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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

EDITORIAL: 2021 - Unindo Mundos Opostos



2021 - Dia do Holocausto e Tu biShvat na mesma semana!




Entre a vida e a morte - ou melhor - superando a morte! Talvez este deveria ser o título deste Editorial.

Neste ano de 2021, o Dia Internacional em Homenagem às Vítimas do Holocausto - estabelecido pela ONU em 27 de Janeiro, dia em que foi libertado o Campo de Concentração de Aushwitz/ Birkenau em 1945 - ocorre um dia antes do dia 15 de SHVAT (TU bi Shvat) no calendário judaico. Como no calendário judaico o escuro precede o claro, as comemorações começam no noite do dia 27 de janeiro e seguem até o entardecer do dia 28. 

No dia 15 de Shvat é comemorado o ANO NOVO DAS ÁRVORES, é o dia da NATUREZA e também serve-se uma refeição ritual, como na Páscoa, em que o centro são as frutas. Desde o pão feito do trigo, passando por vários copos de vinho e por diferentes tipos de frutas servidas ao natural ou secas. 

No judaísmo, plantar uma árvore em Tu bi Shvat é uma missão e, neste contexto, Israel foi o único país do mundo que encerrou o século XX com mais árvores do que iniciou. Plantar uma árvore é a forma de uma pessoa projetar-se para o futuro e estar viva muito além de sua vida real. 

Neste contexto existe uma tradição que une as árvores à RUPÁ (normalmente transliterado por CHUPÁ, onde ch tem som de r), a cobertura ritual para os casamentos. Ao nascer uma criança é costume plantar uma árvore e ao chegar o dia do casamento os varões da chupá são enfeitados ou mesmo construídos com galhos das árvores dos noivos. Assim, o nascimento chega ao casamento que prevê novos nascimentos. A corrente que une as gerações e que torna o povo judeu um dos - se não o mais - antigo povo vivo na terra.



Neste 2021 é simbólica a lembrança do Holocausto, da tentativa de extermínio total do povo judeu, seguida de forma imediata pela vida.

Muito podemos falar sobre o Holocausto. Os grandes números e as ações mais ignóbeis. Mas neste ano vamos olhar como foi possível ultrapassar tanto sofrimento, sobreviver, transformar um sonho milenar em realidade e contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento científico da humanidade.

Este ano vamos deitar os olhos sobre fatos individuais. A imagem que ilustra este editorial mostra uma pintura de Renoir, "Rosa e Azul", que está no Museu de Arte de São Paulo. As duas meninas retratadas eram as filhas mais novas do parisiense Louis Cahen d'Anvers e da triestina Louise de Morpugo. Elizabeth e Alice, duas lindas meninas que atravessaram os tempos e chegam até os nossos dias pela genialidade do pintor. Ninguém tem ideia da história das meninas. Aqui contamos a de Elizabeth, a irmã do meio, a vestida de azul e que gostava muito das longas sessões de pintura. Após dois casamentos infelizes e conversão voluntária para o catolicismo muito antes da Segunda Guerra Mundial, foi identificada como judia e deportada para Aushwitz. Morreu na viagem, em um trem congelante, no ano de 1944 aos 69 anos. Sua imagem ultrapassa as décadas e ultrapassará os séculos e a menina de azul foi eternizada pela arte.

Ao lado do quadro de Renoir abrindo este editorial está a imagem do pintor Isio (Itzhak) Belfer, que faleceu no dia 22 de janeiro de 2021. Ele foi um menino pobre, deixado pela mãe viúva no orfanato do Dr. Janucz Korczak para poder estudar. Lá viveu por sete anos antes de partir para o leste devido à chegada dos nazistas. Na Rússia, foi partisan e também soldado do Czar e após a guerra, ao passar por Varsóvia e descobrir que sua família não mais existia, seguiu para Israel - viagem também recheada de fatos marcantes do século XX. Partiu de Gênova e antes de desembarcar em Israel foi levado preso pelos ingleses para Chipre. Chegou em Israel apenas em 1949. Sua vida de artista foi dedicada a retratar de memória sua vida no orfanato do Dr. Korczak.

