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terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Editorial - Festa das Luzes

Os cinco líderes religiosos na Festa das Luzes


A Festa das Luzes aconteceu, mais uma vez, no último sábado no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Trata-se de um evento anual movido pelo desejo de Paz no Mundo, entre nações, pela harmonia entre diversos. Participam corais formados por pessoas de várias religiões e representantes de cada uma delas trazem mensagens ressaltando como suas raízes são partes do todo e da essencialidade da harmonia.

Este ano, estiveram juntos Mae Rita (Ubanda), Sheik al Bukai (Islam), Monge Hernán Vilar (Budismo), Raul Meyer (Judaismo) e Cônego José Bizon (Catolicismo). 

As músicas escolhidas trazem o mesmo caleidoscópio de perspectivas e, ao cantá-las juntos, ombro a ombro, cobertos pela acústica grandiosa da basílica - e ainda com o gran finale de todos os familiares e amigos acompanhando - temos a sensação de que a esperança que todos compartilhamos só pode se realizar! 

Catarse! 

É um ápice, é a celebração do empenho diário ao longo do ano para que o desejo vá se transformando em realidade. A emoção geral da igreja absolutamente lotada e a emoção de estar irmanados vendo uma chanukiah brilhando junto à Coroa do Advento.



Chanukiah brilhando junto à Coroa do Advento


Todos os corais cantaram juntos Shir La Shalom - Canção para a Paz:



Deixe o sol se levantar
e a manhã iluminar.
A mais pura das orações
Não nos devolverá…
…Aquele cuja luz se apagou
e foi coberto pelo pó,
Nenhum choro vai acordar
e de volta não trará.
Ninguém nos devolverá,
de uma cova escura.
Nem a alegria da vitória,
nem canções tristes ajudarão !
Então cantemos a canção pela Paz !
Não murmuremos orações.
Só cantemos uma canção pela Paz !
Mais alto que os canhões !
Deixe o sol penetrar
por entre estas flores.
Não olhe mais para trás.
Deixe quem partiu repousar.
Erga o olhar com esperança.
Não pela mira de uma arma,
Cante uma canção para o amor,
e não para a batalha !
Não diga que ‘o dia chegará’.
Traga este dia !
( Pois ele não é um sonho )
E em todas as praças,
gritemos pela PAZ !
Então cantemos a canção pela Paz !
Não murmuremos orações.
Só cantemos uma canção pela Paz !
Mais alto que os canhões !…



Discurso de Raul Meyer em nome da comunidade judaica:

"Boa noite a todos, Shalom
Inicialmente quero agradecer ao Abade Mathias Tolentino, ao Prior Camilo, Don Alexandre responsável pelo coral do Mosteiro, aos meus irmãos monges beneditinos, aos meus colegas religiosos, aos coralistas e maestros e finalmente a todos vocês que vieram nos acompanhar nesta segunda Festa das Luzes.
Estamos festejando antecipadamente a Festa de Chanuká (que neste ano coincidirá com a semana do Natal).
A história desta festa está ligada ao II Templo de Jerusalém que tinha sido profanado pelos gregos com ídolos e sacrifícios de porcos.
Em 139 a.c., um pequeno exército liderado por Yehuda Macabi conseguiu expulsar os invasores e o Templo foi limpo e reinaugurado.
Na tradição Judaica, por uma semana acendemos cada dia uma vela a mais do candelabro chamado de Chanukiá que temos no altar deste templo sagrado juntamente com a coroa natalina que possui 4 velas - cada uma recordando um dia de advento.
As duas festas têm algo em comum...
Tanto a chanukiá como a árvore de natal, ou a coroa do advento, devem ficar expostas em janelas ou nos jardins - e eu pergunto: por que estas tradições e simbologias?
Uma luz deve ser vista num amplo lugar.
Uma luz que fica estrita a um espaço fechado não pode ser vista de fora, e assim luzes colocadas em janelas ou num grande ambiente podem ser vistas de longe.
Neste sentido, convido a todos nós que sejamos luzes que possam ser vistas também por quem não está perto.
Ser luz que significa trazer luminosidade aos que nos cercam, aos que encontramos em nossas atividades profissionais, às nossas atividades diárias, familiares, assistências... enfim, ao microcosmo de cada um de nós.
Uma antiga história conta que um professor pediu a um dos seus alunos que fosse ao porão e tirasse de lá a escuridão.
O aluno foi e voltou dizendo que não conseguia expulsar a escuridão de lá.
O mestre disse então ao aluno que voltasse ao porão com uma vassoura e varresse a escuridão para fora.
O aluno evidentemente foi e voltou desapontado, já que não conseguia atender as ordens do professor.
Aí o mestre deu um pedaço de pau e o enviou de novo ao porão com a ordem de açoitar a escuridão para fora.
Com o retorno do aluno pela terceira vez sem sucesso, o mestre  entregou a ele uma vela acesa para que a levasse ao porão.
O aluno, ao retornar, disse ao mestre que a pequena vela teria afugentado a escuridão.
O mundo em que vivemos lamentavelmente possui muitos lugares onde a escuridão da escravidão, da ignorância, da falta de educação prevalecem.
Que sejamos todos luzes fortes para divulgar a liberdade, ensinar aqueles que não sabem e trazer mais paz e fraternidade aos que nos cercam.
Shalom, 
Feliz Chanuka, Feliz Natal e Feliz 2020"

Um grande abraço e até o próximo ano - nossa comunicação retorna na semana de 13/01.
Comitê Editorial - Regina, Juliana e Marcela.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

VOCÊ SABIA? - 100 Anos de Ford: do Antissemitismo ao Sionismo




Você sabia que se Henry Ford ficou famoso por seu antissemitismo, o Sionismo e apoio às causas judaicas de seu neto Henry Ford II ainda não chegaram ao conhecimento da mídia e do mundo?



Ford II em visita a uma fábrica em Israel – (ao centro, de gravata preta, sem óculos)


Em 1919 Henry Ford adquiriu um insignificante periódico local que operava com prejuízo.

Aos poucos, o Dearborn Independent passou a citar e rever “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, culpando a conspiração internacional dos judeus pela guerra, pobreza, Bolchevismo e até pelo idiota Jazz Judaico.

“O Judeu Internacional: O Maior Problema do Mundo” – um dos grandes sucessos de artigos antissemitas publicados no jornal – foi logo lançado num conjunto de 4 volumes e distribuído às revendedoras Ford espalhadas pelos Estados Unidos, sem mencionar o nome Ford.


O material foi também traduzido para o alemão, desta vez com o nome Ford presente na edição alemã, e distribuído aos fornecedores com maior sucesso de vendas. 





Em menos de 50 anos, após o jornal Dearborn Independent fechar ao sofrer um processo por difamação, Henry Ford II visitava uma fábrica da Ford na Galiléia, em Israel!
Se o primeiro Henry Ford era um antissemita declarado, seu neto, HF II, conhecido como “Hank the Deuce”, passará à História como um Sionista e grande apoiador das causas judaicas.

Em setembro de 1945, nas comemorações de seu 28º aniversário e da derrota oficial dos japoneses, Ford II tornou-se o dinâmico presidente do gigante automotivo. Conhecido como “Hank the Deuce”, o jovem executivo liderou a empresa durante os dois últimos anos de vida de seu avô e então pelas décadas seguintes.

Logo após a independência de Israel, Hank the Deuce supervisionou um acordo comercial que veria um grande carregamento de peças automotivas para ajudar a aliviar a crise de transporte do jovem estado.

No ano seguinte, Hank the Deuce presenteou pessoalmente o primeiro presidente de Israel com um Ford Lincoln Cosmopolitan. Alegadamente, o único outro destinatário desse modelo específico foi o presidente dos EUA, Harry Truman. Uma contribuição de US $ 50.000 de Hank the Deuce, em 1950, fez dele o principal doador da primeira campanha do Comitê Cristão de Israel para o Apelo Judeus Unidos.

