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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO & ANTISSIONISMO

Ano de 2019, século XXI - 
80 anos após o início da Segunda Guerra Mundial
HOLOCAUSTO -




ANTIGUIDADE


740 AEC --> Cativeiro Assírio - Os habitantes da Judéia e de Israel são levados para a Assíria. Os habitantes da Samária foram reassentados como cativos da Assíria. O Reino do Norte de Israel foi Conquistado pelo Império Neoassírio 


586 AEC - Reinado de Nabucodonosor II - destruição do Templo de Jerusalém e captura de mais 10.000 famílias judias do Reino de Judá.


475 AEC - Haman tenta promover o genocídio de todos os Judeus da Pérsia - Ocorre o milagre de Purim - SORTE - MAZAL - Lugar certo, hora certa, conhecimentos corretos - e o Rei Arrashverosh elimina Haman e salva os judeus.


175 - 165 AEC - Tentativa de erigir uma estátua de Zeus no Templo de Jerusalém - Judeus lutam e vencem o Império Grego - e esta é a base para comemorar Chanuka.



Brincando com o tamanho das letras, pensando nos dias de hoje, ou nos da mais longínqua antiguidade, nós podemos desenhar alguns marcadores (hallmarks) que identificam o Povo Judeu - o Povo de Israel - o Povo que não apenas tem sua história registrada por mais de 4000 anos, mas que permanece vivo para continuar fazendo História.


Na EshTáNaMídia temos dado grande visibilidade a dois principais pilares desta longevidade: a vivência das tradições, reforçando que muito do que fazemos hoje são costumes herdados da Europa, África e Ásia, e o Programa Educacional Judaico, tradição que também vem dos três continentes e inclui não apenas o aprender, mas muito mais o PERGUNTAR. Assim, ao longo de sua história o judeu pergunta e pergunta e... com isto hoje o Estado Judeu, o Estado de Israel tem a sua principal fonte de riqueza baseada na Ciência Curiosidade (Curiosity Science), por aqui conhecida como Ciência Básica.


MAS - e sempre tem um mas - há uma terceira marca que acompanha os judeus desde a antigüidade - e esta marca é a da inveja, rejeição, difamação, perseguição e destruição. 


Após o holocausto nazista onde foram mortos mais de 6 milhões de judeus, era a expectativa do mundo que a difamação dos judeus deixasse de ocorrer.  EM TEMPO - muitos conhecidos dizem que 6 milhões não é tanta gente, quando comparado com outras perdas no mundo. Para aquilatarem a importância desta cifra em 1939 havia 16,6 milhões de judeus e em 2018 foram registrados 14,5 milhões. 


HOJE, em 2019, observamos o ódio aos judeus reaparecer. E como no passado, o Reino de Judá e de Israel são tratados de forma separada. Para todos é preciso entender que o Estado de Israel, um pequeno pedaço de terra que é o berço da civilização judaica, não pode ser separado dos judeus. Antissionismo e Antissemitismo são expressões que se complementam e referem ao mesmo fenômeno.

Esta semana escutamos religiosos cristãos ligados à extrema direita americana colocando a culpa nos judeus sobre problemas americanos e a Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul abriu suas portas para uma exposição de cartazes que difamam o Estado de Israel. Há anos dizemos que é preciso lembrar o que ocorreu na Europa durante o Holocausto Nazista para que não mais volte a acontecer. Não é suficiente lembrar ou conhecer, pois os difamadores usam as mesmas palavras contra os judeus - e não faço diferença entre judeus no mundo ou no Estado de Israel.


NOVOS TEMPOS? TEMPOS SOMBRIOS? não sei.

A única certeza, baseada em fatos que ocorrem desde o ano 740 AEC, é que daqui a 100 anos nossos filhos estarão avaliando o que foram os nossos tempos.

Banias Falls, em Israel 

Espero que estes incidentes fiquem tão restritos que nem possam ser considerados fatos históricos.

Sigamos em frente. 


Regina P. Markus












segunda-feira, 25 de novembro de 2019

VOCÊ SABIA? - A Moeda de 10 Euros da Lituânia




Primeira moeda continental a apresentar inscrição em hebraico: “Vil, nor Gaon”Se você quiser, você também pode ser um gênio.






Você sabia que a Lituânia emitirá uma moeda do Euro com inscrições em hebraico no próximo ano de 2020?

O banco do país emitirá uma moeda colecionável no valor de 10 Euros em comemoração ao 300º aniversário do nascimento do principal pensador judeu do século XVIII, o Gaon de Vilna.




