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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

VOCÊ SABIA? - A história do Club Med



“Libertar o indivíduo dos seus constrangimentos, permitir que se reencontre e que regresse à felicidade original".
Gerard Blitz, idealizador e fundador do Club Med, logo após a Segunda Guerra.






Você sabia que a rede de hotelaria Club Med, localizada em lugares exóticos e considerada de alto luxo nos dias de hoje, foi criada para curar através da água os corpos e espíritos dos sofridos sobreviventes do Holocausto?






Esta ideia foi criada por dois jovens judeus que também sobreviveram à guerra e seus horrores e a seguir dedicaram-se a recompor as famílias rompidas, abaladas, dilaceradas pelo nazismo, oferecendo aos seus esparsos membros momentos de convalescença e cura. O carinho, a água, esportes, diversão, bons tratos e alimentos eram os ingredientes providenciados por estes jovens idealistas aos sobreviventes do Holocausto, numa tentativa de aliviá-los da dor, de oferecer-lhes descanso, recuperação das forças perdidas e mostrar-lhes que uma nova vida lhes acenava.






O jovem Gerard Blitz, descendente de uma piedosa família de judeus belgas comerciantes de diamantes, desde cedo aprendeu a nadar, participando de campeonatos internacionais de natação e polo aquático. Seu pai Maurício e seu tio haviam recebido medalhas de polo aquático nos jogos olímpicos de 1920 e 1924.
Com a invasão da Bélgica pelos alemães, Gerard e sua família - como a maioria dos judeus - procurou refúgio no sul da França. Ao completar 18 anos, ingressou na Resistência Francesa, numa unidade de elite composta em sua maioria por atletas, onde combateu os nazistas até o final da Segunda Guerra.


Gerard Blitz



Ao invés de voltar à casa, Blitz uniu-se aos seus companheiros da resistência na tarefa de encaminhar os sobreviventes do Holocausto de volta aos seus lares abandonados à força e às pressas. Esta não foi uma tarefa fácil; em muitos casos, foi simplesmente impossível. Blitz e seus amigos viajaram de campo em campo ajudando os judeus remanecentes e após vários meses chegaram em Alcudia, uma pequena ilha virgem no azul do Mediterrâneo espanhol.



“Blitz encantou-se com a costa e decidiu criar ali um local de repouso e férias para os sobreviventes do Holocausto onde seriam tratados com água, sim, água, sua grande paixão desde seus mais tenros dias.

Assombrado com as imagens daqueles seres exauridos que encontrara nos campos de concentração, lembrando seus aspectos moribundos, seus olhos sem brilho ou emoção, Blitz vislumbrou uma saída: levá-los por algumas semanas para este lugar paradisíaco, imergi-los diariamente no mar convidativo e refrescante, assim curando-os ao devolver-lhes a alegria e o prazer pela vida.”
E aí se inicia uma bela história de generosidade, amor e desvelo pelos menos favorecidos.
Blitz alugou um terreno na praia e sem dinheiro para construir um hotel, optou por barracas para seus hóspedes. Mas sem dinheiro para adquirir as necessárias tendas, voltou à Bélgica em 1946 na tentativa de obtê-las através de doações. Apesar de todos se sensibilizarem com seu louvável plano, nada conseguiu. Rumou então à França em busca de ajuda e contatou Trigano, um judeu argelino, cuja família fabricava barracas para o exército francês.

Trigano e Blitz

Gilbert Trigano, comediante bufão, ator de teatro amante de sua arte, tivera de abandonar os palcos quando Hitler invadiu a cidade. No final da guerra pensou em voltar aos seus sonhos, mas foi contrariado pelo pai que solicitava sua ajuda na fábrica da família.
Ao receber Blitz em sua loja, ficou curioso sobre seu projeto e logo deixou-se conquistar pela ideia de ajudar os sobreviventes do Holocausto. Trigano empolgou-se imediatamente com o plano e ofereceu parceria a Blitz.
Enquanto um dedicar-se-ia à cura diária pela água, o outro tentaria a cura pelo entretenimento, pelo humor, apresentando shows noturnos a todos os presentes no resort.
Mais alguém se emocionou com o projeto altruísta e humanitário: o Sr. Trigano, pai do jovem Gilbert, simplesmente doou as tendas aos dois novos parceiros que criaram então uma sociedade filantrópica e se dirigiram para Alcudia.
Em 1950, inauguraram o primeiro Club Med com pacotes de férias com tudo incluído, uma atividade precursora na história do turismo global. 