Dr. Korczak esteve à frente de seu tempo nos processos pedagógicos e educacionais e não hesitou em seguir suas crianças para Aushwitz quando os tempos de deportação chegaram ao Gueto de Varsóvia. Histórias que se entrelaçam e que mostram o lado mais escuro do Holocausto, mas como a noite segue o dia e o dia segue a noite, mostra que o tempo foi capaz de mostrar que o Povo Judeu sobreviveu.


O POVO JUDEU hoje, espalhado pelo mundo inteiro, está tão vivo quanto 100 anos atrás. Atuante em todos os campos do saber, da economia às artes, mostrou que sobreviveu aos tempos do Holocausto e também mostra que SE LEMBRA. Superar não é esquecer. Superar é honrar os que ficaram através do encadear de gerações.

Unindo o ANO NOVO DAS ÁRVORES ao LEMBRAR do HOLOCAUSTO, o ano de 2021 mostra que o futuro é sempre possível quando abençoado pela memória do ontem e a busca do amanhã.


Regina P. Markus

28 de janeiro de 2021, 15 de Shvat de 5781




quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

VOCÊ SABIA? - Judeus nos Quilombos

 Por Itanira Heineberg

Quilombolas em suas comunidades mais de 100 anos após a abolição da escravatura no Brasil




VOCÊ SABIA que os quilombos brasileiros abrigavam, além dos escravos escapulidos das fazendas de seus patrões, também judeus fugidos da Inquisição?


         Capitão do Mato – encarregado de recuperar os escravos fugitivos


O Rabino Jayme Fucs Bar teve uma experiência interessante em 2019 quando dois amigos seus, com um grupo de jornalistas, visitaram o Kibbutz Nachshon para ali fazer uma entrevista sobre a comunidade. Havia no grupo duas mulheres que atuavam no Movimento Negro e assim, afastado há muito do Brasil, Jayme aproveitou o encontro para aprofundar seus conhecimentos sobre a questão dos negros no Brasil.

Conversando sobre este assunto delicado e doloroso para a história do nosso país, Jayme lembrou-se de outro encontro que lhe chamara muito a atenção, mas que, apesar de surpreendente, ele até então não havia divulgado:

 

“Aconteceu já há alguns anos, quando recebi uma família de Minas Gerais, pessoas realmente muito especiais com quem tenho contato até hoje, que nasceram e foram criados num Quilombo de nome Moinho. Nesse dia estávamos viajando em direção ao Mar Morto e na viagem eles me contavam a história do Quilombo de Moinho, as suas tradições, e como sobreviveram como uma sociedade fechada por mais de 400 anos.

O que mais me impressionou foi a frase de uma das integrantes do grupo que me disse:

"Você está vendo que eu tenho a pele parda, apesar de a maioria das pessoas do Quilombo de Moinho serem Negros? “Eu tenho sangue de Judeu!”

Eu não entendi nada, e perguntei - “Como assim? “

“Sabe Sr. Jayme, eu sei que é difícil acreditar, mas no nosso Quilombo existe uma história que foi passada por cada geração de que os brancos que chegaram fugidos no quilombo eram foragidos por não acreditarem na religião católica. Hoje, que temos mais informações e conhecimentos, chegamos à conclusão de que eram os Cristãos Novos que foram denunciados por ter prática Judaica!”

Fiquei realmente impressionado com a afirmação da senhora. Estava dirigindo o carro com mais 5 pessoas e não me contentei; logo que vi um posto de gasolina ainda no meio da estrada resolvi parar o carro para entender melhor essa história realmente incrível.

Com carro já parado, olho para todos e vejo que estão sorrindo com forma de aprovar o que ela acabou de me contar!

Esse trabalho de guia é muito gratificante; muitas vezes, acho que eu que deveria pagar para receber tanto aprendizado das pessoas que encontro nessas viagens! Conviver com seres humanos é uma eterna aprendizagem!

Ainda mais esse privilégio de ouvir essa história de pessoas que viveram num Quilombo em Minas Gerias e ouvir de suas bocas que judeus viveram juntos com os negros nos Quilombos.

Isso me fez pensar que realmente tem muita lógica no que a Senhora e todos me relataram no carro. Os judeus portugueses que viveram no Brasil colônia, quando foram denunciados por suas práticas judaicas e persuadidos não tinham muita escolha entre ser torturados e queimados na fogueira ou decidir fugir. E onde poderiam encontrar um lugar com certa segurança? Somente nos Quilombos, junto aos negros foragidos da escravidão.

