MEMORIAL DE
IWO JIMA – Washington DC
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Você sabia que o rabino Roland Gittelsohn, o primeiro
capelão judeu do exército americano, proferiu um sermão incendiado de razões
contra o preconceito após a batalha de Iwo Jima, Japão, que veio a se tornar um
texto clássico americano?
RABINO ROLAND B. GITTELSOHN |
A batalha de Iwo Jima em 1945 foi uma das mais sangrentas
da Segunda Guerra Mundial.
Uma pequena ilha no Pacífico, Iwo Jima foi o cenário de
uma batalha sem tréguas de 5 semanas; envolveu entre 70.000 fuzileiros navais
americanos e um número desconhecido de japoneses entrincheirados em defesa. A
coragem e valentia das forças americanas chegaram ao ápice no final da luta ao
levantarem a bandeira americana no topo do Monte Suribachi - proeza esta
sacramentada para sempre no monumento erigido ao Corpo de Fuzileiros Navais em
Washington DC.
Contrariamente ao sucesso da vitória, o eloquente sermão
de elogio aos heróis mortos na batalha proferido pelo Rabino Gittelsohn (1910-1995),
convocado para a Quinta Divisão dos Fuzileiros, sofreu uma tentativa de boicote.
Havia entre os soldados 1500 fuzileiros judeus e nosso
rabino estava vivendo momentos difíceis, oficiando para fuzileiros de todas as
crenças na zona de combate. Ele escutava o medo, o horror, o desespero dos
combatentes, conscientes de que cada novo dia poderia trazer-lhes a morte.
Gittelsohn dedicou-se de corpo e alma a confortar os feridos, ouvir e dar
forças aos mais temerosos, recebendo mais tarde condecorações por seus
serviços.
Com o desenrolar da história, este discurso passou a ser
um clássico americano:
“Aqui jazem homens que amavam a América
porque seus ancestrais, gerações passadas, ajudaram em sua fundação, e outros
homens que a amavam com igual paixão porque eles mesmos ou seus próprios pais
escaparam da opressão de outras terras para suas praias abençoadas. Aqui jazem
oficiais e homens, negros e brancos, homens ricos e pobres. . . juntos. Aqui
estão protestantes, católicos e judeus juntos. Aqui, nenhum homem é superior a
outro por causa de sua fé ou desprezado por causa de sua cor. Aqui não há cotas
de quantos de cada grupo são considerados ou não. Entre esses homens, não há
discriminação. Sem preconceitos. Sem ódio. A democracia deles é a mais alta e a
mais pura.
Qualquer um de nós que levantar a mão em ódio
contra um irmão, ou que se considerar superior aos que são minoritários, faz
desta cerimônia e do sacrifício sangrento que ela comemora, uma zombaria oca e
vazia. A isso, então, como nosso dever solene, dever sagrado, nós, os vivos,
agora nos dedicamos: ao direito de protestantes, católicos e judeus, de homens
brancos e negros, desfrutarem da democracia pela qual todos pagaram aqui o
preço …
No final da batalha o Capelão da Divisão, o ministro
protestante Warren Cuthriell, solicitou ao rabino que proferisse o sermão
memorial no Cemitério dos Fuzileiros. Ele desejava que todos os soldados
mortos, brancos e pretos, protestantes, católicos e judeus, fossem homenageados
em uma única cerimônia. Infelizmente o preconceito ali reinante ainda era muito
grande assim como em toda a América. Os capelães católicos se recusaram a
aceitar, opunham-se a qualquer tipo de serviço religioso misto.
Cuthriell não queria alterar seus planos mas o rabino Gittelsohn
queria poupar seu amigo, assim decidiu que o melhor seriam três cerimônias
independentes. No momento do serviço judaico, Gittelsohn proferiu o bombástico sermão
que havia preparado anteriormente, para a cerimônia única.
Entre os ouvintes havia três capelães protestantes que
ficaram tão indignados com os colegas que se ausentaram de seus próprios
serviços para assistir à cerimônia do rabino. Um deles pegou o texto sem pedir
licença e fez circular alguns milhares de cópias em seu regimento. Alguns
fuzileiros enviaram o sermão para suas famílias e uma avalanche de resultados
se sucedeu.
A revista Time Magazine publicou alguns trechos os quais
foram ainda mais lidos e espalhados.
O sermão inteiro foi inserido no registro do Congresso, o
Exército liberou o texto para a transmissão em ondas curtas às forças
americanas em todo o mundo e o comentador radialista Robert St. John o leu em
seu programa em muitos e sucessivos Memorial Day, feriado americano que
homenageia os heróis de guerra.
Em 1955, na última aparição pública antes de sua morte,
Gittelsohn releu parte de seu panegírico na cerimônia de comemoração dos 50
anos da batalha junto ao Memorial Iwo Jima em Washington DC.
Em sua biografia Gittelsohn refletiu:
“Muitas vezes tenho me perguntado se alguém teria conhecido
ou lido meu sermão de Iwo Jima, se ele não tivesse sido alvo da fanática
tentativa de ser repudiado.”
HASTEANDO
A BANDEIRA EM IWO JIMA
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Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.
FONTES:
https://www.tripadvisor.com.br › ... › Iwo Jima
https://meiobit.com › Fotografia
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