“Nascido em 1720, Elijah ben Solomon Zalman, o Gaon de Vilna, foi um importante juiz e o principal líder dos Mitnaguim, um movimento contrário ao movimento Chassídico na Europa Oriental. Por meio de seus comentários sobre o Talmude e outros textos, ele se tornou uma das figuras mais familiares e influentes no estudo rabínico desde a Idade Média.”




A moeda a ser lançada ostenta na parte frontal o símbolo dos judeus da Lituânia, os Litvaks, uma menorá ilustrativa da comunidade e sua identificação como cidadãos desde os tempos de Gediminas, o grão-duque do país no século XIV.


Grão-duque Gediminas, Lituânia, século XIV.

“Descrevendo a nova moeda, acima está a denominação (10 €), abaixo está a inscrição LIETUVA (que significa Lituânia no idioma local), o ano de emissão (2020), a marca registrada da equipe de criação e a marca da Casa da Moeda lituana Mint.”


“A moeda é cercada com a inscrição “O ano do Gaon de Vilna e a história dos judeus lituanos” em lituano e hebraico, além do número 5780, o ano no calendário judaico correspondente a 2020.”


“O verso da moeda tem dois sinais: a letra hebraica Shin (ש) que na gematria (atribui valor numérico às letras) representa o número 300, para comemorar o 300º aniversário de seu nascimento e הגרא , um acrônimo para “Ha Gaón Rabbi Elyahu”, que significa “O Gênio Rabino Elyahu”.

A parte inferior da moeda apresenta um pergaminho estilizado da Torá que encerra o número 300 gravado.
O anverso também traz as inscrições “o Gaon de Vilna” e “Rabi Elijah ben Solomon Zalman” nas línguas lituana e hebraica.”

Elijah bem Solomon Zalman, também conhecido como Vilna Gaon (1720-1797), foi uma criança precoce. Aprendeu o Talmud aos 7 anos de idade com Moses Margalit, rabino de Kaidan. Chamado de Gaon (excelência) de Vilna, tornou-se autoridade extraordinária na vida religiosa e cultural judaica na Lituânia do século XVIII.

Este lituano talmudista, cabalista, gramático e matemático, a partir dos 10 anos continuou seus estudos sem recorrer a professores. Ao chegar à maturidade, seguindo a tradição dos talmudistas de seu tempo, percorreu vários lugares da Alemanha e Polônia, só retornando ao seu lar em 1748, trazendo consigo o reconhecimento de seus estudos avançados e de suas capacidades. Proeminente rabino erudito em Talmud e na Cabalá, valorizava os conhecimentos seculares como a gramática hebraica, geometria, álgebra e astronomia.
Por não ter frequentado nenhuma yeshivá, tinha a vantagem de nunca ter sido influenciado por preconceitos ou métodos de estudo não recomendáveis. Sua mente permaneceu aberta a análises rudimentares e simples de versículos ou passagens (peshat).

Seus métodos de estudo.
O mérito principal de Eliá consistiu neste fato, que ele aplicou ao Talmud e à literatura cognata próprios métodos filológicos. Ele até fez uma tentativa para um exame crítico do texto; e assim, muitas vezes com uma única referência a uma passagem paralela, ou com uma emenda textual, ele derrubou todos os castelos no ar erguidos por seus antecessores.

Mas, além dos dois Talmuds e dos outros ramos da literatura rabínica que ele logo havia memorizado, dedicou muito tempo ao estudo da Bíblia e da gramática hebraica, bem como às ciências seculares, enriquecendo-o com sua originalidade.  Seus alunos e amigos tiveram que seguir os mesmos métodos simplista e simples de estudo que ele seguiu.
Ele também exortou-os a não negligenciar as ciências seculares, sustentando que o judaísmo só poderia ganhar estudando-as.
Eliá era muito modesto e desinteressado: ele se recusou a aceitar o ofício de um rabino, embora frequentemente lhe fossem oferecidos os termos mais lisonjeiros. Em seus últimos anos, ele também se recusou a aprovar, embora esse fosse o privilégio de grandes rabinos; ele pensou humildemente em si mesmo para assumir tal autoridade.”

Apesar de seu desejo de evitar a publicidade, sua fama se espalhou, sendo muito procurado por sábios e talmudistas mais velhos, para esclarecer suas dúvidas e desavenças.

