”

A menina realiza o milagre de curar uma pombinha morta por um caçador.

Mas talvez o maior milagre de Osnat seja demonstrar aos jovens que aprendendo e atingindo o conhecimento, todos podem seguir suas inclinações e descobrir novos e não percorridos caminhos.

 

“Ninguém sabia ainda, mas ela se tornaria a primeira rabina da história.”

 

FONTES:

https://www.revistakadimah.com/post/a-primeira-rabina-do-mundo-liderou-uma-yeshiva-mosul-do-s%C3%A9culo-16-para-os-judeus-curdos

https://contemplatrix.files.wordpress.com/2021/02/2.png

https://www.anumuseum.org.il/blog-items/osnat-barazani-brilliant-woman-headed-yeshiva/

https://www.enlacejudio.com/2020/06/14/osnat-barzani-la-primera-mujer-de-la-historia-que-dirigio-una-yeshiva/

https://www.amazon.com.br/dp/B08SJ3F8W6/ref=dp-kindle-redirect?_encoding=UTF8&btkr=1

quinta-feira, 18 de março de 2021

EDITORIAL: Tecnologia, Meio Ambiente e Sobreviência


 
Tecnologia, Meio Ambiente e Sobrevivência



Tecnologia a serviço de alimentos e da Preservação Ambiental:
Brasil e Israel empenham-se na produção de alimentos independente de áreas agriculturáveis e do transporte de longa distância.
Destacamos no Brasil atividades desenvolvidas por escolares que vem merecendo premiações nacionais e internacionais em feiras de ciência - pessoas capazes de criar e escolher novas tecnologias. 
Destacamos em Israel as tecnologias mostradas no Você Sabia desta Semana.


O século XX presenciou uma das maiores evoluções tecnológicas da humanidade. Yuval Noah Harari, o conhecido historiador e escritor israelense cujos livros foram traduzidos para dezenas de idiomas,  separa o processo da evolução do domínio do homem sobre o planeta em três etapas. Na primeira, há mais de 70.000 anos, o homem aprendeu a contar e divulgar histórias criando um imaginário coletivo que agregou indivíduos formando um corpo social. Isto ampliou em muito a capacidade de defesa e convívio com seres fisicamente mais fortesPensar e transformar o pensamento em texto e contexto é até hoje uma forma de superar  a fraqueza física. A segunda fase, a agrícola, começou há 10.000 anos, e com ela a possibilidade de liberar o fornecimento de alimentos do meio ambiente e criar condições para minimizar a fome. Há 500 anos iniciou-se a civilização baseada na ciência. Neste caso, além das tecnologias necessárias para fins utilitários, o homem passou a buscar o entendimento dos fenômenos terrestres e de seus componentes, indo do mais absoluto reducionismo à mais complexa sistematização. O homem olhou o átomo, com o núcleo central circundado por elétrons em órbita, e o comparou com os planetas ao redor de uma estrela central. No cosmos havia também outros elementos, como os satélites e anéis de poeira, que com o passar dos tempos também foram descobertos no microcosmo (átomo). 

Nesta semana encontramos nos jornais brasileiros um amplo debate sobre o meio ambiente e a relevância de sua preservação. Sobre a fome ao redor do mundo, algo inaceitável no século XXI, mas tão presente ao nosso redor e em muitas terras distantes. Esta pode ser resultado de guerras ou catástrofes ambientais, mas também é endêmica em muitas regiões. O que terá tudo isso a ver com o objetivo da EshTá na Mídia (ETNM)? 

O leitor deve estar pensando - muito fácil de responder! Alguns grupos que combatem o sionismo e o Estado de Israel criam "estórias" (com a grafia que antigamente se usava para diferenciar fatos de boatos) difamando e demonizando o Estado de Israel. Estes grupos também propõem ações concretas de boicote a produtos israelenses! Ao mesmo tempo, na outra ponta do discurso e usando fatos que embasam o título de "Nação Start Up", o moderno Estado de Israel desenvolve de forma ímpar conhecimentos científicos e os transfere para utilitários que transformaram a nossa vida. Desde a criação do pen-drive, de uma gama importante de componentes físicos e processuais que permitem que hoje vivamos na INTERNET até novos procedimentos aplicados à educação, saúde e geração de alimentos. Está sendo feito o caminho inverso, não contado em intervalos de milênios, mas sim em intervalos de décadas; do conhecimento científico à agricultura. E com isso a uma dimensão que ainda não estava no HOMO SAPIENS de Harari - vou chamar aqui de OLHAR PLANETÁRIO - A TERRA.

