Estar em Israel sempre foi uma experiência especial. Vim a Israel muitas vezes. Na primeira eu tinha 14 anos e era uma excursão nas férias de verão do Brasil. Experiência no Kibutz brasileiro Bror Chail, visitar as cidades de Tel Aviv, Jerusalém, Haifa. Estar com parentes que haviam feito Aliá e conhecer o Norte e o Sul. Hoje apenas cito este ano de 1964 para unir com o que aconteceu nesta semana em 2025. Na época, o marido de uma prima querida, que havia feito aliá alguns anos antes tinha um importante posto no Ministério do Turismo e estava no porto para me receber. Um curto encontro que durante a visita foi somado a algumas vezes que passei fim de semana com eles em Jerusalém. Zilda e Abrão levaram-me a locais especiais. Um deles era um ponto em que podíamos ver a Cidade Velha de Jerusalém (Yir ha Atiká). De um terraço olhávamos e imaginávamos o que seria o Muro Ocidental do Templo de Jerusalém e a própria esplanada do Templo.
Desta vez, com a mesma prima, que mora em Israel há 65 anos, visitei a Cidade Eterna. Uma cidade cheia de luz e flores. Um meio de transporte público muito bom. E como utilizo o transporte público em São Paulo, posso dizer que está à altura do nosso. Claro que cobrindo uma cidade muito menor. Para dar o gostinho e a sensação do pessoal, chegou um momento em que ela disse "Era daquela sacada que víamos a "Yir ha Hatiká" - a cidade velha. E estávamos cruzando uma avenida larga que nos levava direto ao muro que rodeia a cidade velha e que chega a um dos portões de acesso. Os judeus tinham total acesso à Cidade Velha até 1948. Os acordos feitos após a Guerra da Independência (1948) deram à Jordânia o domínio deste local histórico e sagrado. O Monte do Tempo, o Monte Moriá. O local onde Abrão iria oferecer seu filho Isaac e a Presença Divina impediu seu ato. Saber era o suficiente. Ser era a Eternidade. Nesta hora é estabelecido o conceito de Eternidade. A Eternidade acontece de pai para filho. No futuro, mais coisas importantes aconteceriam neste local. Foi este o espaço físico conquistado pelo Rei David, e onde seu sucessor, Rei Salomão, ergueu o Primeiro Templo, que seria destruído pelos babilônicos em -586 AEC. O Segundo Templo foi construído por Zerubavel (זרֻבָּבֶל) que significa "Nascido na Babilonia ou literalmente semente da Babilônia.Zerubavel era descendiente do Rei David. O segundo Templo foi destruido no ano 70 da era comum.
A história mostra que sobre este terreno, nos séculos XVIII (18) e XIX (19) foram construídas as mesquitas que lá estão. Uma das mesquitas foi construída no local onde se acredita tenha sido o encontro de D'us com Abrão e o início de um povo que se espalhou pelo mundo e que nos 5 continentes mantêm tradições e costumes que garantem a sua continuidade.
Jerusalém moderna... Muito poderia falar! Jerusalém é uma cidade viva que se agita em um dia a dia normal, apesar da Guerra do momento. Uma Guerra em que o mundo olha de forma especial para os judeus e o Estado de Israel. Uma guerra iniciada no dia 7 de outubro de 2023 e mantida até hoje porque foram sequestradas pessoas que estavam em Israel. Estas foram levadas para a Faixa de Gaza e mantidas reféns em milhares de túneis altamente sofisticados construídos ao longo dos anos sob o olhar do mundo ocidental e sob o olhar e em muitos casos até a conivência de "humanistas". A forma de encerrar o conflito existe... devolvam os reféns e os corpos daqueles que foram mortos como reféns. Mais pra frente comento o meu primeiro dia em Israel, nesta viagem.