Os Quilombos provavelmente eram pequenos estados muito bem organizados com leis e regulamentos próprios, que definiam a forma de viver e de se comportar, onde as pessoas tinham funções domésticas, agrícolas e militares.

Se acredita que cada Quilombo tinha sua própria liderança e provavelmente as decisões eram tomadas em assembleias - e a vida era na base do coletivismo.

Hoje entendo que os Quilombos não somente abrigavam negros, mas também judeus perseguidos pela inquisição.

Fico imaginando que quando os Quilombos foram atacados e destruídos, negros e judeus, uns ao lado dos outros, lutaram até a morte por sua liberdade!

No dia 20 de novembro, o dia da Consciência Negra no Brasil, nós, judeus, precisamos estar presentes e agradecer a esses heróis Negros dos Quilombos que nos deram abrigo e nos protegeram contra a tirania da Inquisição Católica.

No final da viagem fiz um pedido pessoal a essa família: que no dia que eu visitasse Minas Gerais pudesse conhecer o Quilombo do Moinho para agradecer de perto essa gente humilde que jamais devemos deixar de reconhecer por nos abrigarem e lutarem por nossa liberdade.”

 

Onde os habitantes da África foram escravizados sempre surgiram quilombos – seus esconderijos.

 

“No continente americano e nas colônias inglesas tinham o nome de maroons; nas francesas, grand marronage; na América espanhola, cumbes e palenques e, na América portuguesa, eram chamados de quilombos e mocambos.”

 

Entre os séculos XVI e XIX, o Brasil foi o maior importador de escravos do continente, e os maus tratos e torturas infligidos aos africanos ocasionaram o grande movimento de fuga dos prisioneiros e a criação dos quilombos.

Cinco milhões de africanos deixaram sua pátria para ser escravizados no Brasil.

 



A Capitania de Minas, a mais rica da América portuguesa, percebia a força destes quilombos cada vez mais numerosos e apoiados até mesmo pelos brancos, donos das vendas. Os escravos das fazendas passavam belas informações aos fugitivos, tal como onde poderiam roubar alguma mercadoria de maneira fácil e eficiente. Os quilombolas escondiam-se nas florestas, atacavam os viajantes e deles roubavam a carga preciosa para a alimentação e defesa dos seus mocambos.

Em 1719 uma guerra de nervos afligiu a população de Minas, por toda a capitania ouvia-se falar em um ataque saindo dos quilombos, uma revolta iminente aconteceria durante os feriados religiosos quando os senhores brancos estariam nas igrejas reverenciando seu Deus e patronos.

Como consequência, mais castigos eram adicionados aos escravos fugitivos, e quando recapturados perdiam uma orelha ou eram carimbados com ferro quente ou iam para o pelourinho.


Representações de africanos escravizados de diferentes origens e regiões — Foto: Fundação Biblioteca Nacional


 

“Essas populações vindas da África carregaram uma cultura e um conhecimento que ainda é pouco percebido entre nós. Foram os africanos que trouxeram para as Minas a tecnologia da metalurgia e mineração do ouro. Grandes artesãos e artífices injetaram valores culturais e objetos de materiais africanos que ofereceram um contorno afro-brasileiro à ourivesaria colonial. Há um diálogo muito complexo de culturas africanas que aparece na formação de Minas Gerais. O Brasil é um país extraordinariamente africanizado. E só a quem não conhece a África pode escapar o quanto há de africano nos gestos, nos sons, nas maneiras de ser e de viver e no sentimento de liberdade do mineiro que somos hoje.”

