A CIDADE SEM JUDEUS – 1924 – Viena Films
(Leia sobre o filme) |
No dia 20 de junho o Sir Jonathan Sacks, que foi Rabino Chefe da Grã-Bretanha, membro da Casa dos Lordes, discursou sobre o antissemitismo. Ele fez um paralelo do que ocorreu nas primeiras duas décadas do século XX com o que vem acontecendo hoje. Memórias dos séculos XVII e XIX traziam para muitas pessoas a sensação que o antissemitismo era coisa do passado. Algo ligado aos séculos XIV e XV, com a Inquisição, com a fúria da Igreja Católica Apostólica Romana contra os judeus e contra os chamados cristãos novos, que começa a ser conhecida pelos descendentes dos que tiveram que se converter à força. Muitos buscam suas raízes e entre estes, é cada vez maior a quantidade de pessoas que as encontram!
O antissemitismo também foi um fator importante nas épocas das cruzadas e na Rússia czarista e stalinista, mas encontrou um importante combatente em Napoleão, que criou o conceito da Religião Judaica, tornando assim os judeus cidadãos do mundos e os judeus franceses, cidadãos franceses de fé mosaica. Os anos correm, e é no início do século XX que vemos o recrudescimento do antissemitismo, com o Processo Dreyfus na França e ações por toda a Europa. Quero chamar atenção de nossos leitores para um filme realizado em Viena, que estreou no ano de 1924: A CIDADE SEM JUDEUS (dirigido e roteirizado por Hans Karl Breslauer, baseado em um romance de Hugo Bettauer) – naquele ano, Hitler estava preso e todos os nazistas haviam sido expulsos da Áustria. O filme conta a história de uma cidade chamada UTOPIA, que poderia ser Viena, e que expulsa todos os judeus de uma só vez, ocupando suas casas, negócios e tudo o mais que parecia atrapalhar os cidadão de Utopia. Este filme encontrado em 2015 em Paris mostra o clima pronto para aceitar o Holocausto, mas termina de forma utópica, pois todos os judeus são chamados de volta.
Havia um clima propício ao antissemitismo no início do século XX.
E AGORA?
A história se repete?
A segunda metade do século XX testemunhou grande respeito aos judeus, sua capacidade de sobreviver e de eternizar o lema de “geração em geração”, motivo de orgulho e respeito.
Mas hoje vemos o antissemitismo reaparecendo em todos os países, inclusive no Brasil. Os Estados Unidos testemunharam vários atos contra Israel e Judeus – e em Pessach (Páscoa) de 2019 testemunharam a invasão de uma sinagoga por um atirador que feriu várias pessoas e matou uma mulher de 60 anos. Em muitos países, incluindo Brasil, África do Sul e várias vezes na França, cemitérios judeus foram violados. Na Alemanha as agressões foram tantas, que alguns governantes aconselharam a judeus ortodoxos deixarem de usar o solidéu!
Ao mesmo tempo há alguns atos de apoio. Apoio quem? A cidadãos que respeitam a lei dos países em que moram, que criam filhos e contribuem para o bem estar das nações? Será que precisamos de apoio para sermos quem somos? Na realidade o que estamos vendo é um alerta, e em tom muito alto, para que saibamos que o futuro livre de preconceitos e perseguições ainda não está garantido.
É em nome deste alerta que lembramos a todos os nossos leitores que não é uma questão de religião ou de sobrevivência, é uma questão de que cada um de nós temos que estar alertas para respeitar ao outro, assim como ele é.
Ao longo de toda a história o desrespeito ao judeu, seja ele branco ou negro, religioso ou laico, destacado por habilidades intelectuais, artísticas, ou por ser igual a qualquer outro cidadão é o início do desrespeito a todos os cidadãos, é o início do desrespeito à vida.
Este é um momento de prezarmos a todos, os iguais e os diferentes – este é o momento de prezarmos a individualidade, de prezarmos A VIDA.
Boa Semana!
Regina
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