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quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Acontece - Uma cadeira vazia...

 

Por Juliana Rehfeld




Esta semana foi se tornando mais leve e emocionante com os relatos diários da soltura de reféns. Embora a maioria esteja em condições de saúde física satisfatórias, a saúde mental após o que foi vivido estará comprometida por muito tempo ou para sempre. E ainda há muitos reféns com paradeiro desconhecido e dúvidas persistem sobre sua volta ou não pra casa. O fato é que, em meio às contínuas notícias ruins sobretudo em relação à imagem de Israel na opinião pública, temos assistido a lindos e emocionados reencontros, diálogos e relatos doces de crianças contando a experiência como uma aventura, uma viagem que querem compartilhar no abraço envolvente que lhes garante que estão em casa. 

Na Torá estamos com Jacó voltando para Canaã encontrar seu irmão Esaú, preparado para guerrear. No caminho a famosa luta com um anjo termina em  vitória e muda o nome de Jacó para Israel. Após enviar mensagens preparando Esaú para o reencontro, chega em casa e se reconciliam, e ele se estabelece com sua grande família; será o patriarca que dá nome ao povo, do qual integralmente o povo judeu descende, ele que viveu entre desencontros e encontros, retratando o poder de Deus que o acompanhou e protegeu em todos os momentos, seja em Canaã, ou Haran ou mesmo finalmente no Egito. 

Jacó era o patriarca preferido de Marcelo Cardoso, como ele contou na linda fala que fez no Neshamá sobre a Parashá VaIetzé e muitos encontros foram a marca na vida de Marcelo que nós, felizmente, presenciamos. Marcelo falou para nós no EshTamid em muitos Shabatot e escreveu para nós no EshTaNaMidia com suas firmes posições contra injustiças e persistente busca de aprender mais.

Convidei Angelina Mariz, uma sua grande amiga, e nossa, para escrever sobre Marcelo. 

Segue aqui:


Nessa semana nosso Querido Marcelo Cardoso se foi.

Ele brilhou durante 53 anos.

Presenteou seu sorriso aberto a milhares de pessoas.

Seu abraço caloroso nos envolveu, sempre, com fartura.

Ele nos alimentou de sonhos, projetos e realizações.

Quantas conquistas o Marcelo ajudou a concretizar!

Incansável, estava sempre agitando as comunidades judaicas por onde passava.... e a família.... e os ambientalistas.... a todos que tiveram a sorte de o encontrar no caminho.

Marcelo era comprometido com a defesa das criaturas, fiel à nossa missão de cuidar do planeta. E a cada prédica, profunda e límpida, nos ensinava, nos lembrava e inspirava.

Agora tem uma cadeira vazia em muitos miniamim.

A ausência física é dolorosa. Especialmente porque foi uma partida inesperada, sem despedidas. Mas também é suave, como um vento fresco de Primavera que leva as folhas das árvores, que espalha as sementes para germinarem em novas paisagens.




O EshTa na mídia terá você sempre presente e tenta continuar com teus desejos de ir detrás dos Encontros!

Descansa em paz!

quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Acontece - De tudo um pouco, mas demasiado

Por Juliana Rehfeld




Tem acontecido muita coisa, em Israel e no front em Gaza, mas também no planeta, com o ressurgimento, para mim assustador, do “irracional” antissemitismo e de proporções inacreditáveis. 

Em Israel, a vida tentando voltar ao “normal”, apesar de muitos cidadãos e muitas cidadãs, sejam judeus ou árabes ou cristãos, ainda estarem substituindo em vários setores - agricultura, indústria - trabalhadores que estão atuando nas Forças de Defesa e é claro, apesar dos ataques ainda diários de foguetes do Hamas no sul e no centro e de drones suicidas do Hezbollah no norte. 

Fora de Israel, nas ruas, nas redes sociais e nas universidades da Europa, Estados Unidos e aqui no Brasil, acontecem manifestações anti-semitas de uma virulência que não mais acreditávamos possível. De tudo, um pouco, mas demasiado: afirmações mentirosas, dados historicamente inverídicos, generalizações “banalizadoras”. Frases como: 

- “Israel está mostrando seu verdadeiro objetivo de exterminar os palestinos” que ouvi de colegas “esclarecidos” - como se Israel precisasse de 75 anos para fazer isso se realmente o quisesse…

- “Hospitais palestinos são alvo de bombardeio indiscriminado por parte de Israel levando à morte de mais de 10 mil civis, sobretudo crianças" - quando casas e hospitais do norte foram evacuados a pedido de Israel mas contra vontade do Hamas e números não são checados e além disso, imagens divulgadas mostram uma já famosa tática de os mesmos adultos e crianças “morrerem” diversas vezes em locais diferentes…