O lema da nova moeda, “Vil, nor Gaon”, que significa “Se você quiser, você também pode ser um gênio”, será um grande incentivo às crianças em seus esforços de conquistarem seus objetivos.
Esta frase era popular em íidiche entre os habitantes de Litvak desde os tempos de Gaon de Vilna.
O gesto da Casa da Moeda Lituana foi elogiado pelo embaixador de Israel na Lituânia, Yossi Avni-Levy:.
 “É um tributo muito bonito em nome do governo lituano à gloriosa herança judaica de Vilna no 300º aniversário do nascimento de Gaon”.



FONTES:




quinta-feira, 21 de novembro de 2019

EDITORIAL: DIA DE CONSCIÊNCIA







A EshTáNa Mídia tem por objetivo específico focar em processos de discriminação em relação ao Povo Judeu e ao Estado de Israel, visando um objetivo maior que permita ampliar nosso conceito de HUMANO-DIVERSIDADE. 
Combatemos a desinformação e o preconceito de maneira afirmativa e educativa, denunciamos e combatemos processos de discriminação com informações factuais e culturais.

Cada ser humano é especial, é diferente e tem suas próprias características e o respeito e a dignificação de todos deve ser buscada, sem que seja necessário igualar e amalgamar os diferentes. Já dizia Bertold Brecht, a "igualdade é burra". Mas, a partir de simplificações de filosofias de inclusão muitos passaram a buscar igualdades. 

No judaísmo a busca pela diferença é essencial, e em muitos trechos da Torah e rezas encontram-se citações sobre o "povo entre os povos". Ressalta-se então a importância de caracterizar grupos, mas ao mesmo tempo sempre é ressaltado que este é "um entre muitos". 

Ter consciência das diferenças e saber apreciá-las é um primeiro passo. Este é o mês da "consciência negra", que busca destacar as diferenças e, dar orgulho a todas as características físicas, habilidades físicas e intelectuais que vão sendo celebradas de forma muito mais intensa em tempos recentes.

Em muitos videos que publicamos mostramos a forma pró-ativa com que os judeus africanos foram resgatados da fome e de perseguições pelo serviço secreto de Israel. É um processo pró-ativo que envolve o Estado de Israel e tem suporte de judeus do mundo inteiro. Em 2019, estreou o filme Missão no Mar Vermelho, que já comentamos anteriormente e que mostra a forma espetacular com que o Serviço Secreto Israelense resgatou milhares de seres humanos que estavam em campos de refugiados do Sudão.

CONSCIÊNCIA - uma forma de manter memórias e não adaptar a história ao bel prazer dos ventos políticos. Algumas vezes são cometidos enganos, como no caso da tradução da palavra Iam Suff (Reed Sea, Mar dos Juncos) que em português é conhecido como Mar Vermelho.  Outras, há ações propositais que levam contextos que implicam em QUESTÕES de CONSCIÊNCIA. Em Dezembro de 2018 a Assembléia Geral da ONU votou por 148 a 11 com 14 abstenções uma resolução que negava qualquer relação do Povo Judeu com Jerusalém e com qualquer um de seus lugares históricos, incluindo o Monte do Templo. Esta resolução é tão absurda e sem base que apenas desmerece os que por motivos de alinhamento político deixam seus saberes e consciências de lado.

RAZÕES & CONSCIÊNCIA são molas propulsoras que regem o mundo dos humanos e nos tornam cada vez mais conscientes de nossa diversidade e, portanto, capazes de incluir os diferentes.

Boa Semana!

Regina P. Markus






segunda-feira, 18 de novembro de 2019

VOCÊ SABIA? - O sermão de Iwo Jima


MEMORIAL DE IWO JIMA – Washington DC




Você sabia que o rabino Roland Gittelsohn, o primeiro capelão judeu do exército americano, proferiu um sermão incendiado de razões contra o preconceito após a batalha de Iwo Jima, Japão, que veio a se tornar um texto clássico americano?



RABINO ROLAND B. GITTELSOHN



A batalha de Iwo Jima em 1945 foi uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial.

Uma pequena ilha no Pacífico, Iwo Jima foi o cenário de uma batalha sem tréguas de 5 semanas; envolveu entre 70.000 fuzileiros navais americanos e um número desconhecido de japoneses entrincheirados em defesa. A coragem e valentia das forças americanas chegaram ao ápice no final da luta ao levantarem a bandeira americana no topo do Monte Suribachi - proeza esta sacramentada para sempre no monumento erigido ao Corpo de Fuzileiros Navais em Washington DC.