Por volta da Guerra dos Seis Dias, em 1967, Hank the Deuce deu ao seu bom amigo, o empresário e filantropo judeu Max Fisher, uma nota pessoal calorosa com um cheque de US $ 100.000 para o Fundo de Emergência de Israel.

Pouco tempo depois, Hank the Deuce cumpriu sua promessa de ter uma fábrica de montagem da Ford em Israel e manter negócios com o Estado judeu, recusando-se a ceder ao boicote, a ameaças, apesar de interesses extensos e lucrativos em todo o mundo árabe. O boicote árabe entrou em vigor e os carros começaram a sair da fábrica em Nazaré, quando Hank, o Deuce, teria dito: "Ninguém vai me dizer o que fazer".


“Ninguém vai me dizer o que fazer!” – HF II


Mais tarde, ele elaborou a decisão:


"Foi apenas um procedimento comercial pragmático. Não me importo de dizer que fui influenciado em parte pelo fato de a empresa ainda sofrer ressentimento contra o antissemitismo do passado distante. Queremos superar isso... Mas o principal é que aqui tínhamos um revendedor que queria abrir uma agência para vender nossos produtos - diabos, deixe-o fazer isso".

Os primeiros Ford Escorts - com pneus, baterias e tinta "Made in Israel" - saíram da linha de produção de Nazaré na primavera de 1968. Um artigo de jornal relatava a produção inicial: três veículos por dia, com planos de expansão para oito!
Em outubro de 1971, uma celebração festiva marcou a 15.000ª escolta da fábrica.”

E assim progressivamente, Ford interagiu com Israel e o mundo sem preocupar-se com a chance de países árabes praticarem o boicote contra sua empresa.

William Clay Ford Jr., bisneto de Henry Ford e atual CEO da Companhia Ford Motor, visitou Israel em 2019 para inaugurar o novo Centro de Pesquisa Ford em Tel Aviv.


Ford Jr. “Acredito que a finalidade de uma empresa é tornar melhor a vida das pessoas.”



O novo diretor da empresa é otimista e tem duas paixões: sendo também neto do proprietário dos pneus Firestone, a paixão por carros está no DNA; e a paixão pela natureza associada aos problemas do meio ambiente.

Ao entrar na universidade ouviu de seus professores que sua empresa, a Ford, era um dos grandes poluentes do planeta.

Começou aí, sua grande preocupação ambientalista. Em sua conferência no TED, confessou sua preocupação em produzir carros menos poluentes. E talvez produzir menos carros também para evitar os terríveis congestionamentos.

“A Ford tem sido uma defensora vocal de melhorias a serem feitas em todos os modos de transporte global, tendo declarado que os governos e empresas privadas devem repensar a infraestrutura e a tecnologia de transporte à medida que a população global se expande e a infraestrutura existente não é capaz de acompanhar o ritmo.”



Centro de Pesquisa FORD -  Israel


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Editorial - Lendo as Letras Negras e as Letras Brancas

Abdullah Shatila e Reuven Rivlin

Dizem os sábios que a Torá é escrita com letras brancas e com letras negras – entendendo que tanto o que está no texto quanto o que está nas entrelinhas trazem informações muito preciosas. Todos acreditamos que conseguimos ler os textos e interpretá-los, mas apenas alguns se preocupam com o contexto. Isto é, apenas alguns leem as letras brancas e as entrelinhas.

Em processos muito longos, que atravessam gerações e gerações podendo adquirir roupagens diferentes a cada século ou milênio, faz-se mister ler as entrelinhas. 