- O presidente Lula desinformando ao dizer que "a ONU tinha sido capaz de criar o estado judeu mas não tem até hoje força para criar o estado palestino ao lado” quando todos sabem que a resolução de criar o estado árabe de 1947 não foi aceita pelos países árabes, o que resultou na primeira guerra de Israel. E na época, ao referir a palestinos falava-se  da população também judaica, de moedas e jornais em hebraico e árabe…

- Ainda Lula falando que “parece que Israel quer invadir Gaza e expulsar os palestinos", e tantos falando em genocídio quando, de novo, se Israel realmente quisesse ocupar o território não teria saído de lá em 2005, retirando à força a população judaica de lá, ou quisesse exterminar os árabes e fazer a alegada “limpeza étnica” quando em seu território abriga com plenos direitos cerca de 2 milhões de árabes! 

- E a ameaça verbal e à integridade física de professores e alunos judeus de inúmeras universidades mesmo que esses nem se tivessem manifestado pró Israel, mas simplesmente por serem judeus! 

E o pior, porque majoritário: o silêncio seletivo. O silêncio que deixa de condenar o estupro e a violência contra mulheres quando são israelenses ou judias, o silêncio que deixa de condenar as barbaridades perpetradas em 7 de outubro tratando essas ações como resistência a… ao que mesmo?? O silêncio das autoridades brasileiras em relação ao refém brasileiro enquanto se esforçam sobremaneira para trazer não-brasileiros fugindo de Gaza… 

E é claro, o silêncio da imprensa que deixa de mostrar as dificuldades do dia-a-dia em Israel, que mencionei acima, ou o cuidado com que estão sendo feitos os ataques a Gaza para reduzir ao mínimo as mortes colaterais dos escudos humanos usados pelo Hamas - se eu recebo essas imagens e vídeos, tenho certeza que a imprensa também recebe mas escolhe não mostrar!

Manifestações em todos os lugares que repetem “hipnoticamente” "Palestine Free - from the river to the sea” - palestina livre do rio ao mar - pregando portanto apagar Israel do mapa! Isso é resistência ao colonialismo?? 

E a ausência da Cruz Vermelha, supostamente preocupada em garantir a integridade de civis sequestrados? Quando são israelenses, não?

E manifestações que incluem desenho de suásticas e de estrelas de David em muros onde haviam sido apagados em 1945 ao final da 2a guerra! E achávamos que nunca mais! 

Se na Europa dos anos 40 estava escrito “Judeus - saiam daqui e vão pra Palestina" - hoje se escreve “Judeus - saiam da Palestina" e “e da nossa frente”!

Felizmente há movimentos, sobretudo de jovens, que antes alheios à polícia em Israel ou fora, manifestam em alto e bom som seu orgulho em serem cidadãos israelenses ou judeus na diáspora, e artigos e falas - poucos, mas fundamentais - expondo fatos que mencionei nesta coluna, e também trabalham há tempos pela paz e contra o ódio. Apenas alguns:

- Artigo de Mariliz Pereira Jorge na Folha - "O feminismo abandonou as judias”;

- Resposta na Folha de Alexandre Schwartsman a um judeu com auto ódio desproporcional (esse assunto falamos em outro artigo): “O que Breno Altman esconde”;

- O material fantástico produzido pelo StandWithUs e pelo IBI…

- Mulheres da ONU, UN Women: “Your silencie is Unbelievable” - teu silêncio é inacreditável;

- Movimento de cidadãos judeus e palestinos de Israel que buscam a paz: standing-together.org ;

- O movimento Mulheres que agem pela Paz - נשים עושות שלום - Nashim Ossot Shalom.




Acabei de receber a notícia de que um advogado americano - não tenho o nome- obteve em 17/11 a patente da frase "From the River to the Sea, Palestine Will be Free" e com isso processará quem a está usando. Grande ideia!

Mas de fato creio que nós judeus, sionistas, não israelenses, estamos perplexos e tristes com a ausência de reação ou com a triste reação de colegas e pessoas que pensávamos próximas, e sem dúvida, informadas e esclarecidas. Onde estava guardado e como emergiu esse antissemitismo cheio de ódio, vazio de crítica e auto-controle? Minha sensação é de me tirarem o chão, bases em que eu acreditava, me enganava. Alinhamento que eu imaginava ter foi totalmente quebrado e fico triste ao estar hoje acompanhada em meus argumentos por pessoas com as quais nunca concordei política ou socialmente. Por que isso acontece?