Contrariamente ao sucesso da vitória, o eloquente sermão de elogio aos heróis mortos na batalha proferido pelo Rabino Gittelsohn (1910-1995), convocado para a Quinta Divisão dos Fuzileiros, sofreu uma tentativa de boicote.
Havia entre os soldados 1500 fuzileiros judeus e nosso rabino estava vivendo momentos difíceis, oficiando para fuzileiros de todas as crenças na zona de combate. Ele escutava o medo, o horror, o desespero dos combatentes, conscientes de que cada novo dia poderia trazer-lhes a morte. Gittelsohn dedicou-se de corpo e alma a confortar os feridos, ouvir e dar forças aos mais temerosos, recebendo mais tarde condecorações por seus serviços.

Com o desenrolar da história, este discurso passou a ser um clássico americano:


“Aqui jazem homens que amavam a América porque seus ancestrais, gerações passadas, ajudaram em sua fundação, e outros homens que a amavam com igual paixão porque eles mesmos ou seus próprios pais escaparam da opressão de outras terras para suas praias abençoadas. Aqui jazem oficiais e homens, negros e brancos, homens ricos e pobres. . . juntos. Aqui estão protestantes, católicos e judeus juntos. Aqui, nenhum homem é superior a outro por causa de sua fé ou desprezado por causa de sua cor. Aqui não há cotas de quantos de cada grupo são considerados ou não. Entre esses homens, não há discriminação. Sem preconceitos. Sem ódio. A democracia deles é a mais alta e a mais pura.

Qualquer um de nós que levantar a mão em ódio contra um irmão, ou que se considerar superior aos que são minoritários, faz desta cerimônia e do sacrifício sangrento que ela comemora, uma zombaria oca e vazia. A isso, então, como nosso dever solene, dever sagrado, nós, os vivos, agora nos dedicamos: ao direito de protestantes, católicos e judeus, de homens brancos e negros, desfrutarem da democracia pela qual todos pagaram aqui o preço …

Aqui juramos solenemente que isso não será em vão. Devido a este fato e ao sofrimento e tristeza daqueles que por eles choram, prometemos o nascimento de uma nova liberdade para os filhos dos homens em toda parte.”




No final da batalha o Capelão da Divisão, o ministro protestante Warren Cuthriell, solicitou ao rabino que proferisse o sermão memorial no Cemitério dos Fuzileiros. Ele desejava que todos os soldados mortos, brancos e pretos, protestantes, católicos e judeus, fossem homenageados em uma única cerimônia. Infelizmente o preconceito ali reinante ainda era muito grande assim como em toda a América. Os capelães católicos se recusaram a aceitar, opunham-se a qualquer tipo de serviço religioso misto.

Cuthriell não queria alterar seus planos mas o rabino Gittelsohn queria poupar seu amigo, assim decidiu que o melhor seriam três cerimônias independentes. No momento do serviço judaico, Gittelsohn proferiu o bombástico sermão que havia preparado anteriormente, para a cerimônia única.




Entre os ouvintes havia três capelães protestantes que ficaram tão indignados com os colegas que se ausentaram de seus próprios serviços para assistir à cerimônia do rabino. Um deles pegou o texto sem pedir licença e fez circular alguns milhares de cópias em seu regimento. Alguns fuzileiros enviaram o sermão para suas famílias e uma avalanche de resultados se sucedeu.
A revista Time Magazine publicou alguns trechos os quais foram ainda mais lidos e espalhados.

O sermão inteiro foi inserido no registro do Congresso, o Exército liberou o texto para a transmissão em ondas curtas às forças americanas em todo o mundo e o comentador radialista Robert St. John o leu em seu programa em muitos e sucessivos Memorial Day, feriado americano que homenageia os heróis de guerra.

Em 1955, na última aparição pública antes de sua morte, Gittelsohn releu parte de seu panegírico na cerimônia de comemoração dos 50 anos da batalha junto ao Memorial Iwo Jima em Washington DC.

Em sua biografia Gittelsohn refletiu:

“Muitas vezes tenho me perguntado se alguém teria conhecido ou lido meu sermão de Iwo Jima, se ele não tivesse sido alvo da fanática tentativa de ser repudiado.” 




HASTEANDO A BANDEIRA EM IWO JIMA


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.

FONTES:

https://www.tripadvisor.com.br › ... › Iwo Jima
https://meiobit.com › Fotografia

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

EDITORIAL: Direto de Israel

Comemorando o 70º Aniversário do Instituto Weizmann de Pesquisa


Mário Fleck, brasileiro homenageado em 2019


Israel, a terra milenar do Povo Judeu, hoje também é conhecida como a Nação Startup. Um pequeno país que se defende diariamente de vizinhos que têm por objetivo "jogar os judeus no mar" e é uma nação de destaque no desenvolvimento científico da humanidade.