Blitz repetia “O objetivo da vida é ser feliz. O lugar para ser feliz é aqui. O tempo para ser feliz é agora.”
Em 1960 ele descobriu o Zen Budismo e passou a ser um grande iogue.
Na agenda da colônia de férias o dia absorvia os hóspedes com atividades aquáticas e, à noite, Trigano deleitava a todos com sua arte e humor. Estas duas características fazem parte do DNA do resort até nossos dias.



Em 1955 os dois fundadores perceberam que a operação estava cada vez mais complexa. Finalizaram a sociedade filantrópica e criaram uma companhia de turismo.


Blitz e Trigano foram sempre muito fiéis ao Judaísmo. Até os anos 1980, aproximadamente 80% de seus funcionários eram judeus. O Club Med por eles criado baseava-se nos valores judaicos de igualdade independente de religião, política e status. O objetivo era melhorar o ser humano. Os valores judaicos estavam presentes: família, crianças, comunidade e conexão.
A partir de 1957 mais clubes foram criados, variando os lugares, explorando as montanhas e outros recantos paisagísticos do mundo.

Uma ideia beneficente surgida no pós-guerra levou à criação de lugares cênicos e aprazíveis para receber viajantes turistas em seus dias de repouso sem preocupações com conforto, diversão e natureza.
Hoje há mais de 70 Club Meds no mundo. Em 1990 a empresa foi vendida para Fiat Automóveis.
As instalações já não são as mesmas, barracas e cabanas foram substituídas por modernas instalações, luxuosas suítes e amplos espaços para lazer e esporte.
Mas a ideia inicial dos jovens idealistas se perpetua no respeito a hóspedes e funcionários, na integração da família e no tratamento do ser total, visando o duplo aprimoramento humano: corpo e espírito.



Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:






quinta-feira, 26 de setembro de 2019

EDITORIAL: Chegando ao Fim do Ano – ENTRANDO? – KiTavo



Estamos chegando ao término de 5779. O mês de Elul avança celeremente para chegar ao momento em que saímos de um ano para entrar em outro. A passagem da Torah que foi lida na semana que passou chamava-se KiTavo (Devarim, Deuteronônio 26:1 a 29:8). Ki Tavo quer dizer “ao entrar”. 

Ao iniciar a parashá há um ordenamento do que deverá ocorrer ao se estar na Terra Prometida – a terra que foi prometida aos ancestrais e na qual, pela primeira vez, o povo judeu entrará. Seu líder Moisés fala ao povo sabendo que não entrará, mas preparando as novas gerações de forma a que todas as seguintes saibam que a vida eterna é conquistada através do elo entre as gerações. Uma corrente que se alonga e que será tão longa e forte quanto sejam cada um de seus elos. A sobrevivência do povo judeu depende, certamente, do olhar para o futuro, baseado em instruções que vieram do passado e foram sendo adaptadas ao longo dos milênios. 

Mas neste sábado, dia 21 de setembro, foram lidas as instruções para o futuro. Um futuro que já fica em um passado de mais de 3000 anos. E havia instruções que os primeiros frutos, as primeiras colheitas deveriam ser reunidas em bandejas e levadas a algum lugar que seria indicado pelos sacerdotes da época. E em seguida é recontada de forma breve a chegada ao Egito, o crescimento e sofrimento do povo e a saída. E é nesta hora que são todos nominados, incluindo os estrangeiros. Tradição esta que vem sendo mantida ao longo dos anos. Saber receber e respeitar o estrangeiro. Saber que ser judeu é ser um entre muitos e que cada um deve ser respeitado pelo que é. 