Tenho sempre tentado fazer uma correlação, ver se há alguma possível reflexão na parashá da semana com o que acontece em nossos dias. Nesta semana lemos  na Torá que Jacó saiu de sua casa a caminho da terra onde o tio Laban morava. O mais famoso sonho da Bíblia ocorre então, justamente quando ele está fora de sua casa, fugindo da ameaça de Esau, antes de padecer dos enganos a que Laban o submete, sozinho, no escuro, no máximo da vulnerabilidade: sonha com uma escada que vai ao céu, anjos sobem e descem por ela, Deus lhe aparece do alto e lhe promete dar-lhe a terra em que ele está, onde seus descendentes se espalharão, e lhe diz que sempre o acompanhará, não o abandonará até cumprir a promessa. 

Escolho “pescar” nisso que a esperança é possível no momento de grande vulnerabilidade, de solidão. Mas como se desenvolve a vida de Jacó, ele consegue “crescer e se multiplicar” apenas a partir de muito trabalho e resiliência. 

Hoje vi que no fim de outubro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sancionou a Lei nº 17.817/2023 que proíbe o ensino ou abordagem disciplinar do Holocausto a partir de perspectivas negacionistas ou revisionistas. A nova norma é válida para o Sistema de Educação Básica do Estado. A educação começa pela base, se esse trabalho for bem feito poderemos sonhar com um Nunca Mais de fato! 

Shabat Shalom

terça-feira, 21 de novembro de 2023

VOCÊ SABIA? - o que uma jovem palestina e o Primeiro-ministro de Israel têm em comum?

 

JOVEM PALESTINA DA FAIXA DE GAZA   X   PM ISRAELENSE BENJAMIN NETANYAHU: O QUE HÁ DE COMUM ENTRE ELES?

Por Itanira Heineberg


MARCA-PASSO, UMA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

O marca-passo nada mais é do que um aparelho que, ao ser implantado, tem a capacidade de normalizar os batimentos do coração produzindo impulsos elétricos a fim de estimular a contração do órgão. Ele é colocado entre o músculo e a pele no lado esquerdo

 

Você sabia que a jovem palestina Shahad, da Faixa de Gaza, recebeu um marca-passo diferenciado em Israel, similar ao implantado no Primeiro-Ministro do país, Benjamin Netanyahu?

 

O jornal Times of Israel publicou esta notícia anunciando que, pela primeira vez, uma jovem teria recebido este marca-passo de uma tecnologia inovadora. O Wolfson Medical Center, em Holon, na região central de Israel, instalou o aparelho em Shahad, de 18 anos de idade, uma palestina da Faixa de Gaza.



“Substituímos o marca-passo dela várias vezes ao longo dos anos, mas seu corpo continuou rejeitando-os. Ela também desenvolveu tecido cicatricial inflamado no local da implantação no peito. Não importa como a tratamos com antibióticos locais e sistêmicos, mas o problema continuou recorrente”, disse Sagi Assa, chefe da Unidade de Cardiologia Intervencionista Pediátrica do hospital.

 

Este aparelho milagroso recebido pela jovem Shahad é idêntico ao implantado no primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu em julho de 2023. É um aparelho menor do que o usado normalmente e, com uma vantagem tecnológica a mais, não requer incisão cirúrgica. A colocação do aparelho não deixa cicatrizes no corpo dos pacientes. E, mais um benefício, a vida útil da bateria pode durar pelo menos duas décadas.

Informações da Sociedade Brasileira de Cardiologia explicam que as baterias de marca-passos tradicionais costumam durar entre sete e 12 anos.

 

O tratamento à jovem palestina foi realizado pela organização Save a Child’s Heart (Salve o Coração de uma Criança, em tradução livre), organização humanitária israelense que atua para salvar vidas de crianças de países onde o acesso a cuidados cardíacos pediátricos é limitado ou mesmo inexistente.”

 

Acrescentando mais alguns detalhes sobre este aparelho, o marca-passo é um dispositivo que estimula o coração para controlar ou aumentar os batimentos cardíacos se estiverem muito lentos ou irregulares. A implantação geralmente leva várias horas e os receptores normalmente recebem alta do hospital no mesmo dia ou no dia seguinte, de acordo com o hospital norte-americano Mayo Clinic e o Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha.

E agora, após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro último, perguntamo-nos, onde estará a jovem Shahad?

Quem de sua família participou das barbáries perpetradas pelos terroristas?

E após muita pesquisa, como estará ela passando com seu novo e moderno marca-passo?

Quem poderá assessorá-la em alguma emergência?

Quem a socorrerá em uma arritmia cardíaca?

Será que ela ainda tem a liberdade de seu povo, de manter em seu corpo, um dispositivo israelense?

Como seus familiares encaram esta ajuda humanitária de Israel em relação ao seu povo?

E por falar em ajuda, generosidade, proteção à vida e dedicação especial a jovens e crianças, como o mundo entenderá a busca dos soldados israelenses em Gaza, pelos seus irmãos brutalmente sequestrados?

Estas são perguntas a que o tempo trará respostas.