Esta semana tivemos uma boa experiência do que é conviver com alarmes de mísseis cruzando fronteiras e ao mesmo tempo mantendo a vida normal. Transferir grandes eventos de regiões mais vulneráveis para outras menos, tudo isto em distâncias de menos de 100 km e ao mesmo tempo o visitante ser informado de maneira precisa e objetiva, mostra como é possível levar uma vida normal sob condições que os jornais à distância fazem duvidar.

Esta capacidade de conseguir se defender ao mesmo tempo em que consegue progredir a passos largos faz parte de sua história. Esta semana estive junto com uma expressiva delegação brasileira na comemoração dos 70 anos do Instituto Weizmann de Ciência (Weizmann Institute of Science) localizado em Rehovot, ao sul de Tel Aviv. "Promover Ciência Básica de Excelência, dirigida pela curiosidade do pesquisador" era o sonho de Chaim Weizmann, químico de alta relevância, sionista, pioneiro e primeiro presidente do Estado de Israel.

A grande ênfase sobre a Ciência Básica e de alta qualidade foi mantida ao longo dos anos, e esta ênfase propiciou ao Instituto Weizmann a produção de conhecimento que levou não só a ter cientistas laureados, como também converter conhecimento em produto e com isto ter uma parte substancial de seu orçamento originado dos "royalties" gerados.


Os 70 anos do Instituto Weizmann
71st Annual General Meeting que aconteceu esta semana



Abrir as portas do Instituto e reunir pessoas interessadas no avanço da ciência é algo que fortalece a alimenta a relação entre o hoje e o amanhã. Traduzir ciência para todos e ao mesmo tempo mostrar perguntas em áreas complexas - como a regência do Universo por meio da Física e as maravilhas da Vida por meio do estudo dos seres vivos - foi um interessante momento de aprendizado.

Durante esta semana de festividades são destacadas personalidades que contribuíram de forma substancial para o desenvolvimento da ciência, de Israel e da humanidade. Desde 1964 é conferido o título de Doutor Honoris Causa. Entre os laureados desde ano estava Mario Fleck, empreendedor brasileiro de destaque que vem ao longo da vida desenvolvendo atividades filantrópicas. Personalidade vibrante, com grande interesse no desenvolvimento científico e educacional, tem colaborado de forma intensa e continuada para estreitar as relações entre a ciência brasileira e o Instituto Weizmann de Pesquisa. Em discurso proferido em jantar para a comunidade latino-americana presente no evento, Fleck leu uma carta que escreveria a Chaim Weizmann destacando a importância que a ciência básica tem hoje para o desenvolvimento do Estado de Israel.

O principal componente da economia israelense no século XXI é a colocação de inovações no mundo. Israel possui um ecossistema de inovação de grande porte, e este é baseado em Instituições que desenvolvem Ciência Curiosidade! Ciência Pergunta! Ciência para que? Para saber algo que ainda não sei, portanto não tem sentido saber para que!

E neste mesmo espírito poderíamos descrever os demais honrados pelo Doutorado Honoris Causa de 2019. A filantropa francesa Rebecca Bourkins, o Professor de Física Jonathan Dorfan, o fotógrafo que capta a diversidade entre os homens e as mil e uma faces do mundo judaico e de Israel Alex Levac. O Prof. Raphael Mechoulam, mestre do mundo dos canabinóides e que tantas vezes esteve no Brasil, A Prof. Martha Nussbaum, filósofa americana, que distingue-se pela prosa fácil que dispensa termos "herméticos" que afugentam a todos. Em paralelo Prof. Nussbaum, ou melhor, Martha, que desenvolve um trabalho com educação de crianças abrindo a estas as portas do saber. Os dois últimos a serem citados são personalidades muito marcantes: o Presidente do Estado de Israel Reuben Rivlin e o Rabino Adir Steinsaltz.

Presidentes de Israel são figuras presentes e frequentes na ciência israelense. Num dia tão complexo quanto o dia 12 de novembro, quando mais de 200 bombas já haviam sido enviadas para o país, a população das cidades perto de Gaza em alerta, incluindo Rehovot, onde está localizado o Instituto Weizmann de Pesquisa, sirenes tocando a cada tanto, a cerimônia transferida da zona de alerta para cerca de 100 km de distância, e o Presidente de Israel chega à cerimônia - porque este é o Futuro do Estado. Conta que não só ele nasceu em Jerusalém como seu pai, avô e ascendente de 7 gerações. 