A longa vida do Povo Judeu é acompanhada de muitos momentos de inclusão e aprovação e muitos outros de rejeição e descaracterização. Nosso trabalho, iniciado em 2017, tinha por base não apenas denunciar as ações contra o Estado de Israel e o Povo Judeu, mas também trazer ao conhecimento de todos fatos muito pouco divulgados fora ou mesmo dentro da comunidade judaica. Esta semana, poderíamos dedicar este espaço para mais um momento de denúncia, visto o que vem acontecendo na França. Mas dois acontecimentos completamente isolados, um que aconteceu em Jerusalém e outro na ONU, mostram que sempre há espaço para retomar o caminho da verdade e que esta retomada depende de pessoas. 

Sim, o coletivo tem relevância para chamar atenção e promover mobilizações, mas são seres humanos de forma individual que mostram caminhos ou mesmo se integram no coletivo. 

O Presidente de Israel, Reuben Rivlin, homenageou um cidadão libanês em Jerusulém que com grande sensibilidade ajudou a preservar a memória e a história do Holocausto. 

O empresário libanês Abdalah Chatila arrebatou em um leilão vários ítens que pertenceram a Hitler, inclusive uma cartola. "Podiam cair nas mãos erradas, não tinha outra opção, que não ajudar. Tentei impedir o leilão, mas como não pude, comprei algum dos objetos", explicou Abdalah Chatila, em entrevista à Agencia Efe.

Abdalah Chatila estava na casa de leilão Hermann Historica, em Munique, que leiloou bens pertencentes a Hitler no valor de 130 milhões de dólares. Uma cartola tinha o preço de 50 milhões de dólares. Chatila tentou suspender o leilão, sem êxito. Decidiu então arrebatar todos os ítens. Ainda no processo de leilão, informou ao Karen Hayessod que tinha tomado esta decisão para evitar que estes pudessem ser transformados em símbolos de reverência por neo-nazistas e que iria doar todo o lote. No dia 9 de dezembro, o presidente do Yad Vashem, museu em Jerusalém dedicado a preservar a memória do Holocausto, recebeu a coleção.

Este é um ato em que as linhas e entrelinhas se encontram. Traduz o sentimento de que preservar a memória dos fatos é a única forma de disseminar as verdades contidas no texto e no contexto.


Do lado do Estado de Israel, esta semana aconteceu um fato inédito na Assembléia Geral da ONU. O embaixador de Israel Daniel Danon capitaneou a passagem de uma Resolução sobre “Tecnologias Agrícolas para o Desenvolvimento” que visa capacitar países em desenvolvimento em tecnologias agrícolas e com isto promover o desenvolvimento sustentável. Foram 147 votos a favor e a Liga de Países Árabes decidiu abster-se.  


Daniel Danon


Fato inédito na história da ONU. Os países árabes, através da abstenção, reconheceram o valor da ajuda humanitárias israelense. Vale ressaltar que esta tem sido dirigida de forma contínua para países africanos, inclusive para populações de maioria muçulmana, na forma de novas tecnologias para obtenção de água e de plantio.


ASSIM, a história vai sendo escrita não apenas pelo lado negativo, mas também pelo lado positivo. Cabe a nós não deixarmos de transmitir fatos e continuar sabendo ler na entrelinhas.


Cumprimentos ao Embaixador Daniel Danon, que uma vez não conseguiu entrar no Brasil, mas que foi à ONU e tem feito um trabalho espetacular, e ao empresário Abdalah Chatila que teve a sensibilidade e a presteza de alterar o curso da história.

Boa Semana!

Regina P. Markus

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

VOCÊ SABIA? - B-3087: Campo de Birkenau, prisioneiro número 3087




Você sabia que um garoto judeu sobreviveu ao Holocausto passando por 10 campos de concentração e conseguiu contar sua história mostrando ao mundo os horrores do nazismo?





Desta feita a pergunta da semana chegou aos meus ouvidos pelas palavras de minha neta de 11 anos.

Toda semana Rebecca passa uma tarde em nossa casa, após as aulas, e conversamos sobre os assuntos que lhe aprazem e livros que está lendo ou já leu. E assim, entre uma xícara de café e um copo de leite com Toddy, ela me disse: “Você sabia que um garoto judeu, polonês, trabalhou em dez campos de concentração durante a segunda guerra e saiu com vida quando os americanos entraram em Dachau?”

