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quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Editorial - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto




Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto - 27 de janeiro

No ano de 2005 a Assembleia Geral da ONU publicou a resolução de criar o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto no dia 27 de janeiro. Foi nesta data, em 1945, que ocorreu a tomada do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, pelo exército russo, e os prisioneiros que ainda tinham alguma condição iniciaram a marcha da morte, seguindo à pé para outros campos. Janeiro – inverno – e muitos ficaram pelo caminho!

Alguns anos mais tarde, na década de 1950, foram expulsos os judeus que moravam nos países mulçumanos, do Marrocos ao Iraque, da África Ocidental ao Centro da Ásia. Muitas destas populações moravam em suas cidades desde os tempos bíblicos. O século XX viu os judeus da Europa, África e Ásia transformarem-se em refugiados. Eles não fugiam da pobreza. Eles haviam sido roubados. Todas as suas posses e muito de suas famílias ficaram.

Hoje, quando olhamos para as 7 décadas que passaram, encontramos entre os 14 milhões de judeus pessoas de destaque nas ciências, artes, economia e inovação. O Estado de Israel, um sonho de 2000 anos, se torna uma realidade. Muitos buscam entender como isto é possível.

Neste dia, em que o terror é lembrado para que nunca mais volte, gostaria de aproveitar o momento para uma reflexão sobre o ato de sobreviver. Entre os muitos aspectos que contribuem para a sobrevivência de um povo dizimado está o cuidar um do outro, está o acolher. Mas acredito que neste caso, há algo mais. Há um diferencial, ao qual os sul-coreanos têm dado a maior atenção. Sim, eu não me enganei. Foi vendo um vídeo sobre o esforço dos sul-coreanos em buscar a essência da educação judaica, que foi possível colocar mais uma pedra deste quebra-cabeça no lugar.

Estudar é uma das grandes missões de um judeu e também de uma judia. Aos filhos é sempre propiciado tempo e ambiente para o saber. Mas há algumas técnicas milenares que são usadas pelo orientais e pelos ocidentais, e que foram instituídas para o estudo do Talmud – um conjunto de tratados que discute e interpreta a Torá, contém a Mishná, o regramento da vida, na maioria dos seus aspectos, e perguntas e respostas de temas dos mais diversos. A forma com que o Talmud é estudado é a partir de perguntas – e as perguntas valem mais do que as respostas. Duplas de alunos se debruçam sobre os temas e seguem questionando.

Foi nesta forma de estudar que os sul-coreanos fixaram atenção. Perguntar é a melhor forma de compreender algo. Saber perguntar é importante para aprender, interagir e se adaptar a novas sociedades e desafios. Hoje constatamos o aumento do antissemitismo em todo mundo, e junto com este, o aumento da rejeição ao outro, ao diferente e à criação de mecanismos que tendem a aumentar nossa percepção das diferenças.

Que o dia Internacional da Memória do Holocausto possa ser um dia de questionamento não apenas do passado, mas da forma como está sendo construído o futuro.

Uma semana de reflexão para todos.


Regina P. Markus

Um comentário:

  1. Não sou judia, pelo menos nessa encarnação, porém o tema me instiga muito! Gostei dessa leitura

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