É nesta mesma leitura que segue uma das partes mais assustadoras da Torah, todas as atitudes passíveis de maldição. Desde a maldição aos que fazem com que o cego erre o seu caminho, ou que desrespeite o direito de uma viúva, até os que tomarem suborno para matar uma pessoa inocente. Através de metáforas ou através de falas diretas são listadas muitas ações negativas. E são listados castigos que podem ser identificados através dos milênios, e ao mesmo tempo estão sempre abertas portas.

A leitura continua com as boas ações e as boas recompensas e dá a entender que ao longo dos anos muitos caminhos serão tomados, caminhos certos e caminhos errados. ENTRANDO na TERRA PROMETIDA – abrindo as portas para o futuro... 

E balanceando a leitura encontramos uma frase muito curta – que em hebraico se escreve com três palavras – Bendito ao Entrares e ao Saíres. E muitos sábios entendem que a jornada está por nossa conta e que aí temos a oportunidade de Tikun Olam – consertar o mundo.

Este é o espirito em que caminhamos pelos últimos dias deste ano de 5779...

Um boa semana!

Regina P. Markus

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

VOCÊ SABIA? - Marc Chagall

Marc Chagall
1887 Pestkovatik, Rússia
1985 França

Eu e a Aldeia - 1911           
(tela surrealista antes do surgimento oficial do Surrealismo)



VOCÊ SABIA que Marc Chagall chegou a Nova York em 1941 fugindo da perseguição nazista com uma notória fama de artista mas com pouca bagagem, uma vez que a alfândega espanhola apreendera suas telas - a única riqueza que possuía?

Autorretrato Marc Chagall

Ele e sua esposa Bella saíram às pressas da Europa ao receber um convite do diretor do Museu de Arte Moderna de Nova York para uma exposição individual - fato este que lhes habilitaria um visto de entrada aos Estados Unidos.

Organizações judaicas americanas e colecionadores de arte pagaram a passagem no intuito de salvar a vida do artista judeu perseguido pelo nazismo rotulado de pintor degenerado.
Por dois anos o casal fugira do cerco aos judeus, saindo de Paris em 1939 em direção ao sul, sempre carregando em sua bagagem as obras do pintor.



E qual não foi sua surpresa em Nova York ao descobrirem que os caixotes com as telas, vindos em outro navio, ainda estavam em solo europeu!

Devido à pressa na saída eles não tiveram tempo de preparar uma alternativa de escape para sua filha única Ida e seu esposo Michel Gordrey, que não puderam ser incluídos no visto americano.
Tinham agora grandes preocupações de recuperar dois tesouros: a filha querida e as obras de arte.



Ida Chagall e seu pai em 1945


E assim as telas coloridas com vacas voadoras, violinistas e camponeses russos não chegaram para a prometida exposição do artista no famoso MoMA.



Chagall escreveu para Ida no sul da França e ela deu início ao heroico esforço de recuperar o trabalho de seu pai perdido pela guerra. Dirigiu-se à Espanha na tentativa de liberar os caixotes apreendidos. Alguns dias depois, Michel a seguiu e foi preso na fronteira espanhola, tendo Ida agora uma dupla função de resgate: liberar o esposo e as obras de seu pai.

Com argúcia e dedicação, a jovem de 25 anos obteve sucesso nas duas questões. Ida insistiu contra a burocracia com sabedoria e insistência, recorrendo a todas as fontes existentes.
Porém mais uma vez surgiram impedimentos; havia escassez de navios saindo da Europa.

Em meados de 1941 navios de refugiados, como o Mouzinho que levara Chagall à América, eram raros.
Michel teve sorte e com dinheiro doado por seus pais adquiriu dois caríssimos tickets (US$ 11,000 cada em nossos dias) em um navio de refugiados onde conseguiram embarcar vivos e com um considerável caixote contendo as telas de Chagall.