Esperamos que a História registre os fatos verdadeiros desta catástrofe e esclareça os preconceituosos, os racistas, os ignorantes e os desinformados, no encalço de um mundo melhor, mais humano, mais pacífico e sem conflitos.



FONTES:

https://www.timesofisrael.com/netanyahu-has-a-pacemaker-fitted-on-eve-of-key-votes-on-his-coalitions-overhaul-bill/

https://conib.org.br/noticias-conib/37874-palestina-da-faixa-de-gaza-recebe-marca-passo-em-israel.html

https://oglobo.globo.com/saude/noticia/2023/07/23/benjamin-netanyahu-como-e-realizada-cirurgia-para-implantar-marca-passo-a-mesma-que-primeiro-ministro-israelense-fez.ghtml

https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/11/12/conheca-shahed-al-banna-jovem-palestina-com-cidadania-brasileira-que-denunciou-o-desespero-da-guerra-nas-redes.ghtml


sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Dinheiro na minha mão é vendaval!

 Dinheiro na minha mão é vendaval!

          A genialidade está espalhada por toda a humanidade. Parece até uma assinatura dos quadros: desde o DNA ela está lá, em todo ser humano. Mas o interessante é que ela só se realiza na coletividade.

          Lembra de um quebra-cabeças? Cada pecinha se encaixa na outra e, juntas, montam uma imagem que faz bem mais sentido. Cada pecinha solitária, por mais bonita que seja, não se compara a todas elas juntas!

          A genialidade humana é assim! Ela só se ativa no coletivo!

          Somos gênios quando juntos!

          Juntos...

          E é sempre bom reconhecer que, quase sempre, gênio é quem cumpre seus deveres mais comuns. A genialidade é trabalhar, é comer, é sorrir, mas, acima de tudo, é compartilhar.

          Todas as nossas falhas são resolvidas nos pontos favoráveis dos outros... pra começo de conversa: será que sobrevivemos sem o outro? Sem os outros? A Individualidade só existe na Humanidade, e vice-versa.

          Igual uma vez, estávamos uns amigos, minha mulher e eu, em um sarau. Estávamos curtindo as obras de Jacob Gershowitz. Ele era um estadunidense filho de imigrantes judeus russos, de Nova York, conhecido como George Gershwin.

          A música dele, junção de música clássica, jazz e ritmos populares, abriu as cortinas dos teatros para os grandes musicais...

          Quem poderia imaginar? Um judeuzinho russo franzino juntou tudo que estava ali, ao alcance das mãos, e plantou sementes de sorriso, poesia, e muito trabalho! Um verdadeiro herói americano!

Mas o mais interessante, a genuína obra poética, é que nada se realiza sem a orquestra, os cantores e atores, os figurinistas, maquiadores, contrarregras e toda essa maravilhosa turma que cultiva alegria e colhe felicidade!

Então...

Após o sarau fomos jantar. Sabe como é, né? É sempre gostoso prolongar o prazer das artes numa mesa farta, com muito vinho. O chato é a conta...

Ela sempre chega! Na verdade, eu até gosto dela: é a artimanha da coletividade mostrando que vivemos uns nos outros.

Juntos!

Chegou a dita cuja. Eu paguei. A Ana Rosa (minha mulher) me perguntou quanto tinha sido.

Vocês acreditam que eu não sabia? Eu estava tão entretido numa conversa, que nem me atentei... Eu não falei que dinheiro na minha mão era vendaval?

Pois é!

E isso é muito frequente! Eu não sei mexer com dinheiro! No meu ritmo isolado, a sarjeta e a miséria seriam os destinos finais. Ainda bem que eu casei com a Ana Rosa! Ela é uma guardiã severíssima dos meus tesouros.

É mais fácil decifrar os enigmas da Esfinge que tirar dinheiro dela. Eu adoro a sensação de segurança sempre que quero um milho na praia: preciso pedir um PIX para ela.

Eu entendo e admiro a relação dela com a moeda, com o valor, mas, mais do que tudo, com o trabalho. A história familiar dela explica muito disso... Seu bisavô foi ativo membro da Resistência contra o tirano Franco.

Após ser fuzilado pelo fascismo, sua bisavó e seu avô fugiram para uma longínqua terra, dita com palmeiras onde canta o sabiá. Chegaram aqui sem nada... farrapos, preconceito e medo...

Mas, aos poucos, disciplinada e persistentemente, a educação e o trabalho suavizaram as barreiras do refúgio...

É até difícil acreditar! A Espanha, de tanta beleza, Sol e alegria, onde as noites são mais claras, onde há luz e energia, também foi um pântano fétido cheio de um lamaçal odioso que borbulhava iniquidade, exclusão e violência.

Ainda bem que as trevas já se dissiparam e a Luz voltou a orientar aquela terra. Não é engraçado que antes de Mariana Pineda e Garcia Lorca, que antes mesmo de Miró e Picasso, a gente pense nas touradas, no flamenco e na paella?