Não, eu não sabia! Até agora, após a leitura de sua história, me parece difícil acreditar que um jovem tão jovem, desamparado, sem amigos, tenha tido forças e determinação para sobreviver!

Yanek Gruener, ou Jack Grener, o menino que ao final da guerra completava 16 anos, tem uma história inacreditável de sofrimento, trabalhos pesados além de suas forças, fome, desesperança e sublimação para nos inspirar frente à vida.
Em 1939, quando tinha apenas doze anos, os alemães invadem a Polônia e o menino vê seu bairro na Cracóvia ser transformado em gueto. Aos poucos, as casas foram recebendo mais e mais famílias judias e as dificuldades na vida de todos só aumentaram com a construção do muro que a todos cerceava.

Alan Grantz é um reconhecido autor americano que tem escrito com muito sucesso para jovens e adultos. Rebecca tem apreciado seus livros e muito aprendido com ele sobre a história de seu povo.


Alan Grantz



A pedido de Jack Gruener e sua esposa Ruth, Alan registrou a vivência do jovem que tudo perdeu com a guerra, foi feito prisioneiro, teve seu braço tatuado com o número B-3087 e trabalhou em campos e mais campos, perdendo a esperança muitas vezes. Desejou que as bombas caíssem sobre os vagões de gado onde era transportado quase sem poder respirar, perdeu com tristeza o único amigo que encontrou em Auschwitz e horrorizou-se ao descobrir o coro feminino que cantava quando as mulheres e crianças eram levadas às câmaras de gás.

Ele vislumbra o mal que nunca poderia imaginar, e às vezes se surpreende com raios de esperança em meio ao horror. Em uma caminhada da morte, ao sentir-se sem forças para dar mais um passo se não enganasse seu estômago atormentado, pede ao terrível Kapo um pedaço de pão e é recebido com uma faca contra seu pescoço. O sangue goteja, ele suplica dizendo que foi sempre um bom trabalhador mas precisa comer para produzir, e perante os olhos atônitos de todos seus companheiros de caminhada, o Kapo introduz a faca no filão que comia e corta um pedaço de pão para Jack.

“10 campos de concentração diferentes. 10 encontros diferentes com a morte.”

Plaszóv – Campo de concentração - 1942 – 1943

Trzebinia – Campo de concentração – 1944

Birkenau – Campo de concentração – 1944 – 1945

Wieliczka – Campo de concentração - 1945

Auschwitz – Campo de concentração – 1945

Sachsenhausen – Campo de concentração – 1945

Bergen-Belsen – Campo de concentração – 1945

Buchenwald – Campo de concentração – 1945

Gross-Rosen – Campo de concentração – 1945

Dachau – Campo de concentração - 1945

Este é um dos sobreviventes que consegue se recuperar após os pesadelos da guerra.

Consegue recuperar sua identidade, seu nome, deixa de ser um número tatuado à força, com muita dor, para voltar ao mundo digno dos vivos.

De Dachau foi levado para Munich onde encontrou parentes, vizinhos, recuperou sua vida e emigrou para os Estados Unidos, lá criando uma nova vida e um futuro que permitiram que transmitisse para as próximas gerações os horrores da guerra.




Em vista de tantas tentativas de apagar da face da história o triste e sangrento Holocausto, devemos sempre lembrar dos acontecimentos e relatar a todos o que realmente se passou. Este horrível episódio não pode ser esquecido e isto Jack e sua esposa Ruth, também uma sobrevivente, fizeram o possível para registrar e contar aos jovens.


O casal sempre se apresentou em escolas e programas educativos contando suas tragédias e exortando a todos para que isto nunca mais se repita!
Jack faleceu recentemente, mas sua história ficou para inspirar a todos e para dizer Nunca Mais ao racismo, ao totalitarismo e às guerras!