Mesmo com dinheiro não era fácil contrabandear obras de arte da Europa durante a Segunda Guerra.
A colecionadora de arte Peggy Guggenheim comprou obras de artistas contemporâneos em Paris naquela época e as levou para os Estados Unidos enrolando as telas e escondendo-as em embarques de cobertas e lençóis.
Mas não foi tão confortavelmente assim que Ida e Michel conseguiram acomodar as pinturas de Chagall em 1941.
O navio a vapor espanhol Navemar era uma embarcação de carga construída para 15 pessoas e que acabou transportando 1.180 e 4 bois vivos para alimentar a população nos 40 dias de travessia. Não havia refrigeração e as condições de higiene e acomodação eram péssimas porém a última solução para os refugiados. Febre de 40 graus Celsius, falta de remédios, pouca água e alimentos. Muitos adoeceram e os que morriam eram jogados ao mar.


Navemar - 1941


Ao ser inspecionado por Dr. Joseph Schwartz antes da partida, este o declarou um campo de concentração flutuante.
Os tripulantes viviam como animais, entre animais.
Ida e Michel optaram por viajar no convés, junto aos bois, para proteger as pinturas do mofo dos compartimentos inferiores. Esta decisão salvou as telas pois tudo o mais apodreceu no navio e foi jogado fora ao chegarem ao porto de Nova York.


“They Came on the Navemar” Eles vieram no Navemar


“Navio espanhol, Navemar, ajuda milhares de judeus europeus a fugirem do nazismo”: assim relata o jornalista americano.


Ida e Michel sobreviveram e venceram o desafio de trazer as obras de arte em uma embarcação reservada a salvar vidas humanas.
Em 1946 Chagall finalmente teve sua exposição individual no MoMA, conforme planejado no início da guerra.
O evento foi uma volta à normalidade na vida do artista após tantos anos de preocupações, fugas e sofrimentos.




Após a carnificina e o caos do Holocausto a obra de Chagall iluminou os salões do museu com suas figuras inigualáveis: casais de enamorados flutuando nas nuvens, rabinos pensativos, violinos nas florestas, personagens estes que com certeza teriam perecidos não fossem os esforços e a determinação de Ida e Michel.








FONTES:



Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.




quinta-feira, 19 de setembro de 2019

O britânico Financial Times elogia a economia de Israel



De acordo com o diário britânico Financial Times (Agosto 28, 2019) o shekel israelense é a moeda de melhor desempenho em relação ao dólar americano entre as principais 31 moedas monitoradas pela Bloomberg, tendo subido quase 6% e onde gestores de fundos buscaram refúgio para longe da turbulência econômica global. O shekel está fortalecido graças à percepção do status de Israel como um refúgio seguro entre os mercados emergentes, com os fundamentos econômicos aprimorados, tais como:
- Uma expansão de longo prazo do emprego;
- Superávits na conta corrente;
- Queda do índice dívida sobre PIB sob um programa de estabilização fiscal de 16 anos;
- O Banco de Israel elevou a taxa de juros uma vez desde 2011 permitindo que ela se mantivesse próxima a zero (0.25%) por ano, enquanto a economia atinge quase pleno emprego.
O jornal britânico cita Win Thin, chefe de estratégia monetária na Brown Brothers Harriman de Nova York: "Israel é um dos melhores no lote de mercados emergentes. É estável e fora da arena das guerras comerciais. Tem sido uma boa e sólida história."
O Financial Times completa: “O status de refúgio parece ser descolado da instabilidade política, que inclui tensões crescentes com o Irã, os ataques aéreo e por drones atribuídos ao exército de Israel na Siria, no Líbano e no Iraque, a inconclusiva eleição do último mês de abril, e a possibilidade do primeiro ministro Netanyahu ser indiciado por corrupção e fraude.
Mas, como o que preocupa investidores é uma recessão global, a economia do país que é voltada à exportação e baseada em alta tecnologia tem se mostrado relativamente imune. Exportações de alto valor, incluindo equipamento militar, geralmente não são afetadas por alterações repentinas de valor da moeda local e são frequentemente precificadas em dólares.
O investimento externo tem ficado estável... e continua a se preparar para exportação dos depósitos de gás natural que estão para ser ativados, incluindo um contrato de 15 bilhões de dólares para abastecer o Egito em 2019. Tais fatores positivos têm empurrado o Shekel para cima.
As moedas que tiveram o melhor desempenho neste ano, após o Shekel, são o Rublo russo, o Yen japonês e o Dólar canadense."
O artigo original, em inglês, pode ser conferido clicando aqui
Tradução: equipe EshTá na Mídia.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