É o gênio popular!

O nascimento da paella foi assim... Na verdade, eu não sei se foi mesmo, mas é uma lenda bem poética, e sendo assim, deve, em alguma medida ser verdadeira...

Numa pequena comunidade de pescadores ao sul de Almería, os homens pescavam e as mulheres cantavam. Numa expedição pesqueira, entre peixes, Sol e sal, os homens resolveram homenagear as mulheres com uma bela zarzuela.

Juntariam, assim, as belezas do mar, do ar e da terra, num prato que deveria ser compartilhado com música, festa e danças...

Tudo isso para elas!

“Paella”!

 

ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social e Economia Política.

Defensor Público Federal. Escritor e Professor.

Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência Intelectual, além de diversas instituições voltadas à Inclusão Social.

Membro do LeCulam, da FISESP (Grupo de Inclusão das Pessoas com Deficiência da Federação Israelita de São Paulo).

Colaborador do Instituto FEFIG, para a promoção da Educação.

Membro do LIDE – Inclusão.

Comendador Cultural.

Autor do livro “Caminho – A Beleza é Enxergar”.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def


quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Acontece - 40 dias e mais...

40 dias e mais... 

7 de outubro: o estopim, o início... e lá vão mais de 40 dias.


Confundir a Opinião Pública - até onde vai o inconsciente coletivo!


Estamos vivendo uma guerra em várias frentes. Israel está sob ataque constante. A população segue a vida o mais normal possível, correndo para abrigos subterrâneos ou para baixo de escadas de forma a se proteger de bombas e de estilhaços de bombas destruídas antes de cair. Uma rotina que não é fácil e que pode ser transformada em horror.

Em Gaza o Exército de Defesa de Israel continua sua ação. Objetivo muito bem definido: acabar com o grupo terrorista Hamas, que é o administrador da Faixa de Gaza. Acabar com o impressionante estoque de munição que continua a bombardear Israel todos os dias. Por anos, eram encaminhadas bombas diretamente para escolas, vilas, fazendas, restaurantes e teatros! Tudo isso sendo noticiado lateralmente, ou mesmo não sendo mencionado. 

No Brasil e no mundo assistimos a uma onda de antissemitismo sem precedentes. As organizações judaicas estão atuando de forma pró-ativa e em conjunto para combater esta outra frente de batalha. Uma frente assustadora, porque sabemos há milênios no que pode resultar. Como brasileira, não posso esquecer das vítimas da inquisição. Mulheres judias sendo queimadas como bruxas, em nome de quê? Hoje nem faz sentido repetir as razões sem sentido. Hoje há muitos movimentos da Igreja Católica mostrando as atrocidades cometidas por uma parte autorizada. Há um diálogo que cria convergência e entendimento. 

Olhando alguns séculos para trás (XI - XII), encontramos as Cruzadas: lutas dos cristãos versus mulçumanos pelo domínio da Terra Santa. Ao longo do caminho e em Israel, habitavam várias comunidades judaicas que foram brutalizadas por serem judias! Uso aqui o termo judia propositalmente: no inconsciente coletivo de nosso idioma está o termo judiar - fazer mal!

Passamos pelos séculos seguintes com vários episódios antissemitas na Europa, América e Países Árabes. Chegamos ao século XX, quando foi definida a vontade e foram perpetratadas ações para eliminar os judeus do mundo.

Os judeus seguem... os judeus diversificam... um povo unido por uma cultura milenar que envolve religião, hábitos e costumes que vêm sendo ambientados e discutidos ao longo de séculos e uma forma de viver através de perguntas e respostas. Perguntar, analisar, concluir e voltar a perguntar. Debater, discutir, divergir e voltar a perguntar. Esta é uma rotina que segue por milênios - escrita ou não. 

Nos nossos dias a quantidade de notícias falsas ou enviesadas sobre a Guerra provocada pelo Hamas no dia 7 de outubro vem tirando das pessoas a capacidade de raciocinar. Uma invasão que estuprou, matou, sequestrou... tudo isso feito com prazer e apoiado por pais! Que triste a cena em que um rapaz telefona para o pai e a mãe se vangloriando de ter infligido sofrimento extremo a uma jovem! Os pais aplaudem! Algo está muito errado - como é possível apoiar pessoas que são criadas para gerar cenas impensáveis?

Aqui no Brasil vemos um apoio de enorme magnitude a um grupo terrorista que brutaliza as populações de Israel e também habitantes de Gaza. Por que? Há alguma razão para apoiar assassinos?