Se contamos com a tecnologia para chegar à ciência, hoje temos que contar com a ciência para desenvolver tecnologia para proteger o nosso planeta, a nossa TERRA. No Você Sabia desta semana, que está imperdível,  Ithanira Heinenberg descreve  HORTAS VERTiCAIS  de altíssima produtividade e que poderão alimentar os milhões de pessoas que habitam as nossas cidades! Imagine ter alguma hortas destas dentro de nossas megalópolis. Além da produção de alimentos em áreas muito menores, estaríamos evitando o transporte e com isso um gasto desnecessário de energia. 

Acertaram - o termo SOBREVIVÊNCIA do título refere-se ao nosso planeta, ao nosso meio ambiente que poderá ser protegido não pela derrubada do agronegócio, que é essencial para que todos os cidadãos deste planeta possam ser alimentados, mas pela nova caminhada que revolucionará a forma com que produzimos alimentos! Ao sonhar além do limite de nosso planeta, buscando formas de nos alimentarmos fora deste contexto, é possível que encontremos formas de revolucionar mais uma vez a agricultura e impor uma mudança do processo iniciado 10.000 anos atrás.

E quanto ao Estado Judeu fica a esperança de que, assim como sobreviveu aos babilônicos, gregos, romanos, à Idade Média, Inquisição, Cruzadas e ao Nazismo, também vai romper a barreira dos movimentos que nos séculos XX e XXI difamam o jovem Estado de Israel. No momento já encontramos vários movimentos que mostram que difamar o sionismo é a mais nova forma de antissemitismo.

Nestes tempos de pandemia, como é bom correr os séculos e encontrar o verde da esperança representado pelo verde das novas práticas agrícolas e também verificar que apesar das "estórias" que embasam difamações e demonizações, a real história abre um novo capítulo para embasar a continuidade do povo judeu. Céu azul com poucas nuvens!

Cuidem-se.

Regina P. Markus

segunda-feira, 15 de março de 2021

VOCÊ SABIA? - Hortas Verticais

 

Novas tecnologias para alimentar a crescente população mundial, que deverá ser de 10 bilhões de pessoas em 30 anos, levam supermercados israelenses a utilizar hortas verticais para vender verduras frescas.

Por Itanira Heineberg


Você sabia que devido ao aumento vertiginoso da população global e para atender às novas necessidades alimentícias, a quantidade de verduras produzidas em escala global deve aumentar 60%?



“Aproveitando uma onda de valorização de produtos frescos e orgânicos, a rede de supermercados Rami Levy, uma das maiores de Israel, tem cooperado com duas startups do setor agritech para erguer containers equipados onde receber plantações de frutas e vegetais que serão vendidos ali mesmo.

A idealizadora destes projetos é a Vertical Field, empresa com sede em Ra’anana que cria fazendas verticais urbanas com o uso de tecnologia geopônica, unindo sua expertise na agricultura com o smart design. A ela se juntou a Bioled, startup de Tzuba que faz uso de eco iluminação ao utilizar luzes de LED para que a cultura agrícola seja mais sustentável e lucrativa.”

Mais habitantes no planeta, mais alimentos a serem consumidos.

Como os métodos atuais de plantio exigem quantidades maiores de água e terra do que dispomos no momento, novas soluções se fazem necessárias.


Fazendeiros terão de usar escadas à medida que o verde subir pelas paredes.


Também a pandemia do novo coronavírus causando transtornos na cadeia de fornecimento de mantimentos serviu de alerta para o futuro da alimentação global.

Estas novas tecnologias eliminam o trabalho nas fazendas e entregas convencionais enquanto fornecem produtos mais frescos e menos nocivos ao meio ambiente por não utilizarem tantos insumos. 