EDITORIAL: Eleições Israelenses – 17 de setembro de 2019


Hoje estão ocorrendo novas eleições para o parlamento israelense; as últimas ocorreram em abril de 2019, mas o Parlamento eleito não conseguiu formar um governo de maioria. O Primeiro Ministro Benjamin Netanyahu governou interinamente até ficar demonstrado que não haveria possibilidade de obter um governo de maioria e então novas eleições foram convocadas. Para nós, este processo sempre parece estranho pois difere muito do sistema presidencialista.

No dia 12 de setembro o jornalista Paul Shindman publicou no Honest Reporting um artigo explicando o sistema eleitoral israelense de uma forma tão simples e direta que resolvi resumir para que melhor possamos acompanhar as mudanças que podem acontecer em Israel a partir de hoje, 17 de setembro. 

Assim como existe mais que um sistema eleitoral para eleger o Presidente em um regime presidencialista, existem várias formas de constituir um governo no regime parlamentarista. O sistema israelense é chamado de sistema de representação proporcional. A Knesset, o parlamento israelense, tem 120 cadeiras e um partido que obtiver 50% dos votos fica com 60 cadeiras; quem obtiver 25% dos votos fica com 30 cadeiras e assim em diante até os que atingirem 3,25% dos votos, que ficam com 4 cadeiras. Abaixo deste percentual o partido não é representado no parlamento.

Este é um sistema muito comum na Europa, com variações de país para país, e o sistema israelense é conhecido como Sistema Hondt porque foi idealizado pelo belga Victor d’Hondt em 1878. No ano de 1970, para evitar que os cidadãos que votaram em partidos pequenos ficassem sem representação, foi criado o “acordo do voto excedente” conhecido como método Bader-Ofer por ter sido idealizado pelos membros da Knesset Yohanan Bader e Avraham Ofer.  

Antes das eleições, partidos menores fazem acordos com outras representações para formar blocos eleitorais e, apesar de não colocarem deputados no parlamento, passam a contar votos para que o partido que já tem representação possa aumentar o número de cadeiras a serem preenchidas. Assim sendo, os acordos devem ser registrados previamente no Comitê Eleitoral Central e a transferência de votos só ocorre após o final da apuração.

Em Israel todos os cidadãos maiores de 18 anos têm o direito de votar, mas não têm a obrigação. Assim, há um número importante de cidadãos que deixam de exercer este direito. Ao longo dos anos o número de cidadãos árabes que votam para o parlamento vem aumentando progressivamente e estes, além de votarem em candidatos árabes, também têm participado da eleição de candidatos judeus.

Conforme citado no artigo de Shindman, o sistema tem sido aprovado ao longo dos anos e permitido uma saudável alternância de poder. Bem, alguns dirigentes e partidos têm tido vida mais longa. Benjamin Netanyahu, o primeiro ministro que por mais tempo governou não conseguiu ter 61 deputados apoiando a sua recondução, e com isto o parlamento teve que ser dissolvido. Quando este editorial estiver no ar, acompanharemos o resultado das eleições entendendo um pouco melhor este sistema, que apesar de muito conhecido na Europa, para nós soa muito estranho com suas duas eleições gerais em um mesmo ano, como aconteceu em 2019.

Boa Semana!

Regina P. Markus


Fotos das eleições de hoje, 17 de setembro de 2019, em Israel

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

VOCÊ SABIA? - Stan Lee, o maior nome dos Quadrinhos e a alegria das últimas gerações.