Um pouco mais sutis são alguns deslizes de mídia. A BBC, no dia 14 de novembro, liberou uma nota explicativa sobre a entrada do Exército de Israel no Hospital Shilba na cidade de Gaza. Foi noticiado que "O Exército de Defesa de Israel "atirou" em médicos e pessoas que falavam árabe! A nota de desculpas informa que o pessoal que entrou no Hospital INCLUÍA soldados médicos e que falavam árabe para facilitar o contato e tratamento dos doentes. Há várias declarações de médicos e enfermeiras do próprio hospital sobre provisões e etc, trazidas pelo Exército de Israel. E... o que foi encontrado! Túneis, abrigos anti-aéreos para teroristas, armas, munições, foguetes... FATOS que acabam sendo negados! E invertidos.

E o que falar da ONU - vejam o que sai hoje:
"ATUALIZAÇÃO DE NOTÍCIAS 🚨🇮🇱🇺🇳Israel critica duramente as tentativas da ONU de equiparar suas ações em Gaza às do grupo terrorista Hamas, insistindo que a lei internacional “não é um pacto de suicídio”.
Se um Estado não puder defender-se, “ou for criticado por fazê-lo em conformidade com o direito internacional, inevitavelmente as organizações terroristas tornar-se-ão cada vez mais encorajadas a continuar a utilizar estes métodos, confiantes no apoio internacional contínuo”, disse o embaixador israelita Meirav Eilon Shahar depois de o chefe dos direitos da ONU informou os estados membros sobre a situação. (Toi)"

E os reféns? Bebês de meses de idade, crianças, jovens! Adultos e idosos! Trocar por terroristas que mataram dentro de Israel... e as negociações continuam!

Hoje - estou "acontecendo" de forma mais direta, sem muitos subterfúgios, mas também sem esquecer que a alma humana requer um toque de poesia e de música. Um toque de algo que possa servir de união.

Mesmo tendo que se equilibrar da forma mais difícil e sem nexo!
Este era o famoso Violinista no Telhado de Scholem Aleichem no tempo dos Pogroms no Império Russo! 
Hoje - um soldado violinista - repetiu a dose em cima de um tanque em Gaza! O intervalo de tempo nos ensinou o que aconteceu após os pogroms da Rússia - a criação do sionismo e a imigração terrestre para Israel - onde eram compradas terras para formar as colonias agrícolas - kibutzim e moshavim.


de Scholem Alechem a GAZA (2023)


O futuro não sabemos, mas oxalá este possa ser um tempo em que possamos mostrar fatos sem inversão e que a convivência entre judeus, cristãos e árabes seja possível no resto do mundo assim como acontece em Israel. Chegar ao parlamento, Suprema Corte, Comando no Exército. Ser médico, cientista, professor, advogado, engenheiro e tudo mais é garantido a qualquer cidadão israelense. Independente de etnia, religião, origem, gênero!

Olhando o Futuro - ao som do Violinista do Telhado!






Regina P. Markus









quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Acontece - 85 anos e a escalada do TERROR

 


Kristallnacht: 9-10 de novembro de 1938; Noite do Terror: 7 de outubro de 2023

Hoje, dia 9 de novembro de 2023, completam 85 anos da fatídica NOITE DOS CRISTAIS. Uma noite de terror para a população judaica da Alemanha, uma noite em que judeus foram espancados e mortos e as vitrines de suas lojas, quebradas. O som do vidro caindo batizou aquele evento cruel que foi um prenúncio das atrocidades que seriam feitas contra os judeus - matar, matar e matar. Matar de forma programada, como quem tem que entregar um pedido. O objetivo era exterminar os judeus! Foram 6 milhões de judeus assassinados durante a segunda guerra mundial. 

Será que todos os alemães, poloneses, italianos, franceses... concordavam com a matança? Certamente não, mas foram poucos os que tomaram atitudes pró-ativas. E assim os judeus foram levados para campos de concentração e assassinados! O único crime era terem nascidos judeus.

85 anos depois, no dia 7 de outubro ocorreu um outro massacre, um ato de violência e terror impossível de imaginar. Os mais abusivos filmes de terror não criaram imagens semelhantes. A cada dia que passa, e após cada declaração de porta-vozes ou dirigentes do Hamas, fica mais claro que o objetivo era aterrorizar e marcar presença. Era provocar uma guerra que já dura 1 mês. Foram levados reféns. Foram levados bebês, crianças, adultos e idosos. Reféns que estão servindo de mercadoria de troca. Para 243 reféns, os palestinos pertencentes ao grupo Hamas estão exigindo 3000 prisioneiros em troca! Estes sujeitos, homens e mulheres, que estão nas prisões israelenses foram julgados e sentenciados por terem cometido atos terroristas dentro de território de Israel. São pessoas que mataram nas ruas, ônibus, bares.