 


“A importância da iniciativa foi reconhecida com a escolha da Vertical Field na edição de 2019 da lista de startups a serem observadas do Silicon Valley Review e World Smart City.”



Vertical Field

As paredes verdes baseadas no solo fornecem resultados reais, tornando as cidades mais verdes, mais saudáveis ​​e mais sustentáveis.

Esta preocupação com os alimentos do planeta tem levado muitas pessoas, órgãos e grupos de alunos a lançarem mão de soluções práticas, inteligentes e efetivas.

Em 2020 a Stop Hunger (Pare a Fome) criou um projeto em parceria com o Instituto Escola do Povo compreendendo uma horta comunitária com ações de capacitação e educação para a comunidade da favela Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo.

Foi criado um espaço com cerca de 900 m2 para o plantio de legumes tendo em vista educar, capacitar e oferecer hortaliças às pessoas da comunidade cadastradas no projeto, garantindo-lhes uma alimentação mais salutar.

 


“O local terá ainda módulos para plantio de frutas, hortaliças e hortas verticais. Durante os workshops haverá capacitação com ensino de técnicas de cultivo, redução e reutilização de resíduos orgânicos aplicados como fertilizantes na horta. Ao todo serão mais de 60 tipos de espécies de hortaliças e frutas que serão cultivadas – a previsão é beneficiar mais de mil pessoas, com ênfase na capacitação de mulheres.”

 

Dia 16 de outubro é o Dia Mundial da Alimentação, mas neste momento observa-se no mundo um movimento de preocupação com a alimentação do futuro próximo.

Hortas comunitárias e muitas vezes verticais vêm sendo criadas entre vizinhos, voluntários, estudantes, como viemos a conhecer um grupo de ex-alunos da Faculdade de Agroecologia de Matinhos, Paraná, que se uniram e criaram hortas para todos utilizando áreas abandonadas na cidade onde ensinam a plantar e cuidar das hortaliças sem ajuda de agrotóxicos.

Os moradores destas zonas desprivilegiadas aprenderam um novo mister ao mesmo tempo em que passaram a receber gratuitamente alimentos mais saudáveis e fresquinhos.

 

Hortas comunitárias na Região Sul de Curitiba.


 

 

FONTES:

http://hebreu.blogspot.com/2021/03/supermercado-israelense-utiliza-hortas.html

https://www.verticalfield.com/

https://nocamels.com/2015/06/israeli-greenwall-vertical-gardens-food/

https://casa.abril.com.br/news/em-sao-paulo-paraisopolis-ganha-horta-comunitaria/

https://www.curitiba.pr.gov.br/servicos/agricultura-urbana/714#:~:text=Hortas%20Comunit%C3%A1rias%20Urbanas%20%E2%80%93%20Caracteriza%2Dse,de%20Moradores%20ou%20Entidade%20Social.

 


sexta-feira, 12 de março de 2021

EDITORIAL: História do Judaísmo – uma narrativa de continuidade


A busca de material para escrever a cada semana é um jogo excitante. Um jogo que ocupa alguma região oculta do cérebro que vai prestando atenção em tudo que acontece e, de repente, resolve abrir um caminho para que possa ser escutado.

Nestes tempos de pandemia há tantas coisas super interessantes acontecendo que facilita muito este processo, mas esta semana o Dia Internacional da Mulher trouxe uma perspectiva nova. Não deixa de ser uma perspectiva parcial, pois tenta olhar o mundo através das mulheres. Na maioria dos relatos apenas os "muitos lados negativos" são enfatizados. Em outros relatos também separatistas são cantadas as vitórias dos movimentos feministas. Nestes dois contextos o que se projeta para o futuro é a continuidade da luta. Uma luta permanente... Será esta a mensagem que queremos? Um balanço, um acerto de contas? 

Com estas dúvidas em mente, leio o "Você Sabia" novamente, e percebo que no final está resumido o que quero desenvolver. Leiam com atenção a história de como se deve buscar os muitos lados da própria história - e que ao contar sobre o holocausto, nesta oportunidade foram dadas cores e vida ao grande número de pessoas comuns ou com poder, que auxiliaram a impedir que o desejo de extinguir o povo judeu no século XX fosse levado a termo. Mais que isso, lá podemos sentir como o que cada um faz é importante para moldar o futuro.