 

FONTES:

http://judaismohumanista.ning.com/group/marranismo-anussim/forum/topics/judeus-no-quilombo-do-moinho-jayme-fucs-bar?commentId=3531236%3AComment%3A165869&xg_source=activity&groupId=3531236%3AGroup%3A49507

https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/minas-300-anos/noticia/2020/06/27/uma-historia-da-liberdade-quilombos-em-minas-gerais.ghtml


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

EDITORIAL: Iniciando uma nova era? Paz, Ciência, VIDA


JANEIRO DE 2021: um ano que chega devagar, com algumas perspectivas positivas mas com muita incerteza. 2020, o ano da pandemia, também foi o ano em que a ciência-conhecimento mostrou do que é capaz. Mostrou como entender, um tempo recorde, o que está acontecendo com o grande, pequeníssimo corona. Muito aprendemos, mas ainda falta um pouco para o controlar. Entender o que é a infecção gerou muitas vacinas, mas ainda estamos correndo atrás de entender o que é a transmissão. E, mais um pouco, este período ficará para trás. Um período difícil porque muitos queridos partiram, e mais ainda porque vimos imagens muito tristes. Sofrimento e Insensibilidade foram companheiras nesta jornada, que também contou com Abnegação e Solidariedade

Israel mostra que é mesmo um país muito especial na geração de conhecimento e na sua transferência para o bem-estar da humanidade. Mas por outro lado, convivemos com incertezas nos governos e governantes. Opiniões diferentes e radicalizadas têm sido a tônica do momento. No balanço positivo é importante lembrar que o Oriente Médio vem se destacando nos processos de aproximação e estabelecimento de acordos de paz. Mais do que acordos, muitas de nossas postagens enfatizaram o intercâmbio e as convivências estabelecidas apesar da pandemia. Sinagogas foram abertas ou reativadas em países árabes do Golfo Pérsico ao Mediterrâneo. Há uma vontade de contar novamente com populações judias que foram expulsas no século XX e que viveram em alguns destes países por mais de dois mil anos. Este movimento positivo incluiu não apenas membros do governo, mas também empresários, cientistas e atletas. Israel passou a participar de competições que antes eram vetadas para os judeus e cientistas de diferentes países passaram a colaborar. 

Como estes tratados vão evoluir é ainda uma incógnita, mas os encontros de pessoas comuns, de todos estes mundos, mostram a vontade de conviver. Será que esta vontade vai superar a vontade de governantes? Será que os espaços conquistados serão respeitados? Olhando a partir do Brasil, aonde começam a aflorar chamamentos pelas diferenças e vendo o que acontece em Israel, imagino que o que deve continuar é o interesse depor parte de muitas pessoas comuns de apoiar convivências positivas em aproximações. Estas, apesar de não serem as tomadoras de decisão ou profissionalmente consideradas formadoras de opinião, passaram a ser ouvidas e influenciar microcosmos às vezes imperceptíveis. 

Nesta semana foi postado um vídeo mostrando que um cidadão israelense, árabe, morador de Haifa teve a sua visão restaurada a partir de uma novíssima técnica cirúrgica desenvolvida em Israel. Técnica cirúrgica? Quem leu a notícia deve estar criticando, porque o que foi utilizado foi uma córnea artificial - a era dos órgãoa artificiais chega com muito impulso! Esta notícia se encaixa no macrocosmo da ciência e reflete no microcosmo da vida pessoal.

Nestes tempos de pandemia, quando apreciamos o poder do muito pequeno,  quero deixar uma mensagem de esperança para 2021 e saber que apesar de todas as mudanças políticas que estão acontecendo, as pessoas do dia a dia sentiram o gosto da convivência e da paz. Sigamos em frente com a esperança que as diferenças possam servir para construir atalhos e não cogumelos cintilantes.

Saltemos com esperança neste ano que está além das previsões e por isso será uma aventura e tanto!


Boa Semana!

Regina P. Markus

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

VOCÊ SABIA? - O sonho israelense para os judeus da Índia: retornar depois de 2.700 de exílio

 

252 judeus indianos, incluindo bebês e idosos da Comunidade Bnei Menashe, uma das tribos perdidas, imigram para Israel

Por Itanira Heineberg




VOCÊ SABIA que uma organização sem fins lucrativos liderou o movimento para trazer da Índia os judeus da tribo de Menashe, uma das tribos perdidas de Israel, após 2.700 anos de exílio de sua terra causado pela conquista de seus territórios pelos assírios?

 

 

Pois foi o que aconteceu: a organização beneficente Shavel Israel reuniu 252 judeus de todas as idades da Comunidade Bnei Menashe, ao nordeste da Índia, e os conduziu ao aeroporto Ben-Gurion, Tel Aviv, onde desembarcaram para oficializar a Aliá – imigração - e iniciar uma vida nova, de esperança e de realização dos sonhos de muitos judeus da Índia.