O objetivo é muito claro. O objetivo, atualmente, é declarado em entrevistas e gritado como palavra de ordem em passeatas que acontecem no mundo inteiro - Palestine free, from the river to the sea - a rima facilita transformar o verso em palavra de ordem, que puxa multidões. A tradução desta metáfora é: Entre o Rio e o Mar, não haverá mais judeus! Fim do Estado de Israel - o terceiro Estado de Israel. Mas o objetivo não é devolver a Palestina aos seus criadores - os romanos. Os Romanos no ano 70 conquistaram Jerusalém e o Reino de Judá, e para ter certeza que os judeus seriam extintos da face da terra, fizeram uma limpeza total. Levaram os objetos preciosos e sagrados do Segundo Templo para Roma e mudaram o nome da Cidade Sagrada para os Judeus e de todo o Reino. 

Não errei, no ano 70 Jerusalém era a cidade sagrada para os Judeus. E estes, espalhados pelos 4 cantos do mundo, sobreviveram. Nesta década o número de judeus se igualava ao mesmo computado na época da Noite de Cristais.

E agora... e agora José? O famoso poema de Carlos Drumond de Andrade (José), transcrito abaixo. Vale a leitura. Hoje fica claro o final, tantas vezes discutido e analisado.

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Para onde? Se há uma certeza em todo este caminho difícil que estamos atravessando é que o Povo Judeu ruma em direção ao FUTURO - ruma a novos WhatsApss, sistemas altamente eficientes de inovação, introdução de tratamentos novos baseados em conhecimentos que são transformados em produtos e... cuidando para que seus filhos estudem, estudem e estudem para que o Presente seja realmente um elo entre o Passado e o Futuro.

Será que posso acabar este texto sem mencionar a guerra? O exército de defesa de Israel atuando dentro da faixa de Gaza? Hoje vou deixar que leiam os jornais e vejam a quantidade enorme de material na INTERNET e que compartilhem este material aqui no BLOG! Lembro que o sistema como "default" entra com os comentários de forma anônima. 

E é de olho no futuro com o coração apertado pelo que ocorre no presente em Israel, digo a todos AM ISRAEL CHAI.

Regina P. Markus



José

Carlos Drumond de Andrade

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?


terça-feira, 7 de novembro de 2023

VOCÊ SABIA? - Tesouros do Templo de volta ao lar?

Por Ana Ruth Kleinberger


Louvável Gesto Histórico: 

A promissora intenção da Itália de devolver tesouros antigos do Templo de Jerusalém ao seu verdadeiro dono – o Estado de Israel



Você sabia que em uma revelação animadora, um proeminente parlamentar italiano acendeu a emoção e a esperança ao informar que a Itália mantém certos vasos antigos do Templo – e eles desejam devolvê-los à sua casa de direito, Israel?

As raízes desses vasos remontam à destruição do Segundo Templo, um evento crucial na história judaica. Ao longo dos milênios, o destino dos tesouros do Templo tornou-se uma lenda, com muitos especulando seu paradeiro.

A conexão italiana remonta à conquista de Jerusalém por Roma em 70 d.C., durante a qual os romanos levaram muitos dos artefatos do Templo. Evidências históricas e arqueológicas, incluindo o famoso Arco de Tito em Roma, mostram soldados romanos desfilando com a Menorá do Templo.

Este desenvolvimento emocionante ressalta o profundo respeito da Itália pela integridade histórica e cultural. Ao considerar a devolução desses artefatos, a Itália não apenas reconhece a importância desses vasos para o povo judeu, mas também dá um passo na correção de erros históricos.

Esta notícia repercutiu profundamente na comunidade israelita, com muitos a vê-la como um gesto de boa vontade e um testemunho dos laços duradouros entre a Itália e Israel. Tais momentos destacam como as nações podem se unir, superando o abismo do tempo, para celebrar a história compartilhada e o respeito mútuo.

À medida que Israel continua a prosperar como nação, rica em história e avançada em visão, torna-se evidente que sua tapeçaria é tecida com fios de resiliência, fé e unidade. Atos como esses, onde as nações se reúnem para honrar o passado, iluminam o significado inigualável de Israel nos anais da história. Enquanto aguardamos novos desenvolvimentos sobre esta iniciativa comovente, somos lembrados mais uma vez do legado duradouro de Israel e do reconhecimento do mundo de seu espírito único.



FONTES: 

https://israfan.com/2023/10/25/historic-gesture-italys-move-to-reunite-ancient-temple-treasures-with-israel/?utm_source=Klaviyo&utm_medium=campaign&lctg=01GXJ8R961P71Z0K4HXQBA8CB6&_kx=cvCctIST52wfdTADKK_oVHmeTw4rtMFPTT8VqOKLWDQ%3D.UHPR7G

https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/saque-de-jerusalem-destruicao-do-templo-de-salomao/

https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-42202070


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Mar calmo, viagem próspera


 

Mar calmo, viagem Próspera

As histórias lendárias fazem parte da cultura oral humana: não há um único povo, uma única pessoa, que nunca tenha se lambuzado naquele melaço dos contos simbólicos... e, ainda mais! Como quem conta um conto aumenta um ponto, essas alegorias são sempre produtos coletivos: as pessoas, juntas, acabam dando passos que levam à trilha.