Este gancho leva à reflexão sobre "narrativa de continuidade". Como poderemos dissecar esta narrativa, chegar ao seu âmago, conhecer o esqueleto, o coração, a sua fonte de energia e como é coordenada. Como cada um de seus elementos operam.

Sim, podemos levantar muitas questões para chegar a um conjunto de fatores que permitam entender como um grupo tão pequeno e diverso de pessoas pode percorrer milênios de história contínua sem perder algumas características básicas.

Nesta semana da mulher em que tanto se fala de diversidade e de oportunidades, uma das primeiras respostas que podem ser dadas é o conviver com a diversidade. Hoje já não há dúvida que existem judeus de todas as raças e que todos mantém um fio condutor. Será ele a religião? Certamente não é a religião como pensada pela maioria das pessoas que vivem neste Brasil. É algo mais que seguir rituais e frequentar casas de oração.

Se olharmos os detalhes de comandos e leis é fácil identificar prescrições e  demandas.  Mas,  quando comparamos um judeu europeu do leste e do oeste, judeus africanos, iemenitas, iraquianos ou persas, com judeus da China e do Brasil, certamente muitos costumes e  demandas são diferentes.

"Narrativa de continuidade" é algo que deve transcender o tempo e as culturas. O meio ambiente e o meio cultural. É algo que deve focar na união entre o passado e o futuro, de forma a permitir que o presente possa servir de aprendizado e não de perda da vontade. E chegamos ao ponto chave: a EDUCAÇÃO e a FORMAÇÃO de mentes livres é uma das mais preciosas heranças que deixamos para as gerações seguintes.

O Talmud, um conjunto de livros escritos por 11 séculos, é uma coletânea de perguntas que foram sendo respondidas ao longo do tempo. É organizado de acordo com as questões e não de acordo com os muitos períodos que cobre.

Sinagoga em íidish é Schule (Schil) - escola! - Este é um espaço de estudo! E para se estudar o comum é escutar as questões levantadas pelos alunos. É conhecida a contribuição dos judeus para as ciências. Perguntar e responder faz parte deste contexto e, de uma forma muito clara, ser responsável um pelo outro. 

A última foto da imagem acima mostra uma jovem etíope fazendo Bat Mitsvá em Israel. Uma forma de integração das mulheres que há mais de 100 anos ocorre entre os judeus reformistas e conservadores. Mas, se olharmos entre os ortodoxos, já vemos uma quantidade muito grande de grupos que integram as mulheres nas áreas de estudo.

Lidar com a humanodiversidade e ser capaz de debater e discutir, estudar por toda a vida e considerar esta uma atividade de grande relevância não apenas para a formação dos jovens: esta, na minha opinião, é uma atividade diferencial que ao ser prestigiada por milênios vem permitindo a "narrativa da continuidade".


Boa semana!


Regina P. Markus




segunda-feira, 8 de março de 2021

VOCÊ SABIA? - O jardim dos justos entre as nações

 

Nos passos do “Tikun Olam”, ou seja, consertando o mundo, apresentamos o jardim dos “Justos entre as Nações”

Por Itanira Heineberg


Jardim dos Justos entre as Nações - Hasidei Umot haOlam



Você sabia que “Quem salva uma Vida, é como se salvasse a humanidade?” (Talmud)


A Segunda Guerra Mundial perpetuou crimes inadmissíveis, inimagináveis, inundou o mundo em um rio de sangue, tristezas e perdas.

Muitas mortes foram contabilizadas e judeus foram destinados ao desaparecimento da face da terra.

Em meio ao terror algumas pessoas não se deixaram levar pelo medo, egoísmo ou falta de sentimentos pelos seus vizinhos; mesmo conhecendo o perigo que as envolvia, abriram suas casas, seus corações, suas carteiras e decidiram ajudar os judeus perseguidos pelos cruéis nazistas. O que receberam em troca de seus esforços?

Num primeiro momento apenas conheceram a alegria de ajudar o próximo, de salvar alguém dos campos de extermínio alemães.