VOCÊ SABIA que o escritor americano Stan Lee, criador de mais de 361 personagens de quadrinhos - entre eles Spider Man - era filho de judeus romenos, um menino pobre nascido em Nova York que desde cedo teve de encarar as dificuldades da vida e as consequências da Grande Depressão?





Stanley Martin Lieber, o famoso e genial Stan Lee, produziu uma gama incrível de personagens - seres notáveis, humanos com poderes, anti-heróis, jornalistas mal-humorados - criando a satisfação e produzindo a tão valorizada catarse do teatro grego no espírito de seus admiradores.
Stan Lee nasceu em 28 de dezembro de 1922 de pais recém-chegados da Europa: o pai um competente alfaiate e a mãe uma dedicada dona de casa. Viviam em um pequeno e acanhado apartamento que teve de ser substituído por algo menor ainda com a chegada da crise em 1929 e o consequente desemprego de seu pai.
Aos 9 anos nosso quadrinista ganhou um irmão, acontecimento que deixou a família ainda mais abalada financeiramente. 
Em sua autobiografia “Excelsior” (“Majestoso”, um termo que Lee colocava em tudo que apreciava), ele descreve o sofrimento que esta situação de pobreza lhe infringia:
“É um sentimento de que a coisa mais importante para um homem é ter trabalho pra fazer, estar ocupado, ser útil”.
Aos 16 anos obteve seu primeiro emprego escrevendo desde obituários para jornais até propagandas para hospitais.
“O primeiro grande serviço foi fruto de sorte: uma prima havia acabado de se casar com Martin Goodman, dono da Timely, uma editora que estava surfando na nova onda dos quadrinhos que começava a ser formada. Passou a escrever roteiros para a empresa, assinando Stan Lee.
Pegou o gosto. Começou a observar quadrinistas que estavam desenvolvendo trabalhos interessantes:
Carl Burgos havia criado uma história sobre um homem que pegava fogo, apelidado de Tocha Humana, Bill Everett escreveu sobre Namor, um príncipe submarino, Joe Simon e Jack Kirby contaram a história de um soldado que lutava contra o nazismo: Capitão América.
Só que a dupla se desentendeu com Goodman. O chefão acabou sem ninguém para cuidar do departamento de quadrinhos da Timely. “Ele virou pra mim e perguntou, ‘Você consegue fazer isso?’. Eu tinha 17 anos. O que você sabe quando tem 17 anos? Falei ‘Claro, eu consigo.”  “Martin deve ter esquecido de mim, porque ele simplesmente me deixou por lá. E eu amei ser o novo editor”.
A questão é que a Timely não era exatamente fãs de super-heróis. Goodman era fã mesmo de dinheiro e usava os quadrinhos para ganhar uma grana com cada tendência que aparecia. A concorrência começava a vender bem gibis sobre faroestes? Lee tinha que bolar um bang bang em suas páginas. Histórias de terror estavam lotando bancas? Então Stan tinha que assustar alguns leitores por aí. Lee não amava essas tramas – mas tinha o dinheiro, e não queria sair para ficar desempregado (vale lembrar aqui o trauma que o pai sem trabalho lhe deixou), então segurou a bronca. Por 20 anos. E aí realmente ele cansou.”
Lee falou à sua esposa que ia se demitir e ela o aconselhou a escrever suas próprias histórias como sempre desejou e esperar ser demitido. Ele concordou, criou livremente, e nunca foi demitido, pelo contrário!
Criou sua equipe, o Quarteto Fantástico, apresentando heróis já não tão super heróis, humanos com poderes, uma família disfuncional.
Vendeu excepcionalmente bem, estímulo que levou Lee a criar novos valentes como Hulk, X-Man, Homem Aranha - personagens estes que o levaram à fama.


Martin então trocou o nome da empresa para Marvel, inspirado em uma de suas HQs, “The Marvelous Tales”, com a figura mitológica de “Tocha Humana”.
Mais tarde Martin decidiu parar e vendeu a empresa, mas os acionistas exigiram a presença de Lee como o grande chefe da principal editora de quadrinhos do país.
Lee agora era dono de sua criatividade, livre para soltar as rédeas de sua imaginação.
Tudo isto em paralelo com seu casamento com Joan Clayton, nascimento de sua filha Joan Celia e sua participação na Segunda Guerra em 1941, após seu país ter sido atacado mortalmente em Pearl Harbor.

