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segunda-feira, 18 de novembro de 2019

VOCÊ SABIA? - O sermão de Iwo Jima


MEMORIAL DE IWO JIMA – Washington DC




Você sabia que o rabino Roland Gittelsohn, o primeiro capelão judeu do exército americano, proferiu um sermão incendiado de razões contra o preconceito após a batalha de Iwo Jima, Japão, que veio a se tornar um texto clássico americano?



RABINO ROLAND B. GITTELSOHN



A batalha de Iwo Jima em 1945 foi uma das mais sangrentas da Segunda Guerra Mundial.

Uma pequena ilha no Pacífico, Iwo Jima foi o cenário de uma batalha sem tréguas de 5 semanas; envolveu entre 70.000 fuzileiros navais americanos e um número desconhecido de japoneses entrincheirados em defesa. A coragem e valentia das forças americanas chegaram ao ápice no final da luta ao levantarem a bandeira americana no topo do Monte Suribachi - proeza esta sacramentada para sempre no monumento erigido ao Corpo de Fuzileiros Navais em Washington DC.

Contrariamente ao sucesso da vitória, o eloquente sermão de elogio aos heróis mortos na batalha proferido pelo Rabino Gittelsohn (1910-1995), convocado para a Quinta Divisão dos Fuzileiros, sofreu uma tentativa de boicote.
Havia entre os soldados 1500 fuzileiros judeus e nosso rabino estava vivendo momentos difíceis, oficiando para fuzileiros de todas as crenças na zona de combate. Ele escutava o medo, o horror, o desespero dos combatentes, conscientes de que cada novo dia poderia trazer-lhes a morte. Gittelsohn dedicou-se de corpo e alma a confortar os feridos, ouvir e dar forças aos mais temerosos, recebendo mais tarde condecorações por seus serviços.

Com o desenrolar da história, este discurso passou a ser um clássico americano:


“Aqui jazem homens que amavam a América porque seus ancestrais, gerações passadas, ajudaram em sua fundação, e outros homens que a amavam com igual paixão porque eles mesmos ou seus próprios pais escaparam da opressão de outras terras para suas praias abençoadas. Aqui jazem oficiais e homens, negros e brancos, homens ricos e pobres. . . juntos. Aqui estão protestantes, católicos e judeus juntos. Aqui, nenhum homem é superior a outro por causa de sua fé ou desprezado por causa de sua cor. Aqui não há cotas de quantos de cada grupo são considerados ou não. Entre esses homens, não há discriminação. Sem preconceitos. Sem ódio. A democracia deles é a mais alta e a mais pura.

Qualquer um de nós que levantar a mão em ódio contra um irmão, ou que se considerar superior aos que são minoritários, faz desta cerimônia e do sacrifício sangrento que ela comemora, uma zombaria oca e vazia. A isso, então, como nosso dever solene, dever sagrado, nós, os vivos, agora nos dedicamos: ao direito de protestantes, católicos e judeus, de homens brancos e negros, desfrutarem da democracia pela qual todos pagaram aqui o preço …

Aqui juramos solenemente que isso não será em vão. Devido a este fato e ao sofrimento e tristeza daqueles que por eles choram, prometemos o nascimento de uma nova liberdade para os filhos dos homens em toda parte.”




No final da batalha o Capelão da Divisão, o ministro protestante Warren Cuthriell, solicitou ao rabino que proferisse o sermão memorial no Cemitério dos Fuzileiros. Ele desejava que todos os soldados mortos, brancos e pretos, protestantes, católicos e judeus, fossem homenageados em uma única cerimônia. Infelizmente o preconceito ali reinante ainda era muito grande assim como em toda a América. Os capelães católicos se recusaram a aceitar, opunham-se a qualquer tipo de serviço religioso misto.

Cuthriell não queria alterar seus planos mas o rabino Gittelsohn queria poupar seu amigo, assim decidiu que o melhor seriam três cerimônias independentes. No momento do serviço judaico, Gittelsohn proferiu o bombástico sermão que havia preparado anteriormente, para a cerimônia única.




Entre os ouvintes havia três capelães protestantes que ficaram tão indignados com os colegas que se ausentaram de seus próprios serviços para assistir à cerimônia do rabino. Um deles pegou o texto sem pedir licença e fez circular alguns milhares de cópias em seu regimento. Alguns fuzileiros enviaram o sermão para suas famílias e uma avalanche de resultados se sucedeu.
A revista Time Magazine publicou alguns trechos os quais foram ainda mais lidos e espalhados.

O sermão inteiro foi inserido no registro do Congresso, o Exército liberou o texto para a transmissão em ondas curtas às forças americanas em todo o mundo e o comentador radialista Robert St. John o leu em seu programa em muitos e sucessivos Memorial Day, feriado americano que homenageia os heróis de guerra.

Em 1955, na última aparição pública antes de sua morte, Gittelsohn releu parte de seu panegírico na cerimônia de comemoração dos 50 anos da batalha junto ao Memorial Iwo Jima em Washington DC.

Em sua biografia Gittelsohn refletiu:

“Muitas vezes tenho me perguntado se alguém teria conhecido ou lido meu sermão de Iwo Jima, se ele não tivesse sido alvo da fanática tentativa de ser repudiado.” 




HASTEANDO A BANDEIRA EM IWO JIMA


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.

FONTES:

https://www.tripadvisor.com.br › ... › Iwo Jima
https://meiobit.com › Fotografia

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