A imigração fora aprovada já em outubro de 2020, e pouco tempo depois, em dezembro, 50 famílias, 24 pessoas solteiras, 4 bebês e 19 pessoas com idade superior a 62 anos adentraram o país entoando canções de alegria e celebrações pelos corredores do aeroporto.

 

Assistamos agora a este curto vídeo que mostra o entusiasmo dos 252 recém-chegados, que foram os primeiros contemplados de um total de 700 judeus com a oportunidade de imigrar para a terra de seus antepassados e voltar a Israel.




Logo após o pouso aconteceu o processo de imigração:

 "Cerca de 90% deles completaram seu processo de autorização de aliyah (imigração) e em breve todos serão levados para um centro de absorção de Shavei Israel no Nordiya moshav perto de Netanya", informou um membro da comunidade Bnei Menashe presente no aeroporto.

Shavei Israel é uma organização sem fins lucrativos que liderou o movimento para trazer de volta judeus que querem imigrar para Israel. "Eles completarão seu período de quarentena no moshav (uma comuna agrícola) e passarão cerca de três meses lá, obedecendo o processo formal de absorção, inclusive aprendendo hebraico. Depois disso, é provável que sejam instalados no norte na área de Nazaré Illit".


 

Pnino Tamano-Shata, Ministra da Imigração e Absorção.


Cerca de 2.437 pessoas da comunidade Bnei Menashe imigraram até agora para Israel dos estados do nordeste de Manipur e Mizoram desde 2003, informou o Ministério da Imigração e Absorção. “Estou feliz por ter o mérito de trazer o Bnei Menashe a Israel depois de muitos anos de espera”, disse a ministra da Imigração e Absorção, Pnina Tamano-Shata.


COMUNIDADE BNEI MENASHE, NORDESTE DA ÍNDIA, ESTADOS DE MANIPUR E MIZORAM (detalhe cedido por Himasaram)


Houve intensos debates em torno do judaísmo de Bnei Menashe no passado, mas em 2005, o então rabino-chefe da comunidade sefardita, rabino Shlomo Amar, os reconheceu como descendentes de Israel abrindo caminho para sua imigração para Israel. A comunidade afirma que pertence à tribo Menashe, uma das dez tribos empurradas para o exílio pelos assírios há cerca de 2700 anos.”

 

A história das 10 tribos de Israel, exiladas pelos assírios em 722 AC, permanece ainda com muitas questões a serem esclarecidas. A tribo de Menashe, um dos filhos de José, refugiou-se na Índia e finalmente está de volta à sua terra.

 

Assistamos agora a uma aula sobre as 12 tribos; 10 minutos de excelência para quem quer aprofundar-se na história do povo judeu e de sua difusão pelo mundo.  





Mapa da Índia – Nordeste com os estados de Manipur e Mizoram

   Sul – antiga vila judaica em Kochi


A cidade de Kochi mantém até hoje uma grande herança judaica ao sul da Índia com a presença de seus cemitérios e várias sinagogas muito antigas.

Ali viveu uma das mais velhas comunidades de judeus e as evidências demonstram que se estabeleceram ali após a destruição do Segundo Templo de Jerusalém, ano 70 AD.

 


Sinagoga em Kochi



FONTES:

https://www.news18.com/news/india/252-indian-jews-from-the-bnei-menashe-community-immigrate-to-israel-3181157.html

https://www.youtube.com/watch?v=D42sHSxizM8&feature=youtu.be

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2020/06/18/israel-se-prepara-para-onda-migratoria-judia-pos-coronavirus.htm

https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_the_Jews_in_India

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/04/na-india-tribo-perdida-sonha-voltar-para-israel.html


quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

EDITORIAL: 2021 - O Ano da Continuidade


Por Regina P Markus

1/01/2021


O que esperar de 2021? Este é um início de ano em que, apesar de adicionarmos uma pitada de esperança e de futuro, o nosso passado recente - e por que não dizer também o nosso presente - são tão fora de qualquer padrão que têm perturbado a forma de encarar o futuro.

