DIA DE JERUSALÉM - יום
ירושלים
Dia da Memória dos Judeus
Etíopes
28/29 Maio 2022 28 Iar (5782)
O antissemitismo mundial e no Brasil vem aumentando a cada ano. O "apagamento" de importantes achados israelenses no campo da agricultura, saúde, água, clima e ciência básica faz com que as informações que recebemos fiquem muito aquém do que acontece na realidade. A grande mídia passa ao largo de atentados diários que ocorrem em Israel. Atualmente há vários grupos, alguns organizados profissionalmente e outros voluntários, que mostram os bastidores deste conflito que acontece há mais de 2000 anos.
Muitos eventos aconteceram nestas últimas semanas, alguns atingiram a grande imprensa e outros circulam na mídia eletrônica. A pergunta que faço no momento é como o povo judeu sobrevive, vive e continua estando na vanguarda de seu tempo?
Ter a possibilidade de unir gerações e fazer com que pessoas oriundas de diferentes regiões do planeta tenham elos comuns é uma das respostas. Este elo não é via religião, como pensam muitos ocidentais, ou pelo aspecto físico ou etnia, como determinado por vários dos que quiseram eliminar o povo judeu. Este elo é através da educação de hábitos e de costumes que podem ter ligação com a religião, hábitos do dia-a-dia e comemorações de datas marcantes que acontecem ao longo destes mais de 3000 anos.
JERUSALÉM – a eterna
capital do povo judeu. O local do planeta para o qual todos os judeus que rezam
se voltam. Todos olham para um mesmo lugar físico. Um lugar na Terra, pois
somos os habitantes deste planeta e nossa sobrevivência como espécie depende da
sobrevivência da Terra.
Dia de Jerusalém – um dia de celebração instituído no século
XX.
O Plano de Partilha do Mandato Britânico da Palestina votado pela ONU em 1947 propunha que Jerusalém fosse uma Cidade Internacional, sem exclusividade árabe ou judaica, por dez anos. Findo este período, um referendo consultando os cidadãos de Jerusalém estipularia a que nação a cidade estaria ligada. A liderança judaica no Mandato Britânico da Palestina acatou a decisão da ONU mas os árabes recusaram e iniciaram um conflito armado com o Estado de Israel. Os exércitos invasores eram formados por unidades do Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita. Neste contexto os judeus perderam a Cidade Antiga de Jerusalém. A parte da Cidade conquistada pelos romanos nos anos 70, onde foram construídos os dois Templos Sagrados e onde há memórias judaicas da antiguidade e dos 2000 anos de diáspora. Os judeus que residiam na parte leste de Jerusalém foram expulsos, 58 sinagogas foram destruídas e os túmulos do Cemitério Judaico localizado no Monte da Oliveiras foi destruído. Os túmulos foram utilizados como material de construção e serviram para pavimentar ruas.
Anos mais tarde,
também num contexto em que os exércitos árabes invadem Israel - a Guerra dos Seis
Dias (1967) - ocorre a unificação da Cidade de Jerusalém. Esta cidade,
considerada santa pelos judeus, cristãos e mulçumanos foi capital de Estados
Judeus da Antiguidade. A forma de não esquecer Jerusalém e manter a ligação com
a cidade de David foi incutir o desejo de a esta cidade poder voltar – NO
PRÓXIMO ANO EM JERUSALÉM – frase que é repetida em várias oportunidades por
judeus do mundo inteiro.
Os judeus etíopes, que são descendentes da Rainha de Sabá e voltaram para a Etiópia ainda nos tempos bíblicos também cantam a mesma estrofe. Interessante lembrar que estes judeus não tiveram contato com as comunidades internacionais até o século XX e suas tradições não incluem os debates talmúdicos.
Para lembrar o dia em que Jerusalém foi unificada, Moshe Dayan instituiu em 1967 o Dia de Jerusalém e posteriormente o Rabinato Central de Israel declarou que este seria também um feriado religioso. Seguindo a história, os judeus etíopes chegaram a Israel trazidos inicialmente pela Operação Moisés (novembro 1984). Como no Brasil, a integração entre os diferentes tons de pele humana é um fato a ser trabalhado. Pnina Tamano-Shata, a atual Ministra da Imigração, nasceu na Etiópia e foca em processos de integração. Muita água ainda tem que correr nos maravilhosos rios brasileiros e no muito menos exuberante, mas muito cantado Rio Jordão de Israel para que a humanodiversidade seja uma realidade social.
Comemorar e honrar é uma das formas de respeitar e destacar. Mais recentemente o Dia de Jerusalém, que lembra a união física da cidade eterna, passou a ser conhecido como dia da Memória dos Judeus Etíopes – em memória aos judeus etíopes que morreram a caminho de Jerusalém ao longo da história – e também celebrar a União do Povo Judeu. Um ramo desgarrado há mais de 2000 anos junta-se aos demais na Terra de Israel, na Cidade de Jerusalém.
Aproveitemos desde o
por do sol do dia 28 de maio até o por do sol do dia 29 para comemorar a união
de Jerusalém e a resiliência dos que sabem transformar a sobrevivência em uma
Vida para as Futuras Gerações.
Boa Semana!
Regina P Markus