E será que esse caminho leva a algum lugar? Sempre! Mas depende de quem anda lá... o jeitinho como anda... as flores ou demônios que encontra... ou seja, essas histórias e esses cursos são feitos pelo caminhar humano! E cada passo, dentro de uma mesma estrada, pode levar a diferentes lugares...

Oásis ou deserto... Delícia ou dor... Nunca saberemos a não ser que iniciemos, com coragem, a dar os primeiros passos! É plantar essas palavras pensando em Guimarães Rosa que ensinava que a vida exige da gente coragem.

CORAGEM!

Caos ou Cosmos? Acaso ou Destino? Desordem ou Ordem? No fim, somos só nós os responsáveis... esse pecado original, tão coletivo como individual, que traz cores e sentido à construção humana.

Podemos escolher o Paraíso, mas insistimos em caminhar até a quentura e o enxofre... o Inferno não são os outros. Não! Somos nós!

Posso te fazer um convite?

Escute a música “Forever Green” do Tom Jobim... nela, é imaginado um diálogo entre o Criador e a Humanidade, em que nos é questionado sobre o que fizemos com o Paraíso que Ele nos deu... 

E nós, envergonhados, ficaríamos pelados, sem as roupas que escondem nossos verdadeiros desejos.

Pelados! Nus, com as mãos no bolso! 

Nossa espinha gela quando a gente enxerga o mundo virando um deserto...

Se Ele perguntar como transformamos nossa abundância azul num oco deserto, o que vamos dizer? Será que vamos jogar o piche culposo nos outros? Será que vamos assumir as consequências? Será que vamos ter coragem para mudar o rumo da prosa?

Rola uma história por aí que quando Chaim Weizmann encontrou Oswaldo Aranha na ONU, ele teria afirmado: “Oswaldo, sua terra é abençoada e sem problemas. Lá nunca vai faltar água!”...

“Where is the Paradise I made for you? Where is the green? Where is the blue?” deveria ter ecoado a bossa como uma resposta macabra...

O legal é que o povo humano, que está transformando a opulência verde num descampado incandescente e sem água, também consegue construir Beleza da Feiura... No fim, a escolha é nossa... 

Quando Felix Mendelssohn compôs “Mar calmo, viagem Próspera” ele tentou, em uma mensagem artística e sublime, responder a seu pai Abraham...

É que o cuidadoso pai, já persistindo no caminho familiar, e com medo do grave antissemitismo comum a todo Velho Mundo, renunciou ao Judaísmo, e educou Felix na educação Luterana da época. 

O sonho de Abraham era de que seu filho tivesse uma vida tranquila e calma, sem sobressaltos, e sem sentir o sabor podre da exclusão, da injustiça e do preconceito... 

Ele detestaria ver o pequeno e adorável Felix, o prodígio musical, sofrer acusações por crimes jamais cometidos...

No fim, o antissemitismo, além de todas as formas de preconceito, é isso, né? É a expressão da covardia em assumir os próprios desígnios... É jogar uma ilusória culpa nos outros...

Mas, voltando, a música do pequeno Mendelssohn mostrava que mares calmos e tranquilos nunca trazem prosperidade para a viagem. Aliás, é fantástico poder perceber isso com a sensibilidade musical...

Vou tomar a liberdade para fazer uma nova proposta... Vamos ouvir, com a sensibilidade da emoção e da alma, “Mar calmo, viagem Próspera”, do Mendelssohn?

Vamos, juntos, perceber os pedaços da música que soam como mar calmo... Esses, apesar de lindíssimos e etéreos, trazem uma monotonia quase insuportável. Já o trecho que retrata uma viagem próspera é intenso e cheio de contrastes... 

É a Pérola que nasce do Caos! É a tâmara cultivada no deserto! 

São as NOSSAS escolhas! 



ANDRÉ NAVES

Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social e Economia Política.

Defensor Público Federal. Escritor e Professor. 

Colunista do “Esh Tá na Mídia”, além de diversos outros órgãos de comunicação.

Conselheiro do Chaverim, grupo de assistência às pessoas com Deficiência Intelectual, além de diversas instituições voltadas à Inclusão Social.

Membro do LeCulam, da FISESP (Grupo de Inclusão das Pessoas com Deficiência da Federação Israelita de São Paulo).

Embaixador do Instituto FEFIG, para a promoção da Educação.

Membro do LIDE – Inclusão.

Comendador Cultural.

Autor do livro “Caminho – A Beleza é Enxergar”.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def