Preparando o Futuro |
A cada semana encaramos um novo desafio e contamos os dias em que nossos Ratufim estão em situação insuportável. Já são 716 dias. O que realmente vem acontecendo está muito difícil de acompanhar. E hoje, deixo aqui no começo um olhar, pensamento e desejo de que possamos em breve escutar (Shemá) suas vozes unindo-se à corrente da vida. Nestes dias em que escutamos o Shofar a cada manhã, lembramos também da palavra Shomer (cuidar) para que nossas ações incluam atos que possam garantir o futuro dos que retornam e de todo o Povo Judeu. Am Israel.
Esta foi uma semana muito agitada em São Paulo. O Fundo de Bolsas de Estudos para as Escolas Judaicas completou 10 anos. Fizeram uma campanha por meios de comunicação e também três dias ao vivo na Hebraica. A vibração e dedicação daqueles que estavam trabalhando foram contagiantes. Todas as formas de judaísmo estavam reunidas em um salão repleto. Equipes telefonavam para as pessoas que haviam doado em anos anteriores, outras percorriam o clube, e a equipe mais encantadora era das crianças e adolescentes que vendiam ou doavam bens e comidas. Era uma grande agitação. Uma sensação de que podemos. E ao final de três dias, a meta foi superada. Parabéns a todos os envolvidos, dos dirigentes aos que executaram tarefas mais simples.
Uma regra importante nesta arrecadação foi que cada doador poderia escolher as escolas para as quais queria doar, avaliando todo o espectro do judaísmo. Para os que queriam apoiar de forma abrangente, ainda era possível aplicar a doação de forma proporcional, segundo o número de alunos em cada escola. Diversidade mantida não apenas por aceitar o diferente, sem perder a identidade.
Este é um conceito importantíssimo para seguir em frente.
E foi assim que, embaixo de uma linda árvore florida, encontro uma banca com os livros para crianças e jovens da coleção PJ Library. Criada pela Fundação Harold Grinspoon, o programa reforça que "há espaço para diferentes perspectivas e pontos de vista, e cada um se envolve com o judaísmo à sua maneira, mas não pode esquecer que somos um só povo."
Parei para conversar com a jovem que lá estava distribuindo livros. Contou de forma entusiasmada o envolvimento de sua família e folheei livros muito bem ilustrados e com textos convidativos.
Fiquei encantada com "A sucá de Xangai", escrito por Heidi Smith Hyde e ilustrado por Jing Jing Tsong. Conta a história de Marcus, um menino judeu que sai de sua Berlim natal para Xangai com dez anos de idade. Eram tempos difíceis e os judeus estavam sendo perseguidos. A história mostra as diferenças e semelhanças entre as culturas chinesa e judaica. E ressalta que ambas tinham festas de luzes. No caso de sucot, as luzes vinham das estrelas. Eram luzes que se infiltravam em um teto natural. No caso do festival dos chineses, eram lanternas muito especiais que reluziam com as estrelas.
Lendo cada palavra, primeiro em conjunto com a jovem que lá estava doando os livros e depois com outras crianças, fiquei encantada e emocionada com o final. Um jogo de perguntas entre os meninos e depois um papo do menino judeu com o rabino da escola que frequentava chega a um destino que nos enche de esperança. Vale conhecer os detalhes deste programa, contribuir com doações e também ler e distribuir os livros mágicos.
Amizade, individualidade e observação servirão para permitir que o mundo respeite as diferenças.
E, nesta semana de tantas encruzilhadas, fico com a Sucá de Xangai e a amizade entre crianças de povos milenares que encontram pontos de contato e formam uma amizade magnífica.
Am Israel Chai -
por Regina P. Markus