Por Juliana Rehfeld
Esta tem sido uma semana bastante militar mas também permeada de possibilidades de acordos que eventualmente podem levar ao recebimento de reféns de Gaza. Não é mera coincidência que os ataques “preventivos” de Israel ao Irã, ao Líbano, à Síria e agora ao Iêmen tenham trazido, por parte do Hamas, uma postura mais propensa a dialogar sobre cessar fogo, reconstrução e trocas…
O reconhecimento internacional do sucesso destas ações militares é enorme, e de novo digo, o país surpreendeu porque todos sabem o preço que vêm pagando neste ano pós 7 de outubro, em termos de recursos humanos, sem contar o sentimento de derrota devido a toda a situação dos reféns. O país está abatido psicologicamente, e não é para menos…
Evidentemente Israel passou a ouvir mais críticas e mais sonoras acusações de infringir leis internacionais após a breve trégua no período em que Ucrânia, Rússia e OTAN ocuparam as manchetes. A crítica mais severa, da qual o governo de Netanyahu não conseguirá se esquivar, é uma questão interna; o anúncio da crescente ocupação da Cisjordânia e sua anexação. A ocupação do Hermon agora ordenada diretamente pelo primeiro-ministro ao exército é considerada de preparação para defesa e está prevista para um ano… mas quanto tempo de fato levará? A história não tem bons exemplos…
A imprensa também se ocupou com os números trágicos de Gaza e isso manteve a animosidade em relação a Israel num patamar péssimo. Nesta segunda o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, divulgou o número terrível de 45.000 palestinos mortos e este número rodou o mundo. Este foi o “fato” divulgado globalmente… ”que horror esta guerra”, diz o leitor distraído …. “Que injusta esta guerra”, diz a leitora que empatiza com os mais oprimidos... “mais de 70% dos mortos em Gaza são mulheres e crianças”, ressalta o veículo escavando nos dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados- ACNUR.
Mas novamente cabe perguntar com que fontes e fatos esta imprensa trabalha? Foi divulgado um estudo do “think tank” Henry Jackson Society que analisou, entre fevereiro e maio de 2024, quase 1400 artigos publicados em grandes veículos europeus e americanos - e concluiu que pouco se cuidou para obter dados isentos; eles discutiram a credibilidade de Israel como fonte, mas praticamente aceitaram todos os números do Ministério de Saúde de Gaza - que pertence ao Hamas - e que 98% das pessoas se informam pelo ministério.O estudo afirma que os números foram inflados, há evidências de duplicação ou até triplicação devido ao fato de que o Hamas se esconde atrás de edificações de uso público como hospitais e escolas, a tendência é aumentar as mortes civis mesmo anunciando previamente ataques como faz, surpreendentemente, o exército israelense… e ainda, em caso de descoberta de acusação incorreta, como por exemplo a do Hospital que foi atingido pela Jihad e não por Israel, não se corrigem números… não se faz distinção entre terroristas, membros do Hamas, e civis, incluem-se mortos em hospitais que já estavam internados e faleceram pós atendimento…. e por aí vai.
A ACNUR também usou estes dados, sem discriminação, e o peso da ONU é ainda maior no que tange a credibilidade… será que está certo isso?
Mesmo com todos esses erros, houve, e está havendo, mortes demais… e pouco importa que muitos, talvez a maioria tenha direta ou indiretamente, atacado Israel e israelenses, muitos tenham trabalhado em Israel e depois o atacaram, tenham sido presos e soltos, tenham sido tratados em hospital israelense mas mesmo assim tenham jurado matar todos os judeus, tenham educado seus filhos e netos a odiar um inimigo que na verdade foi herdado sem nem ter sido conhecido… houve mortes demasiadas e desnecessárias, houve um aprofundamento da separação entre duas sociedades que, antes de 7 de outubro, estavam em várias ações se aproximando, tentando conviver em paz, e muito pelas mãos e corações e mentes dos habitantes ativistas do Sul de Israel, muitos dos quais foram brutalmente assassinados …
A realidade que gostaríamos de esquecer invade a memória que precisamos manter… precisamos manter para não deixar repetir-se. Que encruzilhada… os reféns, vivos ou mortos, estarão voltando em breve, ao que as atuais negociações indicam, mas para suas famílias o tempo parou de passar normalmente. Para a sociedade, para os vizinhos, como e por onde começar a reconstruir?
O governo ainda está destruindo em volta antes de deixar pensar-se na reconstrução…
Só podemos acompanhar o que acontece pelas fontes de informação - mas busquem, criticamente, as fontes mais isentas e as indiquem para seus seguidores!
Shabat Shalom!
Até 09 de janeiro de 2025!