E finalmente algumas palavras sobre o Rabino Adir Steinsaltz - como apresentar este homem de incrível importância para o judaísmo dos séculos XX e XXI? Rabino ortodoxo que teve sempre a preocupação de propiciar a todos os judeus e a todo o mundo as bases do conhecimento judaico. A base está na Torah (conhecida como o Velho Testamento) e para os judeus a mais preciosa herança, mas esta base foi estudada e questionada ao longo de séculos. Vamos ter que voltar ao significado do Talmud, mas hoje comentamos apenas que contém leis e comentários, bem como um conjunto imenso de perguntas respondidas ao longo de onze séculos. Rabino Steinsaltz traduziu o Talmud do aramaico para o hebraico moderno, inglês e russo e hoje encontramos o Talmud inclusive em português.


Perguntas .... Curiosidade .... a base da ciência a forma como o Talmud estuda judaísmo ao longo dos séculos e assim como Chaim Weizmann que venho de uma escola ortodoxa da Russia do século XIX, Rabi Steinsaltz introduziu aulas de ciência, com excelentes laboratórios na escola religiosa que participava em Jerusalém. Questionar e buscar o novo, faz com que possamos aprender do passado, sonhar com o futuro, mas viver intensamente o momento presente.


Esta foi uma semana que ensinou como os israelenses vivem de forma normal e criativa em uma zona que o mundo considera de conflito.

Boa semana!
Regina P. Markus



A delegação brasileira



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

VOCÊ SABIA? - Marcel Marceau



MARCEL MARCEAU, SEU INCRÍVEL PERSONAGEM BIP E SUA INCRÍVEL FAÇANHA DE SALVAR CRIANÇAS JUDIAS.



Você sabia que o mundialmente conhecido mímico francês Marcel Marceau, criador do famoso personagem Bip, sobreviveu à ocupação nazista e salvou mais de 70 crianças judias durante o Holocausto?

Marcel Marceau nasceu em Estrasburgo em 1923, filho de um açougueiro Kosher e de mãe alsaciana, bilingue desde os tenros anos. Ainda cedo foi introduzido à música e ao teatro por seu pai, cantor barítono e grande apreciador das artes.
Aos cinco anos sua mãe o levou ao cinema para ver Charles Chaplin - e foi aí que ele se encantou com o ator e decidiu que queria ser mímico. Estudioso da literatura, aprendeu inglês e tornou-se poliglota, já que já dominava também francês e alemão.

Com o início da Segunda Grande Guerra, precisou esconder sua origem judaica e trocou seu nome Marcel Mangel para Marcel Marceau - e abandonou seu lar fugindo com toda a família. Seu pai foi enviado para Auschwitz, onde veio a falecer em 1944.

Marcel e seu irmão Alain juntaram-se às táticas de guerrilhas contra os invasores alemães. Marceau foi requisitado a trabalhar na Resistência Francesa por seu primo Georges Loinger, comandante da unidade secreta encarregada de contrabandear crianças judias da França ocupada, levando-as para países neutros. Seu primo Loinger salvou mais de 300 crianças.

Marceau, através de Bip, com sua cara pintada de branco, calças muito largas, camisa listrada, cartola velha com uma flor vermelha em uma figura tragicômica encantou audiências por várias décadas com sua performance sem palavras. Ficou conhecido como o “mestre do silêncio” e o melhor mímico do mundo.
E foram estas suas habilidades que o levaram a salvar crianças judias durante o Holocausto.

Marcel trabalhou em um orfanato apresentando shows de mímica para as crianças e elas simplesmente o amavam.  Sua missão era evacuar as crianças judias escondidas no orfanato. Assim, ele as instruía a representar através da mímica, sem usar palavras. Elas precisavam dar a impressão de estar saindo de férias para uma casa de veraneio na fronteira com a Suíça. E Marcel deixou-as tão à vontade e confiantes que chegaram ao outro lado em silêncio e com o sucesso de missão cumprida. A mímica aqui não era entretenimento, era a garantia de vidas.

Em 2002 Marcel relembrou outra experiência vivida durante a guerra:  ”Certa vez eu passei por chefe de escoteiros, enganando as autoridades. Levei 24 meninos judeus em uniformes de escoteiro através da floresta até a fronteira onde alguém os esperava para levá-los à Suiça.”

Além de levar crianças à fronteira, Marcel também forjava documentos de identidade numa tentativa de fazê-las passar por mais jovens e assim se safarem da deportação nazista.