Stan Lee com filha e esposa.
Apesar de seu sucesso indiscutível, Lee teve dificuldades com seus desenhistas que o acusavam de receber todos os créditos por seus trabalhos. Ao ser entrevistado pela BBC em 2007, Lee expôs sua opinião:
 “Eu realmente acredito que o cara que sonhou com algo, é seu criador! Você idealiza isso e pede para alguém desenhá-lo...”
Ao que o repórter sugeriu: e se outra pessoa tivesse desenhado os personagens e eles não tivessem obtido o sucesso que alcançaram? “Então eu teria criado algo que não fez sucesso”, foi a resposta de Lee.
Falar em Lee é falar também nos bilhões de dólares que recebeu com sua arte e dedicação.
Ele viveu 95 anos sempre encantado com seu trabalho, sempre disposto a inovar, sempre presente quando necessário, sempre feliz ao receber o reconhecimento dos críticos e de seus fãs. 
Participou também em vários de seus filmes como “cameo role”, ou seja, participação especial em que uma pessoa importante e famosa vive um pequeno papel.


Stan Lee com seu indefectível e vasto bigode, sempre acompanhado por um elegante par de óculos de sol, num “cameo role” no filme Guardiões da Galáxia. 



E assim, Stan Lee viveu e atuou por quase um século alterando definitivamente os anais do Entretenimento!

Iron Man (Homem de Ferro), Stan Lee e Spider Man (Homem Aranha).


Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá Na Mídia.

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

EDITORIAL: AINDA ELUL - O último mês judaico

ELUL: Ani le Dodi Ve dodi Li


Último mês do calendário judaíco. Para muitos, os últimos momentos para pedir perdão; e para outros, uma oportunidade de escutar diariamente o som do Shofar - um som de chamado que une a boiada no interior do Brasil, mas que reverbera em cada um de forma especial.




Alguns, com tendências a considerar o judaísmo uma religião, focam no chamado de consciência, no chamado para o perdoar e o repensar. Para outros, que preferem negar a religião e negar identidades, procurando igualdade, mesmo entre os diferentes, este som parece um tanto antigo, arcaico, de tempos em que não se tinha o "refinamento" do hoje. E para muitos é apenas um ritual bizarro, que acontece a cada ano apenas nos dias de Rosh Hashaná e Iom Kipur - isto é, depois de Elul, quando o ano novo já começou.

Alguns, com tendência a apreciar o povo judeu como algo que vai além da religião, mas que não prescinde dos conceitos básicos que romperam as décadas, séculos e milênios, aproveitam a época para uma boa parada e uma boa reflexão, um momento de encontro e de repensar.

Estamos em pleno mês de Elul e como tudo na vida tem vários significados, e como em todos os momentos da vida a "leveza de ser" se cruza com os problemas do momento, Elul, o último mês do ano traz em si o conceito do amor, o conceito do pertencer, o conceito do "dar e receber". 

Este conceito é expresso não de forma altruística ou mística, para combinar com um momento de perdão e arrependimento, mas de forma romântica e inclusiva destacando a interação entre duas pessoas.

As letras hebraicas de ELUL formam o acrônimo do Salmo que canta o amor entre duas pessoas!
Nestes tempos de substituir (o) e (a) por (@) chama a atenção que a frase é universal e ao mesmo tempo pessoal - ENTRE DUAS PESSOAS.

Alef - ANI - EU sou
Lamed - Le Dodi - de meu amado
Vav - Ve - e (o meu amado)
Lamed - Li - é meu 




Assim, no mês que todos imaginam como algo mais sério e mais pessoal, somos acordados para lembrar que o TEMPO NÃO PODE PARAR - e que isto só acontece quando temos como fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo, quando não podermos deixar de amar.

Ani Le Dodi ve Dodi Li.

Boa Semana!

Regina P. Markus