Mas com o passar do tempo suas histórias de generosidade e amor vieram à tona e suas ações foram reconhecidas, elogiadas, premiadas e registradas no Jardim dos Justos entre as Nações, no Memorial do Holocausto em Jerusalém.



Falemos agora do Rabino Harold de Valley Beth Shalom, na California, e de sua religiosidade. Um dos mais respeitados líderes e professores de sua geração, foi rabino por mais de 40 anos.

Foi ele o fundador presidente da Fundação Judaica para os Justos em 1986, uma organização que identifica e oferece subsídios aos não-judeus que arriscaram suas vidas para salvar judeus ameaçados pelos agentes da selvageria nazista.

Ele também foi o fundador da World Watch Judaica, que visa aumentar a consciência moral dentro da comunidade judaica. Sinagogas e outras instituições religiosas estão agora apoiando esse esforço em todo o país.

Rabino Schulweis é autor de muitos livros, incluindo: Consciência: O Dever de Obedecer e o Dever de Desobedecer (Luzes Judaicas), Abordagens à Filosofia da Religião, Para Aqueles que Não Podem Acreditar, Encontrando-se no Judaísmo, No Espelho de Deus, entre outros.”

 

“O Rabino Harold M. Schulweis estabeleceu a Fundação Judaica para os Justos (JFR) para cumprir o compromisso judaico tradicional com o hakarat hatov, a busca e o reconhecimento da bondade.

Para este fim, o JFR está empenhado em ajudar os gentios justos que estão em necessidade.

Freqüentemente, relutam em pedir ajuda; eles agiram sem esperar recompensa antes ou agora. No entanto, como Rabi Schulweis percebeu, é nosso dever honrá-los e apoiá-los. O JFR começou financiando oito equipes de resgate, e esse número cresceu rapidamente, chegando a 1.800. Agora, à medida que os socorristas envelhecem e passam, o número de socorristas recebendo nosso apoio está diminuindo; no entanto, continuamos a receber novos pedidos em nome de equipes de resgate recentemente reconhecidas.

Atualmente, o JFR apoia socorristas idosos e necessitados em 18 países. Além de fornecer a assistência financeira necessária para as equipes de resgate a cada mês, a Fundação preserva a memória e o legado das equipes de resgate por meio de seu programa nacional de educação sobre o Holocausto. O objetivo do programa é educar professores do ensino fundamental e médio sobre a história do Holocausto e fornecer-lhes os recursos para integrar esse conhecimento em suas salas de aula.”


Rabino Schulweis – 1925 - 2014



O prêmio "Justos entre as Nações" foi instituído pelo Memorial do Holocausto em 1953 em reconhecimento a todos os não judeus que durante a Segunda Grande Guerra se sensibilizaram com a grande tragédia de um povo indefeso, dedicando-se a salvar os judeus acossados pelos nazistas.

 

“O Yad Vashem, instituto de Jerusalém que preserva a memória do Holocausto, plantou em meio as colinas da Cidade Santa o Bosque dos Justos, onde cada árvore representa uma significativa homenagem à memória daqueles bravos,

Para além de dois cidadãos brasileiros (Aracy de Carvalho Guimarães Rosa e Luiz Martins de Souza Dantas) e três portugueses (Aristides de Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e o padre Joaquim Carreira), muitos outros são os famosos agraciados com este prêmio.”




A Avenida dos Justos entre as Nações tem mais de 2.000 árvores que foram plantadas em homenagem aos não-judeus que arriscaram suas vidas a fim de resgatar os judeus dos nazistas. Em cada árvore encontramos o nome e dados da pessoa homenageada.

O mundo olha com gratidão para todos os incluídos no jardim dos Justos entre as Nações, 27.000 pessoas que se dedicaram a salvar vidas de judeus arriscando perigosamente a sua própria existência e a dos seus familiares, sem esperar recompensas, opondo-se àqueles seus vizinhos que assistiam aos crimes com total indiferença, alguns colaborando com o regime e muitos até se beneficiando com a expropriação da propriedade dos acusados.

“Em um mundo de total colapso moral, havia uma pequena minoria que reunia extraordinária coragem para defender os valores humanos. Estes eram os Justos entre as Nações. Eles contrastam fortemente com a corrente principal de indiferença e hostilidade que prevaleceu durante o Holocausto. Ao contrário da tendência geral, esses socorristas consideravam os judeus como seres humanos que estavam dentro dos limites de seu universo de obrigações.”