Seus esforços iam sempre além e quando um membro da resistência descobriu que os soldados alemães nunca tocavam sanduiches com maionese para não sujarem seus uniformes com óleo e condimentos, Marcel começou a esconder documentos de identificação das crianças em pães com maionese.
Após a guerra, Marcel criou seu personagem famoso, Bip, e ficou conhecido no mundo inteiro como o melhor artista mímico de sua época. As pessoas se conectavam com a universalidade de seu personagem e sua compaixão. Parte de sua tristeza originou-se de uma perda pessoal durante o Holocausto, a morte de seu pai em Auschwitz.

“Eu chorei por meu pai mas eu também chorei pelos milhões de pessoas que morreram. O destino me permitiu viver. Por esta razão eu devo levar esperança àqueles que sofrem no mundo.”

Com a liberação de Paris em agosto de 1944 aconteceu a primeira grande performance de Marceau para o público, que alegrou e conquistou 3000 soldados vitoriosos.

Em 1946, Marceau matriculou-se como aluno na Escola de Artes Dramáticas de Charles Dullin no Teatro Sarah Bernhardt em Paris.
De lá para cá o mestre do silêncio recebeu o reconhecimento mundial de sua arte. Em 1949 criou sua própria companhia e viajou pelo mundo.

Assistamos agora a este vídeo de quase 2 minutos usufruindo de seu desempenho e arte:







Em 1959 criou sua própria escola em Paris e, mais tarde, a Fundação Marceau, com o intuito de promover a pantomima nos Estados Unidos.

Através de uma gama sem fim de personagens, desde o mais inocente ao mais impertinente, desde um domador de leões até uma velhinha decrépita, numa metamorfose constante e silenciosa, ele colecionou aplausos entusiasmados de audiências constantes e títulos e honrarias até o fim de seus dias.

Após uma carreira de 60 anos, o artista do silêncio descansou em 2007 e repousa entre outros tantos homens famosos, no grande Cemitério Pére Lachaise em Paris.




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.

FONTES:


https://www.bbc.com › news › world-europe-46714673


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

EDITORIAL: TSEDAKÁ +TIKUN OLAM = Justiça e conserto do mundo


A EshTá na Mídia tem por objetivo mostrar fatos sobre Israel e o Povo Judeu que não são evidentes para todos. Fatos que podem ter muitas leituras dependendo do contexto. Judaísmo e sionismo podem ter dupla interpretação e, semana após semana, buscamos mostrar o quanto o Povo Judeu é diverso do ponto de vista étnico e a importância de algumas tradições para caracterizar este povo milenar.

Antissemitismo e anti-sionismo são processos muito semelhantes: o primeiro destilado ao longo de séculos de forma a viabilizar movimentos de ódio aos judeus e o segundo, muito mais recente, que foca a própria existência do Estado Judeu, desqualificando as antigas terras de Judá como base do moderno Estado de Israel.

Estas duas correntes vão sendo desqualificadas ao longo da história através de uma conduta de Tzedaká – palavra que tem a mesma raiz que Tzedek (Justo) e que pode ser traduzida como justiça social - e o conceito de Tikun Olam – consertar o mundo. Como somos feitos à imagem e semelhança de D’us, somos capazes de criar vielas que tragam um pouco de justiça social sem qualificar quem dá ou quem recebe, transformando a troca em uma situação excelente para ambas as partes.

Esta semana nos deparamos com uma notícia sobre um projeto que foi fundado em 2001 pelo Rabino da Central do Beit Chabad de São Paulo, o Projeto FELICIDADE. E no dia 11 de novembro, em prol do Projeto FELICIDADE, ocorrerá o leilão GRANDES COLEÇÕES. O curador Pedro Mastrobuono, presidente do Instituto Volpi e Conselheiro do Projeto Leonilson, reuniu 80 obras raras de 80 dos maiores artistas brasileiros, numa coleção histórica de quase 200 peças percorrendo praticamente todas as fases da arte no Brasil. Lá estarão obras de Lasar Segal, Volpi, Tarsila do Amaral, a tapeçaria de Genaro de Carvalho, que ficava no gabinete do Presidente Juscelino Kubitschek, e muitas outras. 

O Projeto Felicidade tem o objetivo maravilhoso de proporcionar a crianças com câncer e a seus pais dias de lazer em um maravilhoso sítio e viagens de turismo. Sair e ser feliz! A ideia é emocionante, dar alegria e felicidade através do convívio e da busca do novo – dar vida. Criar lembranças positivas e permitir que haja troca de experiências. Vale conferir!

