Judeu boxista
em campo de concentração?
THE SURVIVOR,
literatura do Holocausto, e o dilema da vida pela vida.
Por Itanira Heineberg
Harry Haft, personagem do livro “HARRY HAFT, SOBREVIVENTE DE AUSCHWITZ, ADVERSÁRIO DE ROCKY MARCIANO” de autoria de Alan Haft, filho mais velho de Harry, agora também no cinema. |
Você sabia
que sobreviver o Holocausto exterminando os próprios irmãos num ringue de box,
como os gladiadores da antiga Roma, não é suficiente, não apaga o passado nem
traz a almejada paz no pós-guerra?
Fica
impossível sobreviver às lembranças terríveis dos campos, a culpa por não ter
feito mais, os pesadelos de cada noite.
Harry Haft,
um judeu polonês de dezesseis anos, foi levado para um campo de concentração em
1944.
Lá
forçaram-no a lutar contra judeus aprisionados, companheiros de maus tratos
como ele, em combates desumanos, sem luvas, para divertir os maléficos oficiais
da SS.
Em sua primeira
luta Harry descobriu que o vencido morria ao final da briga com um tiro
certeiro, em meio ao ringue, e concluiu que sua sobrevivência ia depender de
sua capacidade de vencer. Essa experiência angustiante e dolorosa fez dele uma
pessoa amarga e violenta.
Esta é a
história de Harry Haft contada por seu filho mais velho, Alan Haft, “uma
vítima do holocausto com uma história singular de resistência, desespero e amor
não correspondido.”
Em meio às
celebrações do Dia do Holocausto, deparei-me com a vida e experiência dolorosa de
Haft nas mãos dos nazistas ao ler sobre o filme lançado no HBO em 27 de abril,
no Dia da Shoah.
“Eu não
odeio judeus”, diz o oficial da SS Dietrich Schneider no novo filme “O
Sobrevivente”. “Todos os grandes impérios são construídos sobre a destruição de
outro povo. E sua raça foi expulsa de todos os países cristãos por quanto tempo,
1.000 anos?”
“Por não
fazer nada”, diz Hertzko Haft, de 18 anos. "Para viver."
“Mas você
não revidou”, diz Schneider. “Qualquer pessoa lógica veria isso acontecer
quando Hitler chegasse ao poder. A retirada de seus direitos. As humilhações.
Mas seu povo se recusa a se salvar.”
“Sou
polonês”, diz Haft. “Para onde deveríamos ir?””
Após a guerra,
Haft viajou para a América em busca da liberdade, lá trabalhando como boxeador
e logo obtendo sucesso profissional ao aplicar sua experiência, perspicácia e
determinação de vencer.
Procurou com
afinco por sua namorada Leah de quem fora separado durante a guerra e já em
solo americano e com sucesso nas arenas, intensificou sua busca quando veio a
conhecer Miriam, que muito o auxiliou nesta tarefa. Depois de algum tempo com
ela casou criando uma linda família com três filhos.
“Em uma
batalha histórica, Haft defronta-se em uma luta com Rocky Marciano, o futuro
campeão mundial invicto dos pesos pesados. A carreira de boxe de Haft o leva ao
mundo de lendas do boxe como Rocky Graziano, Roland La Starza e Artie Levine, e
ele revela novos detalhes sobre a corrupção desenfreada em todos os níveis do
esporte.”
“Harry
Haft é um sobrevivente em apuros, desafiando a capacidade do leitor de entender
o sofrimento e encontrar compaixão por um anti-herói cuja vontade de sobreviver
ameaça sua própria humanidade. O relato de Haft, ao mesmo tempo desapaixonado e
profundamente absorvente, é uma história extraordinária e uma contribuição
inestimável para a literatura do Holocausto.”
“Este
filme influenciador é uma homenagem ao espírito indomável de Harry Haft, enquanto
explora as escolhas morais angustiantes que os prisioneiros dos campos de
concentração tiveram que fazer, e o trauma e a culpa com que muitos viveram
pelo resto de suas vidas.
Entre a
performance impressionante e transformadora de Ben Foster no papel de Haft, a
música assombrosa e a iluminação sinistra durante grande parte do filme você
sente como se estivesse no inferno de um acampamento ou na escuridão que
consome Haft pelo resto de sua vida. A desumanidade, degradação, tortura – tudo
parece muito real. Isso precisa ser visto pelo público em geral.”
Com a
história do Holocausto sendo negada por muitos e distorcida por tantos outros,
com o antissemitismo alastrando-se pelos continentes, uma experiência como a de
Haft deve ser contada e apresentada para todos que ainda ignoram os tristes
fatos da história do mundo.
Assistamos ao
curto vídeo do trailer oficial de “O
Sobrevivente” já em exibição na HBO:
Quarenta por
cento dos estudantes universitários desconhecem o que foi o Holocausto.
“Hoje, os
ataques a judeus aumentaram 400% somente em Nova York; mentiras descaradas
sobre Israel abundam nas universidades, na mídia e até no Congresso. A esquerda
formalizou um apagamento ideológico da identidade judaica. “Globalizar a
Intifada” está se firmando como o novo mantra do despertar.”
Assim sendo,
no intuito de relembrar a História e acordar os mal-informados, acrescentamos
abaixo uma lista de bons e artísticos filmes sobre o Holocausto, filmes estes que
evitam a emoção barata, apresentam experiências que precisam ser conhecidas e
jamais perdidas ou esquecidas:
Ida (2013,
Polish)
The Pawnbroker
(1964)
Phoenix (2014, German)
Son of Saul (2015, Hungarian)
1945 (2016, Hungarian)
Train of Life (1998, French - não confundir com Life
is Beautiful, anterior a este)
Cena do filme
“1945”, onde pai e filho retornam dos campos de concentração e são mal
recebidos pelos aldeãos de seu vilarejo. |
FONTES:
https://www.imdb.com/name/nm1105713/bio?ref_=nm_ov_bio_sm
https://sfi.usc.edu/events/reboot-ideas-presents-survivor
https://jewishjournal.com/culture/arts/film/347362/you-didnt-fight-back/
https://www.amazon.com.br/Harry-Haft-Auschwitz-Challenger-Holocaust-ebook/dp/B00TRDD4EK
https://www.myjewishlearning.com/article/7-holocaust-films-you-should-see/
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