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quinta-feira, 17 de junho de 2021

EDITORIAL - Pluralidade: A Força das Palavras



PLURALIDADE ISRAELENSE - cidadãos de diferentes etnias e religiões, economia inovadora e vibrante, abrindo oportunidades para diferentes segmentos, diversidade de gênero e participação crescente de mulheres em cargos de liderança empresarial, militar e científica. A soma resultou em um número expressivo de mulheres encabeçando os ministérios do governo instalado em junho de 2021.
DIVERSIDADE , CONFLITO e CONVIVÊNCIA compõem este complexo algoritmo. 

Esta semana nossos olhos voltam-se para Israel. Muitos fatos, muitas notícias e muitas informações públicas e privadas chegam deste pequeno país com 22.145 km2 de área e uma população da ordem de 9 milhões de habitantes, de acordo com o censo de 2019. Pequeno em área mas rico em diversidade, problemas e exemplos. Ao falar a palavra Israel, cada pessoa evoca uma imagem. O mesmo acontece quando definimos o Estado de Israel moderno, terceiro lar nacional judaico independente ao longo de 3500 anos de história.

Mas esta frase omite muitos outros habitantes da mesma região. Cada um que está lendo este texto evocará uma imagem diferente. Uns lembram dos judeus vestidos de preto, que recordam a religião, outros dos judeus de kipá na saída de sinagogas em dias de celebração, ou aqueles que cobrem a cabeça todos os dias. Há ainda os que lembram dos cientistas, das impressionantes paradas LGBT. Cidadãos árabes, cristãos e ateus. Cidadãos com diferentes cores de pele. O Estado de Israel é diverso quanto aos seus cidadãos, mas é único quando comparado com os outros países de nosso planeta. É o único estado judaico deste planeta e está localizado em um pequeno pedaço de terra que vem sendo habitado por judeus há mais de 3000 anos.

PLURALIDADE - nem só o bem ou o amor são relatados na Torá, acontecem neste nosso imenso Brasil e é claro que Israel não fica atrás. É difamado, demonizado, e hoje sabe-se que são os grupos que negam o direito de Israel existir mostram a mais moderna forma de antissemitismo. Mas, também em Israel há problemas internos que precisam ser avaliados por perspectivas que permitam chegar a soluções.

Chegamos a um novo patamar na política israelense. Hoje o governo é formado por uma coalizão que vai da esquerda à direita, englobando conservadores e progressistas em cada um dos extremos. Também conta com um centro que recusou ser a terceira via. Os partidos de centro optaram por uma coalizão que incluísse cidadãos de todas as matizes, incluindo cidadãos israelenses árabes muçulmanos e cristãos.  Mas, não se enganem, os árabes não foram eleitos apenas através de partidos que os representam, mas há cidadãos israelenses árabes em partidos outros. Complicado - sim! Mas eu vou preferir dizer COMPLEXO - porque a pluralidade é complexa!

Vejam a descrição das mulheres no governo inaugurado esta semana. LEIAM as atribuições de cada uma e comentem se já ouviram alguma falar em programas brasileiros.

Nesta complexidade temos que cuidar dos termos usados para qualificar ou mesmo nominar cada um dos atores, e cada um dos grupos. Focando apenas no lado dos judeus poderíamos usar "religioso" para todas as formas de adesão à religião (reformista, conservadora, ortodoxa e ateus), gênero (Israel é um país que admite e pratica a liberdade de gênero, e como explicado no mais recente livro publicado pelo Rabino Newton Bonder, RJ, estas formas de admissão podem ser encontradas no Talmud), etc.

Olhando os termos ligados à religião, todos os judeus praticam uma forma de judaísmo regular são considerados religiosos, todos os judeus que seguem regras básicas de Halachá (ordenamento da vida às regras judaicas) têm sido chamados de ortodoxos. E esta é uma gama tão diversa e complexa com a qual, em geral, temos pouco contato e tendem a ficar na condição de "eles", "os outros".  Na realidade, o grupo também é muito diverso e também inclui "nós e eles".  As interfaces e a pluralidade mostram que é possível encontrar pontos de convergência e debater ou negociar pontos de divergência. 

Nesta semana, ao tomar posse em Israel um novo governo plural e diverso que inclui o maior número de mulheres e cargos de destaque, que inclui pela primeira vez um rabino reformista e que, repetindo o que ocorreu no primeiro governo de Israel, encabeçado por Ben Gurion, que já incluía uma lista árabe de Nazaré, vemos que o futuro aponta para a pluralidade de ações e que precisamos agora cuidar das definições dos termos e evitar de formar com eles blocos que impeçam a interação entre os mais diversos grupos.

No dia 16 de junho os partidos de oposição ao novo governo de coalizão gerou uma grande confusão, mas agora fica claro que são a oposição. Uma oposição que esteve no poder por 12 anos e que não representa a totalidade de cada uma das matizes do Estado de Israel.

Olhando para a Biologia (como tenho feito muitas vezes), sabemos que é na complexidade e na redundância de processo e vias de sinalização que está a vida. Quando o sistema vai sendo simplificado e reduz sua possibilidade de achar novos caminhos chega a doença e o desfecho final. Acompanhando a complexidade de AM ISRAEL é que começamos a entender a sua longevidade.


Uma boa semana,

Regina P. Markus

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