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:




quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

EDITORIAL: SIONISMO - um olhar histórico

Chaim Weizmann (1874 - 1952) - por Chaim Weizmann


Atualmente o nome de Chaim Weizmann é identificado com o Instituto Weizmann de Pesquisa de Rehovot, em Israel. Um dos dez mais produtivos Institutos de Pesquisa do Mundo, seus cientistas rompem as fronteiras do saber nos campos da Física, Química, Biologia e Computação e seu sistema de gestão é muito eficiente em promover processos de transferência de Conhecimento para Tecnologia para benefício de todos. 

Mas quem foi Chaim Weizmann? Weizmann foi um químico de destaque, decisivo no esforço de guerra inglês na Primeira Guerra Mundial. Weizmann foi um dos pais do sionismo e o ativista que impulsionou a Declaração Balfour (2/11/1917). Weizmann promoveu o ensino e a pesquisa no Mandato Britânico da Palestina antes mesmo da criação do Estado de Israel, de forma a propiciar não só educação às crianças mas também ensino superior e instituições de busca do saber - tanto nas ciências exatas e biológicas, quanto nas humanidades.  


Pesquisar e buscar o novo é a base da descoberta científica e Weizmann chamou sua autobiografia de  "Tentativa e Erro".  O primeiro volume foi publicado em 1941 e reeditado em 2013 (Plunkett Lake Press, Lexington, Ma). Fascinante ler sobre a vida de um menino que nasceu em um Schtetl (aldeia judia no Leste Europeu) na BieloRússia, e que singra terras e tempos e cria as bases para que seu povo possa ter um futuro menos incerto que os ditados pelos Czares. O choque entre judeus religiosos e assimilados - tão evidente nos dias de hoje -fica muito mais acentuado em sua busca pelo apoio britânico para a criação de um Lar Nacional Judaico. As diferenças de objetivos dos ingleses e franceses nos destinos das terras do Império Otomano, que cai logo após a Primeira Guerra Mundial e que permite a criação do Protetorado Francês na Síria e do Mandato Britânico da Palestina, que envolve o atual Estado de Israel, a Jordânia e o Iraque, é um outro tópico tratado em profundidade. A história segue em espirais. 


Fiquei impressionada porque os textos foram escritos antes da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e, publicados durante o seu desenrolar (1941).


Muitos devem estar se perguntando o que mais impressionou neste livro? Devo confessar que foi algo descrito no início de sua vida, quando ainda morava em Motol, por onde passava um rio que era tributário do Pripet, que desaguava no Dnieper e este chegava ao Mar Negro. Muito escutei sobre o Dnieper na minha infância - as águas geladas, mais muito limpas e o prazer de meu pai, menino, de levar peixe para o jantar.


Nesta pequena aldeia (Motol), como em todas as aldeias judaicas, educação era uma obrigação. E Weizmann conta que no cheder em que estudou (corresponde ao nosso ensino básico - 6 aos 12 anos) onde estudava hebraico e Talmud com intensidade, desde a mais tenra idade, teve uma chance incrível! O mestre de sala (Rebbi), quando tinha 11 anos, recebeu um livro em hebraico muito estranho. Versava sobre ciências naturais e química! O Rebbi trouxe este livro para a sala de aula, e de "forma furtiva" toda a classe passou a ler o livro em conjunto, entoando como se fosse a leitura do Talmud - e questionando cada linha, como faziam ao estudar o Talmud.


Muitos anos depois, já na Alemanha, Weizmann decide dedicar-se à Química! Sua base impressionou a professores e colegas. E foi graças à química que conseguiu a Declaração Balfour! E muito mais!






Sim, educar é preciso!


Boa Semana


Regina P. Markus

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

VOCÊ SABIA? - Instituto Weizmann reprograma bactéria para que se alimente de CO2


Bactéria E.coli



Você sabia que cientistas israelenses projetam bactérias para comer CO₂ perante o possível avanço climático?