Vejamos agora parte de um poema do Rabino Schulweis, referido por sua esposa Malkah após sua morte: 

 

“Você sabe de qualquer oração judaica que conclua com as palavras "Desculpe, mas eles não são nossos" ...?


Fomos melhor ensinados por nossos profetas

e nossos patriarcas e nossos sábios:

Sejamos os pais e mães dos sem pai e sem mãe

E se eles foram abandonados pelo mundo, expostos a todos os tipos de

doenças, reunamos estes filhos.

 

Preparemos mochilas com rede de mosquitos, sapatos, medicação e

lápis coloridos, juntamente com uma nota em uma língua que não a nossa própria.”

 

Malkah Schulweis with Rabbi Harold M. Schulweis (z"l) 


Segundo o historiador Simon Rawidowicz, “O mundo faz muitas imagens de Israel, mas Israel tem apenas uma imagem de si próprio – a de estar constantemente à beira de deixar de ser, de desaparecer; um povo que está sempre morrendo.”

 

Esta sensação tem sido experimentada desde os tempos de Abraão, mas milagrosamente estas pessoas que morrem são também as que vivem e se renovam.

 

“O talento nacional judaico para a renovação é a maior maravilha da longa história do Judaísmo.”

História do Judaísmo – uma narrativa de continuidade!

 

 

 

FONTES:

https://www.jww.org/blog/why-rabbi-schulweis-zl-believed-in-the-mission-of-jewish-world-watch/

https://www.jornaldaorla.com.br/noticias/43898-os-justos-entre-as-nacoes/

https://www.amazon.com.br/dp/B07WLMCF3K/ref=dp-kindle-redirect?_encoding=UTF8&btkr=1

https://www.readhowyouwant.com/authors/details/Rabbi-Harold-M-Schulweis/11791

https://news.un.org/pt/story/2019/01/1657162

http://rwpaisagismo.blogspot.com/2018/06/destaque-la-jardim-dos-justos-entre-as.html

https://www.goisrael.com.br/unforgettable-yad-vashem/

https://jfr.org/about/

quinta-feira, 4 de março de 2021

EDITORIAL: Março, Pessach, Liberdade, Mulher


8 de março - Mulheres Judias ao Longo da História


Entramos no mês de março. Este é o mês da mulher, este é o mês de Pessach: o mês da liberdade. As chuvas chegaram e muitos de nós lembramos dos versos "as águas de março fechando o verão". Pessach e Liberdade são temas que caminham juntos; a passagem da escravidão para a liberdade, ou a saída de uma terra em que o trabalho era muito, até opressivo, mas o alimento era obtido para uma aventura pelo desconhecido em busca de um sonho. Nunca é descrito como um sonho, mas sim como uma passagem - que é a tradução de Pessach. E nas comemorações que ocorrerão no fim do mês os judeus de todas as origens sentam-se ao redor de uma linda mesa festiva e ao ler a Hagadá, o livro que conta a saída do Egito, ficam impressionados por não ser citado o nome de Moisés, e nem os atributos de D"us. O porquê destas omissões de forma alguma tem a ver com esquecimento dos que escreveram o texto. Na realidade o momento é para contar uma história, de forma simples que possa ser entendida por todos, inclusive as crianças, e que haja espaço para muitas perguntas. Contar uma história ano após ano, de geração em geração permite que esta herança seja compartilhada ao longo dos anos.

Chegando ao mês de março, bem na próxima semana, encontramos outra data de grande importância. Esta diz respeito a uma parcela muito maior da humanidade que também estava em busca de um sonho - um sonho de libertação. Foi em 1908 nos Estados Unidos, no bojo de uma greve em busca de direitos trabalhistas e políticos, que a data é marcada e a partir do ano seguinte passa a ser celebrada em muitos países do mundo. Com feriado, sem feriado, mas sempre mostrando o que mulheres contribuem e como educar mulheres para que possam encontrar seu lugar na sociedade.

