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domingo, 2 de junho de 2019

VOCÊ SABIA? - Os negros na Alemanha nazista




Neger, Neger, Schornsteinfeger!
(Negro, negro, limpador de chaminés!).

Uma rima conhecida por todas as crianças na Alemanha nazista.



"Peste perigosa": esta era a propaganda nazista.


Você sabia que assim como os ciganos, os judeus, os homossexuais, as Testemunhas de Jeová e os comunistas, os negros também tiveram sua imerecida quota de humilhações, sofrimento, esterilização e morte durante a Alemanha nazista?


Propaganda nazista: negro ataca mulher branca


Entre 1883 e 1919, durante o breve período Colonial Alemão em que o país administrou terras em outros continentes, surgiu na Europa a Comunidade Africana-alemã:


“Marinheiros, funcionários, estudantes ou pessoas do mundo do entretenimento de regiões que hoje constituem países como Camarões, Togo, Tanzânia, Ruanda, Burundi e Namíbia foram parar na Alemanha."

Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914, estas pessoas em trânsito até então acabaram se fixando na Alemanha. Soldados africanos que haviam lutado ao lado da Alemanha também se tornaram residentes do país.
Porém, segundo o historiador Robbie Aitken, foi outro o grupo que despertou nos nazistas um verdadeiro receio quanto à mistura de raças, uma ameaça à raça pura, tão proclamada e defendida por eles.

Com a derrota do país, e consequente tratado assinado, soldados franceses ocuparam a região oeste da Alemanha, a Renânia. Como medida de segurança e estabelecimento da ordem na área, a França destacou alguns 20 mil soldados de seu império na África, oriundos do norte e oeste do continente. Inevitavelmente aconteceu o relacionamento deles com moças alemãs.

E foi assim que em 1920 surgiu o termo pejorativo “bastardos da Renânia”, ao tratar das 800 crianças mestiças filhas destes relacionamentos. Elas eram uma intimidação à pureza da raça ariana.


Bastardos da Renânia

Durante o breve período da República de Weimar, a Era de Ouro que antecedeu a subida de Hitler ao poder, os negros eram apresentados como um espetáculo, representando personagens exóticos de terras exóticos e suas músicas e ritmos eram dançados com elegância nos salões, mais uma modernidade dos tempos! Música negra era chique.


Josephine Baker – uma das mais populares dançarinas da Europa em seu tempo e uma das mais bem pagas

Ópera de Ernst Krenek, 1927Jonny Strikes Up - Jonny Começa a Tocar 


Outro exemplo da Era de Ouro é esta ópera em língua alemã:




Apesar de negros fazerem parte dos planos não humanitários de Hitler, sendo segregados, sequestrados, impossibilitados de continuar seus estudos, poucos historiadores se dedicaram ao assunto.


O Centro de Documentação do Nazismo em Colônia apresentou pela primeira vez uma exposição sobre o tema:

Até hoje a história dos negros que viviam na Alemanha antes da subida ao poder dos nazistas permanece desconhecida do grande público. Naquela época, não era apenas através da cultura que os negros se sobressaíam, mas também com sua presença nas ruas: imigrantes do Caribe, africanos, norte-americanos negros que haviam fugido da crise econômica nos EUA para a Alemanha, diplomatas, imigrantes das colônias e marinheiros. Idealizador da exposição, Peter Martin, da Fundação de Incentivo à Cultura e Ciência, de Hamburgo, estima em 10 mil o número de pessoas de cor residentes na Alemanha naquela época.”


Também uma cineasta britânica de origem ganesa dedicou-se ao assunto e produziu seu filme já em cartaz na Europa, “Where the Hands Touch”.





A cineasta britânica Amma Asante, de 49 anos, tem origem ganesa e demorou 12 anos para levar aos cinemas a história dos negros na Alemanha nazista.”

Ao se deparar por acaso com uma antiga foto escolar do período nazista, sentiu no olhar de uma aluna negra um ar de desconfiança, talvez de desconforto ao ser fotografada.




Asante percebeu que este era um tema esquecido pelos estudiosos mas que deveria ser pesquisado.


E através de seu filme decidiu mostrar uma história de ficção acontecendo em um período real do país para assim contar a História não contada dos negros durante o nazismo alemão.




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.

FONTES:



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