Muitos fazem humor, e alguns posts são geniais. Outros transferem todas as esperanças para a vacinação e nós que temos contato com Israel ficamos abismados: como um país tão pequeno, com a dimensão do estado de Sergipe, já vacinou toda a sua população idosa enquanto no Brasil estamos ouvindo a imprensa chamar atenção para detalhes que deveriam ser tratados apenas por técnicos de administração em saúde? As respostas que dão são diversas. Uma das mais interessantes, e que guarda um tom antissemita, é que o Presidente da Pfizer é judeu e por isso mantém contato com Israel. Por outro lado, a imprensa israelense veicula a informação que o governo fez uma proposta de compra pagando 100% a mais por dose. Sendo uma quantidade pequena se comparada com os demais países e tendo a certeza que haveria uma rápida e eficiente utilização da vacina, bem como competência técnica para armazenamento, as vacinas foram despachadas. A competência na logística de vacinação impressionou a todos, mas sempre tem um ou outro caso anedótico de pessoas que têm medo de serem vacinadas. Enfim, a humanidade é composta de seres humanos diferentes, com opinião e com informações diferentes. 

Aqui no Brasil, um dos desejos é que a vacina chegue o mais rápido possível, e que possamos em breve criar estratégias para evitar os desmandos observados.

OLHANDO O FUTURO pelas LENTES DA ETERNIDADE

Sim, este é um outro tópico que tem que ser comentado hoje! Tem que ser colocado neste começo do ano.

No dia 2 de janeiro de 2021 todas as sinagogas do mundo encerraram a leitura do primeiro livro da Torah: Bereishit - Gênesis. Seguindo o costume, é neste momento que todos falam em voz muito alta, acompanhando o leitor oficial - RAZAK, RAZAK ve NITRAZEK - Força, Força, Sejamos Fortalecidos!

Chegar ao final de um livro da Torah, chegar ao final de um ano tão complexo, exigem algo a mais do que olhar os detalhes do dia a dia e os desejos habituais de passagem, afinal 2020 foi um ano especial.

Duas questões estavam no centro das atenções: Ciência (criação) e Isolamento (quarentena). De um lado queríamos que a ciência andasse bem rápido para entender o que estava acontecendo e como combater, e por outro aprendemos a lidar com isolamento sem solidão. Aprendemos a transferir nossos encontros para os quadradinhos do Zoom e famílias passaram a abraçar os idosos com o olhar, de fora dos portões sem se aproximar.

E.... neste contexto quero trazer a todos de volta para o livro de Breishit, Genesis. Para os dois primeiros capítulos, os capítulos da criação do homem. Li o texto do Rabino Meir Yaakov Soloveichnik,  Rabino Chefe da Congregação Shearit Israel de Nova York, filho, neto e sobrinho neto de uma dinastia de rabinos ortodoxos modernos. Seu tio-avô, Joseph B. Soloveichnik, um dos criadores da ortodoxia moderna, escreveu o texto "The Lonely Man of Faith" - "O Solitário Homem de Fé" (1965), onde brilhantemente revela os dois pilares do judaísmo: de um lado capacidade criativa, que é essencial para o desenvolvimento científico, e de outro lado a importância da comunidade e das famílias para a eternização do judaísmo. De forma brilhante mostra que Adão do capítulo 1, que foi criado à imagem e semelhança de D'us, era único porque simbolizava a todos inclusive ao feminino e masculino. Este era o Adão da criação. No capítulo 2, Adão estava solitário, necessitava de uma companheira e esta soma-se à narrativa de forma humana. Através da união da Terra (Adam) com a Alegria (Ravá, Eva) há uma mostra da vida com outros, da vida em companhia. E é neste contexto que o judaísmo é eternizado. No contexto que para viajar no tempo e chegar aos dias de hoje foram necessárias muitas gerações que lembrassem e se identificassem com o que aconteceu há muitos milênios. 

Os comentário de Rabbi Meir Yaakov Soloveichnik feitos no início de 2020 inspiram como devemos seguir para 2021. Será o ano em que precisaremos de Ciência e de Convívio Humano. O ano em que ficaremos muito felizes quando pudermos abraçar a vida de forma figurativa e também de forma física.

BOA CAMINHADA neste ANO de 2021!


Regina P. Markus