As pesquisas do Instituto Weizmann podem abrir caminho para a produção de carbono com baixas emissões para uso em biocombustíveis, alimentos e ajudar a remover o excesso de CO₂ do aquecimento global do ar.”

No decorrer de uma década de pesquisas, os cientistas chegaram a uma descoberta inusitada no sentido de produzir combustíveis neutros em carbono através de uma bactéria geneticamente modificada que consegue alimentar-se mais de dióxido de carbono do que de açúcar.
Esta descoberta, já em destaque na bem-conceituada publicação Nature, será o caminho para criar carbono com baixas emissões destinado a reduzir o tão temido aquecimento global.


“As plantas e as cianobactérias que vivem no oceano realizam a fotossíntese, levando a energia da luz para transformar o CO₂ em uma forma de carbono orgânico que pode ser usado para construir DNA, proteínas e gorduras.
Como esses fotossintetizadores podem ser difíceis de moderar geneticamente, a equipe Weizmann, sob o comando do professor Ron Milo, tomou as bactérias E. coli - mais comumente associadas à intoxicação alimentar - e passou dez anos desmamando-as de açúcar e treinando-as para "comer" dióxido de carbono em lugar dos açúcares.


Professor Ron Milo

Através da engenharia genética, eles permitiram que as bactérias convertessem CO₂ em carbono orgânico, substituindo a energia do sol - um ingrediente vital no processo de fotossíntese - por uma substância chamada formato, que também está atraindo atenção como potencial gerador de eletricidade limpa.







Para fazer com que as bactérias passassem de uma dieta açucarada para uma de dióxido de carbono, a equipe, que também incluía Roee Ben-Nissan, Yinon Bar-On e outras pessoas do Departamento de Ciências Ambientais e de Plantas do instituto, quase matou-as de fome de açúcar (glicose), dando-lhes bastante dióxido de carbono e formato e criou várias gerações para testar se a evolução permitiria que algumas bactérias sofressem mutações e pudessem sobreviver apenas com CO₂.

No espaço de um ano, alguns dos descendentes de bactérias fizeram a alteração completa para o CO₂, após mudanças evolutivas em apenas 11 genes.





As bactérias do laboratório que se mudaram para uma dieta de CO₂ foram alimentadas com quantidades muito altas de gás. No entanto, sob condições atmosféricas regulares, elas ainda precisariam de açúcar para viver.

"Nosso laboratório foi o primeiro a buscar a ideia de mudar a dieta de um heterotrófico normal [que consome substâncias orgânicas] para convertê-lo em autotrofismo ['vivendo do ar']", disse Milo. “Parecia impossível no começo, mas nos ensinou inúmeras lições ao longo do caminho e, no final, mostramos que realmente pode ser feito. Nossas descobertas são um marco significativo em direção ao nosso objetivo de aplicações científicas eficientes e ecológicas.”

Foram necessários 200 dias para que as primeiras células capazes de sobreviver apenas com CO₂ aflorassem.

Além disso, após 300 dias as bactérias cresceram mais rapidamente do que suas homólogas comedoras de açúcar.

Esta pesquisa importante com certeza vai ajudar na produção de energia renovável no futuro!


 Instituto Weizmann da Ciência (hebraico: מכון ויצמן למדע Machon Weizmann LeMada) 


Este instituto é uma universidade pública de pesquisa que fica em Rehovot, Israel, e foi fundado em 1934 por Chaim Wizemann 14 anos antes do Estado de Israel.
Difere de outras universidades israelenses por oferecer apenas graduação e pós- graduação em ciências naturais e exatas.

É um centro de investigação multidisciplinar com cerca de 3.800 cientistas, pós-bolseiros , Ph.D . e M.Sc. estudantes e pessoal científico, técnico e administrativo do Instituto.

Antes de se tornar presidente do Estado de Israel em fevereiro de 1949, Weizmann prosseguiu sua pesquisa em química orgânica em seus laboratórios. 


Chaim Weizmann

Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:





quinta-feira, 28 de novembro de 2019

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO & ANTISSIONISMO

Ano de 2019, século XXI - 
80 anos após o início da Segunda Guerra Mundial
HOLOCAUSTO -




ANTIGUIDADE


740 AEC --> Cativeiro Assírio - Os habitantes da Judéia e de Israel são levados para a Assíria. Os habitantes da Samária foram reassentados como cativos da Assíria. O Reino do Norte de Israel foi Conquistado pelo Império Neoassírio 


586 AEC - Reinado de Nabucodonosor II - destruição do Templo de Jerusalém e captura de mais 10.000 famílias judias do Reino de Judá.


475 AEC - Haman tenta promover o genocídio de todos os Judeus da Pérsia - Ocorre o milagre de Purim - SORTE - MAZAL - Lugar certo, hora certa, conhecimentos corretos - e o Rei Arrashverosh elimina Haman e salva os judeus.


175 - 165 AEC - Tentativa de erigir uma estátua de Zeus no Templo de Jerusalém - Judeus lutam e vencem o Império Grego - e esta é a base para comemorar Chanuka.



Brincando com o tamanho das letras, pensando nos dias de hoje, ou nos da mais longínqua antiguidade, nós podemos desenhar alguns marcadores (hallmarks) que identificam o Povo Judeu - o Povo de Israel - o Povo que não apenas tem sua história registrada por mais de 4000 anos, mas que permanece vivo para continuar fazendo História.


Na EshTáNaMídia temos dado grande visibilidade a dois principais pilares desta longevidade: a vivência das tradições, reforçando que muito do que fazemos hoje são costumes herdados da Europa, África e Ásia, e o Programa Educacional Judaico, tradição que também vem dos três continentes e inclui não apenas o aprender, mas muito mais o PERGUNTAR. Assim, ao longo de sua história o judeu pergunta e pergunta e... com isto hoje o Estado Judeu, o Estado de Israel tem a sua principal fonte de riqueza baseada na Ciência Curiosidade (Curiosity Science), por aqui conhecida como Ciência Básica.


MAS - e sempre tem um mas - há uma terceira marca que acompanha os judeus desde a antigüidade - e esta marca é a da inveja, rejeição, difamação, perseguição e destruição. 


Após o holocausto nazista onde foram mortos mais de 6 milhões de judeus, era a expectativa do mundo que a difamação dos judeus deixasse de ocorrer.  EM TEMPO - muitos conhecidos dizem que 6 milhões não é tanta gente, quando comparado com outras perdas no mundo. Para aquilatarem a importância desta cifra em 1939 havia 16,6 milhões de judeus e em 2018 foram registrados 14,5 milhões. 


HOJE, em 2019, observamos o ódio aos judeus reaparecer. E como no passado, o Reino de Judá e de Israel são tratados de forma separada. Para todos é preciso entender que o Estado de Israel, um pequeno pedaço de terra que é o berço da civilização judaica, não pode ser separado dos judeus. Antissionismo e Antissemitismo são expressões que se complementam e referem ao mesmo fenômeno.

Esta semana escutamos religiosos cristãos ligados à extrema direita americana colocando a culpa nos judeus sobre problemas americanos e a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul abriu suas portas para uma exposição de cartazes que difamam o Estado de Israel. Há anos dizemos que é preciso lembrar o que ocorreu na Europa durante o Holocausto Nazista para que não mais volte a acontecer. Não é suficiente lembrar ou conhecer, pois os difamadores usam as mesmas palavras contra os judeus - e não faço diferença entre judeus no mundo ou no Estado de Israel.


NOVOS TEMPOS? TEMPOS SOMBRIOS? não sei.

A única certeza, baseada em fatos que ocorrem desde o ano 740 AEC, é que daqui a 100 anos nossos filhos estarão avaliando o que foram os nossos tempos.

Banias Falls, em Israel 

Espero que estes incidentes fiquem tão restritos que nem possam ser considerados fatos históricos.

Sigamos em frente. 


Regina P. Markus