Voltando a Jerusalém, o foco deste ACONTECE. Lembrem que aconteceu mesmo e de forma particular. Parti também para a cidade da Zilda. Desde que chegou a Israel descobriu que o kibutz e o coletivo não eram a sua paixão. Queria viver em Jerusalém, como uma pessoa não religiosa, mostrando que Jerusalém era algo a mais. O interessante é que teve muitas atividades que permitiam o sustento, e mais à frente começou a perceber que a história era algo que deveria ser buscada para embasar o futuro. Fiquei encantada! Como duas pessoas diferentes, apesar de terem avós comuns, podem chegar à mesma conclusão. É o saber histórico, avaliado de forma isenta e pessoal que permite construir um sistema educacional que olha além do sustento presente. Um sistema educacional que transmite valores e conhecimentos de geração em geração. E foi com este mote que passa a ser voluntária no Museu de Israel (Museón Israel).
E lá fomos nós, em três dias visitar exposições que eu ainda não conhecia. Fui ao Museón Israel, à Biblioteca Nacional e ao Museu de Herzl, no Mount Herzl, onde está o túmulos de Theodor Herzl, considerado o moderno criador do sionismo. Na realidade, o olhar para Tzion, o sionismo, é algo que se inicia na travessia do Deserto com Moshé, ganha cores importantes após o primeiro exílio babilônico e é revivido de muitas formas após o exílio romano. Lembro que o exilio babilônico levou os judeus para o Leste e o românico para o Oeste de Israel.
Olhar para Tzion é algo que sempre esteve presente no Judaísmo e Tzion é Jerusalém.
O Museu de Herzl é especial. Uma visita curta, mas montada de forma a reconstruir a história de Theodor Herzl mostrando como um advogado formado em Viena, e que sentia as dificuldades de se estabelecer, abraça o seu dom que é o jornalismo e a escrita. Durante a cobertura do caso Dreyfus em Paris é tocado de forma maior pelo antissemitismo local e pela injustiça que estavam fazendo ao Capitão Dreufuss por ser judeu. Na mesma época temos Emile Zolá escrevendo e debatendo a injustiça. Herzl, que era um judeu adaptado ao seu tempo, internaliza e externaliza o conceito de que havia necessidade de uma Terra para um Povo.
O escritório original de Herzl - As muitas funções de um espaço que segue da Austria até Jerusalem. Entrem no site abaixo para saber muito mais!!! |
Olhem a Caixinha do Kerem Kaiemet Le Israel!!! A forma de obter Fundos para desenvolver projetos em Israel desde 1901 - naquela época Israel pertencia ao Império Otomano! |
Não vou aqui relatar a história, mas convido cada um de vocês a verem e visitarem virtualmente o Museu de Herzl, criado em 2005 pela Jerusalem Foundation. A seguir o texto traduzido para o português. "O Museu Herzl foi construído em 1960 perto da entrada do Monte Herzl, o cemitério militar nacional de Israel, onde Theodore Herzl, o pai do sionismo, está enterrado. Com o passar dos anos, as instalações e a abordagem interpretativa do museu, que se baseavam principalmente na reconstrução da sala de estar de Herzl em Viena, tornaram-se obsoletas. A Fundação Jerusalém apoiou a reconstrução, a renovação e a reabertura do museu como um museu interativo e instituto para a educação sionista em 2005. O novo museu conta a história de Theodore Herzl e apresenta o sionismo como uma ideologia indispensável para o futuro do povo judeu. A nova abordagem interpretativa, desenvolvida por Orit Shaham-Gover, é apresentada em um programa audiovisual de uma hora de duração que oferece um vislumbre da análise de Herzl sobre a condição judaica, um retrato de suas ambições, visão, decepções e conquistas, e o desafio de seu legado. O museu também oferece seminários, workshops e passeios a pé. O museu é administrado pela Organização Sionista Mundial, fundada por Herzl no primeiro Congresso Sionista em Basileia, Suíça, em 1897."
Mantive as palavras da Wikipaedia para dar um "gosto" do que vi. Salas ativas, em que o visitante é acompanhado por uma guia que orienta como visitar a exposição. Vemos a forma como um ator é instruído a interpretar com galhardia a Theodor Herzl. Ao sentar em uma cadeira ou banco, é obrigatório dar voltas de 90 ou 180 graus para acompanhar o desenrolar da história de Herzl e de como pessoas de hoje podem olhar a história. Como frequento muito o MIS (Museu de Imagem e Som) de São Paulo, não posso dizer que fiquei surpreendida pela técnica, mas o resultado é estimulante. O melhor é que permite que cada pessoa saia com a sua opinião sobre os fatos históricos reveleados. E.... o mais importante.... pessoas que tinham posições opostas sairam conversando. Divergindo, e dialogando! Fiquei parada ouvindo e pensando que é muito provável que encontremos uma saída para esta situação de guerra.
O 11o Presidente de Israel - Isaac Herzog, pai do atual presidente - plantou os jardins à volta do túmulo de Herzl em 8.7.2021. É indescritível a sensação de estar entre as plantas vivas e a obra de um homem que acreditou que seu sonho era mais do que uma meta!!! Oops - quando estiverem no Museu, percebam que quando resolveu transformar o sonho em meta, propondo a formação do Estado de Israel na Nigéria, como haviam sugerido os que não queriam que o Povo de Israel fosse um povo com pátria, enfrentou vários percalços e ... voltou ao seu sonho que seria realizado muitos anos após a sua morte.
Vou acabando por aqui dando um gostinho de onde estou. Em uma cidade ao sul de Herzlia e norte de Tel Aviv. Em uma casa bonita e muito bem cuidada. A casa tem dois andares, mais um subsolo. Os quartos ficam no segundo andar, salas e cozinha no térreo, e o subsolo é um grande salão com brinquedos de que ninguém quer se desfazer. Agora passam a ser usados em atividades para recrear crianças em outros locais. Também tem instrumentos musicais, um computador e uma cama. Há uma porta quadriculada de madeira que leva a um pequeno tanque e olhando à esquerda deste pequeno cômodo uma porta de aço e o quarto blindado. Durmo aqui porque fica mais rápido e fácil chegar ao quarto blindado. E a sirene toca em meu celular. Depois de 6 dias já tenho habilidade de ir e vir.
Parashá Behar-Berrukotai Leviticus 25:1-27:34 |
Muito mais a contar, mas vamos aos poucos. Esta semana em Israel abriu várias portas em minha mente e abriu a esperança de que possamos continuar a agir e reagir para encontrar as parcerias e o diálogo. Sem esquecer que a ingenuidade e a falta de cuidado podem levar a perda total e à criação de monstros.
AM ISRAEL CHAI - Regina P Markus
Realmente com gostinho a acompanhar tua viagem Re! Fantastico
ResponderExcluirOi Regina, muito elucidativo viajar contigo e rever a longa história de Israel. E valorizar como um sonho levou à criação do Estado de Israel, um lar tardio mas forte para um grande povo com grandes homens como Herzl.
ResponderExcluirBoa viagem, Ita
Ita, obrigada pelo comentário. Agora são 5 horas da manhã em Israel. Após as 4 horas a sirene tocou e ficamos 10 minutos na sala blindada. Tentei voltar a dormir, mas resolvi rever o texto. Tudo parece pequeno em relação ao momento! Mas, como repetem o tempo todo aqui, "é nos pequenos frascos que estão os melhores perfumes". Ou ainda, "não esqueça dos detalhes e do dia a dia, isto permite seguir em frente". E lá vamos nós para mais um dia!!!!
ResponderExcluirLindíssimo relato, Regina! Fico imaginando a angústia de ter que ir para a sala blindada, após ouvir a sirene tocar... Que a paz seja restabelecida o quanto antes!!! Obrigado por compartilhar essa excelente experiência! Shabbat Shalom!
ResponderExcluiroi,Re: engraçado ler aqui tua viagem, tuas experiências, e ao mesmo tempo saber com quem esteve(!) ontem, no teu aniversário! Mazal tov novamente! Hoje na tefila falei sobre Betar-Behukotai, indo a teu encontro...continue firme, e passe firmeza para nosso pessoal. Abração!
ResponderExcluirBelo Relato Regina!
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