Você sabia que a Coca-Cola, bebida apreciada em todos os
cantos do mundo, é Kosher em alguns países de acordo com a lei judaica? Mas nem
sempre foi assim.
Apesar de existir desde 1886 no mercado americano,
somente a partir de 1935 a Coca-cola recebeu o certificado Kosher, inclusive
para o período de Passover, a Páscoa Judaica.
A história começou no século passado quando descobriram
que a versão original da bebida possuía em sua composição um alimento não
Kosher - a glicerina animal.
No início dos anos 1930 um rabino ortodoxo, Tobias
Geffen, começou a receber insistentes cartas dos rabinos dos Estados Unidos
indagando se a Coca-Cola era Kosher.
Ainda que os judeus imigrantes se satisfizessem em beber
água com gás, o refrigerante aos poucos ia se tornando muito popular entre os jovens
judeus e os rabinos estavam preocupados. Geffen morava em Atlanta, sede internacional
da Coca-Cola, e esta era a razão de receber tantas cartas.
Ao pesquisar, o rabino descobriu o ingrediente não Kosher
na Coca-Cola, ingrediente este também presente em outros alimentos e bebidas no
país.
Pairou então a dúvida: The real thing, “a
coisa verdadeira”, seria mesmo a verdadeira coisa para os judeus ortodoxos?
A Coca-Cola, um dos símbolos americanos mais conhecidos
no mundo, sempre guardou sua fórmula secreta a sete chaves mas concordou em
revelar ao rabino uma lista dos ingredientes utilizados na produção após Geffen
assinar de um termo de confidencialidade; “Segredo de Estado”.
Ao estudar a lista, ele descobriu que a glicerina era
feita de sebo de carne não Kosher.
“Embora um químico de laboratório tenha dito
à Geffen que a glicerina estava presente em apenas uma parte por mil (uma parte
em 60 é diluída o suficiente para obter certificação Kosher), Geffen informou à
Coca-Cola que, como essa glicerina era
planejada e não acidentalmente ingrediente adicionado, os judeus observantes
não poderiam intencionalmente tolerar sua inclusão. A Coca-Cola não conseguiu
atender aos padrões de Geffen.”
Os cientistas da empresa começaram a pesquisar um
substituto para o produto recusado pelo rabino e descobriram que a Procter
& Gamble produzia uma glicerina à base de óleo de semente de coco e de
algodão. A Coca-Cola aceitou trocar este
ingrediente e Geffen aprovou a bebida como Kosher.
Já para Pessach, a Páscoa Judaica, a empresa concordou em
substituir um subproduto de grãos (chametz) por adoçantes à base do açúcar da
beterraba e da cana de açúcar, sem alterar o sabor da Coca-Cola.
A partir de então, a cada ano a empresa inicia a produção
da bebida com diferentes açúcares, um bom tempo antes da celebração de Pessach.
Assim, durante anos, Geffen foi uma das únicas pessoas do
mundo a conhecer os segredos da bebida, numa tentativa de fazer da Coca-Cola um
produto Kosher.
Satisfeito com o resultado de seu trabalho, o rabino
Geffen escreveu um texto em que agradecia a Deus por ajudá-lo a obter uma solução
pragmática que permitiu aos judeus ingerirem a bebida sem dúvidas sobre sua
composição, tornando a bebida oficialmente Kosher nos Estados Unidos, Canadá,
Israel e outros países.
“Rabino Geffen nasceu em Kovno, Lituânia, no
dia 1 de Agosto de 1870.
Estudou na Yeshivá de Kovno e Grodno e se
tornou Rabino formado pelos seus mestres R.Tzvi Hirsch Rabinowitz de Kovno e
Rabino Danishevsky de Slobodka. Casou-se com Sarah Hene Raninowitz em 1898.
Teve 8 filhos e seu casamento durou 63 anos.
Em 1903, após o progrom em Kishniev, R.Geffen
e sua família foram morar em New York, Nova Iorque, onde se tornou rabino em
Canton, Ohio, e depois de alguns anos, optou em se mudar para Atlanta, onde o
clima era mais agradável (e por sinal, a sede mundial da Coca-Cola).”
Tampa amarela, embalagem especial para Pessach.
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“De uma história como esta podemos ver que
quando um judeu decide que quer comer Kasher e assume com orgulho sua opção, os
outros, inclusive os não-judeus, não somente respeitarão a sua decisão, como
inclusive darão apoio e ajuda para que a comida Kasher não seja um obstáculo
para reuniões de negócios, encontros sociais, festas e eventos.”
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heinebeg para os canais do EshTá na Mídia.
FONTES:
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