Hoje volto com vocês para a saída do Egito para ver as mulheres daquela narrativa: mulheres que tiveram um papel muito importante como "ativistas políticas", mães, benfeitoras e inspiradoras. Conta a Torah e o Midrash, analisa e comenta o Talmud, que as parteiras israelitas Shifra e Puá não seguiam a ordem do Faraó de matar os primogênitos e que ao serem questionadas respondiam "a mulher israelita traz o filho sem nossa ajuda". Iocheved, a mãe de Moisés, decide que este deve ser dado e entrega à sua filha primogênita, Miriam, o bebê em um cestinho. A quinta mulher nesta história é a filha do Faraó, cujo nome nem é mencionado, mas que tem o papel fundamental de criar Moisés. Todas estas mulheres juntas são fundamentais para o nascimento do povo judeu. Elas cooperam para a manutenção da Vida. E Miriam finalmente mostra que o papel da mulher pode ir além, assumindo o comando e iniciando a travessia do Mar Vermelho. Cantando e dançando rumo ao sonho.

São muitos os videos que contam e recontam a importância das mulheres na formação do povo judeu. E para cada mulher cujos nomes foram preservados há muitas filhas do Faraó que apenas são referenciadas. Na foto que ilustra este editorial, no centro acima está Dona Graça Mendes Nassi (1510 - 1569), mulher portuguesa que foge da Inquisição, herda enorme fortuna de seu marido e revela-se como empreendedora já na época do renascimento. Uma história que vale sempre relembrar.
São muitas as mulheres a lembrar ao longo da história judaica. 
Damos um salto no tempo... e chegamos ao moderno Estado de Israel. Seu início foi baseado em um sistema igualitário entre homens e mulheres, que sofre altos e baixos ao longo dos anos e que varia de acordo com origem e grupo social. 

Escolhemos duas mulheres emblemáticas que dispensam apresentações e das quais já falamos ao longo dos anos. Golda Meir (1898-1978), da Rússia aos Estados Unidos e da América ao Mandato Britânico da Palestina. Uma das pessoas-chave na fundação do Estado de Israel, que exerceu muitos cargos junto ao Partido Trabalhista e que foi Chefe de Estado por duas vezes. Ada Yonat (22-06-1939) pesquisadora do Instituto Weizmann de Israel e laureada com o Prêmio Nobel de Química (2009).  

E Orna Barbivai (1962), a primeira mulher a atingir a patente máxima no Exército de Defesa de Israel (IDF) e que atualmente é membro do parlamento israelense. Filha de mãe iraquiana e pai romeno, é casada e tem três filhos. A liderança em duas importantes instituições - o parlamento e o exército - não foi conseguida às custas de abdicar do fantástico dom de criar vidas e deixar marcas biológicas nas próximas gerações. Será isto sempre desejável? Esta pergunta é pouco importante, porque é de nível pessoal. O que temos que indagar é se será sempre possível. Conversando com os meus botões acho que a pergunta melhorou, mas meus botões acrescentam - o importante é que quando mostrarmos o exemplo para inspirar e empoderar as próximas gerações a história deve ser contada integralmente. Mulher, profissional, líder, mãe, esposa. Sim é possível.

E para finalizar este editorial pictórico em comenoração ao dia 8 de março, pode ser visto o logo das "Mulheres do Kotel". As mulheres judias, ortodoxas, conservadoras e reformistas que querem ter o direito de ler a Torah e rezar no Kotel ha Maaravi. No Muro Ocidental do Templo de Jerusalém. Ao longo dos anos, estas mulheres têm muito a contar,  e como todas as vezes há idas e vindas, contras e prós, mas vão conseguindo abrir os espaços e hoje já podem ser vistas no Kotel. Por aqui esperamos ver no Kotel homens e mulheres lendo da Torah, assim como fazemos aqui. Sem prejuízo de ter um espaço para os que querem usar ritos adquiridos nas andanças pelo mundo.

Um grande abraço a todos e todas - e que possamos comemorar o dia das mulheres assim como comemoramos Pessach - a cada ano contando a história de protagonistas que inspirem próximas gerações. 

"As águas de março fechando o Verão" e "anunciando os frutos e as colheitas".

Boa Semana M&M - Março&Mulher!

Regina P. Markus