E vale à pena conferir também esta magnífica coleção de arte e o trabalho do curador Pedro Mastrobuono que saiu atrás dos colecionadores. Os quadros serão leiloados e 20% do valor será destinado ao Projeto Felicidade – será no Clube Hebraica no dia 11 de novembro – e as obras estarão expostas para visitação pública.

Projetos que ajudam a “consertar o mundo”, unindo o que produzimos de melhor em arte, os colecionadores que vendem suas obras e ao mesmo tempo geram condições para criar memórias maravilhosas para crianças que logo cedo enfrentam tratamentos difíceis.

Vamos participar do Conserto do Mundo!

Boa semana,
Regina P. Markus

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

VOCÊ SABIA? - Rabino Daniel Bortz, o rabino andarilho



Conheça o Rabino Daniel Bortz, o rabino andarilho, que usa o Instagram para se conectar com jovens judeus.

No Coachella -  Festival de música em Indio, Califórnia



Você sabia que o Rabino Bortz, o Rabino do Milênio, está agindo numa linha que vai da Ortodoxia tradicional à sua modernização, usando como barômetro a “Halacha” - a lei Judaica?

Viajando pelo mundo para encontrar e se conectar com jovens judeus, ele já conquistou mais de 26 mil seguidores no Instagram com suas postagens inspiradoras que variam desde as palavras da Torah à espiritualidade, à meditação e à atenção plena, ou seja, mindfulness.



Em Lucera - Itália


Ao receber sua ordenação rabínica, Bortz preferiu não esperar na sinagoga que sua congregação viesse a ele. Acostumado desde a infância a percorrer o mundo com seus pais e família, optou por viajar ao encontro da geração do milênio para com ela se relacionar através de suas práticas envolventes combinando a sabedoria antiga à criatividade através da cultura e da tecnologia.


Em Safed - Israel


Nascido na África do Sul e criado nos Estados Unidos, o Rabino tem consciência de sua missão:


“Cada um de nós possui uma maneira única de compartilhar. Podemos incorrer em um desserviço se não a compartilharmos com o mundo. As redes sociais são minha oportunidade para fazer isto. Eu realmente gosto da oportunidade de ser rápido e preciso. Eu escolho uma longa e complexa ideia e encontro uma parábola ou história com conexão a esta mensagem.”

Este Rabino globetrotter age sob inspiração divina em Shabbatot diferentes, como quando transformou a oração do Kiddush em um longo repasto, uma experiência consciente de se relacionar com o alimento.


O Rabino Bortz



“Eu sempre sigo meus instintos, minha alma, minha intuição em tudo o que me atrai. Eu quero compartilhar o saber Judaico com meu povo e com o mundo. Ser Rabino significa uma habilidade de se conectar com as pessoas. Eu amo gente. Eu gosto de ensinar. Eu amo ser alguém em quem as pessoas possam confiar e encontrar ajuda. Eu gosto de ir além da conversa fiada e então entrar em discussões mais sérias e profundas.”


Suas viagens o levam a descobrir as belezas da criação de Hashem - Deus. Ele diz que através das obras se conhece o artista, assim aos poucos ele vai se aproximando do Criador através da natureza e das criaturas que a povoam.



Em Matera - Itália


Em sua página no Instagram, Faíscas da Elevação (Elevating Sparks), suas fotos apresentam uma vibração única, modernizando e trazendo à tona algumas antigas tradições do Judaísmo. Bortz tenta levar aos que o cercam a alegria, a beleza e a abordagem amorosa do Judaísmo.



        No Coachella -  Festival de música em Indio, Califórnia


Aqui está mais uma aproximação criativa de Bortz ao procurar por jovens judeus em um lugar não muito sagrado.

Este festival envolto em música eletrônica, sexo, drogas e bebidas alcoólicas já por si nos fala da falta de espiritualidade do evento e talvez, de seus participantes.

Mesmo assim, por três vezes Bortz lá montou sua tenda e conseguiu encontrar judeus desejosos de parar, sentar e com ele conversar. Este era seu objetivo, uma experiência espiritual num local totalmente inapropriado.
Apesar do calor, da poeira, e dos ventos à noite que chegam até arrancar as barracas, esta foi uma experiência valiosa para Bortz.

“Enquanto eu servia comida e bebida de graça aos passantes, percebi algo incrível, uma grande semelhança com o início do Judaísmo: Abraão e Sara,  numa tenda no meio do deserto, oferecendo comida e bebida aos passantes enquanto conversavam sobre o monoteísmo! Muito do que eu estou fazendo remete ao passado e ao que era o Judaísmo